Sílvio Fagno

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⁠Encontros Trágicos -

⁠Se a vida fosse, de fato,
boa,
não permitiria tantos
encontros trágicos.

A maioria das pessoas,
simplesmente
não liga.
Uma pequena parte
tem sorte.
O resto
vive à beira deum precipício.

Assim,
a vida acontece,
e se, de fato,
ela fosse boa,
não permitiria tantos
encontros trágicos.

Inserida por SilvioFagno

⁠Prazer, Ironia -

Quando o sentimento
acaba,
estranhamente
acabam-se
as coincidências.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Um Rascunho Pouco Inspirado -

⁠Às vezes, penso que a minha
vida— a verdadeira —
deva estar acontecendo em
algum outro lugar qualquer
do mundo.

E esta,
na verdade,
é só um rascunho
pouco inspirado.

Inserida por SilvioFagno

Infinito Distante -

⁠Somente a morte é algo
inteiro,
e ainda assim,
com uma parcela do
infinito distante,
imaginada, desconhecida.

Viver é despedaçar-se (diariamente),
em fragmentosde verdades, mentiras e ilusões,
a fim de adiar o
inevitável e profundo
sono eterno.

Sonhar, então,
é manter-se ainda acordado.

Inserida por SilvioFagno

Insistências -

⁠Há,
em mim,
um enorme
cansaço feito
deinsistências.

Há um acúmulo de
frustrações e derrotas
em forma de
rejeição.

Assim,
é preciso parar,
respirar... enxergar-me,
cuidar-me.

Dar chance para que
algo diferente,
de alguma forma,
possa acontecer: nascer
ou morrer.

Inserida por SilvioFagno

⁠Será Para Sempre -

O Tempo,
inevitavelmente
continuará a passar.

As pessoas tomarão
seus rumos,
cada uma à sua
maneira,
cada uma banhada
sob as consequências
de suas escolhas,
de seus atos.

Conhecerão novas pessoas,
criarão novos vínculos,
atarão novos laços
e,
de todos os amores que
ficaram por acontecer,
digo,
de todos os amores
suspensos no
tempo — com todas as
quase glórias
e as quase tragédias,
e todo o desconhecido
dos quase — um deles
será mais lembrado.

Mesmo se já houver um
outro;
mesmo que não haja mais
o mesmo fogo, o mesmo
desejo, os mesmos
motivos,
ele será lembrado.

Hora ou outra,
sem a mesma intensidade
será lembrado.
Sem a mesma urgência
de outrora
será lembrado,
sem nunca, de fato,
ter sido.

E porque nunca será,
será para sempre.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Ferozmente -

Somos cobrados,
ferozmente,
por uma sociedade hipócrita, preconceituosa, medíocre e
superficial.

É preciso devolver tudo isso
com mais força.

Ofereça-lhe
a mais profunda
indiferença.
A mais intensa ironia.
Tudo dentro do mais
nobre sentimento:
poesia.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠A Grande Questão -

Por que ainda há no mundo
pessoas morrendo em decorrência dafome?

Não há alimentos suficiente
para todos?

Quem fabrica as cédulas
e moedas — necessárias para
se ter os alimentos?

Que material é usado na fabricação das cédulas e moedas?

Esse material usado é mais
raro e importante que as milhares de vidasperdidas diariamente?

NÃO HÁ DESCULPAS!

A violência não irá
acabar.
Os conflitos, as guerras,
infelizmente,
continuarão a acontecer.

O preconceito, a intolerância,
a injustiça, a desigualdade,
todas essas coisas,
provavelmente nunca serão,
tatalmente extintas.

Acidentes, doenças, catástrofes continuarão a ceifar vidas.

Mas a grande questão é uma:

POR QUE AINDA HÁ NO MUNDO PESSOAS MORRENDO EM DECORRÊNCIA DA FOME?

Inserida por SilvioFagno

Trevo da Sorte -

⁠Aprenda:
Você não vai encontrar muitas pessoas especiais durante
sua vida.
Serão raras, pouquíssimas,
e se reduzirá ainda mais as
que estarão ao seu lado
em qualquer situação.

As idiotas, as aproveitadoras,
as sem caráter, as medíocres
— essas pessoas — serão a grandemaioria.

Cuidado, muito cuidado
para não perder seu
trevo da sorte.

⁠Não Amanhece -

Acabei de acordar, depois
de mais uma noite,
extremamente
torturante.

Agora são,
precisamente,
09h37, de uma segunda-feira
qualquer de outubro.

A noite passada
(um pouco mais do que
de costume),
foi bastante triste,
angustiante — quase
não dormi.
Chorei tanto que, neste momento,
sinto-me, fisicamente,
como se estivesse
anestesiado.

Os meus olhos mal se
mexem.
Sinto meu corpo pesado
e um pouco trêmulo.
Inerte.
Em contraste, pensamentos acelerados, desordenados,
confusos, que estão me
causando umcerto temor,
uma certaangústia, um quase
desespero — algo como um
grande medo — medo do restante
do dia.

Não é bem a morte o que
mais me assusta:
É algo que precede-a.
Algo como perder
o controle.

Estamos na primavera
e,
hoje,
me parece que será um
dia ensolarado — de
céu azul lá
fora.

Aqui dentro...
Nem sei: não amanhece.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠Guerra Fria -

Neste momento,
não tenho mais por que
lutar.
É inútil,
é uma batalha
totalmente perdida — acabou.

O que restou da guerra
foi lutar contra o
espelho:
um velho conhecido, cheio de
marcas, feridas, traumas
acumulados — heranças de outras guerras (perdidas).

Posso até golpeá-lo,
atingi-lo,
mas o verdadeiro inimigo
é outro (confortavelmente
inatingível), com status
de vencedor — de Grande
Vencedor — dessa silenciosa e impiedosa "guerra fria",
onde vence quem sente
menos,
e o final provou, de maneira
clara e cruel,
que somente um tinha
coração.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Não Jogue o Jogo -

⁠Não jogue o
jogo!

Um encontro — que leva a um
desejo — que transforma-se em sentimento — que nos faz
mergulharem sonhos —
é para nos ajudar a reparar
os estragos que a vida
costuma nos fazer
diariamente.

Se te rouba a paz:
causando desconforto,
provocando raiva, aflição...
não serve!

É inútil, traumatizante,
destrutivo.

Não jogue o jogo:
Ambos serão derrotados!

Inserida por SilvioFagno

Aterrorize alguém
hoje:

Diga, "EU TE AMO!"

Inserida por SilvioFagno

⁠Não Quero Explicar: Talvez Não Saiba -

Primeiro,
a sensação de acolhimento,
de não estar mais,
aparentemente,
sozinho.

Depois uma dependência
e uma vontade a mais,
de mais e mais vontade.

E esquenta e esfria
e, às vezes,
transborda para quase secar.
Renasce (se é que é possível),
depois de quase morrer.
E morre,
inexplicavelmente, respirando.

Não, não é o amor:
é isto.

Nem sei bem como somos
por dentro, lá no fundo.
Mas espero que compreendas
todas as lágrimas e bebidas
e motivos desta semana;
deste mês;
deste ano...

Vá,
desta vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠A Gente Se Perdeu -

Com uma sensação horrível
no peito,
hoje eu senti:

Em meio a tantos encontros
e desencontros,
a gente se perdeu de vista.

Eu ainda olho para trás,
mas ela não.

⁠⁠Em Casa -

⁠Largo mão da rua e
ponho o pé na
escada.
Subo-a, não penso,
chego ao portão, fico ao portão.
Giro o trinco, abro o portão,
entro e fecho-o.

Dou cinco passos à esquerda
e chego à porta.
À direita, há entretenimento:
não paro — sigo em frente.

Mais nove passos e paro.
Olho rapidamente à direita,
há descanso:
não deito — continuo
adiante.

Mais dez passos e fico
diante de mais uma
porta — onde tenho passado
a maior parte do tempo.
(Dormir, pensar, escrever...).

À direita há água, há remédios,
há alimentos: não bebo,
não tomo, não como.

À frente,
depois da última porta,
a última janela
e o fim.

Atravesso a porta e fico
próximo à janela.
Dou mais dois passos e
chego à janela. Fico à janela.
Fecho os olhos e me sinto,
de fato, em casa.
Há conforto, há segurança — abrigo.

Agora
abro os olhos,
abro a janela e vejo à minha
frente (decorando a janela),
a lua.

E assim, de repente,
como se amasse,
eu me lembro que existe um
mundo inteiro distante,
bem distante, muito
distante lá fora.
E choro.

Inserida por SilvioFagno

⁠Falha -

Tentei,
o dia inteiro,
encontrá-la, mas falhei.

Revisitei importantes lembranças
— gestos, fotos, vídeos —
e,ainda assim,continuei vazio.

Abracei-o.
Beijei-o, e nada.

Mesmo diante da pessoa mais importante do mundo,
no dia mais importante do
ano,
eu não encontrei as palavras,
os encontros — a Poesia.
E falhei.

Mesmo com todos os motivos
e sentimentos;
mesmo com todo o orgulho e admiração, eu falhei na busca.

Tudo que consegui escrever
resume-se a isto:
Este lamento, esta culpa, esta falha.

Este vazio.

Todas as crianças são especiais.
Absolutamente todas.
Mas nós, adultos, falhamos.
Falhamos muito.
E, grosseiramente, estragamo-las.

Inserida por SilvioFagno

Corrida dos Ratos -

⁠É inútil! É inútil! É inútil!

Estamos presos em ciclos
repetitivos:

Somos ratos de laboratório
nas mãos de deuses — que amam gatos.

Inserida por SilvioFagno

O Normal da Coisa -

⁠Eles não me deixarão
em paz.
E eu não vou conseguir
deixá-los também.
(Mas, certamente, eles ficarão
melhor que eu).

Agora é isto:
o normal da coisa.

E a coisa toda está fundamentada
na futilidade, superficialidade e mediocridade da grande maioria deles.

Eu precisaria ficar rico,
talvez,
para que algo diferente
aconteça.

Então,
precisarei somente de alguns
deles, e esses eu os
suportaria.
Eu posso suportar alguns
deles, certamente.
Eu não suporto muitos
ao mesmo tempo:

Uma vizinhança, uma cidade,
um país...
Uma geração e a próxima
sob os efeitos desta.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠Ande -

Há um segredo em
meu peito, venha: ande.

Aqui
pode estar revelado em meio a sinônimos, desejos, afetos —
no contrário, no oposto,
no lado inverso:
do nome,
da escrita,
da intensão.

Observe mais: ande.
Não pare, continue:
ande.

A quero bem, longe.
A quero bem, triste.
Sem mim não, distante
não.
Então: ande.

Sem ti (aqui) não
há luz
nem cheiro
nem som.
Vamos, depressa: ande.

Conserte este
equívoco;
Conserte meus
dias;
Conserte meu
coração —minha vida:
ande.

Conserte-se desse
aveso,
que eu converto-me
(in)verso,
para ficarmo-nos
a um passo:
ande.

Inserida por SilvioFagno

⁠Apenas Isto -

Um dia
eu vou vê-la sorrindo com
um outro,
e tudo que eu terei a fazer
é deixá-la (feliz).

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠O Que Mais Dói -

O que mais dói é que a
gente sabe o quanto
é intenso,
cuidadoso, amoroso.
(E como é, talvez um
dia não mais
será).

O que mais dói é que a gente
sabe que, neste momento,
somente a outra pessoa
pode recebê-lo assim,
desta forma,
com toda esta força,
com toda esta vontade
e devoção.
(E como é, talvez um
dia não mais
será).

E é essa forma
(bela, nobre,grandiosa),
de sentire se dar,
transformada num sentimento
qualquer: inútil e desperdiçado,
o que mais machuca, o que
mais maltrata — o que
mais dói.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠⁠Ó Deus do Tempo -

Ó Deus do Tempo,
por que tanta
maldade?

Por que puseste no Poeta
uma alma leve e melancólica
a carregar esse enorme peso da
angústia, do sofrimento?

Por que o fizeste assim:
tão intenso e lírico e
devoto — prisioneiro da inspiração,
dos sentimentos, da imaginação —
ó Senhor do Tempo?

Ora,
por que desnudaste
sua alma — que é seu canto,
seu caminho, seu universo inteiro?
É ela que o tem,
ó Senhor,
e sempre chega primeiro e,
ainda que guarde (acesos
ou em delírios ou em sono
profundo),
todos os mistérios da vida,
vive, quase sempre,
escancarada, entregue,
desprotegida.

Perdoe-me, ó Deus,
por tantos questionamentos,
tantos maldizeres, tantas lamentações,
mas por que fizeste,
insisto,
por que fizeste do Poeta
um desgraçado — mal-amado, ridicularizado, incompreendido?
Em que para alcançar a
poesia — sua vida — precisa,
mais que todos, sangrar,
rasgar... despedaçar-se
em versos.

Ó
meu Senhor,
por que o deixaste eternamente menino?
Sim, menino: ingênuo, tosco,
inseguro, contudo,
menino sonhador e nobre e
grande, mas menino.
Ainda que velho, menino;
ainda que sábio,
menino — ainda que vivido.

Sim,
Senhor do Tempo,
criaste também o céu, a lua,
as estrelas, o vento, a sorte,
o sangue, o fogo, o som,
o silêncio, o ar, as aves,
a água, a flor, o amor, a amizade,
a palavra, o agora, o olhar,
o pensamento...

Ó Deus do Tempo,
assim, intimamente baixinho,
como num segredo sussurrado, confessas-me:

Então,
serias tu (também)
Poeta?

Inserida por SilvioFagno

Diga Não -

⁠De vez em quando
é necessário que você decepcione
também:
diga não, falte, descumpra o combinado — frustre as expectativas egocêntricas de algumas pessoas.

Elas precisam entender
que para dar certo,
é necessário que elas também
queiram e façam por
onde dar.

E se nada mudar:
mude-se.

Inserida por SilvioFagno

⁠Já de Agora -

E já de agora
fico pensando no
tempo da velhice — na
amargura de quando eu for
um corpo frágil e lento,
uma mente lenta e frágil,
cheia de mágoas e
amarguras eternas.

A vida será, então,
um inferno,
sejá não
o é.

Inserida por SilvioFagno