Poeta mineiro do cerrado - LUCIANO SPAGNOL

251 - 275 do total de 667 pensamentos de Poeta mineiro do cerrado - LUCIANO SPAGNOL

SONHOS (soneto)

Vou hastear meus sonhos lá no alto
onde o céu desabotoa o caminho
o vento sopra a brisa de mansinho
e as estrelas poetam como arauto

Quero sair deste meu desalinho
dum fado de dano sem incauto
tal qual ao por do sol do planalto
que matiza o olhar com carinho

Quero ter simplicidade, e afeto
deixar as quimeras sem parede
e a ilusão livre, fluindo pelo teto

E assim, a boa nova que venha
seja recebida com afago e sede
e no meu eu, o amor convenha...

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

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PARALELA (soneto)

Deixe o sorriso adentrar a janela
Do viver, traga luz na escuridão
Aprecie a rosa desde ser botão
Designe a vida a ser leve e bela

Tenha no rosto só boa expressão
Sofrer em vão põe dor na cancela
Da felicidade, então permita a ela
Inundar-ti por todo o seu coração

Transborde de harmonia, seja dela
A lamúria destila toda boa emoção
Nesta reta com amor trace paralela

Estar vivo é um motivo de gratidão
Pense positivo, e dele tenha tutela
Ser feliz traz sonhos, é pura razão!

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Um brinde a diversidade
E às diversas formas de felicidade

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SOM DO CERRADO (soneto)

Escuto o cerrado a cantar, em atroada
Canção do vento, da sequidão, escuto
Numa trovoada, e a emoção em fruto
De silêncio, no coração em disparada

Cada uma melodia deste chão tão bruto
Rasga o planalto numa voz empoeirada
De cantigas pela caliandra emoldurada
De bela cena e de árido hino em tributo

As flores do ipê, caem em fúnebre toada
No ritmo do por do sol se pondo soluto
Orquestrando a vida diversa e iluminada

E pela estrada os sons no olhar arguto
Cantam e encantam, minuto a minuto
Os ruídos sonoros numa alma calada...

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Chega à noite, põe-se a luz do sol no fronho.
Acende-se as estrelas para alumiar o nosso sonho.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

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TEMPORADA DA VIDA (soneto)

A temporada da vida, apressurada
De encenação tão ágil e tão breve
Aspira a existência tal qual ar leve
E nos leva numa célere enxurrada

O fado de asas que não susteve
Se enlaça na fragilidade tramada
Em tênue mormaço e mais nada
Criando a história do que se teve

Por que a tão delgada cadência?
Dissolvida nesta árida impotência
Quando se quer mais no amanhã

Num sopro de alta magnificência
O dom de existir, se contingência
É a morte, que a vida seja anfitriã

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BORDÃO (soneto)

Recordar-te é fazer brotar o amor
que não morreu, estava prostrado
e num gesto apenas demonstrado
revive que amei, com um tal fervor

É de um silêncio tão ensurdecedor
que o presente então vira passado
o passado na saudade é lembrado
e guardado no peito a ti acolhedor

No tempo e espaço, a imaginação
delira com sofreguidão da evasão
aos tinos, por mais que não olhe-os

Então, que me resta é a recordação
e sonhar, pois és sempre o bordão
de nostálgica memória aos olhos!

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

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LAMPADÁRIO

No breu do céu, ilustre lampadário
A lua, cingida de estrelas lucilando
Conforme a uma princesa levitando
Se orna de fulgor num alvo aquário

Como nas mãos da arte pintando
O belo e o encantado, num cenário
De esplendor, e num painel solitário
A dama da noite, vai coruscando

Eis a lua, rúbea nudez, e inconstante
Que traz devaneios por ela vigilante
Ora cheia, ora minguante, ali rimando

É o lustre celeste de olhar radiante
Que se pendura os segredos dante
E os oculta nos sonhos tão sonhado

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ALVORADA NO CERRADO (outono)

O vento árido contorna o cerrado
Entre tortos galhos e a seca folha
Cascalhado, assim, o chão assolha
No horizonte o sol nasce alvorado

Corado o céu põe a treva na encolha
Os buritis se retorcem de lado a lado
Qual aceno no talo por eles ofertado
Em reverência a estação da desfolha

Canta o João de barro no seu telhado
É o amanhecer pelo sertão anunciado
Em um bordão de gratidão ao outono

A noite desmaia no dia despertado
Acorda a vida do leito consagrado
É a alvorada do cerrado no seu trono

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

SINTONIA

A união mais que ideal
com quimera e magia
sai dum ilusório irreal
pro real da sabedoria.
Em cadência musical
e a perfeita sintonia;
de um tão feliz final.
O enlace,
do ledor com a poesia.
Que ao coração transpasse...

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

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ÚLTIMO SONETO PRA TI

Alega o teu olhar não me querer mais
com palavras tão vazias e sem dispor
Agora como sair deste vicio imperador
se no coração, ter-ti, ventura me traz

Alega tuas mãos, negação e mal humor
é um artifício impensável que dói demais
E nesta meada a tramontana é a que vais
se com plangor, é por ter tédio no clamor

Agora me sinto um nada nos teus sinais
São tantos versos esquálidos e sem cor
Deserção, desencontro e desapego tais

Pois, minha emoção sempre foi dispor
o laço, nos laços não foram desiguais...
Se lhe é aversão, saiba que eu fui amor

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FRONTEIRA (soneto)

Em cada rosa, sempre existe espinhos
Nos árduos caminhos, também vitórias
Na humildade é que se escreve glórias
E com amor no amor se tem carinhos

Somos breve nestas águas transitórias
Para que seja leve, deixe os desalinhos
No tempo, tão valioso, e tão torvelinhos
Então, sê a figura mor de suas histórias

Nutre-se do néctar de querer mudança
Pois cada instante da vida é esperança
E a cada espera, objetivos e memórias

Perder ou ganhar são só da vida aliança
Tente. Persevere. Ai terás mais bonança
Trace nestas diversidades as trajetórias

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EU POETO, ELA POESIA (soneto)

Não sou só, os poemas são companhia
Sempre comigo, falam com a inspiração
Traz lá de fora o diverso numa multidão
De cores, e sabores, em total demasia

Sou poeta! Na reta: curva e ondulação
Num labirinto de devaneios como guia
Aquecidos pela chama duma tal magia
Do doce amor, saídas do meu coração

Sim, não estou só: eu poeto, ela poesia
Que vive em mim numa eterna emoção
Se estranho ou comum, a mim sacristia

Nesta verve, não sei o que é ter solidão
Se assim me compraz, não tenho ironia:
Pranto, canto ou nostalgia, só questão.

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SILENTE

Dia nublado no cerrado com ventania
Nostalgia nos olhos alumia o nebuloso
Tal como folha seca me sinto fragoso
Na brisa árida dum céu de monotonia

Range o peito num cântico escabroso
Apofântico, sem firmamento na poesia
Num par romântico de solidão e euforia
Tal chuva escassa no sertão sequioso

Alvorecer sem brilho e luz com alegria
Trazendo imenso sentimento saudoso
E na disposição uma tão nada ousadia

Caminho soturno neste vazio rigoroso
De chão cascalhado e de desarmonia
Que o silêncio comutou, vinho precioso

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UMA CANÇÃO (soneto)

Este meu trovar é para nós dois
Num poema aterrado no coração
Com versos cifrados na emoção
Ouça! E não o deixe para depois

É fruto da lembrança em inspiração
Que surge do que para mim tu sois
Não de um tal silêncio em vão, pois
Este, só faz saudosar e ter distinção

Se aqui no canto tem algum pranto
Saiba que é porque eu te amo tanto
E cada lágrima poetada é de paixão

Eis, então, a minha voz, entretanto
Leia nas entrelinhas só o encanto
E verás muito mais que uma canção!

Luciano Spagnol
21, agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Esperar pelo tempo é um aprendizado. O rio tem o seu remanso. Quando desviado ele não tem avanço...

Luciano Spagnol
Mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

ALTO SONETO

Rima soneto, o meu eu sem detrimento
Diz ao verso a perfeita e a real melodia
Se de sintonia, alegria ou de nostalgia
Traz à flor da pele o capricho do talento

Revela que sou sensações em categoria
Da alma, da emoção e do pensamento
Na dor, amor, que eu sou toada e alento
Anatomize o meu eu poético com eufonia

Vai soneto, me revelando a cada tento
Em loas de aprazimento duma parceria
De que na prosa eu vivo de sentimento

E neste último terceto, desta biografia
Deixo a minha paixão pelo letramento
No meu encruzar, imortal, só a poesia!

Luciano Spagnol
22, agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR POUCO (soneto)

Num amor pouco, parco é o afago
É não saber quão bom é o presente
Assim, poder a alma estar contente
E ter por alguém um sorriso largo

Aí, fica tão carente do sentir quente
Perde-se do alvo do farejado frago
Têm-se na solidão o gosto amargo
E ausência do beijo, de repente (roubado)

Sem amor, saudade é vazio selado
Dos rumos da vida se é deslocado
É mergulhar na luz sem densidade

E neste universo do eu tão calado
Desta redoma de um olhar isolado
Amor pouco, é ter-se pela metade

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM SENSAÇÕES

Amor é abstrato, figura do coração
É tal qual perfume grassando o ar
Promessa e jura apoiada no altar
Quando dois olhares num só são

É sentimento, que nunca é em vão
Traz sonho e nos faz assim sonhar
Faz picada no anseio, pra caminhar
Um desejo nutritivo para a emoção

Amar do amor vai além, é o gostar
Espírito numa perfeita comunhão
Dança que põe o sangue a dançar

Nesta atração há poesia e canção
Que invade o peito e põe a tilintar
E aos sentidos traz varia sensação

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Desaparecimento

Não deixe o silêncio te vencer
Velhice do fim deve ser ingente
Exista, concorde no mais viver

Creia, noite tem amanhecer
Respire com o olhar vivente
Tenha manhã para anoitecer

Pois, saudade, o justo é sofrer
Então, se oponha ao sol poente
Suspire, alente sem se render

Pai, o teu decesso, faz fender
O coração, é choro "sofrente"
Duma lágrima que quer ceder
Não saia do alcance... Tente!
Lute, tente pra luz não morrer!
De sua benção ficarei ausente...

Luciano Spagnol
Junho de 2014, 02'44"
Cerrado goiano
Parodiando Dylan Thomas

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO "MEA CULPA"

Você que sempre foi especial, errei
Então, no meu erro, desculpa peço
É difícil perdoar! Sei! Árduo regresso
Eu confesso: -com remorso fiquei!

E nesta "mea culpa", algo lhe direi
Se o coração escuta, é progresso
Não é fácil arrepender sem acesso
Tão pouco indulto de quem o fazei

Então, com um afeto lhano modesto
No nada é impossível, o meu gesto
De contrição... Na minha incorreção

Nem tudo na vida nos é tão funesto
Pra que seja no amigo ato molesto
E neste soneto de amor: -Perdão!

Luciano Spagnol
27, agosto de 2016
Cerrado goiano

IPÊ AMARELO (soneto)

No teu fugaz aflorar. És partitura
Duma melodia cálida fulgurante
De etérea figura num semblante
No ápice duma passagem pura

Se ergue na paisagem, vibrante
Em efígie no cerrado, escultura
Tão cróceo de aparata candura
Num teor pomposo e insinuante

Ave ipê! Natureza na sua mesura
Aos olhos se faz guapo arruante
Ao poeta estro em embocadura

E neste Éden de aptidão gigante
Ao belo, a quimera se aventura
Numa viagem de visão alucinante

Luciano Spagnol
Agosto de 2016

Inserida por LucianoSpagnol

Falar, é fácil de dizer
crer, é que é difícil
a palavra tem poder
e entender, ofício...

Luciano Spagnol
mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

Não se deixe dissuadir
a quem não diz tudo
mais vale muito sorrir
que um coração mudo..

Luciano Spagnol
mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

NOTURNO (soneto)

O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento

O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima

O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento

Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês

Inserida por LucianoSpagnol