Poeta Balsa Melo
Não sei o que pensa sobre tudo e, sobretudo, em nós.
O mundo excêntrico pode ser o fato, mas é natureza do agora e, por isso, vivamos intensamente como se tivéssemos uma única oportunidade de vivermos esta alegria. Joquei fora as algemas do medo.
Abri a minhas asas e, agora, te convido a voar comigo.
Não se demore tanto.
Não se demore.
Demore-se a não querer flanar comigo eternamente.
Não me limito ao limite da (in)exatidão da expressão.
Olho e os olhos percebem a intenção da sua fala anunciando retirada.
Algumas coisas pintam as telas da tristeza e outras matam a nossa alma.
Amar sem a noção do amor ser sentido é mendigar sem descrição.
Queria não ousar saber sobre as linhas que me algemam neste enredo.
Tampouco, gostaria de entender o desânimo frente aos pequenos desencontros dos passos.
Queria, apenas, saber se o meu amor incomoda o seu coração!
Tenho as minhas penas que tanto sobrepesam o meu voar.
Abro as asas e, muitas vezes, não consigo movimentar.
Existe o peso dos sonhos enterrados,
tem o apego àquilo que não pôde ser realizado,
persiste o medo dos espaços desconhecidos,
o ninho desfeito e o vendaval que não cessa!...
e um amor escorrido entre os dedos fluindo da minha alma.
Todas as vezes que me assumi sofrendo por amor... descobri depois que não era amor... era tudo, menos ele.
Não pense generalizando a vida.
Observe os detalhes dela.
Devemos fazer a nossa parte sem que as inações dos outros nos afetem.
Sou uma alma repleta de penas.
Um cisco neste grande deserto vivo
movimentando com os cuidados detalhados para não me assentar nos olhos alheios com os vários ciscos dos meus ais.
Não me leia nas entrelinhas de tudo que escrevo.
Poeta é o ser loucamente lúcido que tenta fingir a dor que assoberba as suas penas para voar... mesmo enfermo!
Às vezes ouço que é preciso conversar mais sem tanta poesia,
mas aqui é o meu desabafo e
a minha possibilidade de diálogo com os olhos que sintonizam com a minha alma.
Escreva nas linhas desta página,
mas não me solicite apagar as suas escrituras.
A vida é fato e depois do seu nascimento deixe-o sobrevivendo ou aniquile-o com ações mais nobres e amorosas.
Algo diferente toca a minha alma... não sei se é o arcabouço do físico cansado ou se é o peso da vida ida...mas sou diferente.
Fito com os olhos de ver e por mais despercebidos que os meus visores estejam ao enxergarem as cenas que me possibilitam ver... sinto cada filigrana deste grande tesouro que é a vida.
Posso sentir o sol sem vê-lo numa similaridade com a saudade imorredoura que habita meu ser.
Você não chega e nem por isso, deixa de existir em meu coração.
A fala insignificante, também, é aquilo que se queremos fazer.
O menor gesto, o jeito de olhar, os movimentos do corpo ocupam a expressão exata para o enredo pretendido.
Observe bem. Tudo está sendo dito.
Eu já entendi a sua vontade.
Caminho sem pressa, mas não deixe as minhas mãos nestes momentos de turvação.
Engrandeça a minha alma tão pequena frente às adversidades que tanto corroem a perseverança, a resignação e, sobretudo, a renúncia.
Fortaleça o meu coração para perdoar as fagulhas que aniquilam a esperança, atropelam a vontade de servir e depositam o ácido em meus olhos.
Perdoa-me pela insensibilidade de não perceber os seus acenos, mas glorifico o ar que respiro, o fruto deste dia, os passos que posso dar nesta caminhada.
Abraça-me com o Seu sopro benevolente e acenda a lâmpada para eu seguir o melhor rumo, pois entrego a Ti a minha vida.
Seja comigo sempre e não me permita causar o sofrimento, o pranto e, muito menos, o constrangimento com a minha presença que se esforça em levar a paz, a verdade e a justiça nos estribilhos desta trajetória.
Que a fonte inesgotável do Seu amor transborde em minha alma nesta hora que os sinais apontam, novamente, seguir com a alma sangrando para o novo alvorecer.
São ilusórias as falas que não produzem significados.
A repetição delas pode até impactar os tímpanos, mas se a alma não estiver disposta a assentá-las... tudo terá sido em vão.
Mantenho a calma...
a despeito da bravura da minha alma
que tanto luta para não esmorecer frente às amarguras da vida.
Seguindo sem tanto esforço, pois caminhar não solicita desmedido movimento, mas sofro quando as encruzilhadas me impõem a opção para o novo rumo.
Não posso persistir pousando meus olhos sobre os seus e voltar com o resultado congelando a minha alma.
Vivo no estribilho de um amor que me alimenta.
Cada gesto é um sobressalto para o sorriso.
Amo e bem sei que no transitivo direto, intransitivo e pronominal... a vida discorre sem avisos.
Não ouso saber se sou amado a despeito de suspeitar que eu seja, ao menos, por mim.
Implorei tanto para devolver-me inteiro e devolveu-me em partes e o resto de mim deve estar na sua soberba.
Na me assusta a solidão da minha noite e, tampouco, o vazio do meu copo....talvez possam doer a solidão de mim e a completude da saudade cheia da sua ausência.
Posso compreender e aceitar uma incontável variação de restos, mas não me permito ser o resto de nada.
Por isso o inteiro de mim não pode ser o seu resto.
Quero decifrar o indecifrável gesto do silêncio.
O seu grito ressoa ferindo a minha alma nesta espera que não alivia.
A sua fala é constante todos os dias na revelação da distância que nos aproxima do desencontro.