Moacir LuÌs Araldi

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ÉBRIO
Um uísque.
Duplo, por favor.
Preciso desentalar da garganta,
Este nó, esta dor.

Só não me sirva com desdém,
Sou humano como você, meu bem.
Não faço isso todos os dias,
Só bebo quando me convém.

Anos de vida me fizeram mole,
Saudade é o que sinto agora,
Por mais que eu me enrole
Talvez eu fique ou vá embora.

Este copo aqui, ó, vazio.
Avermelhou-me o rosto,
Desequilibrou-me o corpo.
Atingiu-me a voz.

Inserida por Moapoesias

Bomba
Armei uma bomba
No meio do mundo
E quando explodiu
Parti-me em dois.

Inserida por Moapoesias

Barganha
Eu sempre desejei que os abraços fossem apertados.
Que os sorrisos fossem sinceros.
Que as despedidas fossem exterminadas.
Que o tempo não fosse contado.

Que a corrida não fosse só para a vitória.
Que não se fizesse só pela história.
Que coisas ruins saíssem da memória.
Que todos merecessem a glória.

Tudo o que eu mais quis.
Que toda pessoa pudesse ser feliz.
Que só existissem balas de anis.

Que a fé não precisasse remover montanhas.
Que as medalhas não fossem apenas para quem ganha.
Que todos, na vida tivessem o poder de barganha.

Inserida por Moapoesias

Dores
Bom era quando as dores vinham das pancadas.
Das pisadas em pregos.
Do braço quebrado.
Dedo queimado.
Das enroscadas em unhas de gato.
Das caídas em barrancos.
Das picadas de insetos.

Era um tempo em que a cura não demorava.

As dores de hoje atingem a alma.
Degeneram o cérebro.
E não tem medicação.

Inserida por Moapoesias

Novidade
Quando nasci foi tudo tão normal.
Até o parto.
Não houve um grande temporal.
Foi apenas mais um ato.
Não aconteceu nenhuma comoção social.
Ninguém considerou a data como um evento.
Cumprimentos só alguns,
Eventuais.
Nem houve um grande sopro de vento.
Só minha mãe se emocionou
Naquele momento.
Tudo monótono na cidade.
Eu
A única novidade.

Inserida por Moapoesias

Sombras
As nossas andam separadas.
Em outros tempos eram vistas de mãos dadas.
Eram enormes ao final do dia,
Agora já não são mais nada.

A companhia boa é aquela que não se precisa.
Tu eras a sombra que a mim encantava.
A minha hoje, anda sem camisa.
A tua era a proteção onde eu me sentava.

Talvez sejam vistas
De outras acompanhadas.
Não uma,
Mas duas imagens sombreadas.

Inserida por Moapoesias

Olhos machucados
Vi que olhos arregalados me fitavam.
Deles demandava uma frieza nunca vista.
Fixei meu olhar por um instante,
Vi que estavam distantes.

Olhavam-me ao léu.
Olhar triste de partida.
Portas opacas do inferno.
Em nada lembravam o céu.

Olhos malvados.
Machucados.
Desesperados.
Olhos apaixonados?

Olhos d’água.
Com olhar de águia.
Olhos com água.
Com olhar de mágoa.

Um olhar de tantos olhos,
De histórias não contadas.
Tristes olhos sem brilho
Na despedida brotaram em lágrimas.

Inserida por Moapoesias

Que bom seria
Que bom seria se as segundas chances fossem reais.
Se os amores fossem imortais.
Se os pecados não se tornassem imorais.
Se os reencontros não fossem banais.

Que bom seria se a vida fosse de paz.
Se não quiséssemos deixar os outros pra trás.
Se de perdoar todos fossem capaz.
Se a fraternidade prosperasse cada vez mais.

Que bom seria se só tivéssemos alegrias.
Se o sofrer fosse abortado em cirurgias.
Se a felicidade viesse numa magia.

Que bom seria se o mundo fosse de igualdade.
Se o respeito existisse em qualquer idade.
Se o ser humano se despisse de falsidades.

Inserida por Moapoesias

Bolsas nos olhos
Meus olhos tentam guiar meus pensamentos.
Quando não querem me mostrar
Desviam o olhar num rápido movimento.
Porém se não vejo posso imaginar.

As bolsas que trago neles
As causas não são do tempo.
São depósitos daqueles
Que de amor alimento.

As pálpebras fecham com rapidez
Para evitar o pó da estrada
Tentam esconder de vez
Os tropeços da caminhada.

Quando estão fechados
Não sei por onde seguir.
Vou para o lado errado
Precisando me redimir.

Portanto, olhos meus,
Estejam sempre alerta.
Se rondarem os teus,
Façam a escolha certa.

Inserida por Moapoesias

Horas paradas
Não é falta de vontade
Se as horas estão paradas.
Isso se chama saudade
De cenas na mente conservadas.

Esta música que te põe em agonia,
Não foi feita pra te fazer sofrer.
É pra trazer alegria
E irrigar um bem querer.

Vista de vez a vontade de ficar,
Umedeça este jardim em flor.
Teu corpo pede pra deitar.
Permaneça morando neste amor.

Inserida por Moapoesias

Cafeteria
Percebo, a esta altura, que devo dar novo foco a minha vida.
O tempo me fez ter outra visão do mundo.
Não quero aquilo que não sou. Não me interessa viver de aparências.
Busco, neste momento, ser eu mesmo. Simplesmente eu.
Vou olhar a vida por todos os lados. Não só de frente.
Viver cada dia como único sem culpas internas e sem espaço para o pessimismo.
Minha força interior vai me erguer quando for preciso e, a paz que tenho comigo vai me conduzir sem sustos.
Saberei lidar com pessoas negativas de energia baixa e,P manterei minha mente distante das maldades deste planeta, pois, só assim, serei feliz com minha consciência.
Meu coração, clinicamente, sofre, mas vou controlar as emoções que lhe repasso para que suporte só o fundamental.
Até hoje busquei a excelência em tudo. Isso, como não opcional.
Agora chegou o momento de mandar pros ares manuais, cartilhas, regras, metas e objetivos que não servem pra nada.
Não vou mais chegar na hora.
Propositalmente sairei sem explicar só para ir até à cafeteria.
Quero cantar parabéns. Abraçar os chatos. Beijar os feios. Almoçar com mendigos. Comprar de ciganos.
Dormir em hotéis baratos.
Rodar em estradas de chão.
Quero banho de riachos, fogo de chão, camisa suada, fogueira de São João, restaurante e motel beira de estrada.
Quero os amigos de fé, baladas em cabarés e, com sorte, carinho de mulher.
Dizer que gosto só para quem, de fato, gosto.
Degustar muito lentamente cada fração do amor e da sobremesa.
Andar a pé em meio à natureza.
Curtir a alegria e conviver com as tristezas.
Na memória manterei só as fases boas da vida.
A lembrança dos bons amigos e amores. Estes nem o tempo nem à distância apagará. Emoções inigualáveis, registradas as demais não são essenciais.
Quero brindar, não aos melhores nem aos piores. Todos, neste mundo, somos bons e ruins. Brindar sem motivo, sem data especial sem nenhuma razão.
Brindar o reencontro. As chegadas. As partidas.
Brindar apenas por brindar. Brindar aquilo que de mais importante temos: Um brinde à vida. Um brinde, MINHA VIDA.

Inserida por Moapoesias

Felicidade
Definir felicidade.
Só em doses individuais.
Não a deseje de forma permanente
Aí é querer demais.

Oscila em antagonismos inesperados.
Vidros abertos ou ar condicionado.
Grade ou liberdade.
Café ou suco gelado.
Cabelos longos ou raspados.

Faculdade ou não estudar.
Fidelidade ou aventura.
Humilhar ou afagar.

Bronzear-se ao sol ou refrescar-se na chuva.

Tênis novo ou amaciado.
Perder peso ou comer o que tem vontade.
Pintar os cabelos ou não esconder a idade.
Correr descalço ou uniformizado.
Ser discreto ou se fazer notado.

Cartão sem limites ou
Dinheiro contado.

Bem vindo ou
Boa viagem.

Dê o fora ou
Entre e fique a vontade.

Amar de verdade ou
A imensa saudade.

Inserida por Moapoesias

Faça de sua vida. II
Faça de sua vida uma cereja.
Com um bolo de pano de fundo,
Em que a felicidade não seja
Contada em segundos.

Faça de sua vida um balão,
Suba, voe pelos ares.
E quando a terra retornares
Não prenda seus pés ao chão.

Faça de sua vida uma floricultura encantada.
Com vários perfumes e cores,
Rosas vermelhas para amada
E outras pra servir aos beija flores.

Faça de sua vida uma floresta,
Com notas de sabiá,
Com colibris a brincar,
Com ipês, borboletas e maracujás.

Com gotas de sereno denso,
E sol adentrando a mata
Com barulho de cachoeiras,
E murmúrios de cascatas.

Faça de sua vida uma estação.
Que tem retornos e partidas,
Que tem abraços e emoções.
Que tem chegadas e saídas.

Faça de sua vida um mar azul.
De ondas vibrantes,
De águas límpidas de norte a sul,
De navegadas emocionantes.

Faça de sua vida uma edificação.
De arquitetura ultra leve,
Lembre-se que tempo é em fração,
E que a passagem é bastante breve.

Inserida por Moapoesias

Inquietações
Das minhas inquietações
Tem umas que nunca entendi,
Haverá mesmo um amor
Impossível de substituir?

Que dizer destes encontros,
Ainda que acabe sem prantos
Amantes de amor doridos,
Saiam saciados sem ter fingido?

É possível deliciar-se uma só vez
Com alguém, quando convém,
Se amanhã nem mais palavras
Cada qual um amor tem?

Inserida por Moapoesias

Amor e só
Simplesmente ame.
Sem justificar.
Amar é que vai te iluminar.

Que sentir pode ir além?

Amar faz luz brilhar,
E sino badalar.

Traz graça no que se faz,
E a certeza de alegrar mais.

Faz musicar os ruídos,
Revelar desejos escondidos.

Faz do quietinho cantor,
E do analfabeto escritor.

Faz sensível o durão,
E dá um basta pra solidão.

Faz rosas mais coloridas,
E dá outro sabor pra vida.

Ame sem saber por que.
Um amor sem entender
Nunca vai desaparecer.

Inserida por Moapoesias

Naquele dia
Naquele dia...
Um friozinho se fazia.
Uma brisa levezinha.
Um vento.
Pequena ventania.
Naquele dia.

Naquele dia...
Era só você que existia.
Eu fugia.
Tu me seduzias.
O eu que não era meu
Em você aparecia.
Naquele dia.

Naquele dia...
Encostei-me lentamente.
A pulsação tremia.
Foi o beijo que eu queria
Naquele dia.

Naquele dia...
A lua se escondia
Nada nos continha
Agente se entendia.
Naquele dia.

Naquele dia...
Todas as rosas tu mereceria.
Amei-te tudo o que podia.
Naquele dia.

Aquele dia...

Inserida por Moapoesias

Cardio
Pretensiosos estes cardiologistas. Pensam entender de coração.
Tenham a santa paciência! Por acaso são poetas?

Inserida por Moapoesias

Atrás da orelha
Feito aranha vou nesta teia.
Tonto quase a sucumbir.
Pena que a solidão pega na veia.
Não adianta a pulga atrás da orelha
Sinto e pronto. Não vou mentir.

Remédio nem procuro
Seria perda de tempo,
As coisas que não tem cura
Melhor aceitá-las em silêncio.

Inserida por Moapoesias

Apego-me.
A simplicidade é a leveza do meu corpo,
E a essência do meu espírito.
Prefiro as fórmulas simples.
Não gosto de enrolação.
Se eu faço é de bom gosto
Não costumo esconder o rosto.
Máscara não me acompanha.
Sou assim e não tenho oposto.
Apego-me e sinto falta.
Humildade facilmente me ganha.
Fujo do centro para ver a ribalta.
Coloco os amigos na posição mais alta.
A distância me maltrata.
A presença me faz falta.

Inserida por Moapoesias

Trem
Trem.
Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.

Woooh! Woooh! Woooh!

Trem. Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem.
Trem.

Fshhhhh! Fshhhhh! Fshhhhh!

Inserida por Moapoesias

Música da vitória
O melhor do jogo é ganhar.
O vencedor é aplaudido.
Sobe ao pódio, é premiado.
O perdedor nem será lembrado.

A vitória faz amigos
Bajuladores em profusão.
Perder faz ser esquecido.
Ninguém pra te dar a mão.

Triunfar vale a taça.
E uma princesa pra valsa.
Fracassar não tem valor.
Apenas mais um sonhador.

Sem o primeiro lugar
Nunca farás história.
Não terás par pra dançar
A música da vitória.

Inserida por Moapoesias

Faça de sua vida. III
Faça de sua vida um pequeno labirinto,
Com acessos e saídas fáceis.
Com bancos em sombras abundantes
Onde possas sentar-se e descansar o bastante.

Faça de sua vida um meditar,
Ore, sirva, agradeça e faça orações.
Evite a fanatismo
Por qualquer que seja a religião.

Faça de sua vida um romance narrável.
Uma novela com final feliz.
Um roteiro irrecusável
Um enredo de aprendiz.

Quando a vida fechar a cortina.
Não tem como recorrer.
É seu ciclo que termina.
Deixe a alma ainda mais linda
Para os últimos aplausos receber.

Inserida por Moapoesias

Eu sei, mas não gostaria
Sei que quando nos afastarmos
Voltarei ao ostracismo malfadado.
A ele serei relegado.
Não tem como ser presente
Se o alimento é só do passado.

Eu sei que etapas terminam.
Que gelo derrete-se em água,
Que as flores efêmeras duram só um dia.
Que amores mal acabados viram agonias.

Eu sei que se for falso não brilha.
Que azurita nem sempre trará alegria.
Que nenhum ser humano é uma ilha.
Que o sonho é irmão da fantasia.

Ao começar eu não queria
Que fosse finito um dia.
Contudo prevalece o que é real
E não o que eu gostaria.

Inserida por Moapoesias

O poeta
O poeta chega à tardinha sem dizer nada.
Traz nos olhos uma panaceia em elixir.
Fica comigo pela madrugada.
Ao amanhecer tem que partir.

Em outdoors na minha mente
Espalha ideias e vontades.
Consegue entender o que meu amar sente.
Sabe como ninguém aguçar minha saudade.

Com ele vem só a folha em branco.
Quer sorver minha inspiração.
Sentamos eu e ele em algum banco.
E viajamos na nossa imaginação.

O poeta é meu leal confidente.
Por vezes soluçamos abraçados.
Sabe o que sinto e se cala sabiamente
Sofremos juntos, vivemos entrelaçados.

Inserida por Moapoesias

Na próxima página
Manuseio com o cuidado de quem ama.
Folha por folha. Uma por vez.
A formiguinha do Quintana.
Encontrarei logo ali, talvez.

A próxima página tem um grito.
Um risco. Um rabisco. Gerúndios.
Olhos espiando, café esfriando.
Um poeta aflito gestando.

Tem a ilha querendo sair.
O rio que entra no mar.
A lua começando a surgir.
E um beija-flor no pomar.

Vinícius compondo sonetos.
Olavo ouvindo uma estrela.
Carlos e seus anjos tortos.
Em Pasárgada, amando, Bandeira.

Dias escutando o sabiá.
Drummond consolando José,
Nos versos íntimos Augusto.
Na bola! Adivinha que é?

Romeu acariciando Julieta,
Titanic começando a afundar.
A baderna do boi da cara preta.
E um sofá pra Beethoven sentar.

Mona Lisa sempre sorridente.
Letras de poetas expoentes.
Comédia divina de Dante.
O Quixote Miguel de Cervantes.

Não sei o lado certo onde esta.
Com a mania que até hoje tenho,
De traz pra frente venho
Folhando de lá pra cá.

Inserida por Moapoesias