Marcia lailin

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Ser jovem não é bom
Ser idoso também não
Ser criança muito menos
Fico procurando algo com o olhar atônito
numa inútil esperança
olhando o vazio
Pensando...
Em sair subitamente desse mundo
atravessado, desfeito,
perdido para sempre...

Inserida por Lailin

Sem dizer uma palavra
o bebê está dizendo;
"Conversa comigo"

Inserida por Lailin

Escrever é fácil
difícil é ocorrer

Inserida por Lailin

Quem diz que dinheiro não traz felicidade
nunca teve dinheiro

Inserida por Lailin

Não é sempre que queremos
respostas ou conselhos
As vezes só queremos companhia

Inserida por Lailin

Meu inquieto coração
quando ama
se acha responsável pelo céu
e pela terra
insolente coração
me deixa!

Inserida por Lailin

Por que de tudo isso?

Porque tá na hora de fazermos um minuto ou mais
de silêncio
e meditarmos nas nossas desgraças
Nos estupros nossos de cada dia
Nos nossos irmãos em Monte Belo
Nos que perderam suas casas depois da tempestade
e agora estão dentro de um bote
para lá e para cá
sem eira e nem beira
No sol que esta queimando
e matando
ocasionando câncer,
as cataratas, glaucomas,
artroses, diabetes
pressão alta
metrô lotado, trem atrasado
ladrões, assassinos
sindromes de pânico
depressão
AVC

Inserida por Lailin

Que importa

Se luiza voltou, voltará ou ficará no Canadá
Nada muda em minha vida
Continuarei vivendo essa vida que não desanda
Esse Big Brother que nunca termina
Passo o tempo
Inventando tarefas
Remendando roupas
Limpando as teclas do piano
Preparando na cozinha alguma receita que sei de cor
ou que improviso
O que invento não chega a me convencer
O que será preciso?

Inserida por Lailin

Por que beber?

Porque mereço um gole
Porque estou cansada
com dor nos pés
na coluna
no pescoço
porque a vida é dura
o trem estava lotado
o calor infernal
uma chuva que nunca para
porque eu quero ficar
esticada na cama
com um sorriso bobo nos lábios
porque só vivo de verdade
quando esqueço
cada dia de viver

Inserida por Lailin

Sorria você esta
vivendo este momento

Inserida por Lailin

Um coração visivelmente diferente
Acima de tudo, não foi capaz de suportar
um sentimento desconhecido
que não era ódio, não era dor
que morreria com ela
sem nome
que era quase
parente da injustica
e da fatalidade
do primeiro medo
do primeiro amor
sobre a terra

Inserida por Lailin

Satiagraha

O que será que é isso?!
Conversa pra boi dormir...
Operação Satiagraha.
A prisão de Dantas, Nahas e Pitta.
PF prende Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta
Daniel Dantas, pivô da maior disputa societária do Brasil
Nome: Operação Satiagraha,
que prendeu Dantas
Entenda pela última vez
as acusações contra Dantas e Nahas
Defesa diz que Dantas foi preso por vingança
Mandados de prisão atingem familiares e funcionários de Dantas
As ações da Polícia Federal no governo Lula
Os 40 do mensalão
Nahas foi declarado inocente em 2004 pela Justiça Federal do Rio
e pôde até voltar a operar no mercado.
A instância superior decidiu que o delito sequer havia existido.
Acho que não entendi
Eles continuam saindo ilesos e
rindo da nossa cara
O asco
a indignação por uma injustiça
que faz com que todas as injustiças
passadas ou presentes se tornem
imperdoáveis

Inserida por Lailin

Gabriela, sou da PAZ!

Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana
Anne Frank e EU

Ela seguiu em direção ao metrô
Ia se encontrar com a mãe
Era a primeira vez que saia sozinha
Estava nas escadas do metrô
Quando ficou no meio do fogo cruzado
Foi atingida por uma bala perdida
Tentou voltar
Subiu as escadas e caiu
Um camelo a segurou
Havia lágrimas em seus olhos
Sua mãe que a esperava
Sentiu um arpão entrando em seu coração
Nos dias seguintes sobre a cabeceira de sua cama
Assistia as notícias
Tentava aceitar a perda
Via os travesseiros desarrumados na cama
Podia vê-la acariciando um gato
Podia vê-la dormindo
Podia ver seus chinelos no chão
Só não podia mais ouvir sua voz
Seu sorriso...
Criou o movimento Gabriela sou da paz
Cinco anos depois
Vitima de um AVC acabou morrendo
Até seus ossos foram doados
Suas cinzas, assim como de sua filha
Foram jogadas no mar da Barra da Tijuca
A bala que matou a filha
Alojou-se definitivamente no
Coração da mãe

Mlailin

Inserida por Lailin

Entre as coisas que não posso mudar está:
o passado, o presente e o futuro

Inserida por Lailin

Para a dona da bolsa amarela - Vivian Ercherberger (na foto)

Ontem à noite encontrei no banco do metrô uma bolsa. É uma bolsa que as mulheres usam a tiracolo.
É quadrada tem dois bolsos na frente, não tem zíper, mas um enorme botão.
O trem havia chegado à estação Anhangabaú, só mais esta estação e eu estaria na Sé.
Estava muito cansada, o sono era mais forte do que eu.
Sabendo que não podia dormir, pois corria o risco de ir parar em outro destino, disse a mim mesma:
"Você só vai fechar os olhos”.
Não somente fechei os olhos, como capotei.

Acordei no terminal Corinthians/Itaquera com um jovem sacudindo meus ombros e dizendo: “Moça, moça”. Sonolenta sem saber onde estava, disse obrigada, peguei minhas sacolas e bolsas e sai apressadamente com o apito do trem e o fechamento da porta atrás de mim. Enquanto subia as escadas rolantes fui me certificando se havia pegado tudo. Comecei a contar. Uma, duas, três, quatro! Quatro? Essa não é minha. Se não é de quem é? Alguém deve ter saído e esquecido a bolsa próximo das minhas. Só podia ter sido isso. Procurei um banco, sentei, e abri a bolsa para ver se tinha um endereço, um telefone. Encontrei uma garrafa de água, um livro de mais de 500 páginas: “Quando Nietzsche chorou”. E um caderno de papel reciclado. Nada mais.
Comecei a folhear o livro a procura de algo enquanto pensava quem leria um livro desses. Um estudante de filosofia? Uma estudante de psicologia? Na primeira página encontrei uma dedicatória que dizia: “Querida Vivian, que você continue a nos trazer muitas alegrias com o seu sorriso e os seus atos bondosos. Admiro muito você como chefe, como pesquisadora e como pessoa. Um abraço afetuoso da Paula. Primavera de 2009”. Isso não ajudava muito. Abri o caderno havia um nome na contracapa: Vivian Erchenberger. Procurei um endereço ou o numero de um telefone. Não encontrei nada que me levasse até a dona. Novamente peguei o trem agora com destino a Sé. Não iria mais fechar os olhos. Iria ficar bem acordada e ler o conteúdo daquele caderno. Logo na primeira página havia uma lista de supermercado e alguns avisos como estes: “Comprar um terno novo para João Paulo”. “Sexta-feira dia 6, cinema com André”. “Não esquecer de separar as roupas para a costureira”. Depois outras coisas sem importância. Algumas folhas a frente encontrei duas páginas cheias de um relato que parecia um desabafo, escrito por uma letra ora mais rápida ora mais lenta com algumas manchas na tinta que pareciam serem lágrimas que caíram...

“É uma manhã de sábado, dia quente de novembro e o perfume das flores domina o ar. Combinei de encontrar com João Paulo às 11hs. Camilo o deixou na Tutóia com Brigadeiro. Começamos a subir a Rafael de Barros com destino a Avenida Paulista, eu, Márcia e João. Foi quando me lembrei que era o mesmo caminho que havia feito anos atrás quando ia para o trabalho. Iria aproveitar esse momento para rever o seu Nelson. Seu Nelson é jardineiro de um antigo sobrado nessa rua. O conheci anos atrás quando ia para o trabalho. Naquele dia ele estava na calçada podando um lindo pé de primavera. Disse-lhe bom dia e comecei a elogiar o seu trabalho. Foi ai que comecei a travar conhecimento com aquele jardineiro de cabelos brancos no vigor de seus 80 anos, de rosto bronzeado pelas horas que passa no jardim. Admirava-o por ter aquele emprego já há tantos anos. Então ele me dizia: “Amo o que faço”. Amava as coisas de Deus. Amava cuidar das flores, do jardim. Havia perdido a esposa e nunca mais se casou. Tinha uma filha. Morava com ela, mas não gostava de dar trabalho. Tinha um modo bem calmo de falar. Um dia eu disse para o André: Vamos comprar uma camisa para ele?”. O que mais me impressionava nele era a sua humildade. Ele só olhava em meus olhos quando eu dizia: “Olha pra mim seu Nelson”. Só assim ele olhava e abria um sorriso muito grande. Ele dizia que quando olhava para o chão era como se reverenciasse a pessoa. Quando você respeita uma pessoa você não olha nos olhos. É uma educação dos antigos. Às vezes estava fazendo aquele sol, sol de rachar, ele agachava pegava em uma flor e então me mostrava o que tinha feito. Ou então ele tirava a enxada e uma pequena forquilha da garagem e me levava para o canto do jardim ensinava-me então como revolver a fértil terra preta. É o melhor lugar do jardim. “Tente não cortar ao meio as minhocas... É bom mexer no solo quente”, me dizia ele enquanto arrastava o regador para o pequeno canteiro. Trocava mos idéias e ele me brindava com pedaços de sua profunda sabedoria. Uma vez ele me disse: “Há 20 anos as pessoas passam por essa calçada, falam bom dia e vão embora. Não param por um segundo para dizerem o seu nome. E você uma pessoa que eu conheci há dois meses se tornou minha melhor amiga. Você é uma pessoa bondosa de bom coração”.
Agora havia passado tanto tempo, estava ansiosa, estava com saudade. Procurei ouvir o som da vassoura. O barulho da vassoura e então saberia que ele estaria lá. Bati palmas. Uma jovem veio atender. Perguntei pelo jardineiro, o seu Nelson. Então ela disse que ele havia morrido há quatro meses atrás. Aconteceu um acidente, foi na porta do hospital beneficência. Ele tinha ido lá para fazer um exame de vista foi quando um motoqueiro o atropelou. Ele bateu a cabeça. Um traumatismo. Não resistiu. Qualquer pessoa que já tenha sofrido a perda de um ente querido pode dar testemunho do impacto daquelas palavras. Não me deixei embaraçar nem intimidar pelas lágrimas que corriam pelo meu rosto, e ela não me disse para não chorar, nem tentou distrair-me, e eu não consegui mais falar nada a não ser abrir minha pasta e tirar de dentro dela uma mensagem sobre a ressurreição entregar a ela e sair dali.
Seu Nelson foi um dos homens bons deste mundo. Um grande amigo.
“Oh, seu Nelson! O senhor sabia tanta coisa sem que ninguém tivesse lhe ensinado. Espero que tenha sabido também o quanto eu o amei!”.

E depois encontrei somente páginas em branco...
Uma voz dizendo estação Paraíso interrompeu meus pensamentos.
E agora o que iria fazer? Poderia deixar a bolsa no achados e perdidos do metrô...
E estaria tudo perdido. Não conheceria a dona da bolsa amarela e não ouviria de sua boca a história do seu amigo querido. Não poderia desperdiçar essa chance. Teria uma idéia... Faria uma gazua...

“Faça com que sempre sejamos
os jardineiros do espírito
que sabem que, sem a escuridão
nada consegue nascer,
assim como, sem luz,
nada pode florescer”.

Inserida por Lailin

Se você chegasse...

Eu estaria te esperando no aeroporto
e o abraçaria fortemente e não soltaria
tão cedo
com carinho
com saudades...
E então, esqueceria a forma que você me abraçou quando cheguei: Friamente

Se você chegasse
Eu teria enorme prazer em sair com você
Nunca estaria de mau humor
ou aflita

Se você chegasse...
Eu teria enorme prazer em cozinhar pra você
e diria vem aqui ver como faço
Coloco pitadas de bondade
E minha dispensa nunca ficaria vazia
Porque seria compartilhada com amor

Se você chegasse...
Eu te diria a verdade
Eu não te deixaria só
para correr atrás do meu passado
pois o meu passado tem sua própria vida
e agora ganhei um presente
que se torna pouco a pouco o meu passado e o meu futuro

Se você chagasse...
O espaço nunca ficaria pequeno para nós dois
O meu espaço seria você
Tão infinito quanto a visão que tive da sua janela

Se você chegasse...
Eu nunca tiraria suas roupas do varal e
com um sorriso no rosto te entregaria
Como quem diz: Vá!
Não te deixaria ir para viver uma semana e quatro dias
de terror...

Se você chegasse eu te diria...
Venha e sinta...
O amor é benigno
O amor não procura seus próprios interesses
O amor nunca falha.

Isso é o que eu queria te dizer quando disse:
Um dia te direi o que fazer com suas milhas...

Mlailin

Inserida por Lailin

Crianças

Crianças...
são como o sol entrando
apesar das janelas fechadas,
e saem deixando um raio,
uma palpitação silvestre no coração
uma pureza de aromas

uma borboleta viva
Uma estrela

transbordando
estendendo
estalando
me chamando com sua força magnética

Mlailin

Inserida por Lailin

O homem e a mulher


Foram criados
com uma necessidade que
o outro preenchia
Suas qualidades se equilibravam
se complementavam
tão bem
que foram considerados
uma só carne

Onde falharam?

Inserida por Lailin

Qual é o teu cheiro?
Enquanto caminho lembro do jovem português com cidadania americana... Steve é o seu nome. Estava eu sentada na grama do congestionado Porto... Sem sapatos... Ele se aproximou tirou os seus sapatos e sentou do lado. Adorei isso. São raríssimos esses seres que estão escondidos em casulos ou trincheiras, pois acabam sendo marginalizados. Falou um pouco de si, de onde veio e onde mora hoje: Viana do Castelo. Falamos sobre o mundo trágico em que vivemos e depois ele seguiu em direção ao metro, antes deixou comigo umas folhas de alfazema. Perguntei onde ele tinha encontrado essa preciosidade. Ele disse e eu mantenho o segredo

Tantas coisas passaram em minha mente... A casa quadrada modelo moderno em construção se tornando uma aberração no meio do verde que logo se tornara uma raridade. Um pé de hortelã na estrada. E a profecia da minha mãe se cumprindo: “Quando você arranca uma flor arranca o pé”. Uma rua sem saída e um senhor avisa que se eu seguir morro acima por uma trilha encontrarei uma vila, mas isso levaria uns três quilômetros. O que são três quilômetros? Sempre tive dificuldade em entender distâncias...
Ver é reparar não é a mesma coisa. Ver e reparar exige meditação.
Medita Lai...

Em que ano foi abolida a escravidão em Portugal?
Fui lentamente caminhando sem entender a estrada de concreto e a falta da terra para acalentar meus pés. No Ponto de autocarros uma propaganda: “Aberta às inscrições para utentes. (As empresas da cura) São eles: médicos, enfermagem, fisioterapia, psicologia, nutrição, banho vichy, massagem, jardim sensorial, animação, bio ginásio...”
Li a relação, entendi e pedi: “Me livre de todas elas”

Agora na manhã ensolarada no jardim dando várias voltas pela grama molhada lembrava-me deles, os engomados versados em anos de entendimentos da natureza humana dentro de uma faculdade agora formados a sorrirem com uma pele tão translucida misturado ao branco da roupa não fosse os cifrões nauseantes dos olhos acreditaria nos padecimentos ali expostos e criados de acordo com aquilo que o utente criou para si mesmo, somos maus o suficiente.
Será que conseguimos ver as cores por acaso? E entender o nosso corpo?
As abelhas precisam do pólen e as flores precisam das abelhas... Na casa ao lado uma criança canta... ia ia o...

Márcia Lai lin

Inserida por marcialailin

Tão longe, tão perto...

Ontem encontrei uma senhora em um café na cidade de Braga. Brasileira do Rio de Janeiro. Logo mais estaria pegando o comboio para Famalicão ia visitar a filha. Olhei para seu rosto marcado e depois para seu corpo e perguntei:
“Há quantos anos esta morando neste país”
- Há trinta anos – disse-me ela
Trinta anos... Pensei atônita
Levei um choque ao retornar lentamente no tempo de trinta anos...

Novamente olhei para seu rosto, suas mãos enquanto pegava a xícara de café e com a outra mão procurava um lanche, pão com queijo, na carteira (bolsa) que trazia no braço... Devo dizer que fiquei chocada. Trinta anos de angústia... É claro que não iria perguntar a ela como se sente hoje como se sentiu dia a dia, ano após ano. Claro que não. Pois já sabia o que iria dizer, iria mentir e dizer o quanto foi feliz e hoje vitoriosa... Sentia a verdade em seus olhos escuros e em seu sorriso triste. Do seu coração ainda se podia ouvir gritos de socorro durante aqueles trinta anos....

Esse fato me levou a outro... Ano passado em frente à igreja de Cedofeita encontrei aqueles dois portugueses que tomavam um lanche e bebiam um vinho em um muro espécie de banco... Ao me verem ali do lado perguntaram se eu estava servida. É claro que sim. Providenciaram um copo e me ofereceram. O mais falante perguntou se eu era brasileira. Disse que sim. Respondeu que seu avô há muitos anos foi para o Brasil, deixando a família, avó, netos, filhos e tudo o mais. Um belo dia com uma desculpa qualquer se foi. Falou sobre o fato com grande mágoa com um olhar que não me desfitava e com cólera. Quando terminou perguntei a ele se alguma vez ele voltou ou se alguém foi visita-lo. Ele disse que não... Que nunca mais voltou... Abandonou tudo. No Brasil viveu, no Brasil morreu...

A angústia e a saudade daquele senhor que se foi e nunca mais voltou se abateu sobre mim, disfarcei olhando a igreja, o chão, o vento balançando as folhas das árvores ele me olhava com o olhar parado esperando uma resposta e tive vontade de dizer ao homem ali parado na minha frente que seu avô se tornou um morto-vivo. Dizer algo seria pedir demais a minha coragem, só porque eu era corajosa. Olhando-o, desanimei: Faltava-me a coragem de desiludi-lo. O que ele queria? Que seu avô voltasse e de joelhos pedisse perdão? Ou que a tortura eterna fosse a sua punição? Furtivamente olhei-o de lado e recuei deixando que o vinho fizesse a sua parte. Era cedo demais para eu ver tanto.

Inserida por marcialailin

Meus tipos inesquecíveis

Estava pensando nisso sr. facebook...
Aliás vivo pensando neles. Naquela gente do bem que nasceram para deixar um exemplo a ser seguido.

No começo tinha por alvo gente famosa, tipo: Gandhi, Jesus, Maria Curie.... Depois fui conhecendo na minha vida, face a face... louvado sejam eles. Infelizmente dá pra contar nos dedos. Gente como o Professor Miguel Costa Júnior dono de uma sabedoria rara, que serviu a ele para deixar latente sua bondade. Em outros a arrogância. Era uma pedra preciosa. Quando ligava para ele, o que fazia todas as manhãs, perguntava como estava e ele dizia: "maravilhosamente bem" Não entendia como um senhor de 90 anos num sociedade podre dizia isso. Quando ele morreu em 2000, aquela biblioteca alexandrina deixou uma lacuna muito grande em minha vida que nunca mais foi preenchida e hoje quando amanhece sou eu quem diz para mim mesma "Estou maravilhosamente bem"
Uns quinze anos depois conheci Luciana Maria Fracalanza Pimentel pessoa que trata todos por igual, desde o empregado ao Dr. Honoris causa. E quando seu pai atingiu uma idade em que a maioria é abandonado a míngua ela cuidou com muito afeto, muito mesmo e seu Fracalanza ultrapassou os 100 anos rodeado de carinho e bondade.

São meus tipos inesquecíveis. Quando me sinto amargurada lembro do sorriso escancarado do professor Miguel. Ou do telefonema e da presença da filha todos os dias perguntando: "Pai você está bem?".
E assim sigo perguntando em empatia de maneira prática.

Inserida por marcialailin

Cinco entre oito pessoas estão no telemóvel 😀 e os outros três não sabem o que fazer da vida
Mas e o futuro? Oh Deus, dai-nos o nosso futuro!!

Inserida por marcialailin

Já notou que no meio da palavra
NAMORADA
Tem a palavra AMOR?
Se você tira o AMOR o que te resta?

Lai a procura de Agustina Bessa-Luís


Já tinha escrito uma vez como conheci Agustina. Foi no museu da Língua portuguesa. Foi em um sábado, eu e as moscas. Nunca vou em exposição, a única exposição que frequento com prazer, sem tédio, tipo: me tirem daqui! É das flores, das gaivotas, dos patos, das gramas e do mar... Foi um amigo que tive aqui no facebook que um dia me perguntou: Terá uma exposição da Agustina Bessa no museu da língua portuguesa ai em SP, você vai? Sabedor que era do meu fascínio por essa mulher, fez por bem me avisar. É claro que fui. O que me deixou furiosa não foi ter sido eu a única visitante naquele dia e não duvido nada que em todos os outros dias também. O que me incomodou foi não ter nenhum livro dela ali exposto ou alguém contando a sua história. Só havia fotos dela e nada mais. Olha, sei que vocês devem estar desconfiados, mas tempo depois aquilo lá pegou fogo e juro que não tenho nada com isso.
Ai um dia me deu na telha: vou para o Porto. Porque o Porto e não Lisboa? Por causa do vinho. Todo mundo na minha vizinhança fala desse vinho e eu pensava com meus botões: que raios tem esse vinho que os outros não tem? E também queria só de raiva conhecer Agustina Bessa e dizer a ela onde já se viu uma exposição daquelas. Pedi para um amigo bem informado que mora no facebook, um advogado de nome... melhor esquecer o nome, se ele saberia dizer onde morava a Agustina. Respondeu que iria confirmar e depois de me fazer esperar uma semana e alguns dias, passou o endereço e eu anotei. Para quem não sabe o esposo da Agustina é advogado e foi encontrado por ela nos classificados. Sorte grande teve o estudante de direito Alberto Luís ao responder o anúncio. Não sei por que digo isso, talvez pelo mesmo motivo que a malta portuguesa tem de dizer séculos depois que o pobre do Camilo esteve preso na cadeia da relação por adultério.

Um belo dia entrei naquele avião sem medo e sem asas e atravessei o oceano. Somente vim a descobrir a grandiosidade e a delicia que é esse oceano Atlântico na Vila do Conde, quando em uma bela manhã calma e ensolarada eu vi com esses olhos que a terra não há de comer a nau (uma miniatura tamanho gigante) de Cabral e meus olhos se encheram de lágrimas diante de tanta coragem daquele homem teimoso como uma mula.

Hoje quando penso nisso meu coração ainda pula. Por causa de Cabral? Não mais, agora é por causa de mim mesma.
E aqui, fiquei saracoteando por ai. Conheci Camilo Castelo Branco, sua última morada e fiquei estarrecida com seu paradeiro. Os dias passando... Até aquela tarde em que eu caminhava feliz como uma noviça pela Rua Campo Alegre, e então a surpresa. Foi como se alguém tivesse segurado meu pescoço e dito: Olha! E fiquei assim tipo estatua olhando para aquela placa com o nome de uma rua. Sabe quando você vê algo que queria e não esperava, fiquei ali olhando, dando voltas sobre ela, parecendo um altar de adoração. Como fiz para chegar até a casa contei isso no verão passado.

E contei também da moça que estava no andar de baixo e eu olhei... E a chamei e ela veio e me mandou ir ate o portão de entrada e eu fui... A empregada atendeu. Empregadas são treinadas para serem muralhas... Mas eu pedi a ela e ela disse que iria levar meu livro para ser autografado. Não era isso que eu queria. Mas entre isso ou o nada. Preferi isso. Foi e quase não voltava mais. É que o Dr. Alberto Luís deve ter levado longo tempo lendo a crônica da Agustina no livro de vários autores que eu tinha. Ou estava ocupado sei lá, não me disseram... Sei que ela voltou com seu passo apressado, não sei o que deixa essas mulheres assim tão pesadas. Entregou-me o livro que carregava nas mãos como se fosse um empecilho dos seus afazeres e fechou o portão. Ali estava a dedicatória... Não era isso...Não era isso sua mula. Quem era mula? Eu ou ela? Não sei quanto tempo fiquei ali parada na porta de ferro verde. Minha mão batia no nada e eu dizia: Não é isso, não é isso... volta aqui!
Tentei encontrar um buraco de ferrugem onde eu pudesse olhar...

Dei uns passos atrás e sentei em um resto de muro. Ah, foi tão triste. Queria tanto dizer, queria tanto que sentissem o tamanho da minha tristeza naquele dia. Se soubessem viriam aqui e derrubariam todas as portas, abririam todas as trancas... Teria que fazer algo não podia ficar ali parada.

Dei umas voltas pelos restos do que foi um dia uma aldeia e hoje esta cortado por uma rodovia dupla e rodopiei como se estivesse caindo em um labirinto.

Toquei com os olhos e com as mãos cada pedaço daquela quinta. Olhei através das janelas e encontrei as nuvens e o céu azul, tão lindo.

Fechei os olhos e imaginei como era a vida daquela mulher quando ali existia esperança e vida.

Lai em a vida como ela é os poetas da sua vida

Inserida por marcialailin

Metanol é fogo que arde sem se ver
Hanseníase é ferida que doí e não se sente
Bipolaridade é um contentamento descontente