Luiselza Pinto
Não é aconselhável mandar para o inferno quem merece estar lá, pois se corre o risco do dito cujo não gostar e volver para atenazar os outros. Melhor é desejar que o inclassificável seja feliz no paraíso e aí fique pela eternidade.
Aquilo que se recebe pela ação, ou omissão, direta ou indireta, é consequência; o que emerge do que (não) se fez, é presente ou punição.
Não há crime sem lei anterior que o defina. Mas a punição que se recebe pelo antes de se ter nascido deve ser convertida num teste de equilíbrio, firmeza e paz; não de força e nem de forca.
Quem, única e exclusivamente ao nascer, foi mandado para o inferno e saiu bem e por conta própria, tem duas opções: Esquecer e seguir em frente ou voltar para ajudar os que lá ficaram.
Seja água de flores ou ácido sulfúrico concentrado, não deve ter medo ou reclamar da tempestade quem conscientemente optou por ter bússola e não âncora ou porto.
A liberdade extrema tem, necessariamente, um preço, mas não é obrigatório que seja ou tenha um peso.
Há momentos em que se deseja que o espaço tempo fique estacionário. Mas isto é quase tão desnecessário e inviável quanto tecer eufemismos ou desculpas para o que a lei não proíbe.
Dores intensas nascem de estímulos fortes. Na estrada das emoções profundas pode ou não haver algum prazer, mas nunca existe qualquer amenidade.
A vida é do tamanho exato para se evitar consumir espaço tempo com as presenças que, mesmo por um único infinitésimo de segundo, jamais serão companhias.
É preciso muita firmeza e fé em si mesmo para atravessar incólume o momento em que o desejo e a necessidade discutem violentamente e estão incompatíveis.
O descuido pode ser a causa do primeiro desacerto; mas só a estupidez encontra novamente o mesmo caminho para errar.
Pode-se amar alguém com uma intensidade além do limite da loucura, mas deve ser deixado um infinitésimo de razão para que se opte entre a existência pela imposição e a vida pelo convite.
Apenas a consciência, o equilíbrio e a paz do ser em si são capazes de fazer com que os horizontes sejam maiores do que as fronteiras.
Sem a minha consciência eu não seria detentora de um único erro; tendo consciência, sou a proprietária exclusiva da pluralidade dos meus atos de errar.
A língua deve ser usada e potencializada para uma infinidade de funções que não falar da vida alheia.
À noite tomo banho no chuveirão do quintal; e tenho olhar as estrelas. Elas são, basicamente, massas gasosas de hidrogênio leve se fundindo em hélio e o fazem a velocidades que dependem da idade, campos gravitacionais etc. O Universo é um constante criador e destruidor de estrelas; e elas ainda são (em termos bem simples) os primeiros entes estruturados a nível além de subpartículas. Para que os primeiros seres vivos surgissem e, com eles, a estrutura encefálica humana, um longo espaço tempo foi percorrido. Mas o encéfalo humano se apóia em mais átomos do que somente hidrogênio e, quando o faz, tem um número infinito de possibilidades que ainda estão na influência de várias coisas. Mas o que importa é que, se os elementos químicos naturais são em número limitado, mais limitado ainda é o número utilizado para a criação de sistemas vivos. Isso reduz, drasticamente, os tipos de átomos a nível encefálico e minimiza a quantidade de combinações probabilísticas. E as reduz de tal modo que, guardadas algumas questões de transcorrer de espaço tempo, não é de todo ilógico que as mesmas misturas e combinações voltem a ocorrer e o façam ao acaso. O espaço tempo se mostra do tamanho necessário para suportar e “-“precisar”-“ tentativas e o faz imputando a ilusão de ocaso. Se os sistemas biológicos possuem proteção, por que não supor que os átomos só se reagrupam com estímulos ondulatórios por não possuírem indestrutibilidade? Por que supor que as mesmas composições encefálicas são inviáveis no espaço tempo imensurável e que estas não se amoldariam ao que estejam, sem ser? Estas são questões para mais banhos e estrelas...