Jorge L Oliveira
Por via de regra, um dos primordiais mistérios da vida é sabermos valorizar tudo o que possuímos; em especial, tudo que conquistamos, até mesmo pessoas!
Uma sessão de terapia é, para muitos, um espaço mágico. O que parece ser apenas uma conversa se transforma em um palco onde os pensamentos dançam livremente, criando uma coreografia única de emoções. Lembro-me de uma vez em que compartilhei com meu terapeuta uma lembrança que, à primeira vista, parecia trivial, mas que se revelou a chave para compreender um padrão repetitivo na minha vida. “E você já parou para pensar por que isso acontece?”, ele questionou. Essa pergunta ressoou em mim como uma onda vibrante, e eu comecei a perceber. Os ecos de nossas experiências passadas muitas vezes moldam a forma como nos relacionamos com os outros e conosco.
A formação de nossa subjetividade é ainda mais complexa quando consideramos a interação entre o id, o ego e o superego. O id, com sua natureza instintiva, busca satisfação imediata, enquanto o ego tenta encontrar um equilíbrio saudável entre os desejos do id e as normas morais do superego.
Com o avançar da vida e a acumulação de experiências, as nuances de nosso comportamento se tornam mais evidentes. É fascinante pensar nas camadas que se acumulam em nossa personalidade: o que hoje me anima e apaixona, talvez um dia me deixe inquieto ou desconfortável.
A importância da Psicanálise reside na forma como ela nos dá coragem para encarar o que, inicialmente, pode parecer desafiador. É um convite honesto para desbravar o desconhecido, para trazer à luz partes de nós mesmos que, por medo ou vergonha, permanecem ocultas.
Às vezes, por medo do julgamento ou da desaprovação, reprimimos certos aspectos da nossa personalidade, talvez até aquele humor peculiar que faz nossos amigos rirem. Essa luta interna entre ser quem realmente somos e atender às expectativas externas é um espaço fértil para o desenvolvimento da subjetividade
As marcas que trazemos das experiências, tanto positivas quanto negativas, são inegáveis. Mas esta introspecção, por mais intimidadora que pareça, é essencial para um crescimento genuíno. Refletir sobre o que nos angustia, nos motiva e nos causa alegria pode ser o primeiro passo numa busca de autoconhecimento, um exercício que, embora desafiador, pode nos fortalecer.
A jornada para descobrir quem somos vai além do consciente; ela esbarra em limites que frequentemente evitamos, porque são complicados e, por vezes, dolorosos. Nossa história pessoal, nossos traumas e alegrias imersas no inconsciente moldam a relação que temos com o mundo e com nós mesmos.
O inconsciente é meticuloso, ele acumula informações e sensações ao longo da vida, tornando-se um banco de dados que, de alguma forma, responde às situações do presente.
O relacionamento entre o consciente e o inconsciente é rico e intenso. Ambos interagem constantemente, influenciando nossas atividades, interesses e, por consequência, nossas decisões.
A conscientização leva ao poder da escolha. Quando começamos a nos questionar, ganhamos volume e potência nas nossas decisões. Temos o poder de dizer “não” ao que não nos serve, e isso é libertador. Em seguimento, há um mundo de possibilidades nos esperando, onde nossas escolhas se tornam, de fato, reflexos do que desejamos e não do que o mundo espera. Pergunte-se, a cada nova decisão que surgir: “Isso me aproxima do que realmente quero?” logo começaremos a caminhar para fora da ilusão, adentrando em um espaço onde a verdadeira liberdade de escolha reside.
A complexidade de nossas experiências emocionais vai além da mera escolha entre lógica e emoção. Muitas vezes, é um emaranhado delas que nos leva a agir de formas que, a princípio, podem parecer contraditórias. Nesse duelo, cada lado se destaca, e fazemos escolhas que podem surpreender até a nós mesmos.
Às vezes, olhar para dentro é o primeiro passo para descobrir um horizonte que parece distante. Entender nossas próprias nuances pode ser surpreendente. Às vezes, acreditamos conhecer bem nossas reações, mas, na verdade, somos afetados por influências de um passado que muitas vezes preferimos ignorar.
Reconhecer nossos próprios processos internos é como encontrar a chave de um tesouro escondido. Quando nos tornamos conscientes de nossos comportamentos e reações, conseguimos nos afastar do impulso de reagir automaticamente a uma situação. Essa capacidade de parar e refletir traz à tona uma nova dimensão da vida; vivemos com autenticidade e significado, em vez de deixar que as influências externas nos puxem para longe de quem realmente somos.
O discernimento é como a luz que ilumina um caminho tortuoso e, ao dar pinceladas de autocrítica nas nossas decisões, nos tornamos agentes ativos nas nossas próprias escolhas.
Ao nos tornarmos mais conscientes de nossos próprios vieses, não apenas favorecemos uma mudança interna, mas potencialmente influenciamos o ambiente social ao nosso redor de maneira positiva e transformadora.
Em certos momentos o silêncio exprime muito além de qualquer justificativa. Não necessitamos comprovar a ninguém nossa virtude, nem nos talharmos objetivando agradar. Cada um constrói suas tendências, e tudo certo. opte pela paz. E assim seja… prossiga sua compostura suave e em paz consigo mesmo.
Ao compreender o outro, não apenas superficialmente, mas em suas dores e alegrias, estabelecemos um elo que vai além das palavras e dos gestos.
Em cada passo rumo ao nosso futuro, seja no âmbito amoroso, profissional ou pessoal, está o sopro da reinvenção, da esperança que se renova. A capacidade de sonhar e a coragem de agir são, sem dúvida, fundamentais para qualquer novo começo.