João Carlos Marrão

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“Quando não há mais fome de nada, sentimos a fome da fome.”

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A gente mente pra mente
A mente mente pra gente
e a vida vai se tornando um jardim de sementes
que não foram plantadas

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“Quando assumimos a culpa e a responsabilidade pelos nossos erros, nos elevamos como os montes de areia no deserto que o vento esculpe e a luz ilumina. Aqueles que se escondem atrás de desculpas são como os buracos, que não sofrem ação do vento ou do sol, mas que podem ocultar todo tipo de lixo.
A culpa esculpe aqueles que a assumem!”

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O escuro do anonimato é a luz que revela quem realmente somos e que escondemos na claridade da nossa hipocrisia

Inserida por joao_carlos_marrao

o pouco as vezes é mais que o muito, pois as vezes o pouco é tudo e o muito é parte.

Na estrada da vida as vezes encontro pessoas que andam de costas

Que todos sejamos inocentes do crime de não errar

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Prefácio

Em momentos de desabafo
Eu escrevo no meio de livros
Tristezas, alegrias e sonhos
Coisas que sinto
Em pedaços

E trechos sem sentido
Emaranham-se num labirinto
Com personagens estranhos
Como eu no mundo perdido
Vivendo entre olhares anônimos

Sentimentos inconscientes
Fogem de mim
Disfarçados de rabiscos
E desenhos abstratos
Pra morar entre ilusões e jardins
Margens e prefácios

Quando o livro está abarrotado
Cheio de desejo e pecado
Eu brincando de diabo
O queimo...
Junto com histórias
Que eu nem cheguei a ler

E fico olhando a fumaça
Subir ao céu

Arqueólogo


O poema é um buraco que sempre existiu
Uma caverna escura na mata fechada
O poeta curioso de cara assustada
Apenas entra e escreve o que viu

Essência


Era só uma semente
Plantada na minha mente
Atrás dos meus olhos fechados

Invadiu como enchente
Cada lugar escondido
Frestas e cantos mofados

E se tornou um grande jardim
Que regro em seu beijo molhado
E aqueço em meu corpo suado

E que na sua ausência
Trago no peito apertado
Presa em meu lábio calado

Era só uma semente
Uma pequena rosa

‘’Belas melodias são feitas de silêncio e som-
Notas que surgem e desaparecem nos momentos certos;
Assim também são as pessoas que sabem a hora certa de falar e de calar’’

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Invejosos


Ocultos em buracos de ratos de odor fétido
Onde a escuridão se esconde do dia
Seres rastejam no mundo inferior
Olhando com seus olhos grandes
Através das frestas do assoalho
Que estala sob suas cabeças
Grunhindo enquanto crescem
Na calada muda da noite

Até que um dia do nada
Num segundo primeiro de uma hora comum
Olhamos a calçada rachada
Nem falamos de assunto nenhum
E ouvimos uma voz quase humana
Falando da beleza de rostos ou do verde da grama

E lhes darmos alguma importância
E os vemos saltar de suas cavernas
Camuflados de gente normal
E o ar passa a ter um gosto sem cor
A água um cheiro morno
E aos poucos somos envenenados
Pelo vômito que deixamos de ter

Não olhe pra baixo!

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Temporal


Tempo
Velho amigo, que nasceu comigo
E existe antes de mim...
Como eu quis te abandonar em alguma escadaria
Esquecer-te em numa esquina qualquer, numa fila de padaria
Pois você nunca sentou comigo pra olhar o sol
Nem a praia deserta parou pra ver
Passou noites em claro pintando cabelos de branco
E dias em escuro o amarelo do campo

Tempo
Você nunca para, nem acordo direito, a ferida nem sara
Nem pra orquídea rara tu estendes a estadia
Não vê diferença, no ano, no rico ou na hora da Ave Maria
Ah como eu queria te esquecer com as chaves
Nunca mais me encontraria
Não talharia sulcos em minha face, nem ceifaria meus dias

Tempo
Que desde a chegada aproxima a partida
Que faz da vida morte, que faz da sorte vida
Do corte a ferida, do norte Aparecida
Rumando a ausência, inexistência, essência à partida
Jovem escrevendo no concreto fresco:
Não temas a morte não tenha temas pra vida
Senhor na calçada dizendo:
Tudo que temos é o tempo que nem existe
Tudo que existe é a vida!
A vida pintada em retalhos pelo tempo

Tempo
Eu queria fugir de você
Mas apenas pra ter mais de ti

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Adagas


O medo e morte saqueiam
Passageiros da vida que passa
A morte dando conselhos
O medo fazendo ameaças

A morte sussurra baixinho
Faça tudo ou nada faça
Nada muda é tudo farsa

O medo grita absurdos
Não dance na chuva
Contemple a vidraça

Os dois roubam histórias
Umas não serão escritas por causa da morte
Muitas não foram por causa do medo

Inserida por joao_carlos_marrao

Quando eu for embora

Quando eu for embora
Ficarei
Primeiro nos segundos
Do minuto de silêncio
Das horas que se arrastam
Dos dias que não passam
Por anos estarei
Nas esquinas e olhares
Nos aromas e lugares
Nos conselhos que te dei

Povoarei sua lembrança
Cada olheira e cada trança
No vazio da madrugada
Nos sorrisos das crianças
Que rabiscam a calçada
Cada som e cada dança
Cada roupa amarrotada
Na ilusão da esperança
Naquela blusa emprestada

Até no brilho da lua
Na placa no nome da rua
Em cada historia sua
Eu viverei
Em cada momento
Nem que seja no esquecimento
Eu estarei...

Quando eu for embora eu não irei

Males e Oceanos

Nesta ilha perdida em meio a males
E oceanos
Eu me fantasio de homem normal
Em meio a estranhos

Que fingem também,
A razão aparente
Da Inquietude das suas almas quietas
Que se perturbam
Ao silencio de olhares anônimos
E à voz noturna dos sapos e becos

E caminho em direção à lua
E é na solidão acompanhada da rua
Que ando certo da incerteza.

Em meio, medo do inferno
E em meio às mulheres nuas
Morenas, mulatas, Teresas
Eu busco seu jeito, sereno...

Com o orvalho que cai, escorrendo dos olhos
E distorcendo as estrelas
Que o dia embora apagado...
Apaga

Quando finalmente...
De terno e rude
Me visto de novo.

Inserida por joao_carlos_marrao

Provisório

A chuva se põe no horizonte
Planos inclinados
Pelo previsto imprevisível
Desenham o dia apagado

Seres serenos no orvalho
Caminham sonâmbulos
Nessa manhã sem nome
De vento seco e grisalho

Presos nos trens,
Nos trecos nas coisas
Presas fáceis
Das prisões que constroem

Na estrada vadia da vida
Andando de costas
Olhando estrelas
Tropeçando em pedras

Gatinhando andando
Correndo esperando
Todos passageiros...
Inconstantes e momentâneos

Seguindo rumo à ausência
Ao fim, que também é eterno.

A batida se encerra pra sempre
Tanta audácia acanhada
Pelo imprevisto tão previsível

Retalhos de apego apagados
Desenhados em ardósias
Semeadas como plantas
Em jardins festivos

Resumos que também serão esquecidos

João Carlos- Marrão

Inserida por joao_carlos_marrao

Há os que falam e fazem
Os que fazem e não falam
Os que falam e não fazem
Os que não falam e não fazem
E os que atrapalham

Somos a soma do que também não somamos

Inserida por joao_carlos_marrao

Não confie nos pensamentos que você tem em meio a turbulência dos sentimentos;
Até a água reflete melhor quando está calma e parada

A emoção é a chave que abre a gaveta da nossa memória pra guardar momentos que vivemos. No tempo que passamos sem usar essa chave nada é guardado, pois nesses dias a gente não vive., apenas existe.

Inserida por joao_carlos_marrao

⁠Convicta incerteza

Encho-me de ternura, mas é de raiva que eu transbordo
Nu sou desejo, mas é de receio que me visto
Respiro indecisão, mas é de certeza que me sufoco
Na estrada inconstante da vida sigo placas que indicam caminhos certos, mesmo sabendo que eles não existem.

Inserida por joao_carlos_marrao

⁠As melhores criações foram feitas por artistas que tinham como seus maiores críticos eles próprios.

Inserida por joao_carlos_marrao

⁠Metades plenas
Como é que a gente não consegue perceber que a terra se move aproximadamente um milhão de quilômetros por hora? - Claro que sabemos que é por que tudo está se movendo junto. Embora essa reflexão seja bastante óbvia podemos utilizá-la como analogia para tentarmos entender muitas outras coisas que conseguimos ou não observar e perceber.
A existência do ar é até matéria de estudo no ensino fundamental, pois só podemos senti-lo quando está se movimentando de encontro a nós ou quando nós corremos contra ele. Só é possível admirarmos o horizonte se nos opusermos a ele, pois se olharmos o entardecer voltados para o mesmo lado do sol, estaremos de costas para ele e não conseguiremos ver espetáculo algum.
As coisas que são inteiras, que tem perfeita sincronia, às vezes são também imperceptíveis aos nossos sentidos ao passo que as coisas divididas, quebradas e adversas é que nos apresentam outras existências. Podemos concluir que na maioria das vezes o que se opõe a nós embora possa parecer o contrario do que queremos é na verdade a metade que faz com que possamos nos dar conta da existência do que buscamos. É necessária a sede para sentirmos o verdadeiro sabor da água, é preciso o frio para entendermos o valor do calor, é preciso o barulho para valorizarmos a magia do silêncio, é preciso o tormento para agradecer pela paz. Os opostos se atraem por serem na verdade metades do inteiro que foi dividido.
O que nos move é o que temos pela metade, o que temos por inteiro pode ser que a gente nem de conta que possui. O curioso é que o que temos pela metade mesmo sendo o motor que nós tira da inércia também é a parte que julgamos não ser boa.
Somos perfeitas metades plenas em busca da nossa própria construção!

⁠Sabe por que é mais fácil alguém se inspirar na mudança vendo a cena de um filme do que recebendo um plano detalhado do que precisa melhorar?- É por que é mais fácil uma pequena semente se tornar uma grande árvore do que uma grande árvore ser plantada inteira.

Inserida por joao_carlos_marrao