C. J. Mahaney

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Como John Owen observou, alguns dos mais horrendos pecados cometidos por alguns dos mais santos na história, foram praticados não em período de adversidade mas de prosperidade. Pior que isto, aqueles pecados foram cometidos depois de anos de fidelidade através de adversidades, sofrimentos e perseguições num grau que não podemos começar a relatar. Homens como Davi, Noé, Ezequias pecaram mais gravemente em períodos de prosperidade.

Quais palavras são edificantes? Vou mostrar o que elas não são: não são somente palavras educadas. Este versículo não diz respeito a um protocolo social e não é uma exortação para sermos gentis. E certamente não se trata de bajulação, de palavras superficiais ou de elogios centrados no homem ou que o exaltem. Palavras verdadeiramente edificantes são aquelas que revelam o caráter, as promessas e a obra de Deus. São palavras centradas na cruz. Elas têm suas raízes nas Escrituras e delas provêm, elas identificam a presença ativa de Deus, e comunicam as evidências da graça que observamos nos outros. São palavras que fluem de um coração humilde.

A imodéstia, então, é muito mais do que vestir-se com uma saia curta ou com um top vulgar; trata-se do ato de chamar atenção indevida para si mesmo. É orgulho, exibindo-se através do que você veste.

O coração humano é uma fábrica de ídolos, escreveu Calvino. Cada um de nós é, desde o ventre materno, experto em inventar ídolos. De fato, diariamente enfrentamos tentações para criar novos ídolos, nos quais depositamos nossa esperança. Esta esperança e confiança, em qualquer outra coisa, que não Deus, é a essência da idolatria. Ken Sande escreve: Em termos bíblicos, um ídolo é alguma outra coisa, que não Deus, na qual empregamos nosso coração (Lc.12:29, 1 Co. 10:6), que nos motiva (1 Co. 4:5), que nos controla ou governa (Sl. 119:133), ou a qual servimos (Mt. 6:24). Como Richard Keyes salienta, idolatria é extremamente sutil e penetrante: Toda sorte de coisas são ídolos em potencial, dependendo somente, das nossas atitudes e ações concernentes a elas... Idolatria pode não envolver negações explícitas da existência de Deus ou de Seu caráter. Ela pode vir também, na forma de um afeto excessivo a algo que é, em si mesmo, perfeitamente lícito... Um ídolo pode ser um objeto físico, uma propriedade, uma pessoa, uma atividade, uma posição, uma instituição, uma esperança, uma imagem, uma idéia, um prazer, um herói, qualquer coisa que possa substituir Deus.

Aqui está João Calvino, de novo: O mal em nosso desejo, caracteristicamente não repousa no que queremos, mas em o querermos muito.

Quando um desejo, mesmo por algo não naturalmente mal em si mesmo, se torna um ídolo? Como posso determinar se eu quero alguma coisa exageradamente? Não é difícil de saber.

Faça a si mesmo, as seguintes perguntas: Porque eu quero isto?; qual será minha reação se eu não conseguir o que quero?; e se eu conseguir, mas me for tomado?; em resumo, qual é o proveito do meu desejo?; se ele me é negado, o que acontece no meu coração? continuarei, apaixonadamente, a procurar conformidade com Cristo ou me cercarei de auto-piedade, amargura, malevolência ou queixumes (os quais, no fim das contas, são direcionados a Deus)?

O que ocorre no seu coração quando você não é reconhecido por algum serviço no âmbito de dons? quando lhe negam uma certa posição? quando você é substituído? o que ocorre no seu coração em um conflito de relacionamento?

Como é que nossas reações pecaminosas aos testes de caráter diários e comuns, são, na verdade, antes atos de adoração e obediência direcionados a ídolos, do que a Deus? Muito simples; porque Deus nos ordenou, nas Escrituras, a confiar nEle, o Único Soberano, como fonte suprema da realização de todas as coisas.

Quando um desejo não realizado me tenta, com êxito, a cometer qualquer pecado, seja de discórdia, amargura ou raiva, eu demonstro que estive confiando na realização daquele desejo para alcançar minhas necessidades, ao invés de confiar em Deus. Que estive agindo sobre minha, agora exposta, crença de que eu sei, melhor que Deus, o que é bom para mim. Que nesta área da minha vida, eu destronei Deus e coloquei, no Seu lugar, um ídolo feito por mim e este ídolo, nada mais é do que uma manifestação de uma faceta da minha própria natureza pecaminosa, que se auto glorifica e deifica. Eu substitui o Deus que eu professo, por um falso deus, um deus funcional, um que só pode me prejudicar.

É assustador quão claro meu pecado pode ser para uma outra pessoa, e quão totalmente esquecido eu posso ser quanto ao que se esconde no meu coração.

O legalismo procura alcançar o perdão de Deus e aceitação de Deus através de minha obediência a Deus.