Antonio Costta
Depois que li alguns sonetos
de Camões, Shakespeare, Vinícius de Morais,
descobri que minha poesia
não anda distante de considerável qualidade.
A leitura é inerente à vida do ser humano;
por exemplo: quando descobrimos
que uma pessoa está com um olhar triste
é porque fizemos a leitura de seu olhar.
Quando fazemos a leitura de um livro
mergulhamos em suas páginas
para nos molhar de conhecimento
na travessia do saber.
Ler é mais do que absorver conhecimento
através do olhar e da compreensão humana;
ler é adquirir um tesouro intelectual
que ninguém pode roubar.
Já passou o tempo de atirar pedras,
de alimentar intrigas, de guardar o ódio...
Agora é tempo de conceder perdão,
de buscar a paz, de unir as mãos...
Ah... agora é tempo de fazer mais pontes,
construir estradas, derrubar os muros...
Agora é tempo de viver com fé,
de ter esperança, praticar o amor!...
Mesmo sem ter diploma de nada
sou poeta, pensador e artista plástico.
Sou o que alguns chamam de autodidata.
Um dia as traças roerão todos os diplomas
e os vermes comerão todos os cérebros,
mas nada apagará um gesto de amor
para um coração apaixonado.
ÁRVORE MUDA
Árvore muda
posso ouvir teu cantar de pássaros,
posso ver teu vestido de flores,
posso sentir teu aconchego de sombra,
posso provar tua bondade de frutos.
Árvore muda
tu falas tanto para mim
sem dizer-me uma só palavra.
E eu que falo tanto,
que grito tanto,
que escrevo tanto,
não consigo ser ouvido
por quase ninguém neste mundo!...
Não consigo ser,
muitas vezes,
sequer eu mesmo.
Árvore muda
dá-me um pouco
de tua mudez para mim.
Depois de ser usado, amassado
e jogado no lixo, o que deve fazer
um copo descartável, a não ser reciclar-se?
Não há nobreza em descartar-se por antecipação;
sentimentos nobres são acompanhados
de coragem, determinação e perseverança até o fim.
Nunca subestime um sobrevivente
porque um dia ele poderá retornar
das cinzas do esquecimento,
mais forte, mais sábio
e mais cheio de sonhos do que antes!