As vezes Tinha que ser assim

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O Barbeiro
Um homem foi ao barbeiro.

E enquanto tinha seus cabelos cortados conversava com ele.

Falava da vida e de Deus.

Dai a pouco, o barbeiro incrédulo não agüentou e falou:

- Deixa disso, meu caro, Deus não existe!

- Por quê?

- Ora, se Deus existisse não haveria tantos miseráveis, passando fome!

- Olhe em volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar!

- Bem, esta é a sua maneira de pensar, não é?

- Sim, claro!

O freguês pagou o corte e foi saindo, quando avistou um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço.

Não agüentou, deu meia volta e interpelou o barbeiro:

- Sabe de uma coisa?

- Não acredito em barbeiros!

- Como?

- Sim, se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas!

- Ora, eles estão assim porque querem. Se desejassem mudar, viriam até mim!

- Agora, você entendeu.

Era paralisante aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo...

Mesmo eu não tendo mais esperança. Me pergunto se enquanto eu tinha esperança todo mundo já havia desistido.

Queria viajar mas não tinha dinheiro, fumei um baseado e viajei o dia inteiro.

Porque você não faz parte da minha vida e eu não me importo mais com isso, já tinha me curado do vício de falar sobre você e de pensar em você. Mas depois que sonhei com você, sonho esse que estou quase me convencendo que foi o meu subconsciente, me dizendo que eu não me curei porra nenhuma e que eu amo você de uma maneira incrível e contraditória.

Pelo menos o futuro tinha a vantagem de não ser o presente, sempre há um melhor para o ruim.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Marius tinha sempre dois trajes completos; um velho, "para todos os dias", outro novo, para as ocasiões extraordinárias. Ambos eram negros. Tinha só três camisas, uma trazia vestida, outra estava na cômoda, e outra na lavanderia. Renovava-as a medida que iam ficando usadas. Mas como estava quase sempre coçadas, abotoava o casaco até o pescoço.

“Que a gente siga cultivando um pouco da pureza, inocência e confiança que a gente tinha aos 8 anos, coisas que acabam se perdendo com a brutalidade do cotidiano. Se eu não sinto saudade da infância, é porque essa inocência de certa forma ainda preservo, porque sem ela ficamos muito ásperos em relação a tudo. Então, sigamos inocentes, mas sem deixar de curtir a magnitude de ser gente grande.”

O melhor era mesmo calar. Outra coisa: se tinha alguma dor e se enquanto doía ela olhava os ponteiros do relógio, via então que os minutos contados no relógio iam passando e a dor continuava doendo. Ou senão, mesmo quando não lhe doía nada, se ficava defronte do relógio espiando, o que ela não estava sentindo também era maior que os minutos contados no relógio. Agora, quando acontecia uma alegria ou uma raiva, corria para o relógio e observava os segundos em vão.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mas eu não tinha muitas alternativas... É que cheguei a um ponto em que tive de escolher... Às vezes, não há como conseguir um meio termo.

Não planejei dizer aquilo, não planejei decidir nada. Quando vi, já tinha dito, já tinha decidido.

E eis que na tal da festa, tinha esse cara. Pensa num cara bonito. Agora pensa num cara muito bonito. Agora esquece isso, porque sua imaginação não deve ser capaz de chegar aos pés dele.

— Meu ex vai casar, tô péssima.
— Mas você tinha esperanças?
— De que ele fosse infeliz pra sempre? Claro!

O que você ainda não entendeu
é que aquele singelo sentimento
que eu tinha por você
morreu.

“Ela sabia que precisava dele. Mas tinha medo da compulsão. De querer ele sempre e sempre e pra sempre. E amanhã e depois. E de dia, e tarde, de madrugada.”

Ele me olhava triste. Eu não suportava seu olhar triste a lembrar-me das vezes todas que o tinha procurado inutilmente pelas ruas sem encontrá-lo. Agora que o encontrava, já não o procurava. E um encontro sem procura era tão inútil como quanto uma procura sem encontro.

Quem já perdeu alguma coisa que tinha como garantida, termina por aprender que nada lhe pertence.

Inserida por PriscilaNunez

Não é não. E não adianta você querer que ele vire um sim. “Ah, eu gosto tanto dele, a gente tinha tudo para ser feliz, por que as coisas não saíram como eu planejei?” Mulher tem a triste mania de fazer listinhas mentais. Daí quando algo foge do combinado (entre você e você mesma) vira o fim do mundo. Acontece que nem tudo depende da gente. E essa é a grande porcaria.

Inserida por biancavasconcelos

O que acontece comigo é que eu tinha andado de braços fechados. Sem perceber.

Inserida por lindamaranovais

Puro cérebro sem dor perdido nos labirintos daquilo que tinha acabado de acontecer.

Inserida por jubsleu