Amor Nutre
[bicho papão]
Nunca tive medo do Bicho Papão. Na verdade, nunca acreditei nele.
Me lembro do meu pai me fazendo dormir: me cobria com o cobertor, me deixando como se fosse um casulo, pronta para a transformação, e dizia:
— Não se levante! Se não o bicho papão que mora debaixo da sua cama, vem te pegar!
Por milhares de vezes me peguei correndo para olhar debaixo da cama e nunca o vi. Desde, então, comecei a pensar melhor sobre ele, e, após anos, talvez, eu tenha entendido um pouco mais sobre esse ser: ele não é cruel como meu pai dizia, nem aparece só a noite. Ele anda no meio dos civis: falando, ouvindo e sentindo; toma cerveja e rabo de galo em botecos de esquina; é moderno de pele e antiquado de coração; sente demais e entende de menos; não quer toda a riqueza do mundo, mas quer conquistar o mundo; não sabe muito bem começar coisas, mas é péssimo em terminar algo; não chora com facilidade — não ultimamente; é ansioso por essência; possui a empatia como pior defeito; acredita que diariamente se nasce e morre, já, que, não se é o mesmo que foi há 10 minutos; se acha sobrevivente do acaso e prisioneiro das opções; pensa constantemente que vive em um pequeno inferno, que, de tão pequeno, se limitou ao tamanho de sua cabeça — para o barulho não incomodar os outros; dá risada quando não pode e faz piadas inoportunas; come todas as manhãs tapioca com ovo e queijo — nem matar gente, ele mata.
Muito já se sabe, muito se ensina e muito se aprende. Ele sabe que essa é a regra do viver. Entende que pode machucar e sabe reconhecer; também entende que as cicatrizes são como as tatuagens que o tempo resolveu desenhar: bem mais doloridas que as tatuagens convencionais.
O Bicho Papão erra e se machuca por machucar o outro. E, com isso, entendi que meu pai estava errado sobre o monstro que dormia debaixo da minha cama. Na verdade, o Bicho Papão mora no meu espelho.
[inocência]
Me pego por diversas vezes pensando que você poderia ter me aproveitado melhor. Poderia ter aproveitado mais as minhas mãos quentes, o meu cabelo que enrola nas pontas e o meu jeito sem jeito de ser.
Eu tenho uma personalidade meio Rita, arredia, áspera, grossa, que não se dobra fácil. E que fique explícito que não é seu corpo a única coisa que quero explícita.
Gosto de sentir o contorno do rosto, o formato das unhas e as linhas das mãos. Quero entrar no seu universo, mesmo sendo o inverso e indo contra a razão.
Nos momentos noturnos penso se você pensa em mim. No entanto, vejo que você está cada vez mais fingida e rígida. E de tão rígida, parece quase quebrar. Talvez seja esse seu desejo: pedacinhos soltos pelo ar.
Me bagunço e bagunço as circunstâncias, as regras, os nomes e os fatos. Tenho o dom de tirar a coerência e permitir que tudo seja possível. Me aborrece notar que você tem medo de se afogar na sua própria profundidade. Mergulhar dentro é de tirar o ar, mas a vista é linda. Deveria tentar.
Você acha que pode me ler e entender, por que me lê sempre? Porra. Francamente. Não seja estúpida e egocêntrica. Eu sei que você é melhor do que isso.
Para me ter aberta, como um livro, é preciso mais do que só olhar. Me permito ler apenas em braile. Quanto ao resto, são só palavras que escrevo, com toda a minha hipocrisia e mediocridade, para meninas como você, que pensam que podem me compreender.
[diferenças]
Não consigo compreender as pessoas que levam ao pé da letra a história sobre "metades da laranja". Não me interpretem mal, longe de mim querer fazer o inferno na vida dos que se rotulam "românticos".
Noto um desleixo profundo em constatar que há seres que andam, respiram, e se dizem possuir um cérebro, supondo que "há uma metade sua perdida por aí que, talvez, um dia, a encontre para ser feliz, amada e inteira".
O amor está nas entrelinhas, nunca nas linhas escritas. Você não ama porque ela é um bom partido, trabalha 8 horas por dia, é registrada no regime CLT e tira férias após 12 meses.
Se ama pelos detalhes, pelas palavras que não disseram, mas que vocês, de forma mágica, sabem que estão lá no silêncio. É a mania que vocês encontraram de deixar tudo tão subentendido que passou-se a se entender.
O amor não está no bom berço, no intercâmbio para Dublin ou no ensino pré e pós; não está, nem mesmo, no sobrenome impronunciável ou naquela pulseirinha life com um pingente de gato pendurada no pulso - horrível por sinal.
Se ama pela loucura, pela falta de ar que ela te provoca só de lembrar. Nunca vi uma história de amor ser concebida no café com leite morno. O amor é um café quente: ele te queima, te acorda e vicia.
O amor não acontece pela perfeição. Tudo que se apresenta de forma muito perfeita, acredite, é falso.
Ela é uma baita arrogante. Gosta de restaurantes caros, roupas mais caras, ainda. E, cara! Você se arrisca no churrasquinho grego do centro, e só compra roupas em galerias ou promoções do shopping. E, aí?
E, aí o amor se fez; com dois, sendo cada um.
[câncer]
Acho que a principal característica de um escritor é ficar no "quase".
Quase amei, quase me apaixonei, quase deu certo, quase conquistei, quase perdoei, quase fui perdoada; quase, quase e quase.
O "quase" se transformou em um desassossego no peito daquele que transpõe o sentimento no papel; é um verdadeiro câncer. É a falta de expectativa no futuro e a tristeza em afirmar que "vive um dia de cada vez"; e diz isso só pra não cair no carrossel de ilusões das certezas.
Portanto, acho que o escritor sofre de câncer psicológico terminal: não vê nada concreto à frente, vive um dia de cada vez, valoriza o que ninguém vê, observa os detalhes, dá sorrisos dissimulados para não transparecer qualquer tristeza, sofre pelo que não viveu e só fica no "quase".
[flores]
Normalidade nunca foi meu forte.
A cafonice que carrego tem começo, meio e fim. Tento ser aquele tipo de cafona que não se permite cair no clichê. Acredito que as histórias — as boas — são feitas de marcas; algo infinito, uma tatuagem definitiva, uma cicatriz, talvez.
Nunca me permiti compreender como alguém se sente especial ganhando um buquê de coisas coloridas e mortas. Talvez para alguns eu seja uma escrota exigente, mas, meu camarada, amo tulipas. Quero ganhá-las? Jamais.
No mundo dos românticos que se acham fofos, especiais e super amantes, mas que não passam de pessoas sem a menor criatividade, senso estético e bom gosto, sou vista como aquele último lactobacilo vivo do Yakult, aquela que se faz impossível de agradar. Ao meu ver, de coração: um pacote de coxinha e uma coca cola gelada, me surpreenderia muito mais.
Para alguns é muito ousado esse conceito — e quem disse que não sou ousada? — de fugir dos clichês como o Diabo foge da cruz.
Sair das linhas retas e passar a caminhar pelas paralelas traz novas sensações e memórias. Às vezes saio de maluca, só porque não sei ser clichê — uma pena.
às pessoas se acostumaram a viver assim, por isso continuam nos mesmos erros, nas mesmas histórias vazias, nos mesmos sentimentos, na mesma vidinha rotineira, na mesma “apaixonite aguda”, sentindo tesão — e, olhe lá — só no sexo e não na vida. Elas não se lembram mais a última vez que foram surpreendidas ou quando morreram de dar risada com algo inusitado.
O medo de conhecer o diferente ainda vai matar os iguais.
[zero]
Nunca disseram que recomeçar do zero seria fácil. Nem que as ressignificações precisariam ser tão doloridas e incomodativas. É um incomodo que me lembra um joelho ralado em todas as suas características: dói pra andar, dói pra sentar, dói pra vestir, dói pra tomar banho, dói pra tratar, dói pra curar e ficamos com uma cicatriz pra lembrar.
Você tem todo o direito de recomeçar do zero quando a única coisa que sobrar for dezenas de memórias. Não se preocupe com as cobranças, elas não existem mais. Todas as suas dívidas já foram quitadas com o universo. E não ouse se sentir incapaz. A capacidade está em tentar e errar. Então, erre!
Você tem todo o direito de ressignificar aquela música; aquele cheiro; o seriado; o sabor da bebida quente; o vinho na varanda até o amanhecer; o percurso que fazia até o trabalho; as manias e os jeitos. Inclusive, seu jeito foi o "jeito" que você encontrou para aprender a lidar. Seja mais gentil com ele e façam as pazes, porque é o jeito!
Você pode ter tudo que quiser, na mesma proporção que precisa merecer aquilo que quer. Há oceanos de distância entre o querer e o merecer. Tente, se arrisque, coloque a cara a tapa, e se levar um tapa, olhe para frente e siga. Afinal, foi só um tapa.
Você tem todo o direito de mandar seu chefe ir à merda, mesmo que em pensamento. Vista seus calçados mais ousados e dance a dança da demissão, se for o caso. Nem o MSN aguentou viver só de status e o Pokémon ensinou que evolução ocorre em grande escala. Então, seja melhor que esses dois, por favor.
Você tem todo o direito de desacreditar de si mesma, das suas capacidades e objetivos. Só não é interessante fazer isso todos os dias. Então, sugiro que o faça uma vez por semana, se o fardo for muito pesado. Se permita comer quilos de carboidratos; a não tirar a roupa velha de dormir; a deixar o banho para amanhã, e a não se mexer durante todo o dia. Mas, no dia seguinte, levante. Dormir dias seguidos de conchinha com a ansiedade, não é legal. Ela é muito possessiva.
Você tem todo o direito de recomeçar do zero, só não tem o direito de deixar que alguém suponha seu valor. Entenda que, de zero em zero, se faz um milhão.
Na busca por fama e engajamento, opiniões fogem da realidade.
Discussões sem fundamento, fazem mentira ser verdade.
As pessoas estão doentes, tratando a vida de forma banal.
Tomando ações inconsequentes, nesse mundo virtual.
Parem apenas um instante, busquem entendimento.
O equilíbrio nunca esteve tão distante, nessa falta de autoconhecimento.
A vida é agora, o tempo que passa é real...
Não joguem o AMOR fora, alegando que esse é o “Novo normal”.
Você quando me visitar, não visita minha casa mas meu coração, se um dia você me roubou, acho que foi meu sono pois é em você que penso todas as vezes quando acordo, você não é adrenalina mais tem a capacidade acelera meu coração e de me enche de saudades mesmo eu tendo lhe visto a poucos instantes.
Tudo, lá fora, é difícil, mas o ofício da vida é vencer desafios. O vento não guia o navio, apenas lança-o em direção ao mar.
Quando entender que o outro é você mesmo, em outro momento. Você muda o seu conceito de vida e passa a observar o outro com compaixão e respeito.
Eu senti o frio na barriga.
Eu senti a pontada no peito.
Quem diria que aquela palavra estranha descreveria todo esse sentimento?
Foi preparado? Está sendo moldado?
Como posso sentir que é pra vida se a vida demonstra o contrário?
Atemporal, empírico e inocente.
Não precisou de muito, foi repentino e de certa forma, curto.
Idealizei a perfeição, tentei molda-lá e encontrei em você o produto de tudo isso.
As vezes precisamos aceitar que será recursivo todos esses acontecimentos ruins e injustos.
Aceitar que talvez você não seja perfeito para a pessoa que é perfeita para você.
Tudo passa!
E nada do que se foi poderá voltar atrás. Devemos abraçar o hoje e vivermos com toda intensidade; o amanhã é uma interrogação! Demonstre seus sentimentos enquanto há tempo.
Perdoe, abrace, valorize, ame...
amanhã pode ser tarde demais.
O tempo passa, as coisas mudam...
Muitas coisas mudam o tempo todo!
E mesmo que todos os detalhes tenham mudado de lugar, e todo cenário já tenha sido desmontado, o MEU CORAÇÃO AINDA DISPARA.
Se eu fechar os olhos ainda consigo ouvir a sua voz forte, ainda consigo sentir o seu toque, aquele toque que sempre me fazia esquecer o que estava acontecendo ao meu redor e focar no nosso momento.
E que bom!
Que bom que eu consegui curtir cada segundo, porque eles passaram rápido demais.
Que bom que em todos os momentos estava lá, e estava inteira.
É estranho escrever isso, nem eu mesmo consigo entender, mas É BOM SENTIR SAUDADE DE VOCÊ. E deve ser bom pelo fato de eu não ter nenhuma lembrança ruim, não ter nenhuma recordação que não seja boa.
Você, exatamente do jeito que você era, sempre me encantou.
E eu nunca conheci alguém que pudesse me fazer sentir o que você fez!
É louco pensar em tudo o que você me fez sentir em apenas dois ou três meses (nem me preocupei em contar), foi o suficiente pra eu lembrar de você pela vida toda. Claro que ainda tenho muita vida pela frente (assim espero), mas já consigo sentir e ter plena certeza de que sempre vai ser assim.
“Nunca é questão de tempo, mas sim de intensidade”
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