Voce Nao Admite aquilo que Nao Consegue Medir

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Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
É desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos dezembros
Mas quando eu me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais.

Tom Jobim

Nota: Letra da música "Anos Dourados"

É tanto sentimento falso que os verdadeiros começam a não fazer sentido.

Prefiro sofrer com a verdade de um “não te amo” do que ser feliz e iludida com um “eu te amo”.

"Não se apaixonará pela pessoa ideal, mas por aquela que não conseguirá se separar. A convivência é apenas o fracasso da despedida. O beijo é apenas a incompetência do aceno."

Esperemos

Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.

Pablo Neruda
Obras completas

Eu queria que não fosse assim, que não tivesse sido assim. Mas não consegui evitar. A semente recusava-se a vir à tona, eu nem sempre tinha tempo ou vontade de regá-la, e não chovia mais – foi isso que aconteceu.

"Do momento em que peguei seu livro até o que larguei, eu não consegui parar de rir. Um dia, eu pretendo lê-lo"

Quando ela chora
Não sei se é dos olhos pra fora
Não sei do que ri (...) (...) Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queria bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz (...) Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim

Chico Buarque

Nota: Trechos da música Ela faz cinema.

O que eu quero dizer é justamente o que eu estou dizendo. Não estou com pena de mim. Está tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: It's all rigth man, I'm just bleeding. Está limpo. Sem ironia. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.

Deus - o que é? E não quem é

D eterminação
E nergia
U niverso
S uperior

Ei-lo descrito e traduzido por essa gramática "racionalista" que define tudo em apenas cinco letras.

Poderia também ser:

D esnecessário
E nigmático
U surpador
S afado

Eis a minha gramática: Quando a razão afirma que Deus é a causa do mundo, só existe um termo concreto, somente um lado de experiência que é o mundo, enquanto o outro Deus é totalmente suposto. Deus seria então uma afirmação inverificável; uma pura hipótese que pretende explicar os fatos, mas que está impossibilitado de explicá-los.

Lembrando as palavras de Laplace: "Deus? Não necessito desta hipótese". Nós temos direito de procurar a causa no mundo, mas não de inventar uma causa do mundo. É tudo muito fácil: "Por que o mundo existe?" Invoca-se Deus, e pronto!!

Brunschvicg, numa crítica semelhante à de Kant, pergunta: "Mas as exigências do princípio de causalidade não nos levarão a reclamar uma causa para Deus? A existência de um criador que não foi criado por nada está caindo em contradição com o princípio em nome do qual dizemos que Deus veio do nada como causa primeira." Ora, se aceitarmos um Deus sem causa, não podemos aceitar também, e mais simplesmente, um mundo sem causa?

O Universo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha um relojoeiro.

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais.

Martha Medeiros
Crônica "O permanente e o provisório", 2004.

Nota: Trecho da crônica "O permanente e o provisório" de Martha Medeiros.

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Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro.

Que mulher é essa

Que mulher é essa
que não se cansa nunca,
que não reclama nada
que disfarça a dor?
Que mulher é essa
que contribui com tudo,
que distribui afeto,
tira espinhos do amor!
Que mulher é essa
de palavras leves,
coração aberto,
pronta a perdoar?
Que mulher é essa?
que sai do palco,
ao terminar a peça,
sem chorar!
Essa mulher existe,
sua doçura resiste,
às dores da ingratidão,
resiste à saudade imensa,
resiste ao trabalho forçado,
resiste aos caminhos do não!
Essa mulher é MÃE,
linda, como todas são.

Poesia não se faz com palavrinhas, mas com palavrões

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Faço de mim
Casa de sentimentos bons
Onde a má fé não faz morada
E a maldade não se cria

Forfun

Nota: Trecho da música "Morada", da banda For Fun.

A vida é dura de suportar; mas, por favor, não vos façais de tão delicados! Não passamos,todos juntos, de umas lindas bestas de carga.

Plantar um bosque na alma, e curtir a sombra, o vento, as crianças, o sossego. Não precisam ser reais. Eu até acho que a realidade não existe: existe o que nós criamos, sentimos, vemos ou simplesmente imaginamos.

Porque sentir é como o céu,
Vê-se mas não há nele que ver.

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas (1930-1935). Lisboa: Ática, 1955.

Tudo o que é belo é uma alegria para sempre
O seu encontro cresce; e não cairá no nada.
Mas guardará continuamente para nós
Um sossegado abrigo, e um sonho todo cheio
De doces sonhos de saúde e calmo alento.

John Keats
KEATS, J. The poetical works of John Keats. London: William Smith, 1841.

Nota: Trecho do soneto "Endymion".

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