Vital
Não levou nada...
Não deixou nada
Ou quase nada.
Nenhuma sentença.
- calada!
Partiu sem palavras
Escrita ou falada.
Apenas do nada.
Ela partiu!
Série: Minicontos
AMÉLIA
Mulher campesina, paraibana e forte. Deu luz a 19 vidas. Hoje, submersa no universo abstrato...
Série: Minicontos
1964
Sonhos seriam bisonhos, amores infortúnios. O sol a refletir o tempo. A primavera retarda ante a volta do canhão...
POR QUE?
Escrevo o que penso.
Mas não sei se penso o que escrever.
Escrever não é questão de necessidade
A questão é se há necessidade de escrever o que penso.
No entanto, penso escrever tudo que há em mim.
- Não sei porque!
- Tem que haver por que?
POEMINHA PARA O PEDRO
Pedro toda vez que vem aqui
Pede, pra belinha visitar
Insiste que eu vá com ele
No curral do seu Matias
Pra ver se a bela estar.
Às vezes, até resisto.
Noutras permito vá
Ele caminha e corre.
E ao ver sua vaquinha
Alegria em seu olhar.
Ontem não pude ver
Sorriso em seu rostinho
A bichinha não estava
Nem saiu para pastar
- Vovô, ela foi pra floresta!
- Vamos ver se estar lá?
- Não, Pedro, ela se tornou adulta.
E dos filhos foi cuidar!
- Vovô, eu não quero mais crescer.
Ora, por que?
Pra não ter que lhe deixar
Agora sem a belinha
Tenho Britney, John e Nutela
E deles eu vou cuidar.
MUTAÇÃO:
Todo vão metafísico
Tudo o que penso sou.
Toda doutrina do livro
Todo lugar onde vou.
É um deserto infinito
Onde nem mesmo estou.
Todo o amor das Helenas
Todo o dogma do pastor
Todo o mutar das falenas
Toda letra que se consome
Toda dimensão das melenas
Toda sorte que me some
Toda essa metafísica
Se transmuta noutra cena!
AMOR MATERNAL:
O amor que assoberbaste
Sei, não era o que querias.
Nem de longe encontraste
Um amor em sintonia
Amar como anseias
É feérico e bem sutil
Só o êxtase delineia
Um amor tão juvenil
O amor com sutileza
Diz o coração febril
É de tamanha grandeza
Que torna o universo vil
O amor a quem almejas
É amor de mãe pra filho
Não possui outro perfil.
Série: Minicontos
FILHO DA OUTRA
O menino trocou a aridez nordestina pela selva de pedras. Logo o mundo lhe acolhe. As mãos que lhe afagam o apedrejam, Mas a história se encarrega de cicatrizar o golpe. E a primavera promete florir...
Série: Minicontos
MINIMIZOU
Um dia minha mãe furiosa perguntou: Quem comeu o pudim de jiló na geladeira?
- Resmunguei! - E ela logo relutou: Não faça rodeios, seja breve e conte tudo...
Série microcontos:
CLOROFILA
Anos a fio oferecia abrigo, alimento e vida abundante. Sob projeto obscuro, dragão de ferro permite-se devorá-la...
Série: Minicontos
PANDEMIA
Não havia velório nem despedidas. No campo santo, o apartheid era colossal...
Série: Minicontos
O GOLPE
Agosto de 2016, mês das cobras, segundo a teoria do senso comum. Em seu 31 a acidez dos abrutes punha fim à primavera que começara florir. Mas a história é dialética
Série Minicontos
ABSTRUSO
Na pátria dos segregados, paradoxalmente sua elite resiste ao distanciamento social. Construto dos liberais...
Série: Minicontos
REI MAU
Pela hegemonia, Herodes em movimento genocida confere a morte dos primogênitos. O rei mau confabula o desamor e nega a vida em seu reinado. Pela ciclicidade da história...
Série: Minicontos
POR QUÊ?
As portas estiveram trancadas, as pessoas insociáveis e, o abraço virtual. A morte havia a espreita...
PLEBE
Todos os dias àquela hora as portas se trancam para um universo alheio. Aqueles que me rodeiam não são meus, e os meus não me dizem seus...
REI MAU
Pela hegemonia, Herodes em movimento genocida confere a morte dos primogênitos. O rei mau confabula o desamor, e nega a vida em seu reinado. Pela ciclicidade da história...
Série: Minicontos
PLEBE
Todos os dias àquela hora, as portas se trancam para um universo alheio. Onde aqueles que me rodeiam não são meus, e os meus não me dizem seus..
O HOMEM DO MAR
O indolente navegante que veleja Além-Mar – Sol a pino
Nutre-se no vazio do tempo insolente e fugaz dos mares tênues
Sob o vento a seduzir as flâmulas.
Que aportam órfãs mães por seus amores
E suas viúvas a sonhar em solitários portos
Sobre o tremular das águas no sal de sua íris
Ah, insensato homem do mar!
Você só tem as águas salgadas do mar e o vento!
Que emana os eflúvios dos corpos sedentos daquelas que perecem solitárias
Aos portos incólumes destes mares glaucos.
O UNIVERSO NÃO TEM PRESSA
Para que tanta pressa?!
Nem o sol, nem a lua.
Esse mal não lhes convém
Giram lentamente o tempo todo!
Por estarem acima
Refletem os mares e lagos
Aquele a quem pressa lhe faz bem
Seus passos serão sedentos.
Ah! Pra que tanta pressa?
Se o tempo que ainda resta
São sonhos que não veem.
NATUREZA EM FÚRIA
As frias folhas das arvores
Em noites de vendavais
Voam para outros ares
E ao tempo se perfaz.
Sob o rígido bico do pássaro
Erguem-se noutros patamares
E na busca de seu compasso
A natureza fria finda os mares
As flores furtam as cores
As águas não vertem mais
As aves em dissabores
Perdem ninhos e portais
E o núcleo da terra em fúria
“Mata” feito canibais.
Nicola Vital
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