Vital

Cerca de 1121 frases e pensamentos: Vital

⁠DIVINA TRAGÉDIA:

Eu tenho medo, medo da solidão dessas capitais.
Eu tenho medo, esse medo me faz ser capaz.
Medo, medo, medo.
Eu tenho medo da loucura das maquinas dos homens a malograr
Eu tenho medo sim, medo do progresso, esse ‘Deus” mendaz, capataz
Medo, medo, medo
Eu tenho medo da Brasília pomposa e tudo que há
Eu tenho medo de tudo isso, do porvir, regressar
Medo, medo, medo
Eu tenho medo dos sonhos não sonhados, ou que há de sonhar
Eu tenho medo da distopia que não sabe sonhar
Medo, medo, medo
Eu tenho medo do discurso formal que se faz capital
Tenho medo de tudo que é certo, de certo, se há
Medo, medo, medo
Eu tenho medo dos livros que não se ler
Dos tidos e lidos que se pode ver
Medo, medo, medo
Eu tenho medo dos verdes das “matas”
Do ouro amarelo do seu céu estrelar
Medo, medo, medo
Eu tenho do jardin de infância, seu vestibular
Eu tenho medo porque medo é constância em seu habitar
Medo, medo, medo
Eu tenho medo pela cor do nagô pelas “moças” que há
Tenho medo dos rios que fenece sufocando o mar
Medo, medo, medo
Eu tenho medo das chuvas acetas à primavera que virá
Eu tenho medo da morte que mata o pulsar
Medo de seu tenaz preconceito e tudo que está
Medo, medo, medo
Que o medo me faça de resistir incapaz.
Medo, medo, medo.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠A FÉ NÃO COSTUMA FALHAR:
O carmim a cortar o universo cor de anil
Abre fendas no chão ressequido
Num prenuncio de bom presságio
E os filhos da outra
Todos em um só coro trovam
Arando o solo num para afugentar
A ave que reluz mau agouro
Nos ares e lares do meu sertão
Hostil...
E num ímpeto de alegria e emoção
Curvam-se ante a mãe natureza
Em agradecimento ao que nunca, nunca.
Deixaram de acreditar
A fé, tão peculiar do caboclo Sertanejo.

Inserida por NICOLAVITAL


CAMINHOS DE ILUSÕES
Viajando essa estrada tirana
Sobre as gretas de suas espeças rochas
A destroçar a Peçanha
De seus mitos delirantes
Que sugara o mel da flor infante
Nos sonhos mitigantes dos passantes.
Essa pátria de via intransitável
Aos que nela vão viver sempre errantes.
Sob o sol caudaloso e causticante
A regar sem pudor
Outros sonhos em seu solo itinerante.
Se eu sonhasse ou ao menos ideasse
Verteria seus mitos e farsantes
Aplacando essas léguas tão tiranas!
No sutil frescor de Aruanda.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠MORRER PARA VIVER:
⁠Era mais fácil ter morrido essa noite.
Ter morrido consentido!
Com sentido que sente sentido
Sentindo aquilo que se sente
Quando o sentir nos faz sentido.
Essa noite eu não poderia morrer.
Porque ao meu sentido
Senti que ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Para que todo o sentido
Se faça consentido ao porvir.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠⁠SONHO POÉTICO
A poesia possui corpo físico. Sente dor, alegria e tristeza.
Sobretudo é sentimento que freme.
Qualquer um pode escrever um poema porque isso é expressão de sentimento, intrínseco a qualquer ente. Quando adolescente toda mocinha, todo rapaz, guarda em seu diarinho algumas frases de amor, rebeldia e desilusão.
Embora mais tarde quando as encontra-las, quase esquecidas, amasse em bolinha e descarte. Ou talvez alguns guarde-as consigo para a posteridade. Mas a vida contemporânea nos torna produtos comercial. E isso nos desalenta da produção literária, quase que involuntariamente. Pois quando somos rotulados “responsáveis, racionais”, partimos em busca dos bens frívolos na intenção de uma suposta aceitação social.
- A poesia em sua essência, não!
- Essa subverte...
Porque a arte por si só não permite negócio.
Ela possui a magia de oferecer sentimentos e sentido às coisas.
Já dizia o poeta Leminski o ato de escrever
A linguagem da poesia é um ambiente de santidade.
De tal maneira a fazer aplacar ou indignar o sonho poético.
Eu estou muito cansado da vileza de tudo que não é natureza.
Porque a natureza é a representação da arte.
E a arte materialização do Deus imanente.
Nem mesmo a vasão dessa solidão que carrego sobre os ombros me alenta.
A potência e fragilidade da vida, o nada que a gente representa diante disso.
- A humildade diante de nossa condição frágil
- De nosso próprio espirito imperfeito assusta
- E com a prudência do sábio
Me refugiu na santidade da poesia como essência da vida.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠⁠O CASO DA CASA 921

Por virgílios, Eneidas e Beatrizes...
Assim como ímpios e divinais.
Perseguia-se o sonho recluso em meio ao purgatório dantesco.
A se instalar...
E o mau agouro rompia sob a lamina do “Infame Brilhante”
A cortar o néctar das flores.
Eis que, no paraíso da tutóia, soerguia-se o inferno.
Onde mora o terror...
O grito que ecoava da avenida entorpecida
Trazido na voz rouca de seus errantes passantes.
Encolhia-se no silencio a sucumbir os porões e seus grilhões
Ante a tempestade incessante que baldava
A primavera dos amantes.
As rosas, e os lírios que caiam sobre o carmim do asfalto.
Medravam e medravam por um breve prosperar
A flamular no horizonte, anunciando
A nova primavera a chegar.

Inserida por NICOLAVITAL

Série: Minicontos

⁠VIRULÊNCIA
Frequentavam o parque aos fins de semana. Há dois anos foram vistos pela última vez. Partiram sem despedida. Mas o parque ainda está em si...

Inserida por NICOLAVITAL

S⁠⁠érie: Minicontos

GUERREIRAS
As Marias fateiras do saudoso Araçagi, antagônicas ao imperativo machista, negociavam seus sonhos e fatos na feira livre de sua Esperança. Contra hegemonia...

Inserida por NICOLAVITAL

⁠Série: Minicontos

⁠PAI NOSSO
Casou. Construiu uma bela família, e viveu o amor. Enviuvou e tornou-se padre. Hoje, reencontra Hosana nas alturas...

Inserida por NICOLAVITAL

⁠⁠⁠Série: Minicontos


DO CONGO PARA O TOMBO
Cobrava apenas dignidade, a paga que lhe cabia. Sem direito a defesa, tomba sob os escombros de covardia e crueldade...

Inserida por NICOLAVITAL

⁠Série: Minicontos⁠


RACISMO X ETNOCÍDIO
Há séculos. Congoleses e Angolanos sobre mar atlântico despiam-se da vida para a morte. E a história continua. Moïse fugia por léguas tiranas em busca de vida, e de maneira torpe encontra a morte. Havia 300 anos, e nos despimos da sorte de apreender a lição...

Inserida por NICOLAVITAL

⁠⁠⁠Série: Minicontos

EU e EU
Ontem, proseava com um amigo fumante com o maço de cigarros ao lado. Olhou e perguntou: Ainda tem?
Apenas um!
Disse-me. Manda, o infeliz vai morrer!
Qual dos dois?

Inserida por NICOLAVITAL

Série: Minicontos

⁠OBSESSÃO
Teria sido seu grande e inesquecível dia. Se em meio a festa de debutante seu ex não tivesse lhe roubado do seio familiar para nunca mais serem vistos...

Inserida por NICOLAVITAL


O CONTO QUE NÃO SE CONTA
Cada história possui o lado que contamos e, aquele que ela por si só vai dizer.
Não seria diferente nesta que vamos agora prosear!
Em fins dos anos de 1960, surgia aqui no Brasil um sujeito que doravante vai figurar como protagonista de nossa narrativa.
Aqui, porque lá fora ele já dava o ar da graça, não sei se com o mesmo rosto. E, só agora, meio século de seu nascimento é que passei a conhecê-lo e ter meus primeiros contatos, afetivo e efetivo com ele, e tudo aconteceu, Plá, assim. Como um estalo. E me apaixonei. Claro, não sei se foi recíproco o sentimento. Mas foi amor, e amor à primeira vista. Quando ele me foi apresentado, logo chegou de mansinho, ali, tímido, conciso e integro. Pequenino porem forte, sua suposta timidez paradoxalmente trazia consigo muita definição.
Eu, que sempre fui amante da arte, alguma coisa mais, digamos romântica ou prosaica por assim dizer.
Fiquei embasbacado com a beleza e sutileza daquela persona.
A cautela me faz não querer contar nada a principio.
À medida que nossa relação se consolidava comecei a tornar pública minha admiração àquele jovem, de gênero ainda não bem definido aos olhos da crítica literária que ainda, salvo as exceções, permite-se negar sua identidade e seu lugar de pertença.
Digamos a pequena cidade de Guaxupé – MG. Onde nascera e, antes de demandar pânico à sociedade feminina Curitibana como O vampiro de Curitiba... Aquele jovem já se apresentava incorporado em Amanhã, Camila, A mal amada, o sabor do humano e outros. Todos, filhos dos pioneiros do grupo de Guaxupé.
Em 1969, enquanto eu dava meus primeiros passos à adolescência, o nosso personagem já estreava como protagonista e estrela de capa da Plaquete “Cadernos-20” publicada pela imprensa oficial de BH. E hoje somos efetivamente casados e com uma proposta de afetividade em construção.
Sobretudo esse moço que teve sua identidade havia anos, velada, possui nome, e é filho de Francisca Villas Boas e seus contemporâneos. Atendendo pela graça de Miniconto. Apesar de sua grandiosidade. Sendo assim, é, sim, um conto que se conta.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠P aradisíaca
A rbórea
R ainha
A uspiciosa
Í ndomável
B rasileira
A colhedora

Inserida por NICOLAVITAL

"Não confiem em mim, me é pesado o fardo em ser a causa da ferida de alguém⁠."

Inserida por bruna_vital


CRÔNICA, PAIXÃO PELA ESCRITA.
Escrever é um exercício de amor ou quase santidade. E, como os apaixonados nossas criações faz despertar o egocentrismo intrínseco ao ser.
Todos os textos que escrevo, sempre imagino que as pessoas assim como eu, também vão gostar e admirar. E no intuito de mensurar essa ideia, eu quase sempre peço a opinião dos meus próximos que na maioria das vezes, minimiza com a deprimente frase.
- Eh! Mais ou menos. [Com uma discreta torcida no nariz]. Claro, ninguém é obrigado a gosta do que eu gosto ou faço.
Mas não é de se negar que diante de tamanha afirmativa, não role certo desanimo. ai a gente coloca aquele textinho de molho em um “balde de água fria” Mas como toda mãe e todo pai nunca vai aceitar que seu filho seja feio ou imprestável. Logo o abraçamos oferecendo-lhe o calor do sentimento.
- E ai, fazemos novas leituras, colocamos a quarar no anil.
- E outras e outras leituras, para podermos expô-lo Como diria Graciliano Ramos.
- E só após, postamos para o veredito social.
- Transbordando-nos de curiosidade para saber qual vai ser a aceitação daquela obra.
- Nos tornando uma capsula de ansiedade e esperança.
E ante uma diversidade de opiniões, eis que surge uma alma que se reconhece ali naquele texto, e se declara admirador do autor, mesmo sem nunca tê-lo visto. Talvez fosse um gesto saudosista ou um instante de ínfima lucidez.
- Mas no cotidiano do autor é inexoravelmente o êxtase.
- O condimento para seguir sua caminhada com esmero e carinho.
E então se conclui que o ato da escrita é quase um sentimento de santidade. É como fazer Hamlet lá 1956, com câmeras pesadíssimas sem VT, sem cores, sem nada. Só paixão e raça.
E somente por amor verdadeiro nos propomos a escrever em uma nação em que não se prima pela leitura crítica e pensante.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠CRÔNICA AMOR ANIMAL
Ontem, às primeiras horas da manhã, o sujeito viajava de moto vindo do trabalho após três longos dias de plantões ininterruptos aonde trabalhava e, ainda na BR 104, na altura do quilometro 87, um cachorro magro e rabugento totalmente distraído ou quem sabe, de proposito atravessava a pista de rolamento e o motoqueiro não muito perito no que fazia e sem muitas alternativas Bummm.
Quase parado por ter tentado uma brusca frenagem, colidiu com o vagabundo que escapou ileso. Apenas alguns berros Ai ai ai ai...
Entretanto o nosso protagonista não teve a mesma sorte e foi de encontro ao rígido solo asfáltico.
- Ao chegar em casa todo rasgado.
Roupas e joelhos bem ralados e machucados, logo sua mulher lhe indagou.
- O que foi isso homem?
- Nada, apenas ati em um cachorro e quase morri!
Com a cara de assustada ela torna a perguntar.
- Nossa, não acredito, matasse o bichinho?
E o sujeito meio sem jeito resmungou.
- pasmem, que amor animal o seu?!
E, ela, agora com cara meio de tacho abre um pálido sorrido de desculpas.
- Por fim, dias após, os protagonistas se encontram por coincidência no mesmo lugar.
O motoqueiro até hoje vive a usar unguento em seu joelho ralado e seu malfadado coração.
-O cão vagabundo?
Feliz à beira da pista a latir sem casa e sem marca.

Inserida por NICOLAVITAL


⁠Série: Minicontos


MEDO DE SEUS DEMÔNIOS
Macho alfa, não admitindo separação, “decreta” sua própria prisão após várias ameaças, a fim de não cometer feminicídio, segundo o delinquente agora autuado...

Inserida por NICOLAVITAL

⁠Série: Minicontos

EFEITO PANDÊMICO
2020. A retórica era um futuro mais humano. 2022. Guerra..

Inserida por NICOLAVITAL