Vital

Cerca de 1121 frases e pensamentos: Vital

⁠PIERRÔ SEM CARNAVAL:
O bafo da noite em cinzas,
Verticalmente desce e cai,
Quão a chuva oblíqua
Do Pessoa
A correr na diagonal
Confusa
Sobre o relvado e a clorofila
Do poetinha,
Em anunciação ao baio
Do Valença em reboliço
Ante as brumas que embaçam
Meus vitrais
Acho, penso vislumbrar
A última colombina de cristal
Em seu único e derradeiro
Carnaval.
Nicola Vital

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⁠⁠⁠⁠DEUS E DIABO:
(Ao mestre Paulo Freire)
Lembre-se de mim!
Como a inóspita aridez do deserto.
Lembre-se de mim!
Nas entranhas desta inóspita aridez
A cultuar vida em harmonia
Entre o bem e o mal...
Lembre-se de mim!
Nas mangueiras,
Nos cocais.
No grito dos oprimidos
Que lembra os Caifás.
Lembre-se de mim...
Na morada atrás dos montes
No sonho dos marginais.
Ah! só deves lembrar de mim...
Quando enxergar as profundezas
De todo seu universo...
Nunca ao que me apraz.

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⁠SEM BEIJA-FLOR:
Seja lá ou no teu chão
Sem primavera ou no verão
No litoral ou no sertão.
Sublinhar reflexão...
Teu quintal ou no Sudão.
Cante, pinte, suje, se indigne!
Preto, branco ou amarelo
Conduza seu colete amarelo...
14Abr2019

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⁠MENDAZ:

Nada enceta!
A dor, a voz, os sonhos.
As máscaras e suas faces.
Os "homens" e seus comes.
Os livros e seus líricos
Os mestres e os noviços
Lúdicos e telúricos.
Não há rima nem besos
É controverso o reverso
O mítico ou abstrato.
Todo esse escopo mendaz
Num instante não distante
A tudo se perpaz.

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⁠SÍMILE:

Vou verter o riso da hiena em tuas brenhas
Vou comer o delírio de tuas entranhas falena
Vou calar teu grito insano reanhas
Vou fechar a luz, apagar tua porta
E bradar pro mundo teu riso vulpino
_ tal qual Peçanha
Vou arranhar teu intimo zanho
Vou me embrenhar...
Na volúpia de tuas entranhas
E ancorar no palor de teu olhar.

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⁠SONHOS DE CRIANÇA:

Nas campinas bem verdinha
De esperança
Que meus pais como tais
Me fez crescer
Hoje vejo
Fragmentos de lembranças
Dos jardins
Que o “progresso” fez verter
Só restando na memória da criança
A infinita saudade de uma doce
Banabuyê
Dos negrinhos de fradinhos nos arbustos
A se esconder
Pras mocinhas nas pracinhas assustando
Entorpecer
Eu daria todo o progresso emergente
O funk, rap, internet ou avião
Pra voltar às campinas que um dia
Fui criança,
E meus sonhos pueris
Finquei ao chão.

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⁠⁠⁠⁠O QUE É O AMOR?

O amor é um estado de coisas
Espirito ou espectro!
Argumento mensurável...
Subjetivamente coerente ou não
Um Mix de ventos volúveis
Que mexe com nossos parcos sentimentos.
Que vem e passa como passa
O tempo, o pensamento!
É uma nau à deriva numa ilha
À milhas e milhas daqui.
E sob este emaranhado
De coisas e cordas
Meu coração faz trilha
À milhas e milhas daqui
Ora (direi), amigo meu
Que o amor
É uma coisa mais ingênua
Que as virtudes cardeais

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⁠A TOLICE DA VELHICE:

Dizem os mais bobos meu filho, que a velhice
É uma riqueza real. Ora (direi), se assim o fosse!
Pois que não querem os tais, envelhecer é fato.
E buscam com afinco regar dia dia a "plebeia jovialidade"
A velhice, meu filho, é uma grandíssima tolice!
Está sim, nos serve de impercilhos... Se eu assim pudesse
Não ouviria dos mais moços a fantasia de querer crescer...
Não vês?
Eu não queria tê-la ao me olhar ao espelho!
Não percebes, filho meu, que deveria eu castra-la
Quando embaça-me os olhos a não ver tua cútis?
Diminuindo-me o som de tua voz
E deixando o som das canções parecer fraco
Não entendes dileto filho, Depois de velhos
Tornamo-nos invisíveis ante o olha da juventude?
Em sua hipocrisia de amar a terceira idade.
Destarte, veja, porém meu filho!
Tudo isso me faz lembrar-te. Aproveita em tempo tua mocidade.
Após, são tempos nebulosos e sombrios.
Aonde os mais fortes dos homens se curvam
Diante da velhice a segregar suas forças.

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⁠EXISTIR:

Existir?!
Não existe em mim.
Esse vazio existencial
Na existência impune
Desse universo matafisico
De razão surreal.
Ao qual, sou literalmente recluso.
Na busca imensurável de liberdade
Ao meu delirante corpo físico
Eu, não me vejo... Não me tenho!
Minh' alma assim como a tua
Sôfega na vileza
Dessa existência boreal
Beira a varanda da vida
Que não, dessa vida astral.

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⁠DE PARA FILHO:

Quando criança eu for...
Dileto filho.
Deveras já serás homem!
Em suplica de pedirei
Perdoa minhas travessuras!
Mima-me com lenitivo
As agruras do impiedoso
Tempo!
Quão intempestivo vento
Arrebata nossos sonhos
Dilacerando os pensamentos
Das coisas que nos alentam.
Filhos, netos amores incontestes.
A tudo serás preferido.

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⁠SONHO FUGAZ:

Um varal de farpas finas
De toalhas incolor
Um negro e a dama filha
Um cão que nunca ladrou.

Um terno de goma fina
Na lapela seu amor
Vestiu-se de sonho a sina
E nunca aqui voltou

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⁠⁠ÍMPROBO:

Os sonhos bisonhos desses tonhos,
Se alargam nas estampas bizarras doutros "momos".
Das camisas que desnudam os mesmos sonhos.
Dos manés, margaridas, os filhos probos.
Malogrando o poder real do tino...
Sob a égide do ímprobo pai da fome

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⁠⁠LIDA... VIDA SEVERINO:

Entre o cálice e o vinho
Cultua-se o ócio. A paixão
Aos Ciços se perde o tino
Nesta lida sem ter chão.

Sob o vinho, entre a taça
Vão-se Ciços, Severinas
Todos findos sem as graças
Da alegria ou do divino.

Findam sem glória, sem graça...
As Graças dos Ciços findos
Quanto aos vindos

Terra de sete palmos. Rasa
É a paga à lida Severino
Neste seu torrão sovino.

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O MITO DO NATAL:

Nesta noite de natal
Eu saí por três vezes às ruas...
O que eu queria!?
Era apenas encontrar o precursor desta noite.
E em todas as casas que percorrí
As portas estavam fechadas, havia sim, um clima de festa
O som que se ouvia era festivo.
Mesas fartas, músicas comerciais, deleites e comemorações.
Em um ímpeto de curiosidade
Fixei meu olhar às frestas daquelas portas
E em nenhuma delas vislumbrei o aniversariante.
Sai um pouco desolado.
Me recolhí e fiquei a me perguntar.
Por que tanta euforia se todo dia é dia de natal?
E todos os dias ele nasce em todo o universo.
Mais tarde o sol ainda não chagara, e o som da música já se fazia mais fraco.
Pela quarta vez eu deixava o sono ainda não dormido
E o encontrei!
O Arauto. Cansado, malcheiroso e não parecia ter nascido naquele dia!
Todos já entorpecidos em sua própria festa não o reconheceram.
E fecharam-lhe as portas.
Ao romper da aurora, caia a ribalta, as portas se abriam para um novo dia.
Não era mais natal... E ele ali inerte ao solo onde descansava invisível aos olhos de seus anfitriões.
Sem cheiro, sem alento, sem recordações!
Não era mais natal, não era mais natal.

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⁠⁠INFELIZ ANO NOVO:

Como não se indignar, ao ver crianças morrerem de desnutrição, pessoas dormirem ao relento sem uma única refeição diária, 789 milhões de analfabetose a morte batendo às nossas portas.
E saber que na contra mão, apenas oito "indivíduos" possuem mais dinheiro que o restante do planeta.
É esse o país e o mundo que queremos para as novas gerações?
Novo? Que novo?
Como novo?
Se tudo permanece como antes...
O capitalismo, é sim, modelo inconteste de metástase cancerígena.

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⁠PELO AVESSO:

O mundo gira sobre um eixo sem sorte!
Em um labirinto sem norte
Para um governo sem posse
Que sem brio segue à morte...

Na cadência do trote
Sobre um ar de deboche
Contra um povo tão forte
Que caminha para o corte...

Pra buscar sua sorte
Sem ter medo da morte
Ou cuidar sem deboche
Viaja no trote a buscar suas posses

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⁠CHEGA DE DOUTRINAS:

Despindo-se desse corpo metafísico, franzino
É que me absorve dos morcegos, borboletas
A sugar o plasma de sua plebe...
Sob essa opaca noite, embrenha-se as nuances
Epiléticas de Da luz...
Chega de metafísica, de questões
Chega de tanta pontualidade e fragrâncias
Chega de doutrinas e doutrinas.
Estou farto de hipocrisias
Os hipócritas que habitam a plebe...
Subservientes à "sociaLATE" opõem-se
À simbiose...
No entanto se traem, e veneram o pr

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⁠A CRIANÇA QUE DORME EM MIM:

A criança que dorme em meus braços
Num ímpeto de razão fixa seu olhar ao meu
E num gesto de profunda sabedoria
Numa interrogativa surpreende-me

Eu não vou crescer?!

Ora, meu bem! Claro que sim!
E em uma rogativa - Disse-me
Em soluços...
Não deixe! Eu não quero crescer!

Tá! Mas por que meu amor?
Com feições enrijecidas, exclamou
Não quero ver você a mim morrer!

Voltou a dormir...
E sonhou eternamente criança.

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⁠MEU BEM QUERER:

Minha linda flor!
Minha aurora clarividente
Musa, mulher inspiradora
Deixai, teus olhos ilumine
O meu céu!
Que teu cheiro irradie meu
Deserto!
E o sonho não nos seja
Surreal!
Te vi em meus sonhos...
Clara como o dia, o sol
Bela qual beleza das flores
Silvestre
Em sua realeza divinal
O reluzir de tua pele
Me deixa enxergar o plasma
A correr em tuas veias!
Seus belos pomos quão
Brancos cravos dos prados
Em teu corpo perenal de amor
Me faz sonhar tão real
Quanto o desabrochar da primavera
Ao alvorecer nas manhãs
De setembro.

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⁠⁠ANUNCIAÇÃO:Neste poema existe um sonho livre que você pautou para não sonhar Um rio tisgo, um corpo morto a céu abeto Um cântico surdo, reprimido, que não quer calarExiste um verso aberto, calado ao fundo A cor da dor em cama escura E, aberta, uma veia ao novo mundoNeste poema existe a noite, o silêncio, a voz do sonho reflete o dia. Faz lembrar-te, destarte, agonia e cansaço Do teu corpo a dormir em pedra fria.Existe o grito De teus pares que ecoa atrás dos muros Existe a cólera, o riso dos que resiste Nesses versos nobres a espera por futuro.

Inserida por NICOLAVITAL