Vícios e Virtudes
Quando Sto. Agostinho diz que as virtudes são feitas da mesma matéria que os vícios, isso quer dizer que só nos livramos dos vícios quando, em vez de lutar em vão para eliminá-los, os transfiguramos em virtudes pelo poder da oração. A brutalidade pode transformar-se em auto-sacrifício heróico, a sensualidade em culto da beleza e da bondade.
VICIADA EM TI
"És o meu vício de virtude,
É Contigo que adormeço no pensamento
E é por Ti que acordo para a vida
És meu reboliço e rebuliço
tornas minha vida eufórica
trazes calma e ventania
És meu descanso inquieto,
És a chama que arde na brisa que a apaga
És minha sede insaciada
Por isso tornei-me viciada em Ti,
quando me olhas
com esses olhos de águia,
Quando penetras minha alma
com Suas garras afiadas,
arranhando e rasgando meus sentidos incontidos
eruptando desejos insanos
Porque tornei-me viciada em TI."
Não ame apenas minhas virtudes, pois tenho vícios ilícitos.
Tenho o sorriso fácil, mas também sou mal-humorado.
Apego-me com facilidade e desapego com tranquilidade.
Escolher bem
Nossas escolhas pelas virtudes podem ser um grande escudo que nos protege dos vícios. A prática de boas escolhas podem nos tornar mais invulneráveis as paixões desordenadas. Podemos crer que a vida não pode ser inerte, sempre a espera do poder de escolha do tempo, mas pode sim ser regida pelo poder de lucidez racional de cada um mediante suas escolhas. Podemos ter personalidades diversas mesmo se uma sobrepõe à outra, isso depende de cada pessoa saber qual poder será útil para si.
Podemos a partir desse pensamento fazer analogia com um sorvete de três sabores. Um pode ser mais adocicado que outro ou mais saboroso pela sua essência, mas acabamos escolhendo quase sempre o mais saboroso. Nisto nos cabe a virtude, que é nos ajudar a fazer escolhas acertadas com ajuda da razão. Basta que saibamos que não podemos tudo, nem todas as coisas são lícitas aos homens.
Um homem é julgado sobretudo por seus vícios. As virtudes se podem fingir; os vícios são sempre genuínos.
A virtude muitas vezes precisa de um bom mentor, muito tempo ou muita dor, já o vício é mau por natureza, é contagioso e dispensa professor.
Apresente-se à virtude de aprender a melhor maneira de desaprender o hábito dos vícios que te induzem às margens da destruição.
Por toda e qualquer mitologia vemos deuses com virtudes e vícios. As virtudes são desejadas, os vícios não são corrigidos. Em toda natureza, desde o leão caçar uma corça à formiga destruir uma plantação não lhes é imputado como erro, mas instinto. A única raça neste planeta que busca corrigir seus erros somos nós, os humanos e, ainda assim, nem todos.Talvez porque se achem deuses, talvez porque se achem animais.
O vicio regenerado posto sob o pedestal da virtude. O cálice abominável guardando um avental púbico exige que a noite ouça mais um desabafo das nossas bexigas, e as plantinhas recebam a chuva urinária daquilo que melhor soubemos preparar. Não podemos lavar as mãos, as torneiras não existem por aqui. Seca-se o rosto na vaga sensação da agonia. Vingar a intempérie do nosso juízo talvez fosse uma boa maneira de começar um auto de penitência. Seria uma “mea culpa”? Acho que está mais para uma “máxima culpa” e choramos depois de mijar na relva. Ainda bem! Torço pra não chegar o dia em que eu ouçamos o choro e sintamos o mijo.
Para uns, sublime virtude, para outros, vício asfixiante que sacrifica as ovelhas no altar do ódio. A recompensa celestial em troca do tesouro tropical. Até quando sufocarão o amor?!