Versos do Luar

Cerca de 24871 frases e pensamentos: Versos do Luar

⁠DE SONETO EM SONETO

De soneto em soneto vai o tempo já passado
Do versado fado, as ilusões, na ridente aurora
Dos cânticos encantados, e canto enamorado
De uma poética cheia de sensação de outrora
O tom que no estorvo se sentiu abandonado
O perfume na lembrança, que lembra agora:
O amor perdido, a infância ida, ali arruelado
Na recordação. Ah! tudo vivente a toda hora

Apressado, fugaz, e o versar vai observando
Cada linha, um toque de memória, morrendo
No tempo, guardado na emoção, até quando
For somente uma lembrança, ainda sendo!
E, de rima em rima aquela ocasião rimando
O soneto na saudade e a toada desvalendo.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24 abril, 2024, 07’39” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MEU POBRE SONETO

Ele sussurra com uma dor sofrida
Que esmaecido chora na emoção
Tal a uma lágrima na falta sentida
Que bate forte o apertado coração
Ele canta com a sensação pendida
Dos urutaus, que cantando em vão
Entoam cantos de sisuda despedia
Soando saudade adentro do sertão

Um versar gemido e de melancolia
Que rola na trova com árida agonia
Com frios sentimentos superficiais
Meu pobre soneto, tão moribundo
Que quer arrebatamento profundo
E vive o sonho, que não volta mais.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 abril, 2024, 18’17” – Araguari, MG
*à amiga Lucineide S. Ghirelli

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⁠PAINEIRA (cerejeira do cerrado)

A paineira da beira da estrada, florida
Com flores incontidas, belas, rosadas
Está mesma “barriguda”, desmedida
“cerejeira do cerrado”, tão iluminadas
No poetar meu, de vós, inteira, é vida
A poesia com suas rimas aveludadas
Quem sabe até da sedução prometida
Ao Outono, e na fascinação estacadas

Está, que me assombra e maravilha
De pétalas rosas e miolo amarelado
Bailando suave, e ao vento rosquilha
E tua pluma branca no fruto moldado
Pelo ar, voa, entoa, e pelo chão trilha
Em um espetáculo da poética ornado.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 abril, 2024, 20’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TACHO (soneto)

Quantos doces em alquimia
Colher de pau, a calda densa
A ferver, compotas na dispensa
O tacho em sua eterna poesia
Queima a lenha, ferve a água fria
Nas labaredas estórias pedem licença
E nós sabores, só tu fazes a diferença
Das caldas, doces, deleitosa iguaria

Os açucarados da infância, delicia
O tacho ora quente, ora esfriando
Se espirrando, não foi de malicia
É sua natureza, da receita, mando
Mexe, remexe, expectativa, perícia
No fogão de lenha ele é comando...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de maio de 2020 – Triângulo Mineiro

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⁠MISTERIOSA SAUDADE

Misteriosa saudade que só devasta
Que só corrói, aperta, que só surra
Falta de paz que do sossego afasta
Como se fosse sensação que hurra
Oh, bravia saudade que nada basta
Que existe em uma dor tão escurra
Sussurra no ser uma figura nefasta
Deixando no gosto amarga saburra

Intensa saudade quase mortífera
Que desfolha a florida primavera
Duma sina, então, desencantada
Que usura, e a uma ilusão conduz
Criando frieza que tormento induz
Catucando o juízo na madrugada.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
01 maio, 2024, 04’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MINHA ARAGUARI

Terra do “Brejo Alegre”. Onde canta o Bem te Vi
Nos buritis, saudando o alvorecer no céu rubente
Onde há agrado de o bom viver, altaneira Araguari
Cravado no “Sertão da Farinha Podre”, brava gente!
Terra do café, no cerrado, qualidade encontrada aqui
Pão de queijo, biscoito de goma, sai do forno quente
“Água da baixada das araras”, surgiu do Tupi-guarani:
Araguá-r-y... Orgulho de Minas Gerais, paixão latente!

Terra do “ar perfumado das flores do mato”. Aparato
Do sertão, vida e sensação, hospitaleira, isto é fato!
Onde o cair do sol num espetáculo de pura emoção
Meu Araguari, onde a beleza tem um olhar singular
Onde todo dia tem um fim, mas, todo fim o recomeçar
Poetando “as estrelas beijando o regato” do coração!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 maio, 2024, 07’46” – Araguari, MG

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⁠LACRIMANTE

Soneto, vivo tão só, numa rudeza
Onde o versejar se dilui em pranto
Longe do prazer cheio de encanto
Aonde a minha poética está presa
As rimas são ao verso só incerteza
Tristeza, onde o meu sofrer é canto
No entretanto, o amor é tanto, tanto
Em uma poesia frágil e tão indefesa

Ando inquieto, o coração com desejo
De um sussurrar tão de ele distante
Que endoida, e que na paixão a vejo
Em cada uma das linhas, um instante
Que retumba pelo ar, tal a um realejo
Solitário, com o impar tom lacrimante.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 maio, 2024, 18’44” – Araguari, MG

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⁠MENTIRA

Acreditei em ti, poética, no emocional
Verso, foi assim, que me vi com ilusão
Cevando dentro de mim algo especial
O amor singelo e ledo, na composição
Pensei ter alcançado então, um final
Enredo, cheio de alegria, de emoção
Tão desejado, e, tão transcendental
Num soneto com sentido e sensação

Tudo em vão, mentiste, burlou tudo
Disfarçou cada detalhe do conteúdo
Deixando túrbido poetizar que delira
Ah! a ode de paixão que tanto ansiei
E o sentimento que contigo poetizei
Acabou, afinal, sendo uma mentira!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08 maio, 2024, 13’18” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PERDURAR

Se poeto verso cheio de piedade
Com rima leve de coração gentil
Retalham-me inquieto e tanto vil
Com a poética cheia de vaidade
Não quero maldade, nem deidade
Tão pouco um cântico mais hostil
Mas sim, sensato, amoroso e sutil
Feito com sentimento e suavidade

Meu amor delira, meu peito chora
Sinceramente, no prosar e, assim
Embriagado na inspiração, aflora
Ah! Paixão, dá-me o tom no viver
Tira a exclusão de dentro de mim
Para não deixar a emoção morrer.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 maio, 2024, 12’28” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EM LOUVOR DO AMOR

Tão gentil e poético se apresenta
A poética quando ao amor elogia
Deleita, espreita e fica em regalia
E a prosa de ardor no prosar tenta
Sentindo-se plena, é singular via
Olhar, toque, alegria e tão atenta
Sentimento, prazer que acalenta
E em suas linhas a cortês poesia

Agrada tanto a quem a ler e tanta
Empatia infunde no tom que canta
Que não a crera quem não sentira
E, dos seus cânticos exalar parece
Forte sensação que a alma aquece
Palpitando o poetizar que suspira!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11 maio, 2024, 18’15” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MÃE (soneto)

Amar com um incondicional amor
Ser eterno que merece ser amada
Notadamente, dama predestinada
Nada espera, tudo dá. Tom maior
Duma generosidade no seu melhor
A tua paixão é sempre apaixonada
É encanto duma poesia encantada
Abraço abrigo, solução de uma dor

No louvor a mãe, o muito é pouco
O pouco é nada, a aba, tampouco
Nos ampara, e a nós eternamente
Não tem limite, da vida é imolação
Do filho comunhão de teu coração
Bondade e ternura, infinitamente!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 maio, 2024, 11’29” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MODO

Saudade não tenho, sem ter algo à recordação
sinto, gasto em presunção, consumo em apelo
quero ter explicação e caio em nenhuma razão
nada revivo, e o meu coração, ando a contê-lo
Inquieto, o poetizar é tão frágil em sensação
prede o meu sentimento, mas sem prendê-lo
não me dão suspiros ou muito pouca emoção
só sussurra, cânticos, tão frios como um gelo

Odeio a rima sem sentindo, apenas estando
lamento sem causa haver, lamentando vejo
o silêncio no peito, vazio de desejo, suporte
A solidão acossa, a poética vive chorando
no sentimental nem sei mais o que almejo...
E, eis o modo em que estou por vós, sorte.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 maio, 2024, 19’49” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO EM PRANTO

O amor que eu cantei ardentemente
Em uma saudade agora o improviso
Pois arranca-lo da poética foi preciso
Para não recuar, fiz-te contundente
Na sensação o sentido tão pendente
Nos versos, inconveniente, indeciso
Fazendo desta emoção algo preciso
Deixando na prosa suspiros somente

E peno. Restrito sinto toda a carência
Não há mais a trova que amava tanto
Zanzo. Um andante na sobrevivência
Assim, padece o meu amoroso canto
Em lágrimas um versar em sofrência
E, para chorá-lo o soneto em pranto.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 maio, 2024, 19’37” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Ela, a saudade

Se ela de novo à minha inspiração
Dolorosa, para a minha serenidade
Hei de dizer-lhe tudo com exatidão
Dum mártir vingador, na crueldade
Pouco importa o gesto, a suposição
Não se fez crente a minha piedade
Pois bem, serei frio e sem coração
Dar-lhe-ei alheação, infiel saudade!

Mas, ai! sentir-te é ter uma fração
É suspirar, imaginar e fazer parte
Que ainda aperta o peito, emoção
Tento, evito, devaneio, desmedido
Caio num versar de ti, tão covarde
E, me ponho a sonhar, ter podido!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 agosto, 2023, 16’26” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Imprevisto

Eu senti um suspiro. Longo e frio
Sussurrado d’alma, que suspirara
Tão pouco sei qual o motivo ficara
Assim, tristonha, de súbito arrepio
Quanto mais a sentia, mais havia
Aperto, pranto com a terrível cara
De quem não inferia. Ó rude apara
Que ao poeta mal inspira a poesia

Por que tristura? E então pudera
Ter no verso sentimento contrário
Se a emoção é sensação sincera
Que possa então aliviar a tirania
Orando amor em poético rosário
Para deixar o versar em sinfonia.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 12’26” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Tudo passa

Já, soneto alheio, me não fustiga
Saber que usa comigo só ilusão
Que inda nos teus versos abriga
As peripécias do sofrido coração
No tempo, que tudo tem versão
A mutação também terá cantiga
Amor é canto que não se obriga
Verás dissipar a tua enganação

Pois, se sabes que toda ternura
Por força há de mimar os planos
E tu negas o prosar com textura
Vela para tua retórica os enganos
Gozemo-nos já. Quero é aventura
Já que a poética se perde nos anos.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 16’19” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Adonde?

Amor? Amor? estás onde? Aonde cato
A um coração que por ti o meu suspira
Aquela doce paixão que jamais sentira
Tanto mais de encontrar-te, mais grato
Ah! se ao menos saber-te, um contato
Entre as ofertas, inteiramente está lira
Trauteada em musical e dançante gira
Amor, espero, sair-te deste anonimato

E, já no meu desejar-te, as sensações
Que respira, e o sonho em te esconde
Revelai, revelai-me em suas emoções
Ah desventura! Nada, então, responde
Infelizes, cruéis a cada mais estações
Amor? Aonde estás? Adonde? Adonde?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
1 setembro, 2023, 19’01” – Araguari, MG
*paráfrase Cláudio Manuel da Costa

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Soneto caído

Ao sentimento esconde o verso sua ilusão
E a mão da emoção escreve o ávido sentir
Não canta sensação e não murmura sorrir
Não toma a suave poética de uma paixão
Ata os sonhos, em lugar de later o coração
Apática poesia sobre o pálido papel, a ferir
Sangram, choram, botando a alma a despir
Sem rir, sem olhares, e gesto, e admiração

Ao agrado esconde a poesia toda a glória
Deixando o fascínio perdido... esquecido...
E, não lembra do amor em sua memória
Invasivos versos, doído, elemento caído
Colocas meu poema em sua palmatoria
Sempre o mais triste foi para o condoído.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
3 setembro, 2023, 14’04” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Perca

Poetei quanto o amor me guiava
Senti paixão e de perde-la temia
O sentimento nas veias percorria
Os versos eram de quem amava
Era poético, sensação se criava
E demais, mais a emoção pedia
E o verso sentia, e o versar saia
Latejando, a inspiração sonhava

Não era para ser, foi, se perdeu
No choro da poesia, sofreguidão
A retórica numa solidão, morreu
Que me agouro, outro o azarão
A omissão na prosa. Adquiri eu
Saudades. Na poesia, inanição!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
5 setembro, 2023, 6’45” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Soneto destituído

Parece, ou eu me engano, que a solidão
De repente deixou o prazer no passado
O letrando, o cântico, agora desafinado
Se vai o sentimento cheio de sensação
Por que não há vão, que não vá ao chão
Da saudade, da dor do falto, tão pesado
Até de aflição pulsa o versar atordoado
Nem uma voz se ouve vinda do coração

Um usurpar da feição poética, advieste
Deixando a prosa triste, num desvario
E de lágrima tétrica a poesia se reveste
Nesta carência da alma, foi-se o gentio
Sentido, e sem que a emoção lhe reste
Assim, destituído de gesto, terno feitio

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
7 setembro, 2023, 6’57” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

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