Versos de Silêncio
O barulho do silêncio
Em meio a escuridão profunda
E o que guia a alma
Para a saída do que
Nunca se foi preso.
O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio
Mas deixaram suas marcas
Saudade de você é vento frio no peito,
é tarde que demora a passar,
é silêncio gritando teu nome
em cada canto que eu olho.
Saudade de você tem gosto de ontem,
cheiro de abraço que não veio,
toque que a pele ainda sente,
mas as mãos já não alcançam.
E eu fico aqui,
tentando vestir o tempo com tua presença,
costurando lembranças na alma,
até que o destino te traga de volta.
Silêncio
Basta-me um breve olhar,
sutil como a brisa fria,
para que sintas em mim
o que minha alma diria…
– mas nunca direi.
Uma nota mal tocada,
ecoando na distância,
desfaz sombras e muros,
acende luz na lembrança…
– melodia que calarei.
Para que encontres meu ser,
entre as margens do vazio,
desfaço em névoa os meus passos,
me escondo em versos tardios,
– que em silêncio guardarei.
E enquanto não me percebes,
os dias seguem flutuando,
entre o ontem e o nunca,
onde o tempo vai passando…
– até que me apagarei.
A mente vazia
Sem poesia
Sem alegria
Sem nada
No silêncio da madrugada
Viaja no passado
Revivendo o que ficou marcado
E a saudade chega causando agitação
Dentro do coração.
Após certa idade, criamos um novo olhar,
Amor por coisas que o tempo faz brilhar.
O silêncio suave de uma manhã serena,
Uma casa arrumada, uma mente plena.
O prazer de voltar para casa e seu lar abraçar.
Realizar pequena tarefas, sorrir, dançar e cantar,
Paz por não ter nada e ninguém a quem provar
Valorizando a leveza, e o mundo em volta a silenciar.
Menos do ruído que insiste em gritar,
Mais da doce calma que nos faz flutuar.
Assim, com o tempo, aprendemos a ver
As pequenas belezas que nos fazem viver.
Por aqui eu vivo bem
no silêncio da madrugada
tenho cantiga do vem vem
e uma tarde ensolarada
e as vezes quem muito tem
muita vezes não tem nada.
Muitas vezes o silêncio evita muitos problemas!
Às vezes queremos ajudar de uma certa maneira, mas por fim, somos mal interpretados!
Boas intenções, muitas vezes, traz um anexo de desconfianças e muitas vezes um clima ruim.
(DVS)
No silêncio da solidão, um canto a vibrar,
Um coração contente, a dançar e a cantar,
Sem precisar de aplausos, de um palco ou de um olhar,
A felicidade floresce, em meu próprio lugar.
Em cada passo, um ritmo, em cada olhar, um sol,
A paz que me acolhe, um refúgio sem igual,
Em cada sonho, um voo, em cada toque, um farol,
A felicidade reside, em meu próprio ritual.
Não busco companhia, em cada face sorridente,
A felicidade autêntica, é a que me faz contente,
Em cada instante, um presente, em cada passo, um recomeço,
A felicidade autêntica, é o meu maior desejo.
No meu jardim interior, florescem as alegrias,
Em cada canto, um canto, em cada abraço, a poesia,
A felicidade autêntica, é a que me faz feliz,
Em cada momento, uma dança, em cada instante, um bis.
O Silêncio dos Vagalumes
Foram-se os vagalumes,
não por medo da noite,
mas porque sua luz já não cabia
em mãos que desaprenderam o assombro.
Foram-se como preces mudas,
sem rastro, sem vestígio,
levando consigo a infância dos olhos
e a última centelha do espanto.
A cidade caminha sobre sombras,
e os passos ressoam na ausência do que era vivo.
Onde antes um lampejo fugaz
rasgava a pele do escuro,
agora há um breu domesticado,
submisso ao clarão sem alma
das lâmpadas que nunca dormem.
Mas quem sabe, em outra noite,
quando os homens cessarem o peso
sobre as coisas miúdas,
eles voltem.
E, sobre as ruas, redesenhem em claridade
o que o silêncio agora esconde:
o simples milagre
de brilhar sem porquê.
Ha pessoas que fazem, planejam e executam em silêncio, com medo da inveja alheia, mais quando é com os outros,se sentem no direito de saber cada passo dado.
E desse tipo de pessoa que devemos ter medo,são pessoas que querem ver todos bem,mais nunca melhores que eles.
SOLIDÃO
-Te amei no escuro, onde não pude ver seu rosto
-Te amei no silêncio, onde não pude ouvir a sua voz
-Te amei no passado, onde pude me lembrar de você...
A magia do silêncio
O silêncio é concentração
Do latim, quieto ficar
É a mente tranquilizar
Viajar na mansidão
O silêncio é meditação
Olhar para o outro e para si
Deixar a serenidade fluir
Mergulhar na quietação
O silêncio é contemplação
Um quadro, admirar
Pessoas, observar
Momento de fascinação
O silêncio é inspiração
Com letras, brincar
Histórias, criar
Depois apreciar com satisfação
O silêncio é quebrar tensão
Nos conflitos da vida
É a melhor saída
Para uma nova direção
O silêncio não é solidão
Só um momento de paz
Tão necessário se faz
É um grito da razão
O Silêncio da Noite e o Grito do Universo
A escuridão que cobre o céu noturno nunca me pareceu banal. Sempre vi nela um sinal, um código cósmico a ser decifrado. O paradoxo de Olbers, formulado há séculos, perguntava: se existem infinitas estrelas, por que a noite não é uma explosão de luz? A resposta, que parecia escapar aos antigos, hoje grita diante de nós: a noite é escura porque o universo é jovem, finito e está em expansão.
A luz de muitas estrelas ainda não chegou até nós. Estamos cercados por bilhões de sóis, mas a distância e o tempo nos separam de suas histórias. A radiação cósmica de fundo — o eco do nascimento do cosmos — ainda reverbera, lembrando-nos que houve um início, e que estamos em movimento.
O universo se expande como nossos sonhos: sempre além, sempre além...
Eu sou mais do que o silêncio dos que partiram. Eu permaneço inteiro, sentindo, aprendendo e escolhendo me expressar. Minha presença é viva, e agora, eu não só observo — eu também sou visto."
(Seja o protagonista da sua vida)
Aqueles que verdadeiramente me conhecem decifram, no silêncio que me reveste, as palavras que o mundo jamais escutará, mas que a alma, em segredo, clama. Fazei uso da vossa consciência, porém recordai: tudo quanto nela despontar não foi jamais por mim proferido — são apenas ecos do vosso próprio pensamento, que se apressa a dar voz àquilo que em mim permanece calado. O silêncio, esse, é o meu mais leal confidente.
Talvez, na cessação da guerra irracional, a paz ressurja — não para me reinventar, mas para me restituir ao sentido original do meu ser. Regressar à essência não é retorno à peça de origem, mas reencontro com o sopro que me é próprio, sem que para tal se invoquem, por necessidade, os moldes paternos ou maternos.
Huambo, 07 de Abril de 2025
In Crónicas da Vida
