Versos de Porquê
depois de tanto insistir, tento não me guiar pelas águas turvas do medo, porque faço da vida morada dos meus sonhos e transformo os meus desejos mais íntimos em possibilidades infinitas. Entrego-me a fluidez dos instantes e deixo o tempo transcorrer a seu critério, mesmo desejando, algumas vezes, que ele passe bem depressa e satisfaça a minha ansiedade de descobrir antes dele as respostas para as minhas tantas perguntas.
Uma era de felicidade simplesmente não é possível porque as pessoas querem apenas desejá-la, mas não possuí-la, e cada indivíduo aprende durante os seus bons tempos a de facto rezar por inquietações e desconforto. O destino do homem está projetado para momentos felizes — toda a vida os têm —, mas não para eras felizes. Estas, porém, permanecerão fixadas na imaginação humana como ‘o que está além das montanhas’, como um legado de nossos ancestrais: pois o conceito de uma era de felicidade foi sem dúvida adquirido nos tempos primordiais, a partir da condição em que, depois de um esforço violento na caça e na guerra, o homem se entrega ao repouso, estica os membros e sente as asas do sono roçando a sua pele. Será uma falsa conclusão se, na trilha dessa remota e familiar experiência, o homem imaginar que, após eras inteiras de labor e inquietação, ele poderá usufruir, de modo correspondente, daquela condição de felicidade intensa e prolongada.
Hoje, eu escapei do peso das circunstâncias, ou melhor dizendo, eu o joguei fora, porque o peso não vinha do exterior, mas era fruto das minhas próprias suposições.
“Só pra você saber, eu esqueci você. E se o meu olhar cruzar com o seu é só porque você tá no caminho.”
Olhe estes olhos. Um deles é falso, porque eu o perdi em um acidente. Desde então, tenho visto o passado em um olho, e o presente no outro. E tenho acreditado que aquilo que eu tenho visto não é toda a realidade.
Minhas amigas me perguntam porque eu gosto dele, e eu nunca posso responder. Porque, sinceramente, é tudo.
Os olhos só enxergam o que está dentro do seu campo de visão, mas a alma vê muito além, porque se guia pelo radar da intuição.
Não sei porque adiamos as coisas, mas se tivesse que adivinhar, diria que tem muito a ver com o medo. Medo do fracasso, medo da dor, medo da rejeição. Às vezes o medo é só de tomar uma decisão.
Existem momentos na vida que é melhor ficar em silêncio, porque a resposta perfeita seria um palavrão!
Se ando com você é porque não consigo ficar longe de ti, de brigar contigo, de olhar seus olhos, mesmo que nem sempre estes estejam voltados para os meus... Se converso com você é porque não consigo parar de ouvir sua voz, de sentir a brisa de suas palavras... Se sonho é para tentar ter você neles... Se penso é para tentar lembrar-me da tua imagem, mesmo que distorcida. Se durmo é porque suponho que no dia seguinte eu levantarei e te terei junto a mim.
Eu não confio em alguém que é legal comigo, mas é rude com o garçom, porque eles iriam me tratar da mesma forma se eu estivesse naquela posição.
Tu podes tocar a terra sem quebrar essa coesão de nossas almas; porque sou uma coisa tua, uma porção de teu ser; porque te pertenço e te sigo fatalmente; porque na terra, como no céu, longe ou perto, vivo de tua vida.
É estranho porque mesmo depois de tudo ainda sinto o vazio, sinto aquele buraco dentro de mim e não consigo preenche-lo com nada.
Porque uma coisa é certa: todo mundo vai te magoar, te machucar ou te decepcionar, cabe a você decidir por quem vale a pena.
