Versos de Interesse para uma Mulher

Esta vida humana, tão breve para as mais frívolas experiências, é para as amizades uma prova difícil e demorada.

É possível substituir uma ideia por outra, menos a da liberdade.

Há muitas pessoas a quem a vaidade faz falar grego, e, até, por vezes, uma língua que não entendem.

No grande artista há uma falha a preencher e no pequeno uma falha a compensar. O primeiro nunca o consegue.

A riqueza estraga a inteligência, assim como uma refeição muito pesada cobre de sono até o olho mais vivaz.

Uma pessoa pode chegar aos sessenta anos sem fazer uma ideia do que é um carácter. Nada é mais oculto do que as coisas com que continuamente andamos na boca.

Os impostos são o preço que pagamos para ter uma sociedade civilizada.

Um ato de firmeza pode valer pela experiência de uma vida.

O pensamento é difícil de conter, leve, correndo para onde lhe agrada. Dominá-lo é uma coisa salutar, e depois de dominado ele procura a felicidade.

Contrariamente ao que supõe uma óptica inocente e folhetinesca, o poder não é tanto uma questão de punhos quanto de nádegas.

Muitas vezes a inteligência é incómoda como uma lamparina no quarto.

Naturalmente, os bébés não são humanos. São animais e têm uma cultura muito antiga e ramificada, como a dos gatos, dos peixes e até das cobras.

A cólera nos corações bondosos é apenas uma necessidade instante de perdoar.

A política é uma pedra atada ao pescoço da literatura, e que em menos de seis meses a submerge. A política, no meio dos interesses da imaginação, é um tiro no meio de um concerto.

A recordação do esforço é sempre uma boa recordação, enquanto as misérias antigas que ultrapassámos nos fazem sorrir.

As mulheres e os elefantes nunca esquecem uma ofensa.

Já escrevi e estou sempre disposto a voltar a escrever o seguinte, que se me afigura de uma evidente verdade: "É com os bons sentimentos que se faz a má literatura." Nunca disse, nem pensei, que só se fazia boa literatura com maus sentimentos.

Não se sabe até que ponto as mulheres não formam uma aristocracia. Entre elas, não há povo.

Lamentares a sorte dos que morreram é uma forma oblíqua e subtil de te julgares imortal.

Há uma espécie de prazer na lamentação, e maior do que aquilo que se pensa.