Uma Pessoa Tranquila

Há um ponto elevado em que a arte, a natureza e a moral se confundem e são simplesmente uma só coisa.

A prudência é uma arma defensiva que supre ou desarma todas as outras.

Quanto mais uma calúnia custa a acreditar, maior é a memória dos tolos para a fixar.

A vida humilde, cheia de trabalhos fáceis e aborrecidos, é uma obra de eleição que exige muito amor.

A prudência não passa de uma qualidade: não devemos transformá-la em virtude.

O ciúme é uma doença psicológica constitucional, e, se com ela nascemos, dificilmente a podemos curar.

Todos os classicismos implicam um romantismo anterior... A ordem implica uma certa desordem que ela vem reduzir.

A música de jazz é uma inquietação acelerada.

A razão de ser de qualquer fé é trazer-nos uma certeza.

Nalguma preferência uma estima é baseada,
E estimar todo o mundo é não estimar nada.

A dúvida é uma homenagem prestada à esperança.

A uma guerra justa preferimos uma paz injusta.

A morte é uma vitória, e quando se viveu bem o caixão é um arco de triunfo.

A vida de uma nação, como a de um indivíduo, é uma ruína perpétua, uma sequência de desabamentos, uma interminável expansão de misérias e crimes.

Uma dor assim, se tivesse podido prevê-la saberia suportá-la.

O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.

Por saúde, quero dizer a possibilidade de levar uma vida completa, adulta, viva, em que eu esteja em estado de respirar em comunhão com aquilo de que gosto.

Uma casa sem mulher não tem tormentos nem glória.

Sem dinheiro, a honra é uma doença.

Em Março de 79

Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.