Um Poema para as Maes Drummond

Romário pensa que é o rei da cocada preta. O que esperar de um cara que se acha Deus?

Um homem desejoso de trabalhar, e que não consegue encontrar trabalho, talvez seja o espectáculo mais triste que a desigualdade ostenta ao cimo da terra.

No fundo, dos quarenta aos cinquenta anos, o homem ou é um estoico, ou é um sátiro.

Nós não o conhecemos, mas sentimos: existe um irmão barco para a nossa vida que leva uma rota completamente diferente.

Eu acredito em geral em um dualismo entre fatos e as idéias destes fatos nas mentes humanas.

Quando um escritor se transforma num clássico, já não há necessidade de lê-lo: basta citá-lo.

As acções dos homens são demasiado fortes. Mostrem-me um homem que não tenha sido vítima das suas próprias acções.

Se você tiver alguém ocupando um cargo, use-o. Se não puder usá-lo, livre-se dele.

A superstição transforma a divindade em ídolo, e o idólatra é muito mais perigoso, pois é um fanático.

Um homem bom pode ser pouco inteligente. Mas é imprescindível que um homem mau tenha a cabeça funcionando muito bem.

Uma nobre amizade é uma obra mestra a dois em que não é possível discernir o que pertence a um ou a outro dos colaboradores.

Há pessoas que, da moral, só têm um pedaço. É um tecido de que nunca farão um fato.

É triste a condição de um velho que só se faz recomendável pela sua longevidade.

Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, por que a abreviamos com os nossos vícios?

Ninguém que não seja um grande escultor ou pintor pode ser um arquitecto. Se não é um escultor ou pintor, apenas pode ser um construtor.

Um homem não pode viver sem lume, e não é possível fazer-se lume sem queimar alguma coisa.

É instintivo da mente humana que um homem mais deseje os prazeres que lhe são proibidos.

Um bom casamento seria aquele em que esqueceríamos, de dia que somos amantes e de noite que somos esposos.

A glória consiste em tornarmo-nos um assunto, ou um substantivo comum, ou um epíteto....

É preciso fazer um esforço para deixar de sentir o presente, como na música para deixar de ouvir o timbre dos instrumentos.