Um Poema para as Maes Drummond

O primeiro que tendo cercado um terreno se lembrou de dizer: "Isto é meu", e encontrou pessoas bastante simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: "Livrai-vos de escutar esse impostor; estareis perdido se esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de ninguém"

"Bom, para começo de conversa", comecei, ainda lhe apresentando um sorriso ameno e tranqüilizador, "você é um canalha e sabe disso. Tem medo de alguma coisa, ainda não sei do quê, mas vamos chegar lá. Comigo, você faz de conta que é simplório, um joão-ninguém, mas de si para si tem-se na conta de muito esperto, de importante, de durão. Não tem medo de coisa alguma, não é mesmo? Tudo conversa fiada, e você sabe muito bem. Vive cheio de medo. Diz que agüenta. Agüenta o quê? Um murro no queixo? Claro que agüenta, com uma cara de concreto feito a sua. Mas será que agüenta a verdade?".

O povo deve ser educado com o mesmo cuidado e ternura com que um jardineiro cultiva uma árvore frutífera de estimação.

Vi um casal de velhinhos surdos brigando de pertinho. O amor é um casal de velhinhos surdos. Pode brigar, mas não vai embora. Fica perto.

Um coração sincero, é igual a um guerreiro sem escudo, ele sabe que vai se machucar, mas não desiste de lutar.

Uma mulher é como um saquinho de chá. Você nunca sabe quão forte é até que esteja em água quente.

Se meu coração partisse, eu te dava um pedacinho, mas como ele não parte, te dou ele inteirinho.

Mas você eu já desisti de esquecer. Pra sempre eu vou sentir um elevador de gelo seco em todos os meus andares quando você aparece de alguma maneira. Quando tem foto sua, quando tem recado seu, quando tem você atravessando a avenida.

Flerte é um namoro inofensivo, sem consequências, que não acaba nem na pretoria nem na Casa de Detenção.

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Nascemos, vivemos por um momento breve e morremos. Tem sido assim há muito tempo. A tecnologia não está mudando muito este cenário.

Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

Um cavalo nunca corre tão rápido quanto corre quando tem outros para acompanhar e superar.

Se acolho um amigo à minha mesa, peço que se assente e, se é coxo, não peço que comece a dançar.

A ave sai do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer precisa destruir um mundo.

Sou um apreciador dos opostos, das diferenças.
Se fosse para eu apaixonar-me por uma pessoa em tudo parecida comigo, eu namoraria com o espelho.

Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o ‘mal de muitos’ é consolo, mas não é solução.

A pessoa que comete erros e não consegue assumi-los e mudar de atitude, faz de sua vida um campo de batalha.

Alguém que é feliz a vida toda é um cretino. Por isso, antes de ser feliz, prefiro ser inquieto.

Por que nós nos alegramos em um nascimento e choramos em um funeral? Porque não somos a pessoa envolvida.