Um Estranho Impar Poesia
Pressa
Flor em jarro, edredom e fé
Música em carro, som que faz maré
Cor da lua, teto que faz pensar
Tudo quando diz que estás por "perder tempo". Será?
Esperas elevador, bates pés em chão
Esses dois minutos poderiam ser até a decisão De um olhar que está ao lado, esperando ou a calar
Um futuro que tu, não estando, acabas de desperdiçar
Ganhaste uma carta, não mais a leste
Tocaste em rosa, nem sentes aroma
Só sentes espinhos, porque são desses
O presente que vislumbra o coma
Sem nada para fazer, foi o homem redigir
E descobriu mais um dom, que a pressa veio a retrair
E aquele a reclamar das horas que ainda faltariam
Perdeu a chance de cantar e descobrir que aplaudiriam
Ó, pois! Foi em um desses tempos sem tempo
Que me peguei decalcando tua mão
Sentindo teu cheiro destempo
Vendo teu olhar em adjeção
Quando reparar a importância deste momento
Ou apenas, e até, a leveza do que pressuposto estava
Este, será então arquivo: Vento
Que passa, e apenas quando cessa mostra o que arrastava
Quando reconhecer o que quis dizer-me
Tu já terás ido
E só entenderei em uma destas perdas de tempo
O que terá partido
Pois colocar-me-ei a relembrar
Já que estarei ignorando horas ao recostar
A cabeça na cama, até ver que a luz queimou E aprenderei a religar isto e aquilo que intimou
Só compreenderei disto, a intensidade
Quando estiver por esperar o elevador
E olhar ansiosa para o lado, e em verdade
Não enxergar a parede, e sim, o amor
E em uma manhã engarrafada
Tu lerás a carta esquecida
E perceberás que esta jornada
É das horas exprimidas
Então, não anseies no sinal vermelho
Que até que verde fique, tudo pode acontecer Não fiques sentindo as dores de um joelho Que nem ralou, e pode inda fortalecer
(Vanessa Brunt)
Na minha insanidade
Procuro liberdade
Respirar ar livre
Sem que nada me prive
Em meio a tantos pensamentos
O desânimo quer tomar conta
Cheio de lamentos
E a fraqueza desponta
Entre o certo e o errado
Apegando ao passado
E ao teu lado desejando viver
Todo dia o mesmo amanhecer.
Busca
Ias como a seca em busca da chuva,
E antes eras como a pura
E límpida água do mundo;
Não cansavas, nem por um segundo,
A banhar a vida cruel e bruta!
Ias como a beleza enraizada,
Não havia outro alguém,
E outro alguém cantava
A delicadeza que só tu tens!
Cantavas e cantavas e choravas,
Quando esse alguém sumia;
Havia outro alguém,
E outro alguém havia,
Onde o teu olhar nem sonhava!
Vi-te fraquejar – num pulo! –,
As cores todas se esvaindo...
Fostes só, e só sumindo
Envolta num pálido casulo!
Perdi-te, então, à vista...
E a névoa espessa te envolveu.
Em um fino invólucro
De estabanado artista:
Tudo, tudo em mim morreu.
No calor do momento
A ação
Gera reação
Fazendo alimento
Ao desejo que nasce na alma
E o sentimento que acalma.
A dor ensina
É inevitável
Sinto que fica mais forte.
Sigo...
Aguardando o próximo round
O outro dia sempre é melhor.
Sou psicólogo porque sou poeta.
Sou poeta porque sou psicólogo.
Quem não consegue ler ou tentar entender um poema, não conhece a alma humana
Já desisti incontáveis vezes.
Já recomecei incontáveis vezes.
Recalculei a rota
Levantei para lutar
Cabeça erguida e foco no objetivo
Sem sonhos a vida perde o brilho.
**Melancolia Silente**
Há dias em que o mundo parece parar,
Como se o tempo fosse feito de sombra.
A luz do sol não consegue clarear,
E a alma se perde na noite que assombra.
O peso invisível nos prende ao chão,
Passos lentos, quase sem direção.
Lembranças vêm como ondas do mar,
Tragando o agora, deixando escuridão.
No silêncio, ouvimos o eco da dor,
Uma melodia triste, mas tão nossa.
Não há quem possa explicar esse amor,
Que carregamos, mesmo quando nos assopra.
Mas nessa tristeza também há beleza,
Um convite ao fundo de quem se é.
Pois quem conhece a melancolia e a reza,
Descobre que a vida é mais do que se vê.
A lágrima cai, mas também faz brotar,
Uma flor singela, um novo olhar.
Queria te conhecer em algum lugar.
Viver a vida!
Abraçar a felicidade!
Às vezes te procuro
E em outras, fico esperando chegar.
Vem logo porque a vida
Não tem sentido sem você.
Vida Pávida?
Será que a vida é bela?
Todo mundo a ama,
ou que há nela?
Nunca se sabe o que fazer.
Mas será que é só viver?
Num dia estamos engatinhando, noutro trabalhando.
Talvez o tempo tenha passado rápido demais,
ou será que o perdi
sem ter olhado para trás?
Somos como uma flor: plantada, cresce, vive e morre.
Mas quem planta?
Deus? Devemos refletir?
Na verdade, nem adianta.
Acabamos pensando e produzindo demais.
Somos algo tão complexo,
para muitas vezes sermos jogados fora.
Nessa angústia, antes de consertarmos,
já teríamos ido embora.
Onda Desinquieta 🌊
Surfei, surfei, surfei
Nadei, nadei, nadei, caí
Tenho a impressão que esqueci de algo
Parece que minha pretensão esteve por aqui.
Preparei-me, será?
Senti o cheiro da própria petulância no ar,
ao invés de sentir a brisa do mar.
Mar, mar...
Talvez tenha sido culpa do luar.
A maré baixa sempre me provou, nunca me queixei,
mas nessa vez, a culpa é dela.
Disseram que errei,
mas não tive culpa,
se as pessoas acham isso,
elas devem estar malucas.
ERMO;
Aquela sexta-feira, foi naquela tarde!
Durante o tráfego de meus pensamentos,
Quando estava a caminhar pela cidade,
Me recordo bem daquele momento.
Foi quando percebi onde não estava,
eu percebi que somente eu gostava.
Então Silenciei-me,
Eles notaram a falta.
E ainda lhes resta no coração,
afirmativas de que eu me afastei,
Não, Não apenas me encontrava a perdido,
De onde nunca nem perto cheguei...
O sono perdido
A saudade ardendo o corpo
Pensando em você longe de mim
E a sensação de solidão
São tantas lembranças
E agora só restou o vazio
De tudo que um dia já foi preenchido com amor.
Como posso te amar?
Não posso.
Mas amo?
Acho que não. Espero que não.
Não é medo, é incerteza.
Compatibilidade de almas, incompatibilidade de corpos.
Não é uma miragem vivida,
é apenas uma realidade estendida—
como se o tempo fosse o mesmo para nós.
Mas não é.
Há uma vida de distância.
Talvez mais do que uma.
O que devo fazer em meio a essa realidade assustadora?
Nunca cheguei nessa parte.
Não sei ao certo pelo que me apaixonei,
se é que me apaixonei.
Seria seu riso doce, seu olhar de abrigo,
seu tom de intimidade, sua escuta ativa?
Talvez eu tenha me apaixonado pela forma
como me vi pelos teus olhos—
como se meu coração pudesse bater
e, pela primeira vez,
não houvesse nada de errado nisso.
Mesmo que não seja platônico,
preciso que seja!
Preciso ser como a Branca de Neve,
mas sem o príncipe.
Que ele nunca me beije.
Que eu nunca acorde.
Que isso fique aqui, onde é seguro:
dentro do meu próprio sonho.
É como se você batalhasse, mas nada mudasse. Ou talvez tenha mudado, mas a perda consome a percepção, distorcendo qualquer progresso. O id, o ego e o alter ego lutam entre si, mas nem sequer sabem pelo quê. No começo, parece um vazio—aquela sensação de estar flutuando no mar, sem rumo, esperando ser salvo por um navio ou morrer afogado. Mas, aos poucos, o vazio dá lugar a um peso no peito, um aperto que esmaga, sufoca e se confunde com culpa. Afinal, o inimigo está mais próximo do que se imagina, ou melhor, basta olhar o espelho para enxerga-lo. Não porque quero, mas porque não posso escapar. Ele é uma versão de mim, mas que não desejo que seja eu.
Tanto esforço para nada. Cada passo dado parece apenas um ciclo se repetindo, um esforço inútil contra algo invisível. A fraqueza se instala, não no corpo, mas na alma. A incapacidade de viver plenamente se arrasta como um eco constante, um lembrete cruel de todas as falhas. Não porque não tentou, mas porque o nível de estoicismo não é suficiente.
O medo de se perder de novo é pior do que qualquer queda. Porque se perder significa voltar para aquele lugar onde o silêncio ensurdece, onde os próprios pensamentos não calam a boca, te puxando para baixo como areia movediça em um deserto de areia infinita. E a única opção que resta é seguir em frente—não porque há esperança, mas porque ficar parado dói ainda mais.
Seguir sem saber se há um destino. Apenas seguir.
Línguas estranhas
Clamam teu nome
E dirigem contra você.
O mal disfarçado de amor
Declamando um belo sorriso.
Armadilha preparada,
Tapinha nas costas
E o seu coração amoroso
Segue na trilha da insanidade
Vencendo cada obstáculo
Pois, teu objetivo é a tua força.
Mede, corta e fita.
Uma peça está pronta.
Mede, corta e fita.
Outra peça está pronta.
Mede corta e fita.
É hora de entregar os móveis.
(Para Bruno Alves, falecido de forma trágica em 2017)
“Bruno!” – Espero que ainda dê tempo de minhas palavras lhe alcançarem nesse grande mar.
Nessa turba de ondas de além, deixo-as ir em paz contigo, não há distâncias no Infinito; toda palavra é infinita e tu olhas assustado o grande mar revolto enquanto atravessa-o forçosamente. Uma pequena cabeça que insiste em não submergir, um grande coração na imensidão escura – a noite é só um pano de fundo; melancólico.
Atentos estão os seus conservos – no grande mar; nos fortes ventos
No horizonte que se aproxima enfim de ti.
No pequeno barco de papel, vem te receber o profeta – E de Gentileza te acolhe – o nosso barqueiro é mais gentil; sem moedas, sem espólio, sem alforge.
Até que tu te avistas – com a grande mãe dalém do grande mar; – “Salve Anastácia, rainha” – a mãe eterna dos pretos e pobres livres. Acolha este guerreiro forro em Aruanda; e me acolha junto – parte de mim ficou também no mar.
empatia não é relativa
tão pouco a sordidez mundana
então se me vens pedra
sairá daqui coração
e nada te impedirá de dizer-se vida
ante a vida
e cada fardo pesado
dividido
é mais leve
mas não deixa de ser incômodo
apenas, onde um chora, dois soluçam
e uma garrafa de vinho sozinho é inservível
mas a dois é ressaca
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