Um Estranho Impar Poesia
ÍNTIMA SOLIDÃO
Árida é a solidão que inspira o cerrado
Tão nostálgica e árdua no meu contentar
A que provém da saudade a me chamar
Em murmúrios, além, do vivido passado
Aquela que se perde no horizonte ao olhar
Que chora no entardecer de céu rubrado
E traz na brisa, a maresia, no seu ventado
A que me faz relembrar, calado à saudosar
Ampla, melancólica, é a solidão no cerrado
Uiva nas planuras em vagidos dum soluçar
Nos pousando vazios no chão cascalhado
Mas, a solidão abafada, que faz lacrimejar
É a que domicilia comigo, no meu sobrado
E que existe íntima e triste no meu trovar
Luciano Spagnol
22 de junho, 2016
Cerrado goiano
SALSTÍCIO DO INVERNO
No solstício do inverno, a luz solar
aparentemente, pode mais iluminar,
que seja, para clarear e ornar,
o afeto entre todos...
Trazendo sentimento terno,
olhar abrasador e aos corações
amor eterno...
Seja bem vindo solstício do inverno!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
LUAR DO CERRADO
Quando, no cerrado, vem o anoitecer
O seu luar prateia as várzeas quedos
Num silêncio de fúnebres segredos
Numa tal beleza por assim merecer
É o Criador vazando o belo entre os dedos
Enfeitando a noite para não mais esquecer
Ladeando a lua com estrelas a resplandecer
E pondo a prova os nossos sentidos tredos
É tanta intensidade da luz, tátil é o perceber
Que nos faz pequeninos, eternos mancebos
Pasmado, que quase não se pode descrever
A imaginação migra para vários enredos
Numa rutilante e bela experiência no viver
Numa total plenitude e sentimentos ledos...
Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano
Num mundo violento
e pobre de afeto,
rico é quem
desarma o outro
com amor concreto...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Nhandeara
Nascida do bravo trabalho,
Na agricultura e criação do gado;
Terra de Nosso Senhor,
Tem um povo competente e lutador.
Cidade querida de praças floridas
Que marcam as vidas na infância brejeira.
Cidade em que a crença é uma força que existe...
E, a todos assiste da mesma maneira.
Cidade pequena, que tem, revoada
Soboreando a fachada da Igreja Matriz.
Cidade em que o povo não foge a batalha,
Que luta... Trabalha... Que cumpre o que diz!
Amanhecer
O despertar de cada dia
Traz em sim a semente da vida
Refazendo nossas energias
Transformando a dor sentida.
Em cada amanhecer...
Em cada novo despertar...
Há um embrião que nos impulsiona a avançar
Convidando-nos a crescer.
AMBIGUIDADE
Uns carregam prata outros trazem ouro
Eu? Nem ouro nem prata, tenho rosas
Umas com espinhos, outras formosas
No meu farnel são um acaso e tesouro
Na oferta é para serem harmoniosas:
Nas dores, as brancas são vertedouro
Na sorte, as negras portam mal agouro
Assim, ornam a vida, tornam prosas
É enredo no amor passado e o vindouro
Aos corações belas poesias primorosas
E nas lágrimas, doce arrimo batedouro
Dotam a emoção, alegres e nervosas
São cores na morte e no nascedouro
Vão em todas as venturas, preciosas
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
SAUDADE SEM DESCULPA
Tão igual quanto saudosar alguém
é sentir-se solitário acompanhado
estar rodeado e na alma isolado
ter do lado lembranças sem ir além
A saudade só importa se ela provém
dum amor contente do ser amado
retribuído no mesmo quilate doado
aquele que fala a influência do bem
Mas se o morno é a têmpera e peso
a dor da ausência um simples acaso
e os lamentos ruídos sem real culpa
Com certeza o coração não está aceso
o olhar vai se encontrar no tal descaso
e a saudade no sentir falta, é desculpa
Luciano Spagnol
24/06/2016, 14'14"
Cerrado goiano
DOLOROSA VIA
O tempo me fez velho e derreado
Já não respondo aos vários limites
A vida agastada perdeu os convites
Os sonhos de mourejar hão curvado
O corpo na ação perdeu o apetite
E assim vou num choroso estado
De lamúria triste e olhar cansado
Enfraquecido na força sem rebite
E o insistente querer, ainda espera
Da vitalidade, poesia e viva quimera
Para velejar nas nuvens da ventura
Nestes trilhos deixo o carril da sorte
Até que eu baste no portão da morte
E vá estar na paz lúgubre da sepultura
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Parodiando Pe. Antônio Tomás
Escuto vozes
Dizem que os poetas
-... ouvem vozes,
vozes das musas
voz de anjos, vozes...
Não é verdade,
a única voz que escuto,
quando escrevo
é minha própria voz.
A voz do medo,
de voz do absurdo
a voz do desespero
a voz da humanidade.
A voz da guerra
a voz do preconceito
a voz da ilusão
a voz da esperança.
Quero continuar a ouvir,
vozes, vozes do futuro
vozes que sonham
vozes que acreditam.
Que ouvir vozes é um sinal
um sinal de humanidade
um sinal de que Deus se importa
mesmo que os homens
não acreditem, eu ouço
vozes...
Evan do Carmo 24/06/2016
SONETO DO AMOR POETA
O amor que poeta unicamente
para ti, luzente verso incisor
tão exclusivo em trova maior
e de inspiração total e ingente
É compendio tão integralmente
do coração, pulsando estertor
no peito forte e lugubremente
deste humilde, ao seu dispor
Poeta, outrora independente
agora prisioneiro e pecador
deste querer-te impaciente
Ao receber-te este poema flor
leia com o olhar complacente
é uma confissão do meu amor
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
sim,
o mar, o céu, o infinito
confundindo a terra que jaz num paraíso que já não habita
o vento, a brisa, a chuva
confundindo a pele que arpeja
a força, a vontade, o desejo
confundindo a vida
o caminho, a trilha, o curso
de um rio inerte que se esvazia...
contemplo o inalcançável do teu corpo
a centelhas de milhas de mim
e me recolho a tocar-te em pensamento
num tempo altruístico
e de deleite de um sonho
tão intensamente sonhado
e nunca vivido
Por muitos anos vivi
sem esplêndida alegria
mas agora percebi
com tremenda euforia
por que estamos aqui
Finalmente sou feliz
Agradeço meu senhor
Depois de tantos anos
Ter recebido tanto amor
Colocou na minha vida
uma pessoa especial
que trouxe no seu ventre
uma linda semente
hoje virou minha filha
nosso maior presente
Uma nova vida a cultivar
difícil de cuidar
e aos poucos educar
mas quando da risada
leva-nos a entusiasmar
Ela encanta com seu jeitinho
deixando magia no ar
e dando amor e carinho
mas me entusiasma mesmo
se sorrindo pro paizinho
Ela deixa alvoroçado
e com ternura ela seduz
qualquer um que chegue perto
dos seus olhos azuis
Eu só vou agradecendo
de poder participar
dessa v idinha tao linda
que nasceu pra alegrar
SONETO DA SEGUNDA FEIRA
Por seres o primeiro dia útil da semana
O dia da tal preguiça a tu entitulada
Por seres tão lenta a manhã raiada
És indesejada, ao despertar tirana
Por seres ao mau agrado condenada
Num trato pequeno, de simples fulana
Por seres mais que um início traquitana
És evitada, e tão pouco mais celebrada
Como a coirmã, sexta, tão aplaudida
Querida, e esperada. És desanimada
Como um fim de festa, ali, chicana
Por não ter outra ou qualquer saída
És encarada como anódina estrada
E nesta pendenga és outra semana...
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Quem sou? Quem tu és?
E passaste em frente aos meus olhos
Tramando a crueldade no amanhã sombrio
Estou cansada de ti e de teus espinhos
Que cravas no meu peito...
Abri-te meus braços novamente a um abraço
quem sou?
quem tu és?
Sou...Talvez uma canoa sem alcunha
Um pássaro ferido... Por tua crueldade!
E eu qual ave que voa na alma do vento
Quero lembrar-te que te amei e
Que te dei aquele para quem cantei para faze-lo adormecer...
E que me encantei por ele durante toda a minha vida...e por
Seus sorrisos cândidos...e que dele fiz uma cintilante estrela
Para que seguisse estradas de flores perfumadas da vida
Com o farol do amor..
Quem tu és? aquela que me devolveu.a dor
Eu não merecia tanto desamor!!!
Amor eterno
No saber, eu quero, és quem eu quero
Não é algum engano, nem do coração
Se é preciso terei calma nesta paixão
E com paciência, assim, eu te espero
Até quando te aguardar? Sem noção!
Pois o meu amor por ti é muito sincero
E quando se sonha, tudo é próspero
E no afeto de verdade, nada é em vão
Se o tempo deixar, se não for austero
Aqui vou estar, irei além de ser razão
Neste ou noutro plano serei só seu
Nesta vida, eu, neste amar te venero
Se houver eternidade, com permissão
Pra poder dizer: amo você! Tudo valeu!
Luciano Spagnol
29/06/2016, 10'22"
Cerrado goiano
Único...
És único... Nossos fragmentos se juntaram
Encaixaram-se...
E qual duas estrelas chocamos... Tu e eu!
Tu és único no mundo!
Serei única pra ti!
Assim como nossos corpos segredam juras de amor
Em meio ao silêncio
Meu coração há muito tempo perdido bate junto ao teu
Cadenciado... Ritmando musicas
Espalhando notas musicais... Belas... Românticas... Primaveris...
... Dentro do teu alcance...
DESEQUILÍBRIO
Se entre nós existe
palavras cerradas
o não que insiste
o frio das madrugadas
um olhar triste
debruçar-se na janela
um horizonte enriste
paisagem com cancela
distância vindo a pé
o que me resta, dela
é eu passar um café!
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Guardo na gaveta
Minhas joias raras
Que não estão à venda
Não empresto
Não alugo
A lembrança
Os amores
As boas recordações
E quando a saudade aperta
Abro a gaveta
E lá volto ao passado
Que foi ontem
Outro dia
Muito tempo
Minha história de vida
Errando...
Foi que aprendi
Chorando...
Foi que valorizei
E amando...
Tive a certeza que fui feliz!
SONETO DA SOLIDÃO
Eu estou completamente solitário
Passa o dia, vem a noite, agonia
A tarde entristece, cinzenta e fria
E eu aqui no cerrado, destinatário
O por do sol, de belo, virou nostalgia
Numa clausura da saudade... Unário
Eu, vejo o tempo não mais temporário
Tal folha de outono sem a autonomia
Nesta sequidão aumenta o itinerário
Do místico e algoz retiro em infantaria
Avançando firme, sendo um breviário
A solidão na vida, tornou-se relicário
Onde o tempo ora neste árido sacrário
Em cadência nas contas da melancolia
Luciano Spagnol
30/06/2016
Cerrado goiano
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