Um Estranho Impar Poesia
Clandestinos somos
quando
o que somos
teme a face que pesquisa.
Os olhos são claros
quando
a superfície do espelho
é lisa.
Poema de Amor
Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.
Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.
Porque é que Adeus me disseste
Ontem e não noutro dia,
Se os beijos que, ontem, me deste
Deixaram a noite fria?
Para quê voltar atrás
A uma esperança perdida?
As horas boas são más
Quando chega a despedida.
Meu coração já não sente.
Sei lá bem se já te vi!
Lembro-me de tanta gente
Que nem me lembro de ti.
Quem és tu que mal existes?
Entre nós, tudo acabou.
Mas pelos meus olhos tristes
Poderás saber quem sou!
Simplicidade
Queria, queria
Ter a singeleza
Das vidas sem alma
E a lúcida calma
Da matéria presa.
Queria, queria
Ser igual ao peixe
Que livre nas águas
Se mexe;
Ser igual em som,
Ser igual em graça
Ao pássaro leve,
Que esvoaça...
Tudo isso eu queria!
(Ser fraco é ser forte).
Queria viver
E depois morrer
Sem nunca aprender
A gostar da morte.
Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.
Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.
No entanto, em nós, o canto é quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.
Nunca para vingar as próprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida às flores.
E a noite chega! Ao longe, morre o dia...
A Pátria é o Céu. E o Céu, a Poesia...
E há mãos que vêm poisar em nossos ombros
E somos o silêncio dos escombros.
Ó meus irmãos! em todos os países,
Rezai pelos amigos infelizes!
Outrora
Estou lhe sentindo longe como outrora
Num inverno sem sentido
Pularei deste abismo sem pensar
Basta pegar minha mão
Que o inverno vai passar
Estou me sentindo um tolo
Estou aqui apenas para te amar
Mais não queres meu amor
Na solidão irei estar
Péssima outrora de inverno
Em paz tem que me deixar
Morte me leve agora
Com ela não irei ficar
Amargo vasto da outrora
Essa tal liberdade
Seria uma utópica verdade?
Com a razão e emoção condicionada
Estaria a liberdade acorrentada?
Parece uma verdade abstrata
Mas só a loucura é sensata
O sofrer da menina!
Menina sofrida,destruída e ferida
Se entregou ao amor
E ele há rejeitou
Suas lágrimas a rolar
Sem estrelas há brilhar
No seu céu nada há
Corra agora menina
Busque o seu pensar
Não deixe o atordoar
Seu coração a se calar
Deixe para lá
Isso irá lhe machucar
Busque o seu viver
Viver é amadurecer
O desconhecido.
É na sociedade que este mal se aparenta,
Que consequentemente inquieta-se
Que consequentemente ñ se apresenta.
Escrever é ñ ser desconhecido,
Mesmo sendo autor anónimo
Só se omite um ser adormecido,
Em ti privas o antônimo.
Há quem escreva, há quem pinte.
É um mundo que pouco se sente.
Moda é um extinto,
A vocação é subjacente.
EU QUERIA SER UMA DESTAS PEDRAS
Ah, eu queria ser uma destas pedras que não te abandonam, Hannah, Hannah, Hannah... E este silêncio? E estas plantinhas aí?
Após a morte de Joplin,
um fã falou: " A morte é uma puta!"
Não, puta é a dor!
No teu túmulo, eu sinto amor,
mas sabedoria também.
Eu queria ser uma destas pedras. Mas não fui puro, suficientemente puro para ser uma delas...
À Hannah Arent
ZOE
Você não sabe quem sou
ou não me conhece.
Não temo, não peço, só amo!
Carrego comigo o sangue dos vikings, e o calor dos poetas antigos.
Não minto quando digo que sou capaz de te engravidar com apenas um beijo, tal é a fúria dos meus hormônios.
Louco como as mentes mais sãs, posso, sim, te proporcionar orgasmos
que só Zeus é capaz.
O Sol para quando peço,
a Lua chora em meus braços...
E eu, de violino na mão,
apenas ordeno que a noite se ajoelhe, Zoe, cantando a canção que você mais gosta...
Almas ressequidas pela robusta ignorância
Onde estão em si mortas
Apesar de semivivas
Não conhecem a vida
Apenas sobrevivem
Feliz são as prosopopéicas vidas que as assistem
Deixe para lá os maus pensamentos,
a nada conduzem de fato,
atrapalham os seus momentos
sufocam e até maltratam
Procure apenas o otimismo
em algum canto de sua mente,
sorria um pouco, o mínimo,
para seguir sempre em frente
Manhã silente em nuvens que vagam
pelo azul do céu como a propagar
mensagens de paz e amor no horizonte
que olhos atentos conseguem divisar
No dia que nos envolve assim
nesse abraço sempre tão especial
a beleza chega em luzes e cantos
num coro de anjos como fundo musical
Vem pela suave brisa cantante
o som dos pequenos invisíveis
aos ouvidos humanos suaves murmúrios
que são captados pelos mais sensíveis
Que não passemos um dia sequer
de nossas manhãs assim vividas
sem saudar junto à bela natureza
estes momentos de luz, nossa guarida...
Simplesmente voava,
como pássaro,
abraçada em seu mistério,
aterrissando em algum galho,
sentindo o perfume do verde
e o roçar das folhas,
flores dançavam ao vento
e ali bem escondida,
sem lamentos,
assistia o espetáculo de uma quimera
nada poderia interromper aquilo,
o coração e os olhos presos
à espreita , dócil fera,
que em seu interior
alguns pedidos em preces fazia,
que a estação nunca acabasse,
que tudo fosse sempre assim,
um voo, um carinho, um pensamento,
que a primavera finalmente
trouxesse quem amava
até ela...
Mesmo de longe, percebo teu perfume,
sinto nele o encanto,
misto de flores e folhas maceradas
sob a volúpia do verão
vou prender esse odor, amor,
acorrentando você ao coração
ESCADAS
Todos querem chegar no topo,
Em tudo isso não há nada de mal,
Mas porquê não esperar mais um pouco,
E subir degrau por degrau!
Suba na vida sem temer os perigos,
E se apresse porque o tempo passa,
Mas jamais faça dos seus amigos,
Os degraus da sua escada!
A subida pede um degrau de cada vez,
E lá no alto prevalece a cooperação,
Não se deixe levar pela altivez,
Use a escada sempre, jamais o corrimão!
Viver é como tentar conquistar o topo de uma escada,
Muitos virão pra querer te impedir,
Mas se você seguir firme na escalada,
Todo o mal que te desejarem, vai te fazer subir!
Rodivaldo Brito em 15.07.2019
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