Um Estranho Impar Poesia
"A Restituição"
Quer que a vida nos restitua
Tudo que suas mãos roubaram:
Os amores que a morte apagou,
Os instantes que o vento levou,
Os sonhos que o tempo trincou
Como vidro sob o sol da rua...
Ah, delírio! Querer colher
As flores já dissolvidas no chão,
Reconstruir com as mesmas pedras
A casa que ruiu na encruzilhada,
Beber outra vez da mesma água
No rio que seguiu outra direção.
A vida não faz contabilidade.
Não guarda recibos nos bolsos do tempo.
O que ela toma, transforma em raízes
Ou em pó de estrelas desfeito no asfalto.
Nenhum tribunal de sombras ou lumes
Decreta indenização por nosso pranto.
Mas há um segredo nas entranhas da perda:
O que nos foi arrancado à força,
Roubado em plena luz ou na neblina,
Não segue intocado para algum cofre celeste —
Ele fermenta nas adegas da alma,
Torna-se outra moeda, outra semente.
Não nos devolve a vida o que tirou,
Mas nos entrega o ouro da transformação:
A cicatriz que sabe de dores alheias,
A paciência que tece redes no vazio,
A coragem de amar sabendo da morte,
E a estranha liberdade de quem nada espera
Do balcão vazio da mercearia do destino.
Não cobramos. Aceitamos o câmbio rude:
Perdemos rosas, ganhamos raízes.
Perdemos dias, ganhamos esta presença
Que habita o agora sem ânsia ou dívida.
A vida paga na única moeda que tem:
A de nos fazer mais vastos que a própria vida....
Entre os peixes coloridos
e os corais acroporas
coloquei a prece, o enigma,
a rota e a amorosa
poesia para que a minha
mão alcance a sua
e tudo o quê o amor nos destina.
Ser assumida
é sobre ser
o amor da sua vida,
é sobre a minha vida
combinar com a sua vida,
Se eu não for
o amor da minha vida
para a sua vida,
Entre ser assumida
prefiro ser sempre
que for preciso
mais escorregadia
do que peixe ensaboado,
Se for para não ser
por você assumida,
só para você opto
em ser a sumida,
Não insisto em aquilo
que não tem a ver
ou não dá liga,
Porque eu tenho
a minha própria vida.
A eclipse lunar se aproxima,
e eu sei muito bem
o quê quero e não quero
para a minha vida,
do teu divino olhar levo
o tempo todo o quê alucina.
Só sei que não permito que
o meu coração seque como
vejo alguns corações secos por aí,
para que a seca não seja permitida:
é por isso que te quero aqui.
Um coração quando seca
é bem mais perigoso do que
a seca dos rios Negro e Solimões,
um poema nunca mais o toca,
nem mesmo imagens rupestres
podem ser encontradas
e nem mais se comove
diante de paisagens agrestes.
Quando um coração seca
nele não se encontra mais nada,
é o desastre batendo na porta
sem hora e sem data marcada.
Continuar a colher boas
sementes de Seringueira,
sementes de Olho-de-cabra
e para você me enfeitar inteira,
Nem mesmo o mau tempo
irá na vida me fazer desistir,
E não há absolutamente nada
que me faça esquecer de ti,
Não é mais segredo que te
pertenço e sempre pertenci.
A Independência foi a soma
de muitas coragens
contra a exploração colonial,
A nossa República foi
a soma de interesses
com a coragem do Marechal,
Sem a coragem do Marechal
teríamos que aceitar
qualquer sorte infernal
sem ter a chance de mudar,
E agora temos o poder
de agir sempre quando
tudo não fizer sentido,
juntos podemos transformar:
As asas da liberdade ninguém
mais pode capturar e cortar.
Não nego que preciso
mais do que nunca
da sua intrépida ousadia,
Porque com encanto ando
todos os dias revelando
pistas sem truques
e com discretas malícias
para desenhar contigo
no Mapa-múndi celeste
do amor tudo aquilo
que reúna e que convença
ser para nós o mais sedutor.
Conheço as violeteiras
das duas Américas,
Diante dos meus olhos
uma desabrochou,
Você me espera
em teus braços
como quem anseia
a Primavera,
Percebo que tens
desenhado esquemas
para viver grudado
em meus beijos,
Em nós fazem
festas os desejos.
Dois amores em pleno Alarão,
não posso mais ficar assim,
tenho que escolher quem vai realmente ser bom para mim,
e me honrar com amor no coração.
Sem pedir a arte
das tuas mãos
tu haverá de me dar
com a liberdade
Sem ócio e sem
quartel quero amar
cada território seu,
Do jeito que Deus
te fez e me deu.
Amar-te bem mais
do que do que
demais ainda não
será o suficiente:
Só quero loucuras
de amor entre a gente.
Na tua companhia
iremos tocar com
cada surpresa e carícia
a noite estrelada de Van Gogh,
E serei muito mais
do que por você amada,
nas tuas mãos hei de ser venerada.
As cinzas transformaram
de maneira pressentida
o céu no lago parado da morte,
não sei mais a diferença
quando faz Sol ou chove.
Os meus sentidos andam
endurecidos e me pego
a cada dia gostando
menos de tudo o quê
estou testemunhando.
Perdi as contas de quantas
vezes mastiguei e engoli
a minha própria língua
por tomar noção que
muita coisa virou cinza.
Ler as notícias e insistir
em olhar para o céu
continua sendo um engano,
o Apocalipse está
dominando os pulmões.
Só sei que choro por dentro
e os pássaros cantam
de desespero antes
mesmo do Sol raiar
e não sei mais e como falar.
De propósito quando
você pegar as tuas
cartas de Bacará,
Deixarei fotos só
para te desconcentrar,
E pensar que tem
coisa melhor na vida,
e de fato há,
que é vir me procurar
para a gente se achegar.
Suri Sicuri
Oruro vem dançante
Extasiante
...
Vem com tudo
Wititis por Oruro
É amor puro
...
Ah, Sampoñaris!
Por Oruro não pares,
Dancem milhares!
...
Ai, Tarqueada!
Sim, por Oruro toda:
enamorada.
Florescermos para resistir
as erupções da vida
como a Red Heliconia
da Montserrat magnífica.
Assim é o melhor do amor
que nós dois queremos,
e ele para nós virá
no tempo que merecemos.
O amor é doce dádiva
para quem sabe o receber,
e faz de tudo para o manter.
Se sou o seu último pensamento
da noite como você é do meu,
algo diz que já sou tua e você é meu.
Ah! Fico sentindo a fragrância das flores, que vem nas asas do vento
Me ponho a pensar,
Se eu tivesse o poder de voltar lá naquele momento, interferir no tempo,
Influenciar os acontecimentos!
— Ah! se eu pudesse voltar no tempo
— Protegeria nosso amor, evitaria tanta dor.
— Foi você que me ensinou que afeto é flerte, romance, poesia e euforia, portadores de alegria
A sina…
— Viver na solidão,
maltratando o coração,
é tanta desilusão,
que veio com a separação
— Crueldade, enfrentar essa saudade,
viver tão distante da felicidade,
Vivemos muitas coisas...
— Juntos desamarramos as amarras, emaranhadas que o tempo traz
desfizemos nó
Éramos dois,
vivendo como um só
— Andávamos contentes lado a lado, nenhum ficava pra trás
— De repente você partiu, outro rumo seguiu, sem muita explicação, só me disse que não poderia ficar,
— Que o mesmo caminho, já não íamos juntos trilhar
E agora, o que eu faço?
Com tantos lamentos, são muitos os conflitos, palavras sangradas, mal faladas
Recordo e sinto saudade
Você foi meu amor da mocidade!
Entendíamos através do olhar, mesmo em silêncio conseguíamos nos comunicar!
Ah!, se eu pudesse no tempo voltar!
Rosely Meirelles
A vida e seus diálogos ...
Iludo-me pensando que sei
e assim sei o que ainda não cabe
preencho-me de algo que é nada
pois, é isso... nada sei...
Quando penso que sei
ali há o outro que vai além
disso que pensei saber
ilusório, este não sei
e base desse tudo e nada...
Por isso há o senhor
você, tu, o outro
pois também dentro do nada
sabe e cabe dentro do que sei
cala quando vê que sabe
fala quando o não saber não cabe
E assim crescemos, fazemos o saber
na troca do que não sabemos
na partilha desse nada
vamos conhecendo, transformando
por fim sabendo...
... que saber é movimento
diálogo entre eu e você!
SE ALGUÉM ME DIZ…
Se alguém me diz que o mundo é são,
sem ver sequer a espada em riste,
além da terra, aquém do chão,
eu digo não, mas fico triste…
Se alguém me diz que o mundo é vão,
por não saber que tanto existe,
aquém da terra, além do chão,
eu digo não, mas fico triste…
Se alguém me diz que o mundo é pão,
sabendo eu que a fome existe,
além da terra, aquém do chão,
eu digo não, mas fico triste…
Se alguém me diz que o mundo é não,
por não saber que o sim persiste,
aquém da terra, além do chão,
eu digo não, mas fico triste…
Se alguém me diz que o mundo é sim,
além da terra, aquém do chão,
eu volto a ser senhor de mim
e alegremente digo não!....
📜© Pedro Abreu Simões ✍
(PLUR)IDENTIDADE
Sou o rosto do outro
e o outro sem rosto...
Sou a cara e a coroa
duma moeda não cunhada...
Sou o lado de cá
e a margem de lá...
Sou a escada que sobe
e a rua que desce a pique...
Sou o nada de tudo
e o tudo de nada...
Sou a sede que ferve
e a cheia gelada...
Sou o outro sem rosto
e o rosto do outro...
Sou um...
Sou dois...
Sou tantos...
Sou (PLUR)IDENTIDADE!...
📜 © Pedro Abreu Simões ✍
facebook.com/pedro.abreu.simoes
PENAS (RE)POUSADAS
Ontem
– já a noite ia longa –
antes de adormecer
pousei as penas
das minhas asas
no melhor cabide…
O sono
(p)rendeu-se à cama
mas entre as almofadas
de plumas e sonhos
ainda coube
o meu ser despass(ar)ado…
Hoje
– já o dia se (a)firmara –
quando a(_)cor(_)dei
vi as asas
das minhas penas
(re)pousadas
no melhor cabide…
Levantei-me
e (re)vesti-as…
Deixei o sol entrar
e saí janela afora
a voar…
A voar!...
📜© Pedro Abreu Simões ✍
facebook.com/pedro.abreu.simoes
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