Um Estranho Impar Poesia

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Cabeça Erguida

Um silêncio absoluto
Se fez em lágrimas
Lágrimas
Lágrimas
Uma raiz se soltou deixando um vazio
Numa ressonância
Profunda em minha alma.
Mãe, você se foi
O seu corpo,
A sua voz,
Mas não a sua essência,
A sua história,
A sua alma
Sempre presente;
Um gesto protetor a todos
Uma fonte de alimento
No acolher,
Sarar as feridas
Uma palavra
Um incentivo
Uma força imperativa
De empurrar para frente
"Cabeça erguida"
- Assim dizia a quem consolava...
Mesmo que o dia pareça sem sol com a sua ida,
Olharei o horizonte,
Sentirei a sua presença
O seu perfume
E escutarei o seu chamado:
"Cabeça erguida"...
(Suzete Brainer do livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)









Inserida por SuzeteBrainer

⁠Na superfície dura e fria do espelho, o reflexo embaçado de um rosto me encara de volta.
É uma visão turva de uma expressão duramente composta, criada com o propósito de aparentar uma natureza distante daquela que atormenta o meu íntimo.
Uma caricatura do eu, imagem vendida por mim e aceita pelos outros.
Mandíbula cerrada, sorriso composto, postura altiva e determinada. É o suficiente. Embalagem perfeita para a vitrine da vida, mais uma na prateleira de objetos inanimados esperando receber qualquer estímulo externo, ou ganhar vida.

Inserida por alicesantosEscritora

⁠Se um dia inteiro

Se um dia, em um dia inteiro,
Se neste dia, acontecesse como eu quisesse,
Tudo seria do nosso jeito,
Tão cedo, mais que amanhecesse.
E tão poder, paupérrima, seria a tristeza,
Que não se faria jus à ela se intrometer
em incomodar este dia de eterna beleza,
E de constar a ver todo o nosso amor florescer.
Para que não se sofra a metamorfose da vida,
Tudo então pararia, o vento, os rios, o tempo,
Tocariam então incertos anjos da bela comitiva,
Os belos anjos dos mais simples sentimentos.
Cada sentimento meu não se alcança,
O que pode me demonstrar toda a felicidade,
Se de repente o seu olhar, você me lança,
Eu só lhe digo porque te amo de verdade...

Inserida por Alexonrm

⁠marco na agenda
um futuro incerto
desejando que aconteça
conforme esperado.
expectativas derrubadas,
a realidade
é a verdade
que abraça o presente.

Inserida por warleiantunes

⁠O Ódio de Liz Albuquerque

Que orgulho Liz Albuquerque sente de seu ódio. Um ódio desbravador, engajado, perspicaz; um ódio que ergue bandeiras, cria movimentos, causa desordem, desvia e encerra caminhos, abre esgotos a céu aberto.

Liz Albuquerque é o pseudônimo de Maricleide Rocha da Silva. Seu ódio ilustra manchetes, concede entrevistas, lê, escreve, desenha, pinta, esculpe, canta, dança, encena, sai de cena, ampara, abandona, prende, liberta, cura, planta, replanta, mata, desmata...
Odiosa e temida, a ativista é dada a lacres e clichês virtuais.
O ódio de Liz Albuquerque, não é um ódio qualquer, um ódio a ser desprezado, ou confrontado.
Não e não! Seu ódio, embora paciente, é justo, certeiro, impiedoso e livre de remorsos.
É preciso odiar muito para sobreviver ao ódio de Liz Albuquerque.

Inserida por TerezaDuzaiBrasil

⁠⁠Mudar o "eu sou" por um "eu fui" em uma situação passada, faz diferença.

— Não é mais preciso colocar tanto peso nos pecados do passado.

Inserida por alicesantosEscritora

⁠O ideal
é a gente se encontrar
parar pra conversar
tomar um chá

Temos muito pra falar
da vida, de lugares
na verdade o ideal
é matarmos a saudade

O ideal
é nos abraçar
deixar as ideais fluirem
sorrir, ser feliz.

O ideal
é a gente se envolver
deixar acontecer
viver.

Inserida por poetafuzzil

O Som do meu Violino

Marcas⁠ petrificadas
que evocam fantasmas
de um tempo perdido
(enterrado),
que anuncia a música da renovação.
Assim, toco a minha música
sem a tal mágoa;
transfigurada ao som do meu violino
libertador e divino.
Sim, a música silencia as dores
recolhidas nas asas feridas,
e cada nota sublime
harmoniza o impulso para o voo.
Fico ao Som do Meu Violino.
Ao som do meu violino fico
E a melodia é de paz.
Fico no silêncio profundo
vestido de mim.
Às vezes silencio diante do mundo,
Às vezes silencio diante das pessoas.
Há uma quietude que não me perturba,
há uma solidão que me cabe;
uma caminhada bem longe de mim,
um perto que só eu conheço.
E fico ao som do meu violino...
(Suzete Brainer do Livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)

Inserida por SuzeteBrainer

⁠⁠Um/Uma

Um Simples Gesto
Um Café da Manha
Uma risada sincera
Uma aventura na praia
Uma família à espera

Um jogo qualquer
Um almoço corrido
Uma noite de jogos
Uma surpresa agradável
Uma virada com fogos

Um abraço apertado
Um conselho gentil
Uma viagem inesperada
Uma sessão de cinema
Uma bela morada

Um rapaz tímido
Um paizão incrível
Uma pequena linda
Uma mãe perfeita
Uma família unida

Inserida por vinicius_porteiro

⁠Cifras

O grito veio do fundo mudo
e ecoou oco, aos poucos.
Não era um grito de susto,
não era um grito de raiva,
tampouco era um grito de empolgação ou de alegria.
Era, sim, um grito ressentido;
era, sim, um grito gritado para que todas as lágrimas fossem choradas.
O mais belo de todos os gritos,
feito de um fôlego só,
de uma só dor,
Ade uma dor só,

Inserida por TerezaDuzaiBrasil

Os anjos que habitam os meus sonhos

Guardo em mim
Um olhar mergulhado na emoção,
Ao tocar o outro igual.
Os anjos que habitam meus sonhos,
São humanos
Que ainda choram.

(Suzete Brainer do Livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)⁠

Inserida por SuzeteBrainer

⁠PEIXE NO AQUÁRIO
.
.
Um peixe no aquário
é um peixe-encerrado,
é um peixe-impedido,
é um peixe-cercado
por todos os lados.
.
Um peixe levado
para um aquário maior,
ainda assim é um peixe
neste aquário maior.
E se lhe dermos uma represa
com proporções oceânicas,
teremos agora um peixe
no aquário da Terra.
.
Ah... cruel infelicidade aquática!
Um peixe, onde for que esteja,
depara-se com seus limites,
defronta-se com a sua parede,
debate-se... contra o seu vidro.
.
.
[BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Poetizar, vol.1, nª5, 2024]

Inserida por joseassun

⁠na teia da aranha
mosquito preso
teme morte
sem a liberdade
que um dia provou
voando pela vida.

Inserida por warleiantunes

O Olhar do Olhar do Poeta

O poeta é um ilusionista
Desta realidade concreta que assombra.
O que seria da beleza da vida,
Sem o olhar do poeta?
O poeta silencia o impossível
Com a infinitude nas mãos...

Inserida por SuzeteBrainer

⁠PREMONIÇÃO
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Em um dia de meio dia,
meus olhos, somente os olhos,
tiveram uma visão.
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Lembro-me que a luz me doía
como uma ponta de sabre
no corpo do coração.
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Lembro-me, sem muito assombro,
que tudo quedava incompleto,
como se as luzes buscassem em vão
o preenchimento das coisas.
.
Na sintonia das imagens
dissecavam-se as paisagens
sem mistificação:
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Não obstante o colorido,
ficavam os homens repartidos
como se feitos de pão.
A uns: o ouro e a prata;
a outros: a fome e a crença;
a esses: a esperança;
para aqueles: quitutes em lata.
.
Tanto sol doía
nos ombros da nação
(talvez não houvesse justiça
em sua distribuição).
.
E talvez por ser evidente,
ficavam doídas e claras
as sombras dos coqueiros.
Ali, onde outrora era verde
espreitam crianças no desamparo.
.
Desamparadas, porém livres,
querem construir a nação
– mas faltam-lhe os instrumentos:
os braços, e as mãos...
.
.
Igualmente iluminados,
os andarilhos nas estradas:
pés descalços, chapéus de palha,
– ou capacetes e mãos de graxa –.
Todos, embora cansados,
querendo correr o chão.
.
Mas falta-lhes segmento:
as pernas da multidão.
.
Arre!
Tanto sol
arde como uma tarde
de Verão...
.
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BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Insurgências, 2024]

Inserida por joseassun

⁠O ANJO
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Enquanto bebia seus drinques, um antes do outro,
começaram a lhe crescer asas cada vez maiores:
bem desenhadas, cheirosas... brancas e polidas.
O sorriso verteu-se puro, sincero, acolhedor.
Falava agora a deliciosa língua dos anjos
com suas palavras estranhas e belas
a soar qual música nos ouvintes
e a reluzir como imagens
no pleno espaço.
Puro êxtase
profano
e sacro
de quem via.
.
As cores do paraíso a ele se abriram, como se misturadas em um crisol.
A inteligência, não mais em greve, discorria sobre todos os arranjos:
cinema, viagens, lares e lugares... filosofia, arte, sabores e amores.
Com a luz que de si emana... contava piadas de cair o siso!
Iluminava, fundo e profundo, as jovens rosas no gineceu...
.
Até que a noite, por fim, se pôs... cedendo caminho ao sol.
O sono chegou leve, pois Deus viera buscar seus anjos
espalhados pelos bares, festas e casas de flores...
Fechou cada pestana, junto ao sutil sorriso.
Depois, na paz do mundo, adormeceu.
.
Na tarde seguinte, ao despertar,
as asas tinham regredido.
Transfiguraram-se
em uma ressaca
confusa e cinza.
.
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BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Ipotesi, 2023]

Inserida por joseassun

⁠⁠⁠O QUE APRENDI SOBRE O AMOR
Aprendi sobre um amor oculto, violento, persuasivo, escondido, que eu torcia para que o outro decidisse porquê, quando, como e quanto tempo duraria.
Aprendi sobre um amor errado, que deveria ser encaixado, para ser aceito e valorizado para que eu não ficasse desolado e parecesse cometer um pecado.
Aprendi sobre um amor passageiro, que se não fosse alimentado por dopamina, estética, submissão e dinheiro, seria um amor derradeiro ou feito de roteiro.
Aprendi sobre um amor raro, que eu devia agradecer pelo amparo, mesmo que no fundo não me entendia, mas que diante de tantos temores era muito mais do que merecia.
Aprendi sobre um amor ficção, que só na imaginação deveria me bastar, já que os traumas me tornariam insensível, como um bisturi capaz de cortar e cicatrizar sem deixar sangrar.
Aprendi sobre um amor verdadeiro, que eu desconhecia dentro de mim, mas que protegi por não me conformar com o amor em pedaços e crer merecer o amor inteiro.

Inserida por siqueirahoje

⁠Inquieta, eu, poeta, paro e penso.
Às vezes, preciso beber um gole
denso de silêncio.
Tomar um porre fluido de nevoeiro,
Um cálice poético evidente.
Poder inspirar pela tangente,
Preciso me embrenhar,
Gritar, silêncio...
Silêncio...

Inserida por SoniaMGoncalves

⁠MEDO DE TIGRE-ARANHA
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Tinha um medo crônico de tigres.
Podia ser até mesmo dos que estão nos filmes
enjaulados dentro de uma intransponível tela de Cinema
e incapazes de saltar para a nossa dimensão.
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Se vislumbrava um cartaz de propaganda
estampado com uma só destas feras,
ali mesmo deixava litros de medo
escorrerem por entre as pernas.
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O medo de tigres fora o companheiro
de toda a sua vida.
Desde a mais tenra infância
chorava ao ver desenhos de tigrinhos
nos pijamas e invólucros de refrigerantes.
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Isso tudo, apesar
de não haver tigres em seu continente,
e de sua pequena cidade jamais ter sido visitada
nem mesmo por um velho tigre desdentado,
protegido pela jaula de um circo.
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Tigres...
Esse pânico o acompanhou sempre
a cada dia, a cada instante de sua vida.
Foi a psicólogos caros, mas sem resultados.
Lá estavam, no fundo, sempre os mesmos tigres...
Espreitando, ferozes e listrados, no covil do inconsciente.
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[BARROS, José D’Assunção. Publicado na revista Simbiótica, 2023]

Inserida por joseassun

⁠Se um dia eu alcançar a perfeição de algo que faço, logo,
deixarei de fazer.

Alcançar o limite,
lhe cria um teto;
limita o homem.

E não quero nada que impeça de chover sob minha cabeça.

Inserida por HudsonHenrique