Um Estranho Impar Poesia
Idade
Conheci dias duradouros,
o sol tão longo entre manhã e tarde.
Um levantar súbito de luz
por trás da crista das heras no muro velho,
e depois descer no verão entre grades verdes
e para além do portão como a cair no Hades,
no inverno. Não havia tempo
nos dias longos, mas a passagem diária
do sol abençoado.
Um corpo vivo e um corpo morto contém o mesmo número de partículas. Estruturalmente não há diferença discernível. Vida e morte são abstrações não quantificáveis, por que deveria me importar?
(Dr. Manhatan em Watchmen)
8
Há uma palavra
Que empunha uma espada
Pode trespassar um homem armado -
Lança as suas sílabas de farpa
E fica-se, calada.
Mas onde tombar
Os salvos dirão
Em dia da nação,
Deixou de respirar
Um irmão, um soldado.
Por onde corra o sol arfante -
Ou o dia vagueie -
Aí, o seu ataque sossegado -
E a sua vitória!
Notai o atirador mais hábil!
O tiro mais certeiro!
O mais sublime alvo do Tempo,
A alma "sem memória"!
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
As Palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Soneto da Desesperança
De não poder viver sua esperança
Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho
Secreto, onde ao sabor do seu capricho
Fugisse a vê-la como uma criança.
Tão cauteloso fez-se em seus cuidados
De não mostrá-la ao mundo, que a queria
Que por zelo demais, ficaram um dia
Irremediavelmente separados.
Mas eram tais os seus ciúmes dela
Tão grande a dor de não poder vivê-la,
Que em desespero, resolveu-se: - Mato-a!
E foi assim que triste como um bicho
Uma noite subiu até o nicho
E abriu o coração diante da estátua.
Mas que espécie vens tu a ser?, perguntou Leo.
Sou um palhaço, respondi eu, e colecciono instantes. Adeus.
Drão
Drão,
O amor da gente como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura
Drão,
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Cama de tatame
Pela vida afora
Drão,
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão.
Soneto oco
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
Bola de futebol... é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mãos.
Fábula: A Raposa e a Cegonha
A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.
-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.
- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu, vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa.
Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.
- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?
A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado.
MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos.
A vida é aleatória, não é? Num instante, estou trocando obscenidades com um estranho em um estacionamento e, seis meses depois, estamos totalmente apaixonados e nos casando.
Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense… podemos ser uma grande parte da vida de alguém… e nem saber.
Um estranho fanatismo preenche nossos dias: o ódio fanático contra a moral, especialmente contra a moral cristã.
Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam.
O destino é como um estranho e impopular restaurantes, cheio de garçons esquisitos trazendo coisas que você nunca pediu e de que nem sempre gosta.
Me sinto um estranho no meio das pessoas comuns. Afinal, passei toda minha vida no palco com gente aplaudindo e correndo atrás de mim. No palco me sinto seguro. Se pudesse dormiria no palco.
O amor é um acidente esperando pra acontecer... O desejo é um estranho que você pensa conhecer... A intimidade é uma mentira que contamos à nós mesmos... A verdade é um jogo que jogamos para vencer... Se você acredita em amor à primeira vista você nunca para de procurá-lo...
A verdade é um estranho que não nos olha nos olhos. É mais difícil de entender, mais complicada de se aceitar. Mais difícil de acreditar, e mais ainda de se dizer.
Por mais estranho que pareça, suas imperfeições te fazem perfeito. Pois todos são perfeitos de um jeito diferente, um jeito próprio.
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