Um Estranho Impar Poesia
Ontem nasceu um homem,
estrelas silenciosas brilharam no azul da amplidão, hoje nasceu um homem, granadas cortam o céu, o que brilhará ao homem que vai nascer amanhã ?
Borboleta de asas um tanto quebradas,
sempre presa num mesmo lugar,
quando curar-se e tiver liberdade,
será que ainda saberá voar?
UM POEMA CHEIO DE RAIVA
Só de raiva vou escrever
Vou escrever a raiva de não alcançar o poema
De não ter visto poesia alguma no meu dia
Por não me deslumbrar ante a vida, hoje
Por não enxergar o sol atrás das nuvens escuras
Por me deixar intimidar pela ausência do toque
Do beijo
Do abraço
Do carinho
Da afeto
Pela ausência da tua transparência
Pela ausência do teu desejo
Pela ausênsia do teu amor
Que imenso terror ser poeta de dor!
De melancolia
De nostalgia
De noite fria
De cama vazia
Até mesmo de boemia
Que Azia!
Dói-me o estômago até o âmago
... Ser poeta de saudade
Ser poeta que escreve o que sente sem fingir
o verso que sente em verdade.
Somente por raiva escrevi este poema horrível
E não vou termina-lo com leveza alguma
Hoje não houve levezas
Nem ventos nas roupas nos varais
Nem o cantar de pardais
Nem a panapaná à revoar sobre a margarida
Hoje não houve vida
... Juro,
não houve
Ou não vi ( se houve)
Ou não senti ( se houve)
Só esta raiva de não ter tido tua presença
E esta ausência é a ausência de tudo
Porque tu és tudo
Alheio à ti,
esta raiva,
este dia cinzento.
Nada mais.
Pronto,
só de raiva escrevi.
Na manhã silenciosa de estio,
onde apenas o sol resplandece,
noto os passarinhos sem um pio
e pergunto-me o que será que acontece?
Em dias assim de tanta nostalgia,
a alma pede apenas um abrigo,
se as aves não cantam, perco a poesia,
sou apenas uma poeta de castigo
Penso que nada sou,
sigo e nem sei onde vou,
mas uma coisa percebo,
cada segundo é um a menos,
e um passo mais adiante
para aquilo que sabemos ser o fim,
mas ainda é tão cedo !
ah...porque a vida tem que ser assim?
Que o teu sono seja bem sereno,
enquanto a lua viaja na amplidão,
que um anjo te proteja bem de perto,
dando imensa paz ao teu coração
dura o momento
não mais que um instante
o lampejo de felicidade
ilumina o durante
mas na memória fica
a presença constante
As vezes, em algumas noites,
um silêncio só meu,
chega impassível, doce e até singelo,
então pensativa e um tanto ausente
como lua nova, envolta em sombras
fujo das auroras solenes,
deslizando,
escondida dentro de mim
MULHER DA VIDA
A menina que queria ser bailarina
Nunca deu um rodopio
Rodou apenas na vida
Na via
Nas avenidas
Entre idas e chegadas
Corpos sujos e suados
Se vendeu
Nunca se deu
Não amou
Nem foi amada
Usada como mercadoria
Objeto que já não se atreve a sonhar
A menina que queria ser bailarina
Agora é chamada de mulher da vida
Mas que vida?
Nome tão bonito
Pra quem carrega o peso de olhares
E trás seus pesares cravados na alma.
Ouvi um passarinho cantando
junto a uma moda de viola,
onde? não sei, no entanto,
o som chegou sem demora !
Que linda era a melodia,
bem afinada e sonora,
encheu a paisagem de alegria,
saudando uma nova aurora !
À PROCURA
Paz
Encontrei em um ninho feito em uma árvore à beira da avenida
Carinho
Encontrei em um cafuné no sofá num dia frio de inverno
Paixão
Encontrei nas roupas espalhadas pelo chão da sala
Amor
Esse eu procurei e não achei
Foi então que o vi nascer
Crescer devagarinho
Ser cuidado noite e dia
Antes eu não entendia
Só o amor é assim
Ele não vem de repente
Cresce feito semente
Se bem cuidado
Não há quem arranque a raiz.
Mãe,
Um ser que dá a vida,
alimenta, ampara, educa,
protege em cada segundo
Mãe,
é ternura sempre,
compreensão, lágrimas, sorrisos,
é o maior amor do mundo !
Os amantes
fecham-se
um no outro
(como os punhos
do bebé
que dorme
no berço
e no útero
da mãe
como as caras
dos ícones
no escuro
das igrejas)
Os amigos que morrem são arbóreos,
plantados e memoráveis como freixos.
Um freixo, que vejo entre árvores
como a aura, o tronco novo
sulcado de rasgões, a raiz curta
comparável à memória viva enterrada.
Têm uma única forma até à morte, próximos do Sol,
que torna as outras árvores mais ténues que os isolados freixos.
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Balada para um Homem na Multidão
Este homem que entre a multidão
enternece por vezes destacar
é sempre o mesmo aqui ou no japão
a diferença é ele ignorar.
Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebê-lo.
Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.
Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é dele
não tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E só o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.
AMOR À VISTA
Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.
Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.
Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
Deixa lá a esperança
para quem a suporte.
Mas o mar e os montes...
isso, sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.
Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.
Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.
Mar e montes teus beijos, meu amor!...
A velhice é um vento que nos toma
no seu halo feliz de ensombramento.
E em nós depõe do que se deu à obra
somente o modo de não sentir o tempo,
senão no ritmo interior de a sombra
passar à transparência do momento.
Mas um momento de que baniram horas
o hábito e o jeito de estar vendo
para muito mais longe. Para de onde a obra
surde. E a velhice nos ilumina o vento.
Entre aquém e além ser e não ser
tantas portas abertas ou talvez nenhuma.
Não há senão um verso por escrever
e sobre a areia branca a breve espuma.
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