Um dia a Gente se Conheceu
Nas limitações da vida, quais são as razões convincentes, amparadas pela razão, que justifique duas pessoas que se gostam se afastarem?
E eu me esqueci a quantos passos era tua casa. Vontade louca de te ver, caminhei desesperado e agora estou perdido distante de mim mesmo.
Valorizo quem se mostra, independente do que seja, bem mais do que quem finge ser o que não é. Muito crente de terno vai direto pro inferno.
Alternava a intensidade dos passos, com pausas onde pudesse as mãos agarrar algo, mesmo que todo esforço possível não fosse suficiente, mas insistia como se tudo que houvesse ao redor, se tocados, pudessem acrescentar alguma energia que o fizesse se manter em pé.
A oscilação da respiração era pretensão da indescrição da dor. Ainda sentia todo o possível visível distorcido, como se tivesse sido rodado por alguns minutos. Vez após vez quase perdia repentinamente a consciência, e a variação foi interrompida com uma queda ao chão.
Pouco tempo depois, provavelmente alguns segundos apenas, os sentidos voltaram devagar e o silêncio o fazia lembrar de que não fora um devaneio. Recordou-se dos dedos soltando devagar dos móveis por perto até que os últimos que insistiam em não ceder não pudesse sustentar o peso do corpo. O impulso em se levantar foi em vão, então fechou o pouco que tinha aberto dos olhos, dessa vez voluntário e permaneceu alí, numa permissão de auto-reconstrução dos pedaços.
As vezes é preciso ir aos extremos, ressurgir como única chance ao impossível.
Era paz aos olhares alheios de insinuações pouco baseadas na intensidade da realidade. Para alguns preocupação ignorada, e a maioria nem sequer importância davam. Desenhava, entre as grades, pelas faces e tocável céu onde pudesse letras formarem versos, curtos ou longos, mas de expressões decodificadas para clara interpretação da agonia.
Para todos alguém que muito ria, para ele uma alma vazia. Corpo frágil de confinação, tão próximo do enleio mental quanto pudessem se atrair por suas frustrações.
Pouco entendiam do que ele falava, por isso terminava sempre no chão entre as palavras, se pisadas pouco importava, a vociferação ecoava por dentro do ouvido encostado ao chão. Bastava só uma ilusão que os fizesse voltar para onde o desvario lhes assegurasse o não enfrentamento da desolação, mas se afastavam sempre mais da razão.
Os que sempre insistiam na psicose como guia, invertiam as posições, e a coragem ansiava por alforria, que consigo levava e alimentava o prenúncio do amanhecer que nunca via, fosse isso então a confirmação de não mais noite ou nunca dia.
Quando todas as tentativas de caminhar se perderam em alguns passos tortos, e envolto na intensidade de minha angústia abracei a escuridão, senti o sol nascer e discretamente os traços de luz tocaram meu rosto, como se eu fosse parte da razão e vida irradiada.
Ainda que perdido por algum tempo, incito a calma e ajunto desarranjada força, entre quedas e quases me reapoio e insisto mesmo que isso vá alongar a jornada e signifique até a não conclusão da mesma.
É quando afasto os pensamentos negativos em delírio consequente a tantos atos, que de fato nunca foram em otimismo meus amigos, posso crer na ilusão das tentativas, na possibilidade do final florido e do riso singelo; sobre os lados que agora assumem novos significados, e os de antes, agora ignorados, pra só assim manter a minha alma à distância da consciente desistência.
Cruzando a rua em passos desproporcionais a minha pressa, insistia numa demora como se pudesse alongar as probabilidades. O sinal verde possuía dois significados, dependia só de onde estivesse, mas esse era um detalhe que eu parecia ignorar. Fingia desatenção para proteger meus motivos interiores, e esperava ao mínimo uma retribuição de toda essa indiferença. Foram trinta e cinco segundos de êxtase aprofundado a cada pisada ao chão, bloqueando os sentidos como se a mente fosse um barco a navegar calmamente enquanto o mar se contorcia quase a engoli-lo.
Em um raro milésimo de volta a realidade ouvi um estrondo, cortado tão rápido que não consegui distinguir, e pude sentir os pés travarem e ao mesmo tempo tremendo como se quisessem sair dalí.
O instinto me fez abrir os olhos, e antes que eu encontrasse forças para impedir já observava com os olhos abertos ao máximo o que viria a ser meu último momento. Em tempo curto demais pra elaborar qualquer raciocínio, pude sentir um pouco de dor um segundo antes do desmaio.
Não sei a quanto tempo estou aqui. Ouvi vozes que diziam cinco meses e alguns dias, mas a essa altura não consigo diferenciar o que é real ou delírio. As vezes sonho com momentos que meu consciente já não recordava de quando eu era criança e brincava sozinho no fundo de casa. Geralmente é interrompido com a voz da minha mãe me convidando para o almoço, é o momento que eu acordo, mas tudo ainda é tão branco para todos os lados, e passo horas esperando a próxima visão.
Cada vez que me sinto mais fraco não enxergo mais nada, me entrego involuntário sem certeza de que voltarei. A hora da decisão passou, me sujeito agora ao acaso das forças invisíveis sobre o meu fim. Não sei se frustrado ou aliviado, mais uma vez só quero que isso acabe logo.
Deveras, não há maior condenação.
Todo o resto é disfarce, e só aqui regurgitarei os estilhaços cravados por dentro.
Como pontas de vidro dilacerando a carne se esquiva em tempo ambíguo, encontra final vago, ou representa recomeço de histórias repetitivas, da dor esquecida, eterna atormentação.
E as vozes se perdem e se confundem atiradas ao silêncio um segundo antes do pânico.
Estúpida existência, esvazia-se os sentidos e preenche-se de nada todo o vácuo que subsiste por tanto tempo.
Faça dos gemidos obscuros coragem para resignação. Das vazias lembranças desgosto, e todo o sono frenesi perdurável mesmo após amanhecer.
Que toda hesitação seja dilacerada e se perca no pretérito; todas as ruas chãos de remorso, onde a morte se esquive e todos os minutos sejam representação do tormento.
Existem momentos que a melhor decisão a se fazer é recomeçar. Mas isso não significa tudo novo, lugares e pessoas... Talvez esse seja só o meio mais fácil...
O recomeço pode ser explicado como a renúncia do que alimentamos por tanto tempo até nos deixar feridos e com medo. São consequências de escolhas, arrependimento, angústia... Conviver com os erros se torna tão insuportável quanto uma doença terminal.
O que poderia ter sido se tivéssemos escolhido melhor, ou ao menos coragem suficiente pra consertar a tempo?
Nunca fomos bons com prioridades, e quase sempre o orgulho nos torna irracionais o suficiente pra ignorar os avisos do coração. E nada é tão racional do que ouvir o que grita por dentro, porque no final é só isso o que importa.
Perdemos um pouco mais da vida cada vez que nos fingimos felizes em emoções descartáveis.
Transferir o erro ao abstrato, como se fosse do amor a culpa por nossa má interpretação, isso sim sabemos fazer. Nos enganamos, e preferimos caminhar em fila, enganados, do que aceitar nossa condição, ou nos submetermos a vontades maiores que as que movem o mundo.
E é o amor de poucos, ou raras e curtas demonstrações nossas que nos permite enxergar o céu. Mas é ao mesmo tempo tão distante se considerar o quanto nos afastamos de onde seria nosso mundo.
O sentido da vida é o amor em qualquer evidência sincera. O que está fora disso nos afasta de nossa existência e ao mesmo tempo nos deixa tão próximos do inferno que sentimos fazer parte dele.
Na fundura de tamanha incredulidade
Que se desenha entre as marcas da idade
Detalhada nas poucas expressões de calma
Indefinida por sequelas na alma
Confio no amor mas não mereço tal significação
É desencanto por mim mesmo toda vez a dedução
Opróbrio ao presente contrito
Evidência do meu espírito aflito
São todos deslizes de minha confusão
Do meu certo ao fato o desenlace é contradição
Submetido a trajetos desencontrados
Vagando sozinho só encontro o acaso
Esperança improvável subsistiu ao pecado
Quase prostrado a invocar a loucura como desfecho
Da indiferença se ajunta força em relutar
À sorte que um anjo da agonia possa me sarar
E o que é a distância, senão o que fisicamente nos mantém tão longes, como se tantos outros invisíveis motivos já não fizesse isso tão bem?
Submeter-se a profundas sensações não é fácil quando tudo parece conspirar contra. Por isso muitos "quase amor" se perdem no passado antes mesmo de se enraizar e tornar-se suficientemente fortes.
Porque tantas provas a quem se deixa sentir?
Aos que alcançaram singulares expressões do amor, foram além das limitações que a sociedade se esforça em criar como justificativa de seus medos e decepções.
Tudo vai parecer querer dar errado depois que se passa a fascinação pelo novo; a luta mais sublime é nos desvincularmos de nossas próprias paranóias e preconceitos, e assim, quem sabe nem a distância fará diferença.
Quando tudo faz o possível pra nos manter inertes, mudar significa a quebra do destino.
Encarar o que nos machuca há muito tempo pode se tornar o fim da dor. E tragicamente ou finalmente isso marca o início de um novo processo: a readaptação.
Não há garantias em ousar, mas qual o sentido de reviver todos os dias a decepção de um momento? Há mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, e possa ser realmente que apenas uma te complete, mas isso só significa que tu procurou menos que deveria.
Fantasiar os pensamentos de quem ocupa o nosso é inevitável no começo, mas repeti-los todas as noites é tortura. Quase sempre não tem valor porque não passam de acomodar-se a dor. O que se ganha com isso que valha a perda da razão?
Perder o que se deseja pode ser desesperador. Decidir-se sair à procura novamente é agarrar-se a necessários sentidos de existência.
Se o amor é grande... Digo, se ele for a coisa mais pura que você tiver, não o fará algemado a um quarto ou uma lembrança de realidade passada, mas te motivará a buscar doses de felicidade. E elas estão por aí, esperando que as encontremos.
Há sensações tão tristes e desesperadoras quanto ter palavras engasgadas sem poder falar, declarações ignoradas por quem é a razão, ou versos belos e sinceros que recitados ao vento não encontram platéia. É tão igual, e ao mesmo tempo diferente não pensar em nada, não ter nada a dizer, sequer escrever.
É estranho, o ar estranho, a luz, o escuro, tudo fica estranho. Querer ter o que pensar e falar, mas simplesmente não encontrar início, nada relevante ou emocionalmente forte pra querer demonstrar. Daí nasce a melancolia, tão paciente em atormentar, ela acontece naqueles dias que tudo tá tão normal que chegamos a querer que desse tudo errado só pra sair do tédio.
Talvez o silêncio caracterize esse estado, mas se a agonia for insuportável abro mão da lucidez e grito... eles ecoam, já não estou tão sozinho. Se for longe demais, minha solidão vai ser a melhor companhia, e pode ser que eu me acostume a isso.
Eu não sabia ao certo o que fazia as lágrimas, lentas, escorregarem entre meu rosto. Faz tempo não sentia, relembrei o gosto. Foi como se meu corpo continuasse somente, mas meu coração houvesse parado em um momento do tempo, impossível de se retornar, mas tão igual difícil de esquecer.
Chorarei pra sempre quando estiver sozinho, por dentro, ao ouvir tua voz, nas letras das músicas, ao ver tuas fotos e te rever, pensar em tudo não vivido, pelos meus sonhos perdidos e o que foi vencido por entendermos tão pouco.
Uma máscara impede que todos percebam, e será sempre mero detalhe dramático aos olhos. Estou bem, respondo com um sorriso. Tudo se distorce no tempo, que com força devasta nossas tentativas, e o que resta.
Eu sou o resto.
(...)
Como tu está?
(...)
Começa a chover, já estou quase indo embora. É só mais uma noite estranha que tudo que eu mais quero é você.
Hoje eu não vi o sol. Se escondeu antes que eu pudesse observá-lo, e na janela, entre o cinza dos prédios e as árvores, só poucos raios clareando o que eu chamo de mundo, inexistente na ausência da luz. Não somos nada, nem há como tentar ser, se inventamos luz artificial pelo medo que é permanecer no escuro. Há quem diga ser isso perturbação infantil, e erra. Queria saber como seria alguns dias se não houvesse o sol nem a lua, e as estrelas se escondessem de nossa presença de tal maneira que não houvesse distinção de espaço, cores. A energia humana falhasse e todos os esforços de produzi-la dessem em nada, tudo escuridão, escuro. Não voltaríamos a ser crianças, somente nós mesmos perdidos ao desespero e inutilidade, abraçando a incerteza do que nos reserva o próximo passo, a dúvida em redescobrir caminhos já gastados, mas nunca antes trilhados de olhos fechados.
Ligo o som, e aumento. Já faz algum tempo, não me recordo quanto, me perdi entre números que não faziam nenhum sentido. O que importa contar quando há uma voz de dentro que grita tão alto e, posso ouvi-la em qualquer lugar, mesmo com os dedos nos ouvidos e a música muito mais alta?
Confuso, andei em lugares estranhos e as pessoas me falavam de desejos que eu não tinha, e faziam coisas sem saber porque, diziam que eu deveria tentar, que perco tempo demais em descrições. Imaginei quantas histórias escondidas em todas aquelas marcas no rosto e no resto do corpo, diziam mais do que sua boca fechada, olhar devagar, apático, insinuando cansaço, entregue em rotinas que mandam pro inferno todo o mundo. Poderia por horas observar, reproduzir no papel o real sob a minha visão, e seria expulsar tantas lembranças que não se cansam de repetir e se juntar até formar tantos pensamentos desconexos, ou ligados de maneira que raramente entendo.
Decepção e solidão fazem parte de meus passos; e pra onde vai esse caminho? Eu queria anos atrás saber, antes de começar a caminhar, mas agora nem há como parar, já não consigo descansar, não sinto o ar. Já posso dizer que não importa tanto o passado, nem o que me fez chorar aqueles dias por dizer adeus. Eu tô deixando de ser eu pra ser alguém melhor, e talvez assim te reencontre.
Por mais forte que seja o sol, a noite sempre vem, escurecendo tudo que podemos ver e tocar. Até o conhecido se torna perigoso um segundo antes do alívio que antedece a certeza de que era desnecessário o receio - (mascaramos o medo de diversas formas e em palavras como essa). Na escuridão a visão se limita e compromete outros sentidos, que se aguçam na tentativa de ir mais longe. Tocar o impalpável, o fisicamente distante, o mentalmente inimaginável, mas que está lá, involuntariamente, e confunde, consequentemente entristece. Permanece a melancolia quando esses dois sentimentos se cansam de questionar, e não vem nenhuma resposta sequer.
É tentar explicar o inexplicável, ao risco grande de incoerências. No tempo curto indefinido é possível sentir em oposição amor, ódio, alegria, felicidade, mas a dor é somente a dor... não se engana, não se expulsa e nem se conceitua em racionalidade o que somente se sente. Variando a intensidade, mas sempre lá, imperceptível as vezes, acostumamos... Mas machuca quando nem esperamos, em datas que trazem lembranças, lugares que fazem reviver histórias, sons, gestos, olhares, palavras, o vento, céu cinza, a calçada molhada, chuva, poças... e até em detalhes banais estará o que acorda a dor presa dentro de nós.
O que pode ser além disso talvez não faça sentido depois. Bom seria poder repetir sabendo o errado, mas sem lembrar que errou. Um amor depois da dor não é igual ao primeiro amor. Algumas coisas na vida tem impacto tão grande sobre nós, que mesmo depois de tanto tempo só sabemos que nunca vai ser como antes. Minha chance passou, agora eu sou amor e dor.
Solidão é conversar em silêncio, não perguntar por não ter ninguém pra responder, já decorar essa resposta...
A melancolia da madrugada em versos simetricamente tristes, misteriosamente subsiste em ecoar nos meus ouvidos. Não há como correr do que vem de dentro. Qualquer canto não faz cessar o pranto se o choro é interior. Quem vai me dizer que o passado passou? Eu fiquei parado no tempo, disperso num instante, me perdi da vida.
Onde fica o lugar que posso voltar? E seria o futuro como se nunca te conhecesse ou fosse apenas mais uma. Destilo a agonia, insurreto, não sei se são rimas ou só um amontoado de palavras vazias. Posso descrever todos os problemas como posteriores a esse, e mais uma vez teu silêncio me ensurdece. Daria tudo pra adivinhar um pouco dos teus pensamentos agora ou nos momentos de solidão. Dentro de você eu não fui tanto assim, mas sei que tua vida impassível não fez esquecer-se de mim. Todos vagamos por aí à procura de um alguém, invejando os que podem falar e ouvir 'meu bem', é isso...
Desperdiçamos o amor, se esvaziou dos nossos corações e evaporou. Um vazio impreenchível, só o que restou. Quem pode me levar daqui? Me diz, se não for você, se não eu, eu vou fugir para o invisível além de mim. Parece inevitável...
Faz algum tempo que tudo é escuro por dentro e por fora.
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