Um dia a gente aprende
Com o tempo a gente aprende que a grande maioria das pessoas valorizam a falsidade e desprezam a sinceridade...
Já se foi o tempo de bater boca. Depois de experiências desagradáveis, a gente aprende a cair fora e ainda deixar a outra parte sentindo-se estrela.
Entendam, meus netos, é sempre bom aprender com os erros dos outros, porque, quando a gente aprende com os nossos erros, somos nós que pagamos o preço.
Livro Sinto Muito, Meu Amor
Entendam, meus netos, é sempre bom aprender com os erros dos outros, porque, quando a gente aprende com os nossos erros, somos nós que pagamos o preço”. Todos concordamos e ficamos bem atentos, com os olhos esbugalhados e brilhantes olhando para nosso avô.
“Seu Mariano tinha uma pequena venda. Era o único sustento da família. Ele já era idoso e tinha oito filhas. Não tinha nascido um homem na família, e naquele tempo, mulher só servia para casar. Mulher não estudava como hoje e nem se formava. Bem, um certo dia, ele percebeu um senhor que entrava com um saco vazio e saía com algumas coisas sem passar pelo caixa. E isto aconteceu por três dias seguidos naquela semana. No quarto dia, ele chamou o único policial da cidade e mostrou o homem. O policial ficou observando, viu o homem pegar alguns alimentos e sair sem pagar. Ele o seguiu, o homem saiu correndo sem olhar para os lados. Foi quando passou um carro que, naquela região, não era muito comum, e atropelou o homem que corria desembestado. A batida foi fatal. A história correu a pequena cidade até que a viúva apareceu, grávida, com uma menina no colo e outra segurando pela mão. Quando o dono do mercadinho viu, foi até ela e disse:
— Ele estava roubando, senhora.
— Ele estava roubando para alimentar a mim e às filhas. Estamos passando fome. E agora? O que vai acontecer conosco, meu Deus?
— Por que ele não trabalhava?
— Ele trabalhava, senhor, na lavoura, mas foi demitido com a crise, faz seis meses. Meu Deus, ele só queria matar a fome das filhas! Não temos o que comer...
A mulher se pôs a chorar, o choro veio mais forte quando a filha de três anos disse:
— Mãe, diz pro papai levantar que eu tô com fome!
Seu Mariano se colocou no lugar daquele homem. Olhou para as filhas dele, lembrou das suas e se pôs a perguntar se não era melhor ter chamado o homem para conversar; ter, de alguma forma, ajudado a arrumar um emprego em vez de chamar o policial. Ele até sabia de alguns amigos que estavam precisando de empregados. Até ele mesmo precisava de alguém de braços fortes, já que suas filhas não davam conta do trabalho pesado.
O policial, por sua vez, estava sentado debaixo de uma árvore, próximo do local, perguntando-se por que não havia abordado o homem dentro do mercadinho.
O homem foi enterrado no dia seguinte. Depois do enterro, todo sábado, Seu Mariano pedia para o policial levar uma cesta básica para a viúva, tentando, assim, diminuir um pouco a dor da família e seu remorso”.
— Não, vô, que história triste! — disse eu, já em lágrimas.
Carlinhos logo saltou e disse:
— Vô, mas ele não estava roubando? Morreu porque roubou.
— Que é isto, meu neto! Foi errado roubar, mas o preço pago por um pai de família que, no desespero, roubou um prato de comida, foi muito alto.
Livro Sinto Muito, Meu Amor
A gente aprende com os anos
Nem tudo sai como esperado
Meus planos são não fazer planos
Contanto que tenha você do meu lado
Não tenha vergonha
De dizer que não sabe
O que a gente não sabe
A gente aprende
O que a gente aprende
A gente ensina
O que a gente ensina
Vira lição de vida
Demoramos para absorver, mas uma hora a gente aprende que a nossa positividade, infelizmente, nunca mudará a negatividade de quem carrega todas as verdades absolutas consigo.
A gente aprende com os dias ruins
A emparedar as lágrimas e a puxar lá do fim do poço uma centopéia chamada esperança.
A gente tem a falsa sensação de que aprende errando, mas o que te ensina é a dor da ausência, a dor de talvez não conseguir ser melhor. Errar sempre vamos, mas nem sempre vamos aprender com os erros, mas sim com a dor.
É no contato com a/o outra/o que a gente aprende sobre o mundo. Mas é no contato com a gente mesma/o que a gente aprende sobre a gente. Ouça-se. Faça psicoterapia/análise!