Tolerar
Vamos tolerar mais, aceitar mais, respeitar mais? Intolerância religiosa, como todo tipo de intolerância, é prejudicial para qualquer sociedade e vai de encontro a fé.
Não tolerar, julgar e condenar. A cada dia que passa eu descubro que esse é o jeito mais errado de fazer o que é certo, e o jeito mais certo de fazer o que é errado.
Pois essas criaturas são, em sua maioria, maldosas e assassinas por natureza, só capazes de tolerar os outros se se assemelharem a elas, capazes de se massacrarem devido a pequenas diferenças na pigmentação da pele ou no aspecto. Além disso, não toleram as pessoas que não pensam como elas. Embora saibam perfeitamente, em teoria, que a superfície do globo habitado é dividida em, ilhares de zonas, cada qual com seu sistema de crença religiosa ou científica, e embora saibam perfeitamente que é por acaso que algum indivíduo entre eles nasce esta ou naquela zona, esta ou aquela zona de crença, esse conhecimento teórico não os impede de odiar os estrangeiros em sua determinada região, e, se não os molestam, então os isolam de todos os modos possíveis...
(Roteiro para um passeio ao inferno)
Acho que no mundo sobra paciência, tantas barbaridades acontecendo e todos parecem tolerar essas coisas que me enchem os olhos de sangue.
Se você não precisa de homem pra poder comer, andar e respirar, não faz sentido nenhum você tolerar todas essas coisas. Pensa nisso querida.
“Ou nos compreendemos e aprendemos a nos tolerar. Ou nos aborrecemos ao ponto de sermos incapazes de conviver.”
Contrariedades
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve conta à botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais uma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras excepções, merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,
Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
Ea mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulaçãao repugna aos sentimento finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos,
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Estou a fechar um ciclo. Não vou mimar minha hipocrisia, nem tolerar os seus reflexos. Não consigo calar o desejo de minhas cordas vocais de vibrar em correspondência do que pedem as minhas emoções. Não me reprimo mais olhando pro passado. Nem sou mais tão educada de acordo com o que me ensinaram nele. Estou de acordo comigo mesma, confiando em minha sensibilidade. Creiam-me, sensibilidade. O passado é uma farsa boa. O presente, um presente, desconfortável, pois é exato, nãoexcita a esperança, ou expectativas quando se entra nele de corpo inteiro, sem um pé no futuro e um braço no passado.. É roupa justaa, feito para as suas medidas atuais. Existe ilusão que não se pode tocar, e tudo o que não se pode tocar é o que a gente mais quer. Não estou à procura de degrais para subir. Caminhamos lado a lado, quer seja de mãos dadas ou não. Vocês, o meu ego, bem sabem, e isso só está fazendo doer, já que agora é que realmente me vejo.
Como podemos viver tendo que tolerar tanto ? Será que um dia sufocarei ? As vezes gostaria de ser sincero em tudo e com todos, sobre o que sinto, o que penso, o que gostaria. As tradições, as pessoas, as circunstâncias, a opinião(pública) alheia, são tantos CALA A BOCA, como tem sido difícil viver em sociedade nos dias de hoje. Me sinto extremamente desanimado com esse quadro.
Aprendamos a tolerar para que sejamos tolerados. Não conserve ressentimentos. Desculpe ofensas, sejam quais sejam, colocando os assuntos desagradáveis no esquecimento.