Tiro no Escuro
Tranco-me em meu quarto como quem procura se esconder das estrelas, há saudade em cada brilho e em cada brilho uma recordação distante. No escuro, tudo se torna um. Mas trancar-se é inútil, pois quando vier o dia as estrelas então serão meu guia.
Tem ateu que diz que os cristãos são pessoas infantilizadas que têm medo do escuro. Do escuro eu já tive medo, hj me sinto confortável no escuro. E agora também perdi o medo da luz.
Vejo o escuro.
Somente o escuro realmente enxergo,
sem ruídos multicoloridos.
Ouço o silêncio.
Somente o silêncio posso ouvir,
sem ruir em ruídos.
Apenas mais um dia
Muitos dias levanto
e apenas sigo indiferente
não vivo e nem canto
muito menos acordo contente
Entre idas e voltas
sorrisos e lamentos
mares e revoltas
vazios e tormentos
Somente me vejo no escuro
não há claro por perto
nem há nenhum muro
que eu possa escalar de certo
Apenas vazio
por dentro do meu eu
uma alma posta ao frio
que pouco a pouco apodreceu
A solidão e um livro onde o tema e morte, a capa e escura e quando se ler aprende a lidar com os mais misteriosos sentidos da vida.
Meu coração diz "que sim"
Minha mente racional diz "depende dela"
O tempo diz "talvez"
Ela diz "não saber"
Você apenas torce pra dar certo
Os amigos dizem "que pode dar certo"
E no fim apenas meu coração diz sim
E a Bíblia fala que o coração é traiçoeiro.
A consequência é eu no meu quarto sozinho chorando e escrevendo sobre a solidão e sobre o amor que já não sei mas se consigo entender.
Quando entro na sala de aula é como se a luz apagasse para alguns. Sou tão invisível, que no escuro dos olhos cegos, as pessoas fazem coisas horríveis. Confiantes em minha neutralidade, se acham sem punição. Então, repousam na segurança de quem também está invisível. Mas, Por que eles querem que eu os veja em seu estado de ignorantes? Os despudorados!
O que te torna interessante não é o que você é por fora, mas sim o que você carrega por dentro. É o oceano profundo de tudo que faz você ser você, que é atraente.
Na noite
encontramos o desejo,
o calor,
o toque,
o beijo
que acelera nosso coração.
A mão
que percorre o corpo,
o desejo
de sentir,
de gritar,
de ouvir.
O corpo
cada vez mais perto,
mais único,
mais entrelaçados
pelo abraço
que nos tornava um
Nos passos da morte,
no toque frio
da noite escura
todos definhamos,
a passos lerdos
do inevitável.
MIÇANGAS DIVINAS
"Em comprimidos pares de ternuras descascadas
Soei do vento a vista obnubilada por miúdas combustões
Jorradas para vencer a castidade do meu estômago
Sugado por ímpares consternações.
Destemi canduras em ombros embevecidos,
Titubeei por encarnar na vizinha tormenta
Empoçada no sopro acalmado
O escuro descontente que ocultou a empunhadeira dourada,
Que me custou imergentes sevícias.
E ao misto pingo do fígado imolado,
Controlei-me com miçangas divinas
E engavetamentos aportados,
Enquanto meu arco bailado se aliviava
Com imperatrizes bizantinas pelejadas
Em crentes encontros
Com minha estatura afunilada."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
