Tiro no Escuro
Esconderijo
Hoje não há mais troca de olhares, as pessoas se escondem atrás de seus óculos escuros e películas pretas dos seus veículos
Hoje não há mais troca de elogios calientes e respeitadores, as pessoas se escondem atrás dos seus fones de ouvido
Hoje não há mais abraços de urso e carinhos, as pessoas se escondem atrás de roupas de grife, máscaras e atitudes vazias que não são preenchidas com nada metafísico
Hoje as pessoas não sabem AMAR, se escondem atrás de traumas, síndromes e vitimismo, mas não sabem que o melhor ESCONDERIJO sempre será dentro de um abraço que te ama
"As folhas do Outono, já davam aquele tom frio, escuro e lúgubre, ao solo do pequeno cemitério da cidade.
Foram poucos, os que apareceram, é verdade.
Mas de pouco adiantava, a presença dos que o conhecia, naqueles momentos de infelicidade.
Alguns transeuntes, paravam para confirmar, se era mesmo realidade.
Uns suspiravam de alívio, por pensar, que a pequena cidade voltaria à sua normalidade.
Outros, vislumbravam o caixão do velho, ao longe, com um misto de desdém e curiosidade.
Houve, também, alguns sorrisos, como se tivessem se livrado de uma praga, livrado a cidade da insanidade.
Não houveram lágrimas, não houvera luto, o que se percebia, era uma certa felicidade.
Ao fitar o velho, em seu eterno descanso, notei um uma expressão de serenidade.
Como se realmente, pela primeira vez em séculos, após uma vida tão tribulada, em seu leito de morte, finalmente descansasse.
Fiquei sabendo, alguns anos mais tarde, que morrera com os seus trinta e três anos, embora, não aparentasse.
As mazelas da vida, a ausência daquela mulher, fizera com que o algoz e inexorável tempo, o maltratasse.
Ela, pelo contrário, era somente três anos mais nova que ele, tinha uma pele que daria inveja a qualquer anjo, parecia, ainda, permear a puberdade.
Seria pecado, até mesmo vislumbrá-la, resolveria com o próprio Deus, o homem impuro, que a tocasse.
Quando no enterro, ela fora vista na cidade, chorando como uma criança, em uma antiga esquina, embaixo de um ipê rosa, que devido a estação, a muito já perdera a sua folhagem.
Narraram-me, posteriori, que foram a seu socorro, tentando afastá-la do pranto, tentaram descobrir qual o mal, acometera à tal beldade.
Ela não quis dizer, enxugou as lágrimas e nunca mais fora vista arrabalde.
Encontrei-a, cantando uma canção melancólica, em um velho teatro, anos mais tarde.
Perguntei-a: '- Não tentarás ser feliz novamente? Ele não iria querer assim, acabarás como ele, mergulhada nas amarguras, nas lembranças, nessa cacimba de insanidade.'.
Ela fitou-me, com aquele negror de olhos, mergulhados em lágrimas, que ela lutava para que nenhuma, se derramasse.
Era inenarrável, o belo e atemorizador rubor, em sua face.
Embalada em tristeza, ela me disse: '- Já fui feliz, hoje, minha felicidade, está enterrada naquele cemitério, com um véu de folhagens; fui feliz naquele casebre, naquela cidade.
- Não valorizei a minha felicidade, abandonei-a, das mulheres, fui a mais covarde.
- Então Deus a levara de mim. Céus! Que maldade!
-Restara-me, apenas, a viuvidade.
- Infelizmente, agora é tarde.'.
Ela saiu aos tropeços e esbarrões; não a segui, não existem palavras de conforto, para a alma presa à uma vã realidade.
Mas ela estava certa, para o desalento de todo aquele que ama, tudo o que dissera, era a verdade.
Hoje, rogo aos céus, para que Deus, dê à alma do velho, descanso e serenidade.
Prostro-me de joelhos, para que Cristo, daquela bela moça, tenha piedade.
E ao cair da noite, me indago sempre: Os amantes jazem nos cemitérios; e os amores, aonde jazem?- EDSON, Wikney - Memórias de Um Pescador, O Cemitério da Cidade
"A fé em Deus não é um passo no escuro e sim uma decisão para um passo firme num parque iluminado pela luz do Espírito Santo."
Nofrinho Motorista
Todo rosto bonito, sempre esconderá um lado escuro, tem pessoas que você não dá nada, mais faz macumba até pra quem olhar duas vezes nos olhos. Acha que a maldade é sua amiga pessoal, mais esquece que a Lei do Retorno não deixa nada para depois.
**Utópico Amor **
Tememos a solidão como tememos o escuro,
mas não é o escuro que nos assusta,
é o que ele pode revelar em sua sombra silenciosa.
E se, perdida na solidão, eu encontrasse a liberdade,
essa estranha que não sei como abraçar?
Há um desconforto em descobrir a verdade crua:
a felicidade que tanto busco não está lá fora,
mas escondida, tímida, dentro de mim.
Ainda assim, tantos se agarram a esperança utópica
de que em algum canto do mundo exista um encaixe perfeito,
alguém capaz de preencher seu vazio,
a tão sonhada metade perdida da laranja.
Que insanidade!
Não poder culpar o outro por minha falta de alegria,
não poder terceirizar a tarefa de me completar.
E se o segredo fosse olhar para dentro,
encontrar no meu próprio reflexo
as respostas que deposito nos outros?
Compreender que o outro é extensão,
não fonte, não essência.
Que essa paixão que tanto me embriaga,
esse êxtase químico—adrenalina, dopamina, serotonina—
não passa de um teatro do meu corpo,
uma necessidade disfarçada de amor.
Que tristeza e beleza há nessa criação eloquente,
que nos faz acreditar em algo tão ilusório.
Num canto escuro, a menina chora,
Coração apertado, sentimento implora.
Cansada de ser segredo, sombra no luar,
Ela anseia por um lugar ao sol, por se mostrar.
Seu amor é puro, verdadeiro, intenso,
Mas vive escondido, preso em silêncio.
Nos olhos dela, um mar de dor contida,
Deseja ser vista, amada, não escondida.
Em cada abraço, uma promessa quebrada,
Palavras de amor, mas ações caladas.
Ela quer ser assumida, sem medo, sem receio,
Ser parte da vida, sem se esconder no meio.
A dor de ser segredo, de ser história oculta,
Machuca o coração, cada dia mais à luta.
Ela grita em silêncio, anseia ser ouvida,
Quer ser assumida, não mais escondida.
Ser amada à luz do dia, no brilho do olhar,
Caminhar de mãos dadas, sem precisar se calar.
Porque amor é para ser vivido, livre e pleno,
Não para ser escondido, num canto pequeno.
Amor verdadeiro merece ser revelado,
Em cada olhar, em cada ato, celebrado.
Que ela encontre a coragem, a força, o momento,
De ser assumida, sem mais tormento.
Máscara de Cores
No abismo do fundo escuro,
um rosto emerge, translúcido e puro.
Linhas vibrantes dançam sem fim,
tecendo segredos de um ser em mim.
Círculos que gritam em cores,
emolduram silêncios, ressoam dores.
Nos olhos, estrelas tímidas a brilhar,
contam histórias que não vão calar.
No centro, o preto abraça o caos,
o coração partido que insiste em ser farol.
Entre luzes e sombras, a alma se refaz,
cobrindo o vazio com o arco-íris da paz.
HMT
Amanheceu!
O sol não apareceu.
Tudo escuro e frio.
Não sei se ele voltará a brilhar.
Eu esperava e ainda acreditava em dias ensolarados e de muito calor.
Talvez eu tenha morrido.
Mas como poderia morrer se ainda tinha tanto para viver?
Eu morri!
Amar-te é como mergulhar no abismo
sem medo de me perder.
É saber que, mesmo no escuro,
encontro em ti a luz de quem sou.
É desejar o impossível,
e ainda assim, sentir que tudo é real.
É um silêncio que fala mais que palavras,
um amor que não tem início nem fim,
só eternidade no agora.
Para: Ana.
Um dia fui triste,
Um dia fui feliz,
Mas, sendo triste ou feliz,
É no olhar escuro da moça preta que me perdi.
O brilho que reflete no seu olhar,
Carrega segredos que o tempo não pode calar.
Nos seus olhos, vejo histórias de dor e força,
Onde a beleza da vida e a luta se enroscam, se entrelaçam, se tornam nossa.
Fui feliz em momentos fugazes,
Mas, no olhar dela, há algo que me traz
Uma paz profunda, mas também um abismo,
Onde me perco, sem entender o ritmo.
A moça preta, com sua história e dor,
Carrega no olhar um mundo de amor.
E é ali, nesse instante, que tudo se dissolve,
Entre a felicidade e a tristeza que se envolvem.
Minha criança
Eu fui criado menino buchudo.
Não tinha medo de nada
Do escuro, da chuva ou papangu
Cresci assim
Como Deus criou batata
Em meio aos jogos de bola de gude
Futebol, gata maga, enfinca, barra-bandeira
Amarelinha...
Sim, amarelinha!
Qual o problema?
Ouvia Gonzagão de mamãe na vitrola do vinil
Contos que noite a noite conta da saudosa rádio cariri.
Tomando banho nos barreiros de água barrenta e enlameada
Nu, no frescor da inocência.
À noite batia um prato de tambica antes da reza que era irrefutável na cosmo visão de Paim.
No dia seguinte, os pés amanhecia limpos e mamãe dizia que era o capiroto que lambia
Só assim lavamos os pés antes de dormir pelo menos por alguns dias.
Talvez não fosse recomendado para a saúde física.
Mas, de certo, era lenitivo à alma.
Saudade do meu tempo de criança
Passado que não se encontra mais.Nicola Vital
A vida tem um jeito estranho de se infiltrar no caos. Quando tudo está escuro, surge algo que nem deveria fazer diferença, mas faz. Talvez seja isso que chamam de esperança: não a solução definitiva, mas uma interrupção sutil que faz você perceber que ainda há movimento, mesmo no pior dos momentos.
No escuro da madrugada, os monstros dançam ao redor da minha cama, em uma balada de terror constante. O barulho silencioso que fazem é ensurdecedor. Suas músicas favoritas? Meus pecados, meus erros — a mais tocada da madrugada são minhas escolhas erradas.
Em meio a tantos textos escritos,
Me perco na sinuosa curva do teu olhar.
No labirinto escuro, minha sina é te encontrar.
Que os traços marcados na pele
Sejam sinônimos de um lugar.
Talvez sim, talvez não,
O importante é se encontrar.
No escuro da vingança, onde a mágoa se alimenta e o desejo de retaliação pulsa, ergo a bandeira do "olho por olho, dente por dente". Cada afronta, cada lágrima, é um combustível para a fúria que arde em meu peito. Não recuarei, navegarei nas correntes turbulentas da justiça que exijo.
Não é preciso ter medo do escuro. Não é preciso ter vergonha de chorar. Não é preciso ter culpa de errar.
Churrasco, cerveja, conhecidos... Mas por dentro sinto-me sozinho. E às vezes também é tudo escuro e frio. Whisky, Gin e vinho... música alta para preencher o meu vazio. Mais um cigarro. Mais uma dose. Mais uma foto com a gente. E sempre estamos querendo mais... Às vezes a gente sorri mas não está contente. E no final a gente só quer um pouco de paz! Hoje não bebo pra comemorar. Bebo pra esquecer os meus problemas e tudo mais que atormenta minha mente. Tudo destruído por dentro da gente mas fingimos estar tudo bem por fora. Às vezes a gente fica mais quer ir embora. E perguntamos para nós mesmo: E agora?! O teu corpo dança mas a tua alma chora. Há barulho e conversa lá fora. Mas há tanto silêncio em você... Silêncio em mim. Mas não é o fim! Ainda não! Dentro de cada coração as suas dores, os seus medos... Quanta confusão?... Quantos segredos? Ilusão! E assim, às vezes a gente segue errante seja onde for... Eu também já não jogo e nem aposto. Disso também eu já não gosto. Por que da última vez em que eu apostei eu apostei em ti. E eu só perdi. E me esqueci que a casa sempre vence. E entendi à duras pena que não é qualquer coisa que já me convence. A dor que sinto já não tem tamanho. Às vezes eu te perco. Às vezes eu te ganho. Perdemos muitas coisas, muitas pessoas pela estrada... Às vezes achamos que já não nos resta nada. E às vezes pensamos que já não temos mais nada a perder. Mas pode ser que temos muito a ganhar! Vamos comemorar pelo que ficou! A festa ainda não acabou! Agora tanto faz! Hoje é só um dia a mais! Vamos rir para não chorar!... Vamos esquecer e dançar?!...
