Tiago de Melo Poesia
E então você me olha com aquela cara, como se quisesse dizer que eu sou o único amigo que ouve sobre seus casos, seus medos, suas dores. Me olha, desabafa e desaba. Mal sabe que, na verdade, quem desaba por você, por dentro, sou eu, todos os dias, todas as noites.
Eu sei que vai ser sempre assim. Mas eu me engano, às vezes. Daí aparece uma pessoa do nada, mexe comigo e então eu fico exausto de fantasia. Vou e invento uma coisa que na realidade nunca existiu, que não é. E vivo aquilo, só daquilo, porque a ideia de estar sozinho chega a ser insuportável.
Eu tenho uma capacidade incrível de me apaixonar por quem eu não devo. De sofrer por quem me despreza. De pedir perdão mesmo não sendo o culpado (...).
Eu já sai dessa. Não dá mais pra continuar com essa sensação de velhice e desânimo. Há uns três meses praticamente não saio de casa, fico enjoado com tudo, tomo ódio de tudo. Perdi o contato com as pessoas que eu considerava interessantes, fico vivendo de um jeito que não é pra ser. Uma vida toda interna, lendo, pensando, maquinando, escrevendo, ouvindo música melancólica o tempo inteiro. Daí, então, hoje percebi que me sinto bem... Não dá pra explicar. Lá fora tem muita nuvem azul e anda fazendo o maior sol.
Já não sinto mais aquelas dores de antes. Não choro mais. Não sei o que é dentro, o que é fora. Tá tudo seco. Eu já não sinto nada, o que é ainda pior.
Eu pensei que esse vazio por dentro fosse o limite. Não sabia que poderia existir alguma coisa após isso, além disso.
(...) Daí passei a evitar conversa com os meus amigos sobre este assunto. Também evitei lembrar disso antes de dormir. Porque dói saber que algumas coisas vão e não voltam.
Gritei, discuti, bati bastante porta. Mas não vale a pena. Hoje, vejo que foi desnecessário. Passei a ter vergonha de mim por essas coisas. Decidi me poupar mais.
Mas não pode ser assim. As pessoas não podem ser vistas como sacolas descartáveis. Usadas e depois jogadas fora.
Tenho tentado ser mais humilde ultimamente. Parei com esse negócio de sair dizendo meia dúzia de desaforos, agredindo todo mundo. Fui bloqueando, aos poucos, alguns comentários mesquinhos, pequenos, infelizes e destrutivos. Foi preciso mudar.
Não gosto de ouvir as pessoas falando em coisas que não foram, que não deram certo. Penso que a dor é exclusiva minha. Sou egoísta nisso. Gosto mesmo é de ver pessoas felizes, histórias dando certo, olhos brilhando de ansiedade. Eu não combino com isso, sou caso perdido.
Na terça eu já tinha pensado sobre isso, mas só agora decidi que não vou perder tempo me envolvendo com pessoas que não sejam para mim, que não tenham nada a ver. Meu foco agora não é esse.
O único pesar que jamais será curado é que a minha agenda de endereços de amigos, vizinhos e parentes está emagrecendo. O passar do tempo tem isso, sabe?! Você vai perdendo muita gente. Às vezes quando menos se espera. E olha que eu ainda nem cheguei aos 30.
Sinto muita falta, saudade e um nó estranho no estômago que antes não acontecia. Mas tem uma vozinha dentro de mim, de intuição, me dizendo que devo seguir em frente, não posso voltar atrás, porque já deu e o meu destino agora é esse. Não posso e nem devo tentar mudá-lo.
E então, meio que desesperado, encerro a ligação o mais rápido que posso porque tenho medo de falar umas besteiras. Porque eu não sei se você me espera da mesma forma como eu espero você.
Fui mudando pequenas coisas em mim nos últimos tempos, que quando me dei conta, eu já enxergava outra pessoa em mim. Desencanei de alguns erros e já não me exijo tanto. Houve um tempo que eu lamentava muito pelas coisas, hoje eu não sofro mais por besteira nenhuma.
Fiquei. Mesmo sabendo que era errado, eu fiquei. Fiquei e ficaria em todas as oportunidades que houvesse.
(...) E quando volto a pensar nisso, vejo as cicatrizes enormes que ficaram. Uma mais profunda que a outra. As piores são aquelas estagnadas na alma.
Às vezes passa um pouquinho. Tento respirar devagar, deito a cabeça no travesseiro e durmo pra tentar esquecer. Quando acordo, volta três vezes maior. Então vejo que ainda não passou. Não passou e acho que não passa nunca.
Fica tranquilo. Não foi nada. Juro. Deu saudade, vontade de ter por perto, de abraçar até não aguentar mais, só isso. Que agora bateu tanta saudade.
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