Tiago de Melo Poesia
A arquitetura do caráter se ergue não sobre intenções, mas sobre a fundação cotidiana de pequenos hábitos.
O melhor de mim não é a soma de minhas glórias, mas sim o resíduo digno que restou após o pior dos naufrágios.
A dor se torna eterna quando lhe negamos o ofício de parteira para o nascimento de uma versão superior de nós mesmos.
Minha reconstrução diária é um mosaico sagrado feito com a cuidadosa reutilização dos destroços que o tempo insiste em chamar de passado.
Perdemos a vida tentando mapear o oceano da nossa alma para quem só possui a capacidade de navegação em águas rasas.
A Fé é a única cartografia que se prova funcional quando todas as coordenadas humanas apontam o abismo como destino inevitável.
Deus não tem a promessa de anular o obstáculo, mas de fortalecer a articulação que se dobra em busca de socorro.
A oração não é uma chave que altera o destino, mas uma infusão de potência na espinha dorsal de quem precisa cumpri-lo.
O Escudo Divino não é forjado em metal, mas em uma Paz irrazoável que desarma a lógica do desespero.
O terror não reside na intensidade da tormenta, mas na secura da alma que se recusa a invocar a Fé no meio do caos.
A melhor tática de defesa é a convicção muda de que o Altíssimo supervisiona cada passo na retaguarda do nosso front.
Enquanto o mundo vocifera a exigência de força, a Fé sussurra a coragem paradoxal de se render ao pedido de ajuda.
O Silêncio de Deus é a resposta sutil de que o Mestre está, nos bastidores do impossível, movendo peças que não cabem à nossa visão.
O Milagre diário é o sim renovado à jornada, quando todas as circunstâncias gritam o óbvio e a alma escolhe a permanência n'Ele.
A Luz da Fé não dissolve a noite, mas providencia o fio de prumo para caminhar na escuridão sem cair no fosso da desesperança.
O medo é o custo da negligência da alma, o sintoma visível da oração que foi insistentemente adiada.
O descanso em Deus é o ato subversivo mais potente que um espírito à beira do colapso pode declarar contra a tirania da ansiedade.
Das quedas, fiz minha escola. Dos pedregais, desenhei um novo caminho e das vezes em que precisei me erguer, aprendi que a vida é um paradoxo tênue, entre a dor que fere e o recomeço que cura.
Sou o sentinela e o prisioneiro de uma guerra que nunca cessa. No tribunal noturno da mente, cada lembrança esquecida retorna como testemunha hostil, expondo minhas feridas com uma precisão cruel. O silêncio, esse juiz disfarçado de paz, sentencia-me a reviver o que tentei enterrar. Quando os pensamentos se libertam, tornam-se lâminas: cortam sem aviso, rasgam o que o tempo tentou cicatrizar. A sombra, paciente, estende sua mão, prometendo descanso em troca da rendição. Mas há em mim uma centelha teimosa, um lampejo que recusa a dissolução. Assim sigo, numa vigília interminável, onde a lucidez é tanto escudo quanto lâmina. Cada instante é um duelo, e cada suspiro, um veredito suspenso entre a luz que sangra e a escuridão que observa.
A verdadeira resiliência não é parar de sentir, mas aprender a caminhar com o chão ainda úmido das lágrimas.
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