Tiago de Melo Poesia
A disciplina me protegeu de fantasmas antigos, eles bateram à porta e encontraram rotina, a rotina não abre sem convite.
O perdão foi estratégia de sobrevivência, perdoar não apaga, organiza o futuro, livre ando sem correntes.
Não temo o recomeço, o entendo como oficina, voltar ao início é oportunidade de melhor projeto, recomeçar é técnica, não tragédia.
Aprendi a escolher batalhas com critério, não entro em todas as lutas, seleciono propósito, a economia de guerra poupa forças.
A gratidão que guardo é pragmática, reconheço e retorno, rego o favor com trabalho e fidelidade, assim a corrente não se rompe.
A experiência é meu patrimônio líquido, não se perde no mercado das palavras, rende decisões melhores a cada dia.
O desprezo alheio virou combustível discreto, usei-o para polir minha determinação, hoje ele alimenta minha calma.
Não confundo paciência com acomodação, paciência é tática, acomodação é rendição, sigo paciente, jamais entregue.
O respeito próprio nasceu do enfrentamento, não é soberba, é limite sadio, mantenho nele meus passos.
A miséria de ontem virou subsídio, reapliquei o que aprendi em valor, meu capital é a lição aplicada.
Quando a sorte faltou, inventei processo, o processo substitui a sorte com hábito, hoje sou fruto dessa construção.
A pressão afinou meu caráter, a pressão não me quebrou, me acertou, hoje tenho menos sobra de vaidade.
A disciplina foi o músculo que treinei, quando nem eu acreditava, a prática falou, agora o corpo do ofício é robusto.
O silêncio do fracasso virou silêncio do triunfo, o som mudou, mas o rigor permaneceu, sigo com o mesmo trabalho, outro fruto.
A fé que me move é tangível, trabalho, rima e rotina, não espero milagres sem esforço, sou artesão da própria sorte.
A esperança virou plano de ação, cada esperança ganhou etapas práticas, assim o sonho virou tarefa cumprida.
Conheço a fome, do corpo e da alma. Uma seca os ossos, a outra esvazia o coração. Que nunca encontrem morada em mais ninguém.
Sou entulho empilhado, fragmentos sem forma. Às vezes, tapo buracos, nivelando terrenos alheios. Às vezes, sou relíquia de um tempo em que servia a algo maior. Mas o outrora passou, e em mim só restam vestígios.
Ouço melodias melancólicas não como distração, mas como constatação. O que para muitos parece repetitivo ou desprovido de vida, para mim é a tradução mais lúcida do existir. Cada tecla do piano, em sua cadência transcendental, não apenas sugere tristeza, mas expõe, com rigor quase científico, o estado real do meu espírito.
- Relacionados
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- Frases de Raul Seixas para quem ama rock e poesia
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados
- Primavera: poemas e poesias que florescem no coração
