Tiago de Melo Poesia
Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.
Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.
A vida, quando é miserável, custa a suportar; se é feliz, é horrível perdê-la. Uma coisa equivale à outra.
Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?
Os homens, tão enfadonhos quando se trata das manobras da ambição, são atraentes ao agirem por uma grande causa..
Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.
O mistério em que envolvemos os nossos desígnios revela muitas vezes mais fraqueza do que discrição, e com frequência prejudica-nos mais.
Quando um pensamento é fraco demais para vestir uma expressão simples, isso é o sinal para rejeitá-lo.
É um gládio perigoso o espírito, mesmo para o seu possuidor, se não sabe armar-se com ele de uma maneira ordenada e discreta.
Os escolares preocupam-se em segredo com o mesmo que preocupa as raparigas nos internatos; faça-se o que se fizer, elas falarão sempre do amor, aqueles das mulheres.
Censuram-se severamente defeitos à virtude, ao passo que se não poupa indulgência para as qualidades do vício.
Um versificador não considera ninguém digno de ser juiz dos seus versos; se alguém não faz versos, não sabe nada do assunto; se faz, é seu rival.
A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua omnipotência muscular.
A maior parte dos males e misérias dos homens provêm, não da falta de liberdade, mas do seu abuso e demasia.
Os bons presumem sempre bem dos outros; os maus, pelo contrário, sempre mal; uns e outros dão o que têm.
Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuímos a sua fonte dentro de nós mesmos.
Os homens enganam-se miseravelmente quando esperam encontrar a sua felicidade, mais na forma dos seus governos que na reforma dos seus costumes.
O remorso é no moral o que a dor é no físico da nossa individualidade: advertência de desordens que se devem reparar.
Os homens, para não desagradarem aos maus de quem se temem, abandonam muitas vezes os bons, a quem respeitam.
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