Textos que Falem eu Nao Vivo sem Voce

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CORPOS SANTOS
Acho que ainda não é meia noite,
Quem dividiu a noite eu não sei,
Mas está tudo bem silencioso,
Está meio medroso, o carro preto veio...
Todavia eu procuro umas palavras,
Eu procuro umas palavras,
Umas palavras eu procuro.
Além do muro onde me escondo
Um mocho grasna seu agouro fúnebre,
Esse silêncio tenso tem o timbre do mais triste escuro

O carro preto... o carro preto às vezes é prata,
Às vezes é vermelho, as vezes é branco
Para cobrar vem como um raio
Vem como um relâmpago

Acho que ainda não é meia noite e o pipocar da vida
Abrindo feridas em tantos corpos santos;
Jazem no asfalto anjos sem mantos sob a luz da lua
Seus corpos tatuam pra afastar o medo
Eu procuro palavras... eu procuro palavras
Pra descrever a morte

Acho que ainda não é meia noite...
Quem dividiu a noite pra mim ainda é segredo
Nesse contexto. me parece, morrer é muita sorte
E viver não passa que morrer de medo

Inserida por tadeumemoria

A LUA E AS ESTRELAS
E se eu não tivesse um sonho
O que eu componho
Mentiria
Mas a ilusão
Que me ergue como um pêndulo
Acalanta a fantasia
Já sei ser triste
Nesse vai e vem,
Nesse balanço
É triste ser feliz, eu já fui triste um dia...
Amanso o meu espírito com tua presença,
Com a tua voz eu danço...
Tua voz é melodia
Eu sou tão triste...
Noite passada,
Passada a noite,
Passadas e mais passadas
De mim mesmo
Eu te vejo num luau
Sob tudo que tem sobre tua cabeça
A razão que te devora
De fora pra dentro
De dentro pra fora
Você é tão feliz... e isso é triste
você tem tudo
Mas você não sabe o que é ter a lua e as estrelas...

Inserida por tadeumemoria

Pelos contos que eu não conto
Dá um desconto ao meu silencio
Não conto dos versos tristes
Não conto da estrela cadente,
Dos girassóis reluzentes
Que reluzem nos meus contos,
Não conto do meu silencio
Pois assim não o seria,
Não conto da minha alegria,
Que não valem nem um conto,
Pelos contos que eu não conto,
Conto pelos e apelos
Só não conto meus segredos
Pelos contos que eu não conto

Inserida por tadeumemoria

O ANO PASSADO
Depois do meu milésimo ano...não, eu não sou nenhum vampiro, muito menos Matusalem, só conjecturo sobre vidas passadas que provavelmente possa ter vivido. só queria uma lembrança mais marcante do ano passado; é exatamente isso, o ano passado; não ao pé da letra, não literalmente. Sabe aquela foto desfocada que amarelou e você tenta decifrar os detalhes, mas o perfume daquele tempo ainda invade as tuas narinas... ah, o ano passado! assim a Aldeota deixou aquela fragrância em mim; suas torres perfuravam meu coração, seus condomínios que encarceravam meus fantásmas, seus prédios que usurpavam minhas paisagens; baby sitters que me seduziam ou só abusavam do meu encanto. O ano passado, quando na foto você percebe que aquela roupa era ridícula que o penteado era brega, mas uma magia fascinava tudo romanticamente, pois ainda havia a esperança, a ilusão de que tudo teria melhores perspectivas, não é o caso desse nosso presente... então percebemos que o ano passado foi melhor e que o ano anterior ao ano passado foi melhor ainda. Acumulamos decepções, desilusões; os sorrisos parecem mais deboches, os gestos, uns escrachos e a realidade caminha capenga e escarpada como uma ameaça ao que tínhamos de esperança.
Ainda me levanto pela manhã crendo que um anjo refrigera a brisa que bate-me no rosto e seus raios de sol doura nos a pele como um consolo ao que de imbecil espora nos as costelas e presenças nocivas que me fazem querer de volta o ano passado

Inserida por tadeumemoria

ADEUSES
Ainda não falei sobre os adeuses...
as vezes era noite, as vezes era dia, as vezes eu perdia a noção do tempo,
ou eu ainda não tinha noção de nada...
hoje diria que perdi muitos outonos, que despetalaram as primaveras, ou talvez atordoado... tantos "jabs" me deixassem grogue, e eu olhasse cuidadosamente as dependências farejando qualquer resquício de uma presença, de uma ausência num utensílio numa peça de roupa esquecida. A solidão sempre faz surgir fantasmas pelos corredores, barulhos de passos, sussurros, um grilo impertinente, até que o espelho da penteadeira reflete as lágrimas tardias que não caíram no momento da despedida. Xícaras copos, pratos, colheres e migalhas silenciam o colóquio dos últimos momentos de despedida; fica então, tudo tão quieto, e uma brisa vinda não se sabe de onde sopra fria...

Inserida por tadeumemoria

⁠Triste eu não fico
Eu dou qualquer motivo pra felicidade
Eu canto uma canção de amor,
Eu planto uma flor, eu faço uma viagem
Que solidão que nada, eu flerto com a lua
Paquero as estrelas até de madrugada...
A minha namorada ainda não é minha
Mas sorrir e se despe enquanto
Caminha suave na minha direção
Nos momentos mágicos das minhas fantasias...
Ou na monotonia da minha solidão

Inserida por tadeumemoria

⁠Sempre digo pra mim mesmo
que não é fácil ter setenta anos anos
meus documentos não dizem que eu tenho setenta anos...
mas quando eu tinha trinta eu já imaginava isso,
as lembranças pesam, as saudades machucam,
acho que já tenho oitenta; olhando adolescentes de hoje
penso que já nasci adulto, eu não fazia muito barulho,
eu não achava tudo engraçado, eu me encantava com as manhãs,
com o céu azul e as colinas, eu gostava de pensar,
não nas coisas que os adultos de hoje pensam,
talvez eu não seja normal, penso que já tenho cinco séculos...
quem normal pensaria que é eterno, quem normal pensaria que é Deus

Inserida por tadeumemoria

⁠O que é solidão?
Eu não sei... está tudo tão escuro, tão silencioso.
Saudades?
eu tenho da saudade que eu tinha...
e agora eu não tenho mais.
o que eu sinto agora não tem nome,
não tem referência... é longe do longe,
vazio no vazio, frio no frio e indiferente
Sua referência é referência nenhuma;
solidão? eu não sei...
está tudo tão escuro, tão silencioso
pelo menos até que júpiter cante anunciando a matina...

Inserida por tadeumemoria

⁠Eu ainda não me entendo,
como pedir compreensão;
ainda não me percebo,
como pedir crepúsculos,
ainda não sei o que é amor,
onde e quando o amor faz bem ou mal,
a beleza se perde no fascínio de olhar,
mas perceber e intuir desencanta;
não é a solidão que nos faz sós,
somos nós solitários que fazemos a solidão,
então inventamos os ocasos
e tudo o que é inatingível como o horizonte;
o outro lado do rio é sempre o mais belo,
no outo lado da montanha é onde o sol se põe;
a terra prometida estará sempre
depois de algum deserto...
mas onde estaremos quando percebermos
o deserto que nos habita o ser?

Inserida por tadeumemoria

CÂNTICO DA ENTREGA LÚCIDA.
Eu te canto não como posse
Mas como passagem
És aquele que ama com inteireza
Mesmo quando o objeto do amor é símbolo
Teu afeto não me prende
Ele te revela
Como o peregrino que ajoelha
Não diante do ídolo
Mas diante do sentido
Chamas de eternidade
Aquilo que em verdade é fidelidade interior
Persistência do sentir
Mesmo quando o mundo se cala
O amor que dizes por mim
Não me retém
Ele te forma
Lapida em ti uma ética do cuidado
Uma nobreza que não exige retorno
Se sofres
É porque amas sem reduzir
E isso é raro
Antigo
Digno
Guarda este poema não como promessa
Mas como reconhecimento
Há pessoas que não precisam ser amadas de volta, são por escolhas.
Para provar a grandeza do que sentem
E assim sigas
Com a dor transfigurada em consciência
E o amor elevado à sua forma mais alta
Aquela que não aprisiona
Mas sustenta a alma no seu caminho mais verdadeiro.

Inserida por marcelo_monteiro_4

DELEITE
À noite me empenho
ao que eu não tenho da tua alma
convém que eu diga amém
a tudo teu que silencie este encanto
e mudo permaneço,
não mereço tudo, deveria te esquecer
mas esqueço tudo ...
eu sou assim,
a tarde vem e vai...
percebo universos em verbos,
em proverbios
e faço versos,
é o meu jeito,
eu sou isso, assim de descompor
até desexistir neste compor
a essência do amor,
mas ante tua presença
silencio é sinfonia
e eu me deleito...

Inserida por tadeumemoria

VINTE ANOS DE MENTE
Mas se não for eu,
seja feliz assim mesmo
nem tudo é completo...
completo vinte anos
no ano que vem ,
vinte anos de mente, de mentalidade...
e se essa cidade fosse minha,
galerias de jóias seriam suas,
seriam suas as sorvceterias...
meu maior prazer é tua alegria ,
é o teu prazer,
mas se não for eu,
seja feliz assim mesmo,
nem todo amor
tem o mesmo tamanho
o mel dos meus olhos castanhos
aliviam a dor,
meu coração tem o suporte
para qualquer adeus,
mas se não for eu
será alguém com muita sorte
seja feliz do seu jeito..
nem tudo é perfeito guarde
no peito a lembrança
do que é ser criança.
E se a esperança ainda arde,
se a paixão te consome
aguarde, tenho todo amor
pra matar essa fome...

Inserida por tadeumemoria

Nenhum movimento
Eu não quero o meu nome
Em nenhuma rua,
Eu não quero ir a lua ou a marte,
Eu não quero ir a nenhuma parte,
Não quero fazer nenhuma revolução,
Não quero fazer parte
De nenhum movimento,
Não quero saber de sem terra,
Apartheid, klu, klux, klan...
Eu não quero saber de greve,
Da queda da bolsa, do islã,
Ou do afã de qualquer religião ou mito
Maomé já foi pra montanha,
Jesus Cristo mostrou seu amor
E os filhos de Gandhi não ficarão órfãos
John deu a chance que a paz pedia...
E eu só quero fazer poesia...

Tadeu Memória

Inserida por tadeumemoria

A OUTRA MARGEM
Se eu soubesse de mim há muito tempo
não teria perdido tantos ocasos;
me perdi nos olhos de gurias farsantes, acanhadas e recatadas;
em seus sorrisos de pérolas,
ou nos perfumes de rosas campestres de suas presenças.
Do outro lado do rio, onde caía todas as pipas,
onde se escondia o resto do arco- Iris
e o sol cochilava no final de tardes tépidas de verão
morava um outro eu.
Mas vovó falava de um lobisomem daquele lado.
Eu chegava à sua margem e acenava àquela silhueta magra do outro lado;
a noite sonhava com uma trilha de pegadas gigantes
e imaginava uma figura horrenda
acordava afobado, rezava o credo
e corria pro lado de mamãe na outra cama .
um dia um balão caiu no outro lado do rio
e incendiou parte das minhas fantasias,
mas eu já conhecia o perfuma campestres de rosas
e o sorriso de pérolas de algumas gurias.
Agora percebo que as pipas gostam de transpor fronteiras
e as vezes o vento sopra para o nosso lado;
os ocasos jamais se perdem,
eles ficam de uma forma ou de outra guardados em nossos olhares
e quanto aquela silhueta magra
que me acenava do outro lado do rio;
o meu outro eu, me impõe uma única dúvida:
quem é a outra margem??

Inserida por tadeumemoria

INVISÍVEL
Essa cidade não sabe que eu sou de outro planeta
Que viajei na reluzente calda de um cometa
Sob uma chuva perene de meteoros incandescentes
Essa gente não sabe do que tenho
E não tenho e do que sou capaz...
Quando a solidão do inabitável
Castigava a terra com restos de estrelas.
A luz se impunha as trevas,
Então o Filho pregou o amor
E a justiça sobre as montanhas,
Esse soneto divino que é o existir
Não permitira ainda o orvalhar romântico
Sobre os jardins de Amsterdam,
Antes Moisés conduzira o êxodo
Sob o causticante sol do deserto
Eu estava longe de tudo e perto do nada,
E quanto mais perto de tudo,
Mais você se torna invisível,
As pessoas só veem o que lhes interessam...
Essa cidade não ouve nem lê
O que eu escrevo ou declamo
Não sabe dessa ternura mórbida
Que sacrifica os santos...

Eu tenho moléculas de hidrogênio e oxigênio,
Eu tenho a luz dos astros
E a melancolia impressa no olhar
Eu tenho a devoção dos mártires...
Essa cidade nada sabe de mim
Enquanto a lua dança num eclipse
E o arco Iris listra o firmamento
O apocalipse se revela...
Silenciosamente eu canto,
Eu toco um violino e a harpa...
Uma harpa angelical me acompanha...

Inserida por tadeumemoria

EPÍSTOLA APOCALÍPTICA SOBRE ESSA BOLHA DE OCEANOS


Não fosse eu um corpo etéreo, um alien grafite,
Na nebulosa; labirinto intracelular cósmico,
Um vírus, um bacilo no azul marinho gasoso
Da inviável via láctea, efêmera vaidade,
Desfilando colar de constelações
E jogando poeira de estrelas nos nossos bolsos...
O terror cósmico dessa solidão intergalática,
Trazendo auroras boreais
De tempestades solar apocalípticas...
Rebelde sagitário se dilui na acidez sideral
E júpiter se avoluma em gases, aqui no meu quintal...
Atormenta-me a fobia de te ver na esquina,
pefil frágil e andrógino,
Túnica lilás, bastão incandescente e cabelos de ouro,
Cantando “chuva púrpura” profetizando um armagedom,
Fazendo-me imaginar,
Praga, New York e Belford Roxo, roxas de melancolia
Solidão e medo da alcaida,
E possíveis ataques norte-coreanos...
Mas não é isso que me leva a consultar
O zodíaco e previsões climáticas,
Que me fazem supor catástrofes e cataclismas
Sobre a caatinga esparsa e escaldante
De Jericoacoara e quixeramobim...
Se eu não fosse essa lua de insegurança,
E assimilasse ensinamentos de epístolas, salmos
E o sermão da montanha...
Mas sou apenas um cervo feérico, numa floresta primitiva,
Contemplando estrelas sob a noite eterna
Há mil anos luz de um dinossauro,
Tentando entender a ternura débil e insana de um t-rex
Estudando a sua caça e farejando sangue
Percebo que o que me sustenta sobre esta esfera,
Sobre esta bolha de oceanos,
Que viaja trágica e inconsequente,
Entre meteoros, meteoritos e cometas reluzentes,
Na harmonia do sistema planetário
E no descompasso de moléculas de hidrogênio e oxigênio
Realizando o milagre da vida...
Ainda é essa eterna e inexplicável força estranha...

Inserida por tadeumemoria

CRIANÇA
Enquanto eu não escrevo o verso
eu não me reinvento,
Porque ao contrario do que penso,
Eu sou sistemático e perverso,
Enquanto eu não escrevo
o poema eu não aconteço
Porque o silêncio e uma granada
Assim como a própria terra
espera o seu tempo pra explodir
Por isso antes de mais nada
me da teu seio
Como se eu fosse uma criança
Me da a esperança
De acreditar e prosseguir
Isso completa a minha estrofe
Depois eu ateio fogo em Roma
E ponho a culpa em Nero...

Inserida por tadeumemoria

Comboio

Sorriu... algo que eu mencionara... não lembro bem, mas percebi, aquele sorriso ainda levava-me à adolescência, às lembranças mais doces que jamais se esquecem, porque são rebuscadas da ansiedade que só a adolescência pode proporcionar; aos pormenores mais insignificantes, mas, não se esquece porque tudo é só um conjunto do que chamamos de paixão. Três dias atrás, pedira o divórcio como quem pede o guardanapo ou um paliteiro na mesa de uma lanchonete; há meses dormíamos em camas separadas; de vez em quando eu olhava os meus filhos e tinha a impressão de que eles me viam como um ET. Parecia uma situação insustentável, no entanto olhando aquele sorriso, percebia ainda um resquício de felicidade; algo vindo de muito longe e que resistira a todas as tormentas do convívio entre um homem e uma mulher, era um fiozinho muito frágil que sustentava o comboio com todos os vagões do nosso relacionamento. Sei que esse trem foi se desgovernando por excesso de zelos, por um super protecionismo, por um medo de um mundo cruel agressivo e traiçoeiro e não me dei conta que as crianças foram crescendo, que suas necessidades foram mudando; um dia um rapaz chegou na minha casa pedindo pra namorar minha filha, fui ignorante, xinguei o rapaz e o expulsei deixando a minha filha triste e ofendida, pois minha filha já contava com mais de dezoito anos; transformara-me num tirano tentando proteger meu lar; e assim de uma forma ou outra fui tolhendo seus passos com medo das agruras e perversão dum mundo exterior; posso pegar minhas poucas roupas e objetos pessoais e sair pela aquela porta e sei que isso seria motivo de comemoração para todos e de uma forma, ou de outra eu os estaria libertando, mas isso seria bom para eles? Deus nos deu o livre arbítrio, e isso foi bom? Sei que provavelmente a essas alturas minha esposa sonha com alguém, que, provavelmente lhe faz promessas e juras de amor; não vejo isso como uma traição, e até imagino que no começo, ela até que seja mais feliz, mas e depois? o desgaste com a rotina, as dificuldades do cotidiano, O cuidado com os meninos? Meus filhos não são filhos dele, e isso complica mais ainda um relacionamento. Não esqueci as agruras, acusações gratuitas e infundadas, palavras ríspidas e pesadas tão somente para magoar; relevo e compreendo que foram momentos de uma ira insana de parte a parte, mesmo sabendo que magoaram, compreendo. Poderia sair por aquela porta sem que o peso dessa separação pesasse somente sobre os meus ombros, onde estaria me esperando um campo de presas fáceis que satisfariam este meu ego de predador comum em todos os machos...mas não posso, pequei por excesso de zelo, por amor, para protegê-los de um mundo cruel, mas não posso pecar por omissão; ligarei para o Duílio, o rapazinho apaixonado pela minha filha, e que provavelmente anda se encontrando com ela por aí... Sei como são esses casos de paixão na adolescência... Permitirei o “face” pra mais nova, sei que “cairão”, machucar-se-ão, um arranhão ou outro... É a vida. Quanto a Sophia, minha esposa, ou ex, bem, tudo começou numa praia... Hoje é domingo, manhã ensolarada, maré cheia, um belo dia para um recomeço...

Tadeu G. Memória

Inserida por tadeumemoria

MARROM

A aeronave me esperava imponente

Eu demente de medo

Se algo de ruim acontecer

Não conte meus segredos;

Um dia perceberão que sou o grande poeta desse país,

Comentarão AMORAMORA

Mas então brincarei com os anjos...

Depois de uma existência pobre

Diga a alguém que muito amei

E que meus sentimentos e ressentimentos são nobres

Que além disso, acreditar na humanidade

E a loucura me fez poeta....

Queria ter falado mais de amor, mas é tão difícil,

Os edifícios tolhem os horizontes,

Os nascentes e os ocasos,

Não comente sobre mal resolvidos casos

Eu te amo demais, eu amo todos vocês,

Perdoem o mal jeito e a minha insensatez

Eu devia ter sido mais forte, eu devia ter tido mais sorte

A aeronave me espera imponente,

Publiquem meus poemas decentes

Desfrutem escondidos dos poemas indecentes,

Mas não comentem este lado marrom

Façam-no acreditar que eu era bom

A minha grande frustração é o país sem leis

E a corrupção me faz desejar ter nascido francês

A aeronave me espera imponente...

Inserida por tadeumemoria

ÓPERA

Eu não tenho nada e eles pensam que eu nada tenho

Mas tem um grilo que cricrila pela noite afora

Ele conversa sobre os medos da noite

E tem os gatos; e os gatos cantam

Como só os gatos sabem de ópera

E eu roubo-lhes as vidas

Já tenho sete, afora o infarto

Conversei com Deus nesse dia

Vi Maria na última travessia da Dutra


Eu não tenho nada e eles pensam que eu nada tenho

Mas o negro que vejo no antigo engenho

Tem cicatrizes nas costas,

Mas tem prosas bonitas de Angola

E derrama poesia quando fala de sinhá

E quando não fala de nada

Eu percebo o meu Brasil moreno

Tão rico, tão grande, tão pobre e pequeno

Que eu namoro as namoradas que não são minhas

E as minhas namoradas não namoram comigo

E eles pensam que eu não tenho nada e eu nada tenho

Porque o que eu tenho é sentar na calçada

E olhar a lua, as estrelas e o firmamento

E tudo isso já pertence a russos e americanos

Eu não tenho nada e eles pensam que eu nada tenho

Mas eu tenho a magia das palavras

Essa coisa que me instiga e me oferece a ilusão mambembe

De que eu de nada preciso

Que o resto é abstrato, o resto é engano...

Inserida por tadeumemoria