Textos para os meus Amigos Loucos
MÁRTIR
O cortejo avança, ganhando os primeiros degraus.
O Sol oculta suas faces douradas,
Em cúmulos encastelados,
Contrito pelo confronto covarde;
O Cadafalso agiganta-se, ao alto,
Lúgubre e ávido por sua vítima;
No primeiro patamar irreversível
Afronta o Negro Gigante
Impávido semblante descorado.
Da vida exuberante, em seu fim inevitável;
Da morte, em implacável espera,
Antagônicos sentimentos acirrados
Ao sabor da inquieta hoste:
Aproxima-se a última hora!
O mártir, silente, olhos fulgurantes,
Passeia os pensamentos, em frações menores,
Sobre a multidão esfaimada de emoções:
Gritos, impropérios...
O mártir está só!
O Cadafalso abre seus braços odientos
A receber o dócil cordeiro;
A Turba, em frêmitos aviltantes,
É um mar encapelado, a sorver o nobre destino.
Último adeus!
Onde os sectários dos mesmos ideais?
Emudece a voz, sem os ecos da constância.
Última hora!
O cordame úmido fecha suas garras
Sufocando pranto, silêncio e dor:
Tomba o Monumento, sem a solidez da esperança.
O Negro gigante, saciado em obscura vindita
Adormece em silêncio de nova espera;
A Noite, caindo o cair da licença
Tinge o cenário com a cor da monotonia;
O mártir, de despojos ignorados,
Lança-se ao rol dos esquecidos.
Uma pequenina gota do sangue heroico,
Em discreto saltitar,
Lançara-se, porém, à relva úmida.
O Tempo apagou os vestígios do holocausto
Somente não apagou a semente
Que, brotando a seu tempo,
Desfraldou ao Celeste Observador
O verde emblema da vitória!
(A todos os mártires, de todos os tempos)
VOLTA À PENA
Longe é o tempo
Das primeiras poesias
Das primeiras encenações.
Volto ao regaço do papel
Depois de anos de separação.
Novos sentimentos e emoções...?
Reticência oportuna.
Apenas o retemperamento
De velhos ideais
Quase perdidos
Na noite do desdém humano.
MINHA SINGELA POESIA
Escrevo frases soltas
Sem sentido oculto;
Versos livres
Sem atavismos literários;
Impressões fugazes
Sem intento definido.
Minha poesia não deve ser interpretada;
Deve ser sentida!
Meus versos simples
Não propõem discussões:
Falam de sentimentos simples
Que um pequenino raio de sol
Reflete na multidão!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
CANÇÃO DA PAZ
Se o sacrifício de minha vida
Valer o silenciar da voragem
De um mundo consumido por guerras,
No altar da inconsequência humana
Imolarei meu corpo,
Para que a curta existência
De um pobre mortal,
Guerreiro de si mesmo,
Seja espalhada aos ventos
Pelas sendas de um mundo
Onde homens de corações flamejantes
Incendeiam sonhos de paz!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Gotas de inspiração
Abro minhas mãos para o mundo
Ofertando um feixe de luz.
As gotas da última chuva,
Incidindo sobre as palmas
Destas mãos em oferta,
Descerram pequenino arco-íris
Que, num arco sobre o mundo
Colore as paletas dos artistas.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
O cerne e o rosto
Velho rosto
Vetusto cerne;
Há em ambos
Linhas do tempo.
Na vida vegetativa
O tempo sulca a inconsciência;
Na vida humana
Sulca o tempo a consciência.
Em cada face
As linhas contam anos:
No cerne resplandece a Terra;
No rosto resplandece Deus!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Revelação
Quis um dia palpar nuvens
Represar lágrimas do céu
Prender raios de sol;
As nuvens se desfizeram
As lágrimas o chão secou
Os raios a noite levou.
Quis um dia cantar a liberdade
Ensaiar o bailado dos pássaros
Voar o voo do condor;
A liberdade bailou com os pássaros
O condor voou com as nuvens.
Quis um dia sonhar com Deus;
Acordei e vi somente o homem,
Mas, vendo apenas o homem,
Vi também a mão de Deus!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
ESTRADAS
Sou viajante peregrino
Em terra de todos
E de ninguém;
Viandante do pó
Andarilho da esperança
Caminheiro das estradas
Buscando...
Ao acalento do sol
Ao frescor das chuvas
Ao canto da natureza
Caminho entre hinos da vida.
Romeiro dos templos humanos
Contemplo maravilhas
E misérias,
Na confusa amálgama
Dos pensamentos.
As estradas as conquisto
Com minhas pegadas ocres.
Deixo em cada curva
Pedaços de histórias:
Planto cruzes
Colho dúvidas
Recolho restos
Junto fragmentos.
Sou viajante peregrino
Apoiado no bastão
De minha vivência.
Andante solitário,
Buscando...
O chamado
Quando a Morte me encarar
Face a face
E sorrindo
Invocar meu nome
E o Destino me disser:
- Eis seu último minuto!
Abrirei meus olhos
Levantarei meu corpo
E, encarando a Morte
E o Destino,
Direi:
Meu último minuto
Pertence ao Senhor;
Quem vem me buscar
Não é a Morte...
Mas a Vida!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
PENEDO OU ESPUMA?
Penedo ou espuma?
Vaporosa formação granítica
Rocha para correntes espumantes
Espuma ao contato das tempestades.
Quem és na essência
Se flutuas como tênues flocos
Se envergas trajes de matéria densa?
Na noite de teus mistérios
Ao esvoaçar de asas
Ensombrece o penhasco
Em enigmático mutismo.
Nos escaninhos de teu ser
Procuro espuma
Encontro penedo
Esculpo rochas
Desfaço espumas.
Que porta se abrirá
Ao chamado da dúvida?
Penedo e espuma
Dois estados do mesmo elemento
Encontro a ambos
No mesmo cenário:
Penedo é coragem
Espuma é indecisão.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
C R I A Ç Ã O
Meus versos, minha poesia
Não me pertencem:
Faço-me instrumento
De vidas alheias
De alheios sentimentos.
Sento-me no Banco da Vida
E transcrevo o grande poema
Dos homens
E dos deuses!
Minhas linhas são minha efígie
No anverso e reverso
Da moeda do tempo;
Crio vidas já nascidas
Sou senhor de alforriados
Pastor sem rebanho.
Meus versos, minha poesia
Não me pertencem:
Sendo a vida luz
Sou iluminado
E ilumino
Por minha vez!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
EM BUSCA DE UM CARNAVAL
Minhas ruas da infância
Estão vazias de sonhos e de confetes.
Os espirradores coloridos se esvaziaram no tempo,
Molhando requebrantes serpentinas.
Os pierrôs se fizeram mais tristes:
Suas colombinas perderam as fantasias
E em mulheres se transformaram;
Meu bloco virou a esquina
E o Bloco da Alegria
Em Bloco da Agonia se tornou;
Os mascarados tiraram as máscaras
E seus rostos outras máscaras se tornaram.
Meu carnaval menino
Em que espelho da vida
Escondeu seus foliões!?
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
CONVITE AOS SONHOS
O sono, traído pela inspiração,
Parte, contrariado,
A cerrar outras pálpebras
Insugestionáveis.
O poeta, atraído pela inspiração
Ressurge, reavivado,
A perder segmentos de sua alma,
Manchando alvos papéis
Com a cor perene
De seus voos de Ícaro!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
INTRINSECAMENTE
Esta é uma noite minha,
Intrinsecamente minha!
A estrela mais brilhante
Reflete em meus olhos;
O vento brando que beijou
As flores noturnas
Minhas narinas entorpecem;
A melodia do universo sussurra
Em meus ouvidos atentos;
Os sonhos contam segredos
Decifrados por mim.
Esta é uma noite minha,
Intrinsecamente minha!
Todo o universo
A mim se ofertou
E igualmente
A mim arrebatou!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
APELO
Quero humanas criaturas a me amar
Além do baço reflexo de minh’alma
De minha fisionomia, que ri e que chora,
Em sentimentos puros ou contrações involuntárias.
Quero humanas criaturas a receber
Meu coração púrpuro
Fresco de sangue,
Que é morte... mas também vida.
Quero humanas criaturas a soprarem
O hálito de sentimentos
Em meu coração pequenino
Querendo crescer, ao sabor da vida.
Quero humanas contradições
Alimentando meu coração
Quase sumindo...
Meu coração quase crescendo
Vertido de uma alma entorpecida
Buscando a humana vida:
Pequenino brilhante imerso
Nos desejos humanos!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
ESPELHO
Quando o tempo tatuar meu corpo
Com as rugas da idade
E o espelho refletir minha imagem
Tão estranha aos ares da mocidade
Que verão meus olhos cansados?
Uma vítrea personagem sem alma
Dublando um resto de vida?
Uma alma esculpida em bronze
Afrontando, sobranceira,
O inevitável Mistério?
As linhas tão profundas
Sulcando minha matéria frágil
Aumentarão a luz
De minha candeia íntima
Transformando minh’alma
Prenhe de liberdade
Num candeeiro sem fim?
Ó Tempo, eterno coletor de débitos!
Que me cobrará teu aguçado desígnio?
Quando o Tempo tatuar meu corpo
Com as rugas da idade
E minha imagem diluída no espelho
Perder o alento de quem se mira
Indagarei aos anos idos:
Que espectro me reveste o presente:
Anjo ou demônio?
Quando o Tempo tatuar meu corpo
Com as rugas da idade
E no espelho não houver imagem
Que me cobrará a Vida?
Com que peso ou leveza
A Pena da Eternidade
Lavrará minha sentença?
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
V a t i c í n i o
Enquanto o belo
For estandarte;
O ideal
Profissão,
O canto do poeta
Será semente
Fecundando
A escuridão!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Vértice divino
Durante milênios
Sentei-me na relva do mundo
E perscrutei as estrelas
Em busca de outros seres.
Durante milênios
Ao lado de pequenina semente
Reguei minha imaginação
Buscando formas
Procurando respostas.
Durante milênios
As estrelas cintilaram
E a roda do universo girou
Mas meus olhos cegos
Somente viram sombras
Da realidade tão perto.
Durante milênios
Voei o voo raso
Dos desencontros
Sentei-me no topo do mundo
E somente vi desolação.
Durante milênios
O mundo sulcou minh’alma
E descerrou minhas ilusões
E a semente da vida
Agora em botão
Mostrou-me os seres
Que há muito
Davam-me as mãos.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
VOO TRANSCENDENTAL
Sou pássaro encerrado
Nas grades das ilusões
Cantando canções de liberdade.
Minhas asas querem o voo
Das grandes alturas
Alcançar a Fonte
Das águas cristalinas.
Além, onde os pássaros voam livres,
Quero mergulhar no Oceano da Luz
Planar nas correntes da paz
E mitigar a sede
Nas águas do conhecimento.
NATURÁLIA
A flor enrubesceu
Ao beijo do colibri
E duas lágrimas rolaram
De timidez e de emoção.
(poesia classificada em 2.ª lugar no Concurso de Poesias de Piedade/SP,
em 1993)
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
PEREGRINAÇÃO
Sobre o Himalaia da imaginação
Além, muito além das insondáveis alturas,
Através da névoa dos tempos, das eras,
Navega o peregrino das estrelas
Viajante do tempo, das dimensões.
Além, muito além das insondáveis alturas,
Num mergulho nas dimensões interiores,
Céu e Terra se fundem na imensidão
Do cosmos, do infinito, dos universos.
Através da névoa dos tempos, das eras,
Quantas roupagens, quantos fardos, quantos encontros.
Ascender, ascender, ascender,
Sempre e sempre, rumo ao amanhecer
D’outras existências, d’outras transcendências.
Sobre o Himalaia da imaginação
Além, muito além das insondáveis alturas,
Através da névoa dos tempos, das eras,
Navega o peregrino das estrelas
Noutras certezas, noutros encantos, noutros encontros.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Homenagem a vinicius
Não quero rir meu riso
Nem derramar meu pranto em vão,
Por vãos gemidos.
Quero, sim, rir meu riso
E derramar meu pranto
Por vãos d’almas afins.
Não viverei vãos momentos
E por tudo serei atento
Pra me lembrar da vida
Que é eterna, ainda que chama
E infinita em si mesma.
(inspirado na poesia “soneto da Fidelidade”, do inesquecível poeta, Vinicius de Moraes.)
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Metáfora
A imensidão é meu destino
A plenitude, meu regaço.
Por tantas terras percorri
Por tantas existências eu vivi.
Tenho por inevitável fado
O desabrochar da luz
Da luz que arde, da luz que queima,
Qual fogo amigo em noites frias
Aquecendo reminiscências.
Tenho por horizonte o infinito
E em meu caminhar alígero
A pressa de chegar;
Chegar ao portos d’outras conquistas.
A imensidão é meu destino,
A plenitude, meu regaço.
Nesta cósmica metáfora
Fecho as portas do passado
Pois sou futuro,
Neste eterno agora!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
Cristálida
Cristal, crisálida, cristálida
Desabrochar da luz
Em pétalas, em néctar, em sóis.
Explosão de auroras boreais
Despertar de mágicos cristais
Cristal, crisálida, cristálida
Sob os brilhos astrais, vendavais
De sons, de cores, de flores.
Nave luminosa, em voo final
Sonho de amores, sonhos siderais
Cristal, crisálida, cristálida
Sob as vestes angelicais
Fluir, fluir, além dos Portais.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
CORRENTEZA
Peixe que sou, de todas as águas
Nado contra a correnteza humana.
Nado em direção aos oceanos
Pois, vasto que sou,
A imensidão é meu destino.
Passam por mim muitos cardumes
E, rindo e zombando
Amofinam-me: tolo, tu és!
Vais contra todas as tendências.
E passam os cardumes
E passam as maltas
E sigo eu, pequeno peixe,
Nadando contra a correnteza humana
Seguindo outras tendências dos rios,
Rumos aos oceanos
Pois, vasto que sou,
A imensidão é o meu destino.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
TRANSCENDÊNCIA
Fosse eu apenas esta forma aparente
Seria feito pássaro empalhado
De bela plumagem tratada
Mas de baço brilho, mudo canto.
Fosse eu vida finita, luz passageira
Seria feito vetusto farol
De grossas, imponentes paredes
Mas na costa, escuro, aos ventos.
Sou bem mais que um simples grito
Ecoando nas praias do mundo
Através da vida, dos tempos.
Sou pássaro sem correntes,
Pelas ameias a voar,
De meu castelo de ilusões,
Rumo ao horizonte.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
NAVE MINHA
Nave minha, me leva a outros rumos
Não me deixe em rota de colisão
Com meus desacertos.
Leva-me além dos sombrios horizontes
De meus erros
Além do palco escuro dos desencontros
Da triste, da medonha escuridão
De ser cruel, tirano, juiz alheio.
Leva-me, nave minha,
Ao encontro da luz, do dia, da vida,
Aos cumes dos grandes sonhos.
Leva-me aos ares das delícias puras
Rumo aos prados onde brincam, livres, seres outros,
Que alcançaram, da vida, outros Portais.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
UNIVERSO
Universo, verso de meus versos
Trilha de meus anseios.
Universo, vasto, profundo;
Navegar por seus portais
Pelas dobras espaciais;
Conhecer a vida pulsante
Além, além das fronteiras
Do tempo, das dimensões.
Universo, por teus mares,
Velejarei pelas praias da comunhão
Até o porto, infinito porto,
Da eterna iluminação!.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
MÃE TERRA
Terra, Mãe Terra, em teu seio depositei,
Há éons, a luz de meus cristais.
Na mudez de minhas formas,
Fui ígnea rocha, no cadinho de tuas entranhas
Até a plenitude de bela cordilheira.
Cresci mais, e encontrei guarida
Nas pétalas de tuas flores
E perfumei os ares,
Transfundindo o amor do Pai.
Galguei outros degraus
E encontrei o instinto, dos irmãos animais
E rugi alto meu grito, de domínio territorial.
Cresci mais e mais e, pela primeira vez, chorei.
Chorei as lágrimas do incipiente entendimento
De que era bem mais do que átomos
De rochas, flores e animais.
E, mesmo assim, ainda era parte
Da mesma terra, do mesmo mar, do mesmo amor.
Era apenas a primeira rocha que, lapidada,
Espalhou a luz de seus cristais
E, feito homem,
Agora, era anjo, em voo sideral,
De volta, ao Pai Primordial!
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
SIMBIOSE CÓSMICA
Terra-céu, Homem-Deus:
Simbiose cósmica.
Vive o Pai em mim
Vivo eu por Ele
Ele me ama em cada amanhecer,
Ao abrir as janelas dos mundos
Pra que eu respire o ar da Vida.
O seu sopro de amor é meu alimento
E eu laboro pra Sua seara.
O universo envolve meu Planeta
E meu ser aspira ao brilho
Dos gigantes sóis.
Nesta cósmica simbiose
Sou nota, da sinfonia-Pai.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
COMUNHÃO
Num segundo finito
Viver a eternidade
Ver sem olhar
Sentir sem tocar.
Estar em toda parte
Sem de um ponto sair
Navegar sem um barco
E em todos os portos chegar.
De uma única gota
Ser toda uma fonte
De um único gesto
Ser todo o amor.
COSTA, Sergio Diniz da. Etéreas: meus devaneios poéticos. Sorocaba/SP: Crearte Editora, 2012.
OMISSÃO
O sol se deitou, acobertado
Pelo manto rubro do poente...
Mas você não viu.
Nos jardins, as rosas se abriram
Inebriando o ar...
Mas você não sentiu.
Nas ruas, a criança pediu
Do lar, o velho partiu...
E você, nem chorou.
Sob a fúria da cavalaria
A multidão, trôpega, gritou,
Mas, diante da opressão,
Você se calou!
Às portas da Morte,
Você a viu, a sentiu,
Por ela chorou,
Em desespero gritou
Mas a Vida, outrora tão perto,
Repentina, te deixou.
Como é fácil pedirmos para o outro "ficar bem". Como é fácil julgarmos sua condição atual e olharmos para ele como alguém que "não aprende nunca"... Como é fácil também declararmos que não aguentamos mais ouvir das pessoas os velhos problemas de sempre - como se elas gostassem de passar por eles, como se por trás de cada dissabor não tivesse uma história... O fato é que o mundo dá muitas voltas, e hoje poderemos estar numa boa, mas amanhã, tudo poderá mudar. Até porque, quase tudo na vida acontece de repente - seja algo bom ou ruim.
Que possamos olhar para o outro não apenas com empatia, mas também como quem entende que às vezes, julgar, criticar ou querer mostrar que sabemos tudo, não nos leva a lugar algum; principalmente se o outro estiver precisando apenas de alguém que o escute. Que não analise, que não dê qualquer opinião... Que apenas ouça o que ele tem à dizer, e nada mais.
Zumbi de Palmares
Durante as invasões holandesas,
Muito longe das fazendas,
Foi-se formando um lugar que
Se chamava Quilombo.
Lugar de foragidos,
Negros e escravos.
O mais famoso Quilombo,
Lá na Serra da Barriga,
No Estado de Alagoas,
Tinha o nome de Palmares,
Devido às muitas palmeiras,
Naturais daqueles ares.
O primeiro rei dos negros
Tinha por nome Gangazuma.
Morava em grande palácio,
Cercado por um grande exército.
Mesmo assim, não resistiu,
Morrendo logo, em combate.
Com a morte de Gangazuma,
Zumbi tornou-se rei:
Negro forte e valente,
Fez a terra progredir.
Ele tinha um grande sonho:
Ver o Brasil ser do negro.
Mandaram, lá de São Paulo,
Domingos Jorge Velho,
Bandeirante garboso e firme,
Frente a um enorme exército.
Conseguiu derrubar Palmares.
Zumbi não quis se entregar.
Subiu no alto de uma montanha,
Atirando-se num despenhadeiro.
Queria um país verdadeiro,
Esse nobre e fiel guerreiro.
Acabou-se a nação de Palmares.
E Deus deve ter dado a Zumbi
Um exército de anjos, no céu,
Para fazer um escarcéu
Contra o preconceito racial.
Uma margarida
Uma margarida, na vida.
Pétalas brancas e regulares.
Anete , Carla, Joana, Camile,
Gorete, Márcia, Luana, Jamile.
Uma flor singela. Tão Bela!
Pétalas francas e singulares.
Teresa, Ângela, Marina, Flávia, Milena,
Karina, Elena, Eleuza, Vângela.
Deusas misteriosas! Vai entendê-las...
Pétalas amarelas, singelas.
Vitória, Valéria, Cristina, Anita, Luíza.
Uma margarida, na vida, imita a mulher.
É brisa, é vento, é tempestade...Tempestades de amor, um raio que corta.
Andréia, Diná, Marialva, Naide, Amélia.
Rita é naipe, é paz, é louvor.
Uma flor! Somente uma margarida!
Pétalas francas e singulares.
É Maria José!
Esse poema é em homenagem às minhas irmãs, mãe e amigas.
Ah mulher...
Meus olhos bailam com o suave movimento de suas curvas.
Pecaveis desejos sinto ao ver o seu caminhar
Seu sorriso taz-me a doce inquietude nos pensamentos.
E a vontade de cair em seu abraço macio se torna ainda maior.
Quero me deitar em seu colo e acariciar as suas belas e suaves curvas até chegar à fonte dos meus desejos.
Provarei seus aromas e sabores,no deleite de nosso amor.
A febre ardente do nosso desejo irá nos aquecer
E seus gemidos e sussurros seriam uma canção para meus ouvidos enquanto me delicio com o seu prazer.
Com boca, dentes e saliva, você desmente minhas neuras, desarma meus complexos infantis de feiúra, um por um, cheio de malícia, paciência e atenção, intercalando lambidas, paradas estratégicas e olhares experimentais. É madrugada, é tarde, eu preciso ir, melhor nem começar, vamos finalizar isso separados, cada um na sua casa, no chuveiro, vai ser melhor.
(Entra em mim)
“Ela sempre chorava, por um filme romântico, um texto bonito, por um abraço bem dado, ou pela falta dele, pelas suas amizades que lhe restavam, e pelas que já se foram, chorava de saudade, chorava por músicas que nem mesmo a letra entendia, chorava pelos cantos escondida, chorava quando ouvia palavras bonitas, chorava de solidão, chorava só, e às vezes em vão.”
Um gostar simples, um gostar com cara de “gosto de você pelo o que você é”. Um olhar simples, um olhar com cara de “faz tempo que eu não ficava assim, bobo”. Um beijo simples, um beijo com cara de “não sei explicar o que está acontecendo”. Um sorriso simples, um sorriso com cara de “estou muito feliz e acho que isso já diz tudo”. Eu e você, quer mais simples que isso?
EU TIVE QUE DESACREDITAR PAGAR PRA VER ,VER VC SE ESQUECER DE MIM DE TUDO E DE NÓS PESAR,LÁSTIMA!NUNCA TEMER ABALADO,DESESTRUTURADO,VENDO TUDO RUIR E SER JOGADA NO RALO POR AGUA A BAIXO,PQ FEZ ISSO SEM UM BOM PROCEDER ? VER MEUS IRMÃOS E PARCEIROS SE AFUNDAR E SE PERDER,DO CAMINHO , EU COM MEU INTELECTO EXPANDINDO E VENDO ELES REGREDINDO MEU DEUS DO CÉU DA FODA ESSE RASGAR DE VÉU,MESMO EU NÃO SENDO O RÉU,ELES NOS SEGREGAM PARA TENTAR NOS VENCER,MAS EU OBLITERO O MAL,PROLIFERO CONHECIMENTO BEM EMBASADO E REFORMULADO NESSE TEMPO INÚTIL NUM BAGULHO INSANO CONCORRIDO PRA CARALHO,SÓ OS FODAS SE ACABANDO OS PS,A CADA DIA QUE VAI SE PASSANDO OS MANO VÃO ENFERRUJANDO NÃO VÃO PROGREDINDO E NÃO PROSPERANDO e a tendencia é piorar... DESESPERO !
Namore um cara que escreve. Não um cara que te manda poesias do Drummond ou que te manda letras do Chico com foto de pôr do sol. Namore um cara que escreva ele mesmo para você. Um cara que escreve irá perceber os detalhes entre vocês dois, e assim escrever cartas e textos pessoais que falem especificamente sobre vocês dois, não cartas de amor genéricas catadas no limbo da internet. Namore um cara que, ao invés de comprar um cartão de dia dos namorados com um poema do Vinicius, vai escrever um texto para você no seu computador enquanto você toma banho para irem jantar.
É muita gente fraca para um mundo só. “É difícil”, “não consigo”, “não posso”, “não sei”… Repito, fraca. Se você quer ser alguém vai ter que se dedicar, ser mais proativo e principalmente ser feliz consigo. “Ah, mas ele não gosta de mim…” Foda-se que ele não gosta de ti, existem outros vários que vão gostar e vão passar na sua vida, sorria. Sei que o tempo pode até ajudar a passar as mágoas, mas você precisa fazer o tempo passar. Pare de ficar postando frases do “Caio F. de Abreu” no Facebook e vá fazer algo que lhe dê essa segurança que você tanto precisa. Vamos parar de tanto “mimimi” e começar a agir, a botar as coisas na mesa e pensar: “o que quero fazer da minha vida?” e “o que eu preciso fazer para conquistar esses objetivos?”. Isso serve para tudo, trabalho, amor, interesses pessoais e afins. Bote um objetivo e trace ele pois ninguém irá fazer isso por você, até porque o mundo está “cagando” para a sua auto-estima, mude você, acorde você e o resto é consequência das suas mudanças. Então repense antes de intitular a sua vida como ruim, lembre-se: se a sua vida é ruim é porque você a faz assim.
Te quero. Não sei se pra sempre, agora ou depois, mas eu quero você. Quero você de um jeito que só eu posso querer, ou pelo menos de um jeito que só eu acho que posso querer. Não vou te implorar pra ficar comigo, não vou te falar nada além de: “fiquei comigo se você quiser, pois eu quero.” Isso já diz tudo, sem muitas palavras, sem muito romantismo, quero você simplesmente por querer alguém com fibra ao meu lado, que tenha garra o suficiente para crescer e andar comigo, não a frente, não atrás, e sim ao meu lado.
Sempre soube muito bem pegar no seu cabelo, não muito na ponta, não muito perto da cabeça, tinha uma distância certa, distância que só eu sabia. Sempre soube muito bem te beijar, mordidas, barba, mãos e a boca era só complemento do que definimos como “nosso beijo”. Você era gostosa, sem pudor, gostosa. Tapas em forma de carinho, beijos em forma de agressão, tudo trocado, safadeza, delicadeza e intensidade, éramos assim. E assim te fiz lembrar como sou consciente do meu potencial em te fazer feliz.
Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.
MEUS AGRADECIMENTOS!...
Minha gratidão a Deus, pelo dom da vida, e a todos vocês, caros amigos - virtuais ou não, pelo carinho de sempre!
É muito bom saber que temos pessoas abençoadas que nos acolhem, nos encorajam, nos apoiam...
Amigos de perto e de longe, os mais chegados ou não, e até os que não puderam se manifestar, mas gostariam. Sou grato a eles também!
Foram muitas as felicitações natalina que tornaram meu dia melhor: por saber que alguém se importa comigo; e não se contiveram em guardar unicamente para si, tal sentimento de afeto!
Bem hajam!
Ribeirão das Neves- MG, (14.10.17).
FÉRIAS DO AMOR
_Boa tarde! Me chamo liberdade e em que posso ajudar? - Disse uma voz entusiasmada do outro lado do vidro.
_ Boa tarde Dona Liberdade. Eu preciso de uma passagem pra Bem Longe, por favor.
_Pra quando seria?
_Imediatamente.
_Vai custar 100 momentos felizes e 25 sorrisos.
_No débito por favor.
_Qual seu nome por gentileza?
_ Amor.
Silêncio do outro lado.
Respiração funda.
_Sr. Amor não quero parecer intrometida, mas tem certeza de que pode tirar férias?
_ Sim tenho.
_Já tirou férias antes?
_ Antes eu não podia. Era convidado para muitos eventos.
Eram cartas, serenatas, loucuras, pedidos de casamento tudo em nome do amor, mas hoje eu não faço falta.
_ Sr. Amor...
Ela tentou argumentar, mas ele continua a falar como se cada palavra doesse.
_ Hoje as pessoas buscam interesses e riquezas estão cegas, não me reconhecem quando me encontram. A Paixão tem ido no meu lugar e ninguém nunca notou e até a Ganância anda se passando por mim.
_ Mas e quando perceberem sua ausência?
_Certamente estarei em Bem Longe. Então por certo tempo pedirei que a Saudade faça companhia.
_ Mas o Sr. volta?
_Sim eu faço o possível pra voltar, mas muitas das vezes é tarde demais.
_ Tenho uma passagem pra daqui 5 minutos. Pode ser?
_ Não! Pode ser a próxima.
Ainda tenho esperança de que o Arrependimento e a Coragem me impeçam de ir.♥️
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