Coleção pessoal de paulo_seixas

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Quem quiser nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de romper com o passado e as tradições já mortas, de desvincular-se do meio excessivamente cômodo e seguro da infância para a conseqüente dolorosa busca da própria razão do existir: ser é ousar ser.
(Demian)

Entre paredes

⁠Eu perguntei para ela: Qual seu nome?
Ela, para minha surpresa, não respondeu
Paredes não falam
Paredes escutam, mas paredes não julgam
Eu perguntei para ela: Porque sou tão errado?
E ela, para minha infinita surpresa, me respondeu com um grato silêncio.
Paredes são sábias.

⁠Sou loucamente delicado e agressivo
Sou rio e sou vulcão
Sou selva de pedra e maré aberta
Sou estável e mutável
Sou contrários e contraditórios
Sou amor manso e desejo enfurecido.

⁠Infinito é o ego
Infinito é o ego que acorrenta nossas vontades
que afina nossas palavras
que redimensiona nosso olhar
Infinito é o ego que nos veta do amor singelo
Mascarado por uma preferência social
E se finito fosse o ego que nos prende?

⁠O amor acende tudo, até corações apagados .
O amor se aquieta e desperta a gente .

Inconfesso Desejo

Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

Jardim de aparências
Seremos apenas rosas destroçadas
no meio a um jardim florido e feliz
Seremos rosas espinhosas e venenosas
em meio a pétalas tão cheias de elegância
Mesmo a minha mais singela doçura
Aparenta ser tão amarga diante a beleza do outro
E meus traiçoeiros espinhos se aparentam tão maiores
São tratados como um câncer das flores
Eu sei que neste jardim não há rosas perfeitas
E sei que não existem espinhos fatais
Mas a minha autodestruição sabota minha imagem
A alegria das outras ainda me condena no olhar.
Talvez seja eu o condenado e o condenador

@paulorecita

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.

Liberdade

Quem és tu liberdade?
Que tanto ouço falar e nunca sequer a toquei
É de pura matéria ou pura ilusão?
Ilusão que disfarça minhas correntes
Ou matéria que se desfaz nas minhas mãos?

Essa independência íntima sem violação
Esse pulsar de serenidade que acalma o coração
Liberdade, liberdade, liberdade
Quem és tu que não destranca minha prisão?
Essa detenção que se espalha na minha capacidade

Oh liberdade, porque se escondestes de mim?
Liberte a minha mente de todas essas angústias
Faça de mim um ser livre de negatividades e opressões
Inocenta minha alma com sua doce sensação.

Culpado Eu

Culpado sou eu de não seguir paradigmas domesticados
Em não seguir diretrizes alinhadas a uma conduta esperada
Culpado sou eu de ser um ser livre como a fuligem espalhada pelo vento
De ter a mente aberta a experiência de viver vontades polêmicas

Culpado eu? De ser apenas eu?
De me sentir no direito de minhas próprias escolhas
E revirar o momento em busca da experimentação plena
Culpado de ser apenas o que eles gostariam de ser, mas não tem coragem

Logo eu, notoriamente desafiador de regras
Eu que mesmo imprudente não me arrependo de nada
E que mesmo impulsivo, nunca feri ninguém
Logo eu, culpado de ser quem sou

Mas logo eu, julgado por tantos
Sou o primeiro a estender as mãos ao libertado
O agora libertado que antes fora meu opressor
A supri-lo com todo meu amor.

Vazio Poético

As palavras se esvaziam da mente
Como um copo de água em dias quentes
A sonoridade poética silencia a alma e desinquieta o coração
São dias difíceis ao poeta que se lamenta e se renova em seus escritos
Em que a criatividade se distancia e suas emoções se perdem na dor
A dor de estar no vazio poético.

Parece impossível encontrar alguém que tenha os parâmetros que eu busco, e ao mesmo tempo é tão egocentrismo atribuir parâmetros. Mas é que não saberia viver com alguém sem intensidade, intensidade nas conversas, na música, no olhar, no abraço, no beijo, ... A intensidade é o que me dá energia, é o que me faz diferenciar cada dia, porque cada dia é único. E além de toda essa intensidade, ser alguém que não prenda minha liberdade, porque ela não é uma ameaça, ela é a chave da minha alma. Ser livre é não se limitar aos padrões de outro, é ser você por você.

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Amores

Qual teria sido amor?
Eu me deparo com uma extensa lista
De amores que se apagaram mais rápido que uma estação
Mas que se estendem em memórias como um laço inacabado

Fico entre um contraditório
De que os meus amores terem sido tão superficiais
Mas de terem permanecido no meu pensamento em dias tão distantes.

Minha cabeça fica um grande nó
E o meu coração uma grande festa
Que se sente em direito de reclamar todos esses amores como legítimos e não extintos.

Pode-se imaginar a bagunça dos meus sentimentos
Em não conseguir medir essas grandezas em proporções razoáveis
Deixando que eu me torne um amante de 6 amores
Mas um solitário de nenhum abraço apertado

(Paulo Seixas)

Nada é perfeito ou imperfeito. Os extremos nunca serão bons para um mundo ideal. O equilíbrio é a resposta para meios termos.

A criança em nós

Alguns vivem a infância como uma única fase
outros vivem a vida adulta uma única vez
e sentem a infância por toda a vida
e a criança que está dentro de nós nunca cresce

Um adulto definitivo esquece a brincadeira
que é viver e se alegrar com a lama nos pés
de sonhar cada sonho sem ter medo
de errar ou de não alcançar

Uma adulto criança tem a seriedade
mas não perde alguma inocência
e se alegra com toda a simplicidade
leva a vida com leveza e excelência.

Proposta

Permita-me tentar
tentar te orgulhar
tornar-me um pouco do que você foi ao mundo

Permita-me lembrar de ti
E me sentir perdoado pelos desacatos
encher-me com as lembranças de teu abraço

Permita-me, meu pai
Que eu possa dizer que fui amado pelo senhor
e sentir que meu amor por você é recíproco

Permita-me dizer
Que fomos felizes, apesar de tão poucos anos, apesar das brigas...apesar dos pesares
E que ainda somos, e que sua presença ainda é real em mim

Permita-me, meu pai
Que estas palavras sejam honestas
E que possam curar minha saudade.

Apesar da dor, apesar do sofrimento, existe a recompensa. A dor é necessária, o sofrimento muitas vezes é o caminho para a evolução pessoal, a descoberta da vontade. A dor pode nos levar a raiva em alguns momentos, como um reflexo defensivo. A raiva pode ser usada para dois caminhos, para a causa de mais sofrimento, muitas vezes alheios ou para uma transgressão, é como se a raiva transformasse em uma vontade de mudança e crescimento, uma atitude mais nobre e mais benéfica para o espírito. Transforme suas dores em evolução, vibre essa energia que tanto te afeta de modo positivo.

(Paulo Seixas)

É difícil você enxergar-se como um ser humano, quando ao olhar para o lado você não se identifica com o outro. É muito mais difícil você entender as ações do outro quando elas não fazem sentido para você, sejam elas cruéis ou apáticas. Isso se for possível mesmo entendê-las, talvez para isso devemos chegar a um nível evolutivo mais apurado. Quando a crueldade alheia nos toca num nível que sobra apenas o silêncio, percebemos que apesar do medo que nos resta, ainda olhamos ao redor procurando esperança. Assim, para que nossa dor possa ser acudida, e não nos sintamos envergonhados de sermos humanos, e sim esperançosos de que um dia as ações globais façam jus ao merecimento desse título, o título de “ser humano”.

(Paulo Seixas)

Viva as Diferenças

Cheguei,
e o que sou você não sabe
não pela minha aparência
não pelo meu sorriso ou pela ausência

Cheguei! Mas não me julguem pelo que veem
Conheça-me e direis quem eu sou
Pelos meus atos de amor
Não pela cor da minha pele que se diz diferente
Não pelo tamanho e jeito do meu cabelo

Cheguei, entrei, mostrei
Que sou muito mais do que que sua imaginação observou e pré julgou.
Sou o brilho dos teus olhos.

(Paulo Seixas)