Textos Gabriel Garcia
Escola Solidária - Um sonho possível
Diversas são as formas, as cores e as intensidades da dor e da miséria humanas. É muito difícil compreendê-las e, principalmente, vivenciá-las. É tarefa árdua também concebê-las e desenvolvê-las por meio da ficção. Missão possível apenas aos grandes gênios da arte. Na literatura, temos exemplos magníficos de escritores que fizeram uso da pena para nos comover de forma arrebatadora, transportando-nos a universos paralelos aos quais, na maioria das vezes, só poderíamos ter acesso graças às tramas e às personagens de seus clássicos. Émile Zola, com Germinal, Victor Hugo, com Os Miseráveis, José Saramago, com Levantado do Chão e Graciliano Ramos, com Vidas Secas, são alguns dos mestres capazes de nos conduzir de forma eficaz rumo a essas experiências de pura transcendência. Lendo essas obras, aprendemos mais sobre a vida na medida em que saímos da zona de conforto em direção ao desconhecido. É quando despertamos de fato. Nisso residem a grandeza e a beleza da arte. Entretanto, na época em que vivemos, a dor e o sofrimento estão cada dia mais explícitos, mais "naturais" e menos literários. E, como a grande maioria das pessoas não têm a genialidade dos grandes artistas para purgar as tristezas do mundo, criando obras-primas, precisamos encontrar caminhos alternativos para amenizá-las ao máximo. E a solidariedade é um deles. Sendo assim, é essencial sabermos que a solidariedade está fazendo escola no Brasil. Dados da ONU revelam que o País já possui um exército de 14 milhões de trabalhadores voluntários. Em sua maioria, esses brasileiros dedicam em média um dia e meio por semana ao voluntariado. Os trabalhos voltados à educação correspondem a 16% do total dessas ações. O número de jovens envolvidos com essas atividades cresceu de 7% para 34%. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo acredita que a escola, por meio de uma educação voltada à cidadania, pode ampliar ainda mais o número de pessoas ligadas a essas atividades. O trabalho pedagógico direcionado à conscientização dos estudantes em relação à solidariedade e às diversas formas de a manifestar pode atingir um enorme contingente populacional, conforme esses alunos se tornam agentes multiplicadores desses conceitos. A escola é um centro de luz e, como tal, precisa gerar mecanismos capazes de iluminar os caminhos e o futuro da sociedade. Temos de dar aos nossos aprendizes a possibilidade de serem os refletores e os condutores de novos e melhores tempos. Nesse sentido, nosso grande desafio é aproximar, cada dia mais, a comunidade da escola, estimulando a interação democrática entre alunos, pais, funcionários e toda a população de seu entorno. Dessa forma, o aluno poderá se envolver na concepção e no desdobramento de numerosos projetos, por meio de um comportamento pró-ativo, responsável e cooperativo. Esse é motivo pelo qual daremos início à abertura gradativa das escolas da rede estadual de ensino nos finais de semana, de maneira que os moradores da região tenham acesso aos conceitos implementados pelas escolas cidadãs. Os primeiros passos para a concretização dessa realidade já foram dados, com o projeto Parceiros do Futuro e com a recente assinatura do termo de parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e o Instituto Brasil Voluntário - Faça Parte. O acordo visa instituir o programa estadual Jovem Voluntário-Escola Solidária em toda a rede. A iniciativa tem como alvo os alunos da educação básica e objetiva estimular projetos e ações voluntárias nas escolas. Para atingir essa meta, várias ações serão desencadeadas, como a articulação de alianças com organizações sociais que já atuam ou possam colaborar com a implementação, divulgação e viabilização do programa; mobilização da opinião pública para a importância da escola como espaço privilegiado para promover o protagonismo juvenil e ampliação de oportunidades e estratégias que facilitem a inserção voluntária e responsável dos jovens em atividades socioculturais na própria escola e também em outras instituições de sua região. Assim deve ser encarada a educação: como um milagre que possibilita a concretização dos sonhos. Nosso trabalho e a determinação em exercê-lo são frutos da crença de os poder tornar realidade.
Publicado no jornal Folha de S. Paulo
Pessoas mais do que especiais
O filme Meu Pé Esquerdo, de 1989, retratou magistralmente a infância e a adolescência do jovem Christy Brown, talentoso e perseverante artista irlandês, portador de paralisia cerebral. Em decorrência da doença, a única parte do corpo que ele podia controlar com precisão era, justamente, o seu pé esquerdo. Com uma interpretação magnífica de Daniel Day-Lewis - vencedor do Oscar de melhor ator pela sua atuação como Brown - a trama conseguiu adentrar no universo grandioso desse homem brilhante que se tornou pintor, escritor e poeta de sucesso, a despeito de suas limitações motoras e de sua origem humilde. Exemplos como esse não são raros, mas, infelizmente, nem todos rendem filmes, documentários, reportagens e outras formas de divulgação de massa. No Brasil e no mundo, milhões de portadores de necessidades especiais constantemente nos surpreendem com seu talento, sua criatividade e sua determinação em superar obstáculos de graus e naturezas as mais diversas, conquistando o sucesso, o respeito e a admiração de todos. No esporte, nas artes e nas mais variadas áreas de atuação, temos representantes dessa comunidade especial que, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, somam 10% da população do globo. Desde sempre, seus representantes fizeram história ao provar ao mundo sua competência e imensa capacidade. Basta lembrarmos do gênio da música clássica Ludwig van Beethoven que, mesmo perdendo gradualmente sua acuidade auditiva até a surdez, prosseguiu sua bem-sucedida carreira como compositor, deixando uma obra grandiosa, em todos os sentidos. Atualmente, temos no cenário mais popular, exemplos como o de Ray Charles e Steve Wonder, compositores e intérpretes que superaram a ausência total de visão e tornaram-se astros da música devido a uma mistura imbatível de talento, garra e sensibilidade. No Brasil, um dos mais conhecidos fenômenos de expressão artística ocorreu no século XVIII, época que teve o privilégio de ver nascer o escultor Antonio Francisco Lisboa. O artista - expoente maior do barraco mineiro - foi acometido, aos 47 anos, por uma doença que o privou de grande parte de seus movimentos, deformando-lhe os pés e as mãos. O fato serviu como inspiração para que o povo criasse o triste apelido com que Lisboa passou à história: Aleijadinho. Hoje, se pensarmos no contingente habitacional do Planeta Terra, calculado em 6 bilhões de habitantes, temos então 10% dessa população caracterizada como portadora de algum tipo de necessidade especial. São cidadãos que, como todos os outros, merecem respeito e igualdade de oportunidades. No Brasil, a Constituição Federal, em seu capítulo I - que discorre sobre os direitos e deveres individuais e coletivos - mais precisamente no artigo 5º, determina: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)". Nesse sentido, cabe à sociedade civil organizada, por meio de suas instituições nas esferas municipal, estadual e federal, bem como as demais entidades representativas que a compõem, trabalhar para fazer valer essa garantia constitucional e que é, também, um direito universal das pessoas. Um direito que deve começar a vigorar no momento de seu nascimento e prosseguir por toda a sua vida, com ênfase ainda mais especial durante a infância - período em que somos mais vulneráveis. Por isso, é nosso dever proporcionar às crianças as condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento físico, emocional e intelectual - sejam elas portadoras de necessidades especiais ou não. Essa filosofia pauta nosso trabalho na Secretaria de Estado da Educação e nos faz buscar e/ou criar mecanismos que possibilitem sua execução. Um exemplo disso é o Centro de Apoio Pedagógico Especial (Cape), inaugurado em novembro do ano passado. O Centro, que gerencia as ações especiais da Secretaria Estadual de Educação, realiza o treinamento e a capacitação dos professores da rede para o atendimento ao aluno portador de necessidades educacionais especiais e a produção de material didático-pedagógico para esses estudantes. As atividades do Centro se concentram em três eixos principais: pesquisa, produção de recursos e formação continuada dos professores da rede. O objetivo principal do Cape é proporcionar a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. A igualdade de condições começa no próprio prédio do Centro, que foi completamente reformado para garantir a acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Temos certeza de que ações dessa natureza capacitam as novas gerações, a partir do momento em que ajudam a desenvolver, hoje, o seu enorme potencial. A humanidade, sem dúvida, agradecerá a colaboração desses novos artesãos da vida. Pessoas que, freqüentemente, ignoram todos os tipos de limitações e moldam com maestria suas próprias vitórias e conquistas.
Publicado no Correio Popular
A importância do professor
Valorizar o professor. Capacitá-lo para o exercício pleno de suas atividades como educador. Proporcionar-lhe os instrumentos necessários à sua função primordial: lapidar diamantes. Hoje, esses são os objetivos principais da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Em outras palavras: entendemos o professor como a figura mais importante do processo educativo, em todas as suas esferas. Cabe ao mestre a incumbência de ensinar, orientar, estimular e incentivar crianças e jovens a descobrir suas potencialidades. É uma tarefa nobre e gratificante, mas que exige um esforço e um empenho ininterruptos. Sem o educador seria impossível conceber a sociedade e sua contínua evolução cultural e científica. Afinal, todas as áreas do conhecimento humano dependem do professor para serem apreendidas com eficácia e colocadas em prática com competência e habilidade. A palavra professor vem do latim professore, cujo significado é: aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina. Mas para que isso aconteça, o professor deve instigar o aluno. Levá-lo à dúvida, à inquietação, à contestação, ao questionamento. A transmissão do saber precisa ser estimulante e prazerosa. Há que se estabelecer entre os mestres e seus aprendizes uma relação de troca porque ensinar também é, antes de tudo, aprender. Educar é um missão que guarda em si um mundo repleto de possibilidades. Entre elas, a capacidade de despertar no outro um sem-número de qualidades adormecidas. Na Grécia Antiga, Sócrates já nos mostrou o caminho com a sua maiêutica. Sem a provocação, sem o questionamento, sem a inquietação, sem as perguntas incessantes do mestre não ocorrerá esse processo pedagógico socrático em que se multiplicam as perguntas a fim de obter um conceito a respeito do objeto em questão. Sem a maiêutica não é possível haver a parturição das idéias. Não se adquire o conhecimento, a sabedoria. Machado de Assis, no clássico Dom Casmurro, mais precisamente no Capítulo 9, nos brinda com sua poesia, ironia e irreverência quando compara a vida e os personagens que a compõem a uma ópera. Vamos pedir licença ao grande gênio da nossa Literatura para utilizar essa metáfora no universo específico da sala de aula. Quem dentre os alunos será o maestro que irá reger os personagens do espetáculo da existência? Quem será barítono, soprano, contralto, tenor? Quem irá optar por conceber a cenografia? Quem será o diretor? Quem será o figurinista? Quem irá compor o coro? Quem serão os bailarinos? Bem, o professor pode até imaginar os rumos que serão seguidos pelos seus alunos, mas isso não é sua tarefa principal. Cabe aos educadores conceder às crianças e jovens o direito de escolha, a partir do momento em que aprenderão sobre a importância de todos os personagens da ópera, inclusive os que optam por ficar nos bastidores. A nobreza do magistério reside justamente na capacidade de transmitir aos aprendizes a beleza e a grandiosidade dessa magnífica experiência que é a vida. Temos por meta preparar o professor para o exercício de uma profissão cada vez mais essencial à formação do ser humano. Por isso estamos realizando capacitações, palestras, teleconferências e seminários. No último mês de maio, por exemplo, reunimos cerca de mil educadores das 89 regionais de ensino do Estado em capacitação realizada no Interior de São Paulo. A idéia é transformá-los em multiplicadores de informação em suas localidades de origem. Acreditamos ser possível conceder ao educador o que lhe é de direito: o respeito de todos e o orgulho por ser quem traz à tona o que as pessoas têm de mais sublime. O professor, para nós, é a alma da educação e a espinha dorsal da sociedade. Sem ela, torna-se impossível adquirir o equilíbrio, a força e a vitalidade necessária para fazer do Brasil um país comprometido com a formação de seus cidadãos. Um país cuja nação será consciente e intelectualmente capaz de construir as bases sólidas que sustentarão os sonhos das novas gerações.
Publicado no Jornal A Tribuna
Incentivar a Leitura
O maior acontecimento de minha vida foi, sem sombra de dúvida, a biblioteca de meu pai". A frase impactante e, ao mesmo tempo, grandiosa, por tudo o que traz implícita, foi proferida pelo escritor argentino Jorge Luis Borges. Sua paixão pelos livros seguiu avassaladora até o final de sua vida, quando já estava cego e dependente de amigos ou familiares que liam para ele todos os dias. Borges sofria de um problema congênito na visão, proveniente de seus ascendentes paternos. Mesmo assim, isso não foi empecilho para que ele se tornasse um dos maiores escritores de todos os tempos, autor de preciosidades como "Ficções" e "O Aleph". Todavia, sua história poderia ter sido outra se, desde menino, não tivesse tido acesso ao maravilhoso e encantado mundo dos livros. Clássicos como "As mil e uma noites" ajudaram a fazer com que o menino tímido e retraído da Buenos Aires romântica do início do século 20 pudesse dar asas a uma imaginação já privilegiada, originando o escritor fenomenal em que se transformaria mais tarde. Mudemos, agora, de cenário. Brasil. Recife. No conto "Felicidade Clandestina", Clarice Lispector narra, de forma primorosa, o sofrimento de uma menina pobre cujo sonho era ler "Reinações de Narizinho", clássico de Monteiro Lobato. No final da narrativa, após ter conseguido seu tão desejado exemplar, a menina permanece abraçada ao livro, em êxtase, sem abri-lo por um bom tempo, tamanho é o seu respeito e admiração pelo tesouro recém-adquirido. Entre os grandes escritores, o que não faltam são histórias relatando o amor que devotavam aos livros, ao conhecimento, ao aprendizado... O que seria desses homens e mulheres das letras não fosse o contato precoce com a literatura? Teriam eles seguido rumos diferentes? Teriam se tornado os grandes mestres que conhecemos? Possivelmente, não. Daí a importância crucial de as escolas incentivarem a leitura e a familiarização dos estudantes com o espaço fantástico que são as bibliotecas. Cabe aos diretores e professores organizarem visitas das classes a esses centros do saber em suas escolas. A prática, com certeza, fará toda a diferença na vida das crianças e adolescentes. Para os mais novos, podem ser organizados leituras de histórias em rodas, com direito a interatividade e atividades que, já em sala de aula, complementem o trabalho iniciado na biblioteca. Quando o assunto é o estímulo à leitura, a criação de programas de incentivo é fundamental. Programas como o "Leia Mais" e campanhas como Tempo de Leitura são exemplos bem-sucedidos. Só o "Leia Mais" atendeu mais de 2 milhões de alunos do ensino médio com 3 milhões de livros de literatura. Foram investidos 20 milhões de reais com o envolvimento de 1.245 escritores e 1.934 títulos diferentes para a escolha das próprias escolas. Já a campanha "Tempo de Leitura" teve como palavra-chave o compartilhamento. Mais de 8,5 milhões de alunos do Brasil inteiro, de 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental, levaram para casa uma das seis coleções compostas de cinco volumes do projeto "Literatura em Minha Casa", do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). O PNBE está disponibilizando 30 títulos literários diferentes, contabilizando um total de 12,18 milhões de coleções. Livros de Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ângela Lago. Luís Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Oscar Wilde, Mark Twain, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e outros escritores e poetas nacionais e internacionais vão fazer parte da biblioteca particular dos alunos. Parafraseando Monteiro Lobato: um país se faz com homens e com livros. É assim que se constrói o futuro e se garante às novas gerações, uma sociedade e um mundo mais condizente com o sonho de todos os grandes escritores e poetas. O verdadeiro educador deve trabalhar em seus aprendizes o desenvolvimento desses valores. Este texto tem como objetivo ser um convite para que reflitamos sobre livros, bibliotecas, sonhos e o quanto eles podem ser fundamentais na vida de todos nós. E para salientar esse conceito, nada mais adequado do que lembrar um trecho do poema O Livro e a América, de Castro Alves: "Oh, Bendito o que semeia/Livros... livros à mão cheia.../E mando o povo pensar!/O livro caindo n alma/É gérmen que faz a palma,/É chuva que faz o mar".
Publicado no Jornal Vale Paraibano
Escola para todos
Ele era negro, epiléptico e pobre. Para complicar ainda mais sua trajetória de vida, nasceu no século XIX, em meio à sociedade marcadamente preconceituosa da época. Filho de uma lavadeira açoriana e de um pintor mulato, passou a infância no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Órfão, foi criado pela madrasta. Freqüentou o curso primário numa escola pública e aprendeu Francês e Latim com amigos da família e com um padre. O mais impressionante nessa história é que, mesmo sob o signo de tamanha dificuldade, reluziu a estrela maior de nossa literatura. Falamos do escritor Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908). Como vimos, o grande mestre das letras nacionais, autor de clássicos como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, cursou apenas o primário. Na verdade, até bem pouco tempo, era essa a realidade da maioria das crianças nascidas nas classes menos favorecidas economicamente. A história já nos provou que, em nosso país, muitas vezes, a conquista do aprendizado entre nossos escritores geralmente se deveu à figura de um padre ou de um fidalgo que vinham em socorro dos grandes artistas de origem humilde. Foi assim não só com Machado de Assis, mas com outros grandiosos representantes da literatura, para ficarmos apenas na seara das letras. O poeta Cruz e Sousa, filho de escravos, foi acolhido por uma família rica que resolveu educá-lo. Foi quando encontrou os conhecimentos necessários à expressão de sua arte. Lima Barreto, por sua vez, teve auxílio de seu padrinho - um visconde - que o ajudou a concluir o segundo grau. Hoje, o Brasil vive uma outra realidade, muito mais positiva em relação ao acesso das comunidades carentes à escola. Os números divulgados pelo último censo comprovam: os avanços relativos à universalização da educação em nosso país destacam a evolução de toda a rede pública do Brasil. Atualmente, 95% das crianças de 7 a 14 anos estão na escola, diferentemente do que tínhamos em 1991, quando uma em cada quatro crianças pobres estava fora dos estabelecimentos de ensino. Já a taxa de escolarização entre os jovens de 15 a 17 anos passou de 55,3% para 78,8%. Em São Paulo, isso fica ainda mais evidente: 99% das crianças entre 7 e 14 anos de idade estão na escola e o índice de evasão caiu diminuiu brutalmente, permitindo que as crianças e jovens permaneçam nas escolas. Em 1994 a evasão paulista era de 9% para o ensino fundamental e 19% para o médio. Em 2000 caiu para 4,5% e 12% respectivamente, os índices mais baixos do país. De acordo com o CENSO MEC 2001, a evasão caiu ainda mais, isto é, 3,1% para o ensino fundamental e 8,9% para o ensino médio. Os números deixam claro: a escola é, agora, uma possibilidade acessível à maioria esmagadora de nossas crianças, independentemente de cor, gênero, raça, credo ou classe social. É certo que ainda há muito a ser conquistado, mas o primeiro passo já foi dado: a garantia constitucional do direito à educação para todos. Uma das nossas metas é, justamente, seguir à risca o texto que compõe o artigo 205 da Constituição Federal: . A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A seqüência de nosso projeto educacional será, cada vez mais, aliar quantidade à qualidade, proporcionando a todas as crianças da rede pública de ensino a capacidade necessária ao pleno sucesso de sua vida pessoal e profissional. Temos certeza de que esse é o sonho de todos nós, educadores. Mas, para realizá-lo, é importante lembrarmos que ele se constrói um pouco a cada dia, em cada nova aula, em cada pequeno gesto de respeito e consideração aos educandos. O amor ao que fazemos, seja qual for nossa área de atuação, é o grande responsável pela grandeza de nossa obra e pela beleza de nossa história. O entusiasmo é essencial, sempre. Recordemos as palavras sábias de Balzac, outro mestre da literatura: "O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo". Boa semana a todos!
Publicado no Jornal A Tribuna
A construção de um novo Brasil
Educar é conceder ao outro a possibilidade de sonhar, transcender, superar limites e desbravar novos horizontes em direção à sua própria história e à cidadania plena. Quem realmente educa colabora para a formação de uma sociedade culturalmente mais preparada, mais consciente, mais capacitada para criar e vivenciar experiências positivas e, por vezes, revolucionárias. A boa educação deve vir acompanhada de doses maciças de afeto, de compreensão e, sobretudo, do entendimento de que o educando é um indivíduo único, peculiar, dono de um universo rico e, por vezes, pouco explorado. Cabe ao educador, primeiramente, orientá-lo na busca incessante de toda essa riqueza interior para, só então, libertá-lo para vôos mais altos. Mais precisamente, o vôo infinito do aprendizado. Podemos sustentar a educação sobre três pilares: as habilidades cognitiva, social e emocional. A primeira delas corresponde à seleção de informações técnicas relativas a determinados temas. Demanda aprimoramento constante e capacita o indivíduo para o exercício pleno de uma profissão, por exemplo. A segunda habilidade, a social, tem sido cada vez mais exigida no mundo em que vivemos. Ela implica saber relacionar-se da melhor forma possível. Falar, ouvir, expressar-se com competência, ter capacidade para entender os problemas e as dores alheias... Saber, como diria Che Guevara: "Endurecer sem perder a ternura". Na habilidade social, o respeito pelo o outro é um requisito fundamental. Vivemos em uma sociedade plural, multicultural, divergente, marcada pelas diferenças sociais, políticas e, principalmente, econômicas. As relações são difíceis e complexas mas, mesmo assim, ninguém arrisca viver sem a presença do outro. Ser só é algo contrário à natureza humana. Por isso, transitar entre grupos variados e de realidades diversas de forma hábil é uma vantagem, um diferencial. No caso específico da educação e do universo que a compõe, podemos citar o comportamento do professor na sala de aula como exemplo de habilidade social. É preciso que ele esteja em total sintonia com os alunos e suas necessidades, evitando posturas autoritárias e repentes de superioridade. Tem de haver integração e um infinito respeito pela história pessoal de cada aprendiz. Já a habilidade emocional se constitui no principal elemento capaz de desenvolver o processo educativo. Ela visa à busca do nosso eu interior, do equilíbrio e do autoconhecimento. Por meio dela, as pessoas são capazes de acessar suas potencialidades, autoconfiança e energia para lutar sempre que for necessário. Não se intimidam frente às derrotas. Ao contrário, servem-se das experiências negativas para se fortalecerem e mudarem o rumo das coisas para melhor. A afetuosidade, apesar de ser condição imprescindível para uma boa educação, esbarra na necessidade de melhorarmos ainda mais o setor educacional no Brasil. O fato de sermos um país continental nos impõe desafios ininterruptos em diversas áreas, e a educação é uma delas. Temos colecionado avanços significativos nos últimos anos. Entre eles, destacam-se os programas de incentivo à leitura, a complementação de renda para as famílias carentes com filhos em idade escolar, a construção de novas escolas, o crescimento das taxas de escolarização, a redução dos índices de analfabetismo, a rápida expansão do ensino médio, a elaboração de diretrizes e parâmetros curriculares e a implantação de um sistema efetivo de informações, cujas avaliações e levantamentos estatísticos funcionam como instrumentos para planejar e monitorar as políticas públicas do setor, colaborando para melhoria da qualidade da educação. Mesmo assim, ainda temos muito a fazer. Afinal, a educação é um processo contínuo que transcende os lares e os muros das escolas. Educar é dar oportunidades para as crianças e jovens expressarem sua criatividade, brincarem, ousarem... Vivemos uma época ímpar. A era da informação, da tecnologia, da rapidez dos processos. Presenciamos mudanças e revoluções diárias. O novo invade nossos lares e nos faz aprender a cada dia. Como educar crianças e jovens nessa roda-viva? Qual a melhor maneira de fazê-lo? Como prender sua atenção? Conquistar seus olhares curiosos que demonstram sede de conhecimento? As salas de aula serão páreo para a rapidez e as cores do games virtuais, dos computadores, dos programas televisivos? Encontrar as respostas para todas essas questões não será tarefa fácil, mas, certamente, teremos uma busca menos árdua se tivermos em mãos o mapa que nos levará a elas. Um mapa precioso que indica com riqueza de detalhes o caminho do afeto. Só o conhecendo é possível sonhar e realizar uma educação mais eficaz e global. Todos ganharemos com isso, como sinalizou o educador brasileiro Paulo Freire em suas belas palavras: "A grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, essas mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos, em gestos de súplica. Súplica de humildes a poderosos. E se vão fazendo, cada vez mais, mãos humanas, que trabalhem e transformem o mundo."
Jornal A Tribuna
Prática esportiva como metáfora para a vida
A glória é tanto mais tardia quanto mais duradoura há de ser, porque todo fruto delicioso amadurece lentamente.
Arthur Schöpenhauer
O filósofo Sócrates, na Grécia antiga, já afirmava: "As duas grandes habilidades necessárias ao desenvolvimento e à formação do ser humano são a arte e o esporte". Os gregos sabiam da importância da boa forma física para uma saúde perfeita. Era a filosofia mens sana in corpore sano. O bem-estar físico era um dos caminhos para que o intelecto pudesse fluir livremente, ultrapassando fronteiras limitantes para qualquer aprendizado. Os ginásios - edifícios monumentais destinados não só ao desenvolvimento do corpo, mas ao cultivo da inteligência - tornavam-se centros de pesquisas, debates e discussões. A própria metodologia do ensino nas academias atenienses já compactuava com essa mentalidade na medida em que os professores davam suas aulas em bosques, ao ar livre, fazendo caminhadas com os alunos enquanto transmitiam informações sobre botânica, matemática, zoologia e toda a série de disciplinas que formaram os grandes filósofos e gênios da época. A criação das Olimpíadas, em 776 a.C., é a prova máxima da importância que os antigos conferiam à prática esportiva. Vencer significava a glória, os louros, o reconhecimento por parte dos imperadores. Era um ritual mágico que simbolizava a conquista, a superação de obstáculos, a transposição de limites. Hoje, a mentalidade grega, no que diz respeito às práticas esportivas, encontra ecos em poucos países que, sabiamente, ainda incentivam seus jovens a praticar atividades físicas desde tenra idade. Procedimentos como esse facilitam o surgimento de campeões que se superam a cada geração, batendo recordes e entrando para a História. Tem sido assim a cada quatro anos, quando assistimos, boquiabertos, às delegações dos EUA, Canadá, China, Rússia e Coréia conquistarem a maioria das medalhas de ouro nos jogos olímpicos. No Brasil, em contrapartida, o apoio ao esporte ainda é insuficiente para resultados mais assertivos em competições ou mesmo para o desenvolvimento educacional completo dos jovens. Muitas empresas de grande porte ainda não acordaram para os benefícios de ter sua marca associada ao esporte. Já o Governo, apesar da boa vontade demonstrada nos últimos anos, ainda engatinha quando o assunto é a política pública de ponta para o setor. Muitos de nossos atletas, por exemplo, optam por viver fora do país, graças aos incentivos técnicos e financeiros que recebem no exterior. Bolsa de estudos nas grandes universidades, moradia gratuita, treinamento com equipamentos de última geração e acompanhamento médico adequado compõem um rol de ofertas tentadoras para os jovens competidores. Enquanto isso, em nosso País, mesmo os esportistas de primeira linha enfrentam, constantemente, inúmeras adversidades pela falta de patrocínio. Em casos extremos, muitos desistem do sonho por não dispor, muitas vezes, do dinheiro para a condução que os levaria ao treino. Todas as grandes vitórias olímpicas dos atletas brasileiros se devem, salvo exceções, ao empenho e à dedicação solitária do atleta, de sua família e do seu treinador. Em São Paulo, essa história já está sendo modificada, pelo menos para cinco mil jovens que passaram a praticar esportes nos principais clubes da cidade por meio do Projeto Clube Cidadão. Os adolescentes recebem uma bolsa no valor de R$ 120,00 por mês, desde que comprovem que freqüentam a escola. Quando a sociedade não valoriza o esporte, acaba se tornando vulnerável em vários aspectos. A prática esportiva distancia o jovem da violência, do individualismo exacerbado, do comodismo e da baixa auto-estima. Por outro lado, o esporte desenvolve as potencialidades dos seus praticantes na medida em que os torna confiantes, decididos, equilibrados, emocionalmente estáveis e preparados para os desafios impostos pela vida. A vitória e a derrota passam a fazer parte do seu dia-a-dia, capacitando-os para o mundo complexo em que vivemos. Saber ganhar e saber perder são elementos fundamentais, sobretudo, para quem vive na civilização ocidental a qual, ao mesmo tempo que respira competitividade por todos os poros, não prepara seus "atletas" da forma como deveria. Ao contrário, nessa arena pós-moderna, conquista o pódio quem digladia pela busca do sucesso fácil e rápido. Obtê-lo a qualquer custo transformou-se em lei. De nada vale a grandeza de competir, por si só. É a inversão completa dos valores básicos do esporte. Embora as atividades esportivas, cada vez mais, despertem o interesse do grande público, pouco tem sido feito para melhorar a prática da educação física nas escolas, no ensino superior e na comunidade. Faz-se necessário garantir a educação física e os esportes para todos como uma política prioritária para o desenvolvimento físico, intelectual e moral de milhões de jovens. Mais do que nunca, devemos trabalhar para reduzir a distância entre os esportes competitivos de elite e o esporte para todos. Nunca é demais repetir a frase "o importante não é vencer, é competir", atribuída ao responsável pelo resgate dos jogos olímpicos para os dia de hoje, o parisiense Pierre de Fredy, conhecido como Barão de Coubertin (1863-1937). Para ele, a tradição olímpica tinha como objetivo principal incentivar o esporte e, quem sabe, ajudar na união dos povos. Que essa meta seja de todos nós.
Publicado no Jornal A Tribuna - Santos
Um novo tempo
Estamos no início do ano letivo. Nas universidades, milhares de jovens darão início a uma nova fase em suas vidas. Quem não se recorda da imensa expectativa existente no primeiro dia de aula na faculdade? As dúvidas, os medos, os anseios em relação a profissão escolhida, os novos amigos e professores, as incertezas sobre a futura profissão e o sonhado reconhecimento no cada vez mais competitivo mercado de trabalho? É uma realidade cheia de apreensão e de temores e o jovem, nessa hora, assemelha-se a um vulcão pronto para entrar em erupção e espalhar sua lava incandescente ao seu redor. Tudo isso, logo depois de ter sobrevivido (sim, é essa a palavra) a um outro momento de turbulência sem igual: o vestibular. Para a maioria, a grande prova de fogo da juventude. A grande concorrência, a expectativa da família, o drama em escolher a profissão certa em uma idade ainda carente de maturidade e experiência de vida suficientes para uma decisão tão delicada... É como um rito de passagem cercado de desafios envolvendo coragem, perseverança, paciência, técnica, rapidez de raciocínio lógico e abstrato, fluência verbal e tantas outras habilidades essenciais a um guerreiro. Cabe aos pais, mais uma vez, servir de fortaleza e amparar seus filhos em época tão importante para o seu futuro. Pressões e cobranças só tendem a piorar o estado de espírito desses novos desbravadores que sonham em conquistar o mundo e trazem em si uma força e uma garra sem tamanho. São eles, os jovens, os respiradouros do mundo. Neles se concentram todos os raios de luz dos milhares de amanheceres que ainda temos pelo frente. Muitos encontrarão seu caminho de forma mais suave e menos traumática, porque tiveram na infância e na adolescência todas as oportunidades possíveis. Outros, pelo contrário, precisarão ser os arquitetos responsáveis por todos os traçados que delineiam seus projetos de vida, sem incentivo, apoio ou orientação de mais ninguém. Ambos, no entanto, têm em comum a capacidade de mudar as coisas e de transformá-las, sempre, para melhor. Afinal, eles têm como aliado, aquele que é o grande senhor de todos os dias de nossas vidas: o tempo. Poder olhar para frente e saber-se muito jovem é, sem dúvida, um grande antídoto contra a apatia e o desânimo para lutar. Além disso, há também o vigor físico e toda a energia proveniente dele. Por tudo isso, devemos respeitá-lo ao máximo e colaborar com nossa experiência de vida no momento único que é o ingresso na universidade. Afinal, ele é o primeiro passo para uma longa jornada. Uma jornada repleta de alegrias, conquistas e descobertas. É claro que há, também, algumas frustrações, mas todas elas, sem dúvida, fundamentais para a aquisição de autoconhecimento e crescimento interior. Como seria bom se todos os dias pudéssemos novamente despertar em nós essa sensação original e renovadora. A juventude determina, de maneira veemente, o ritmo da história. Desde sempre os jovens estão na vanguarda apontando novos caminhos e traçando rumos muito mais ousados e originais para as mais diversas épocas. Os primeiros movimentos de juventude seriam datados de 100 a.C., quando Marco Túlio Cícero foi obrigado a lidar com os protestos organizados pelos jovens que, na verdade, retratavam as visões da sociedade em geral. Vários governantes, muitos deles, de forma cruel, utilizaram-se dos jovens na tentativa de adquirir uma frente de batalha poderosa para implantar e disseminar os seus pensamentos e doutrinas de toda a ordem. Foi assim com Adolf Hitler, por exemplo. Tem sido assim com inúmeros movimentos sociais, não importando a linha a que pertencem. É sempre o jovem que está exposto na dianteira, para o bem ou para o mal. É relativamente fácil seduzi-los pois buscam de forma constante o novo e têm verdadeira aversão pelos padrões previamente estabelecidos. Amam a possibilidade de contestar, reivindicar, lutar e sonhar. E é na universidade que eles possivelmente desenvolverão muitas de suas inúmeras potencialidades para a batalha da vida. Os bancos escolares, como sabemos, não oferecem as respostas, mas apontam os caminhos para que possamos descobri-las. Por isso, a todos os jovens novos universitários: sejam bem-vindos a um novo tempo.
Publicado no Jornal Vale Paraibano
23 de outubro de 2006
Desafios da educação
É oportuno, neste momento de comemorações do Dia do Professor, compartilhar algumas reflexões sobre a educação.
Houve tempo em que estudar era ser posto à prova, era enfrentar vicissitudes para temperar o espírito, segundo os paradigmas da época. Tratava-se de um combate, que evitava o prazer e valorizava o sacrifício. Todos nos lembramos do relato de Raul Pompéia: "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta." Também nos lembramos do chefe timbira, de Gonçalves Dias, que diz ao filho: "Coragem, meu filho, que a vida, é luta renhida, viver é lutar."
Provação. Era disto que se tratava a vida e a escola.
Mas a pedagogia avançou. Hoje sabemos que viver é enfrentar, mas não é amargurar; que estudar é buscar, superar, mas não é desesperar. O aprendizado deve ser prazeroso, e este pode ser o desafio mais importante do profissional de educação. Talvez tenha sido Cecília Meirelles quem fez a síntese mais poética do que seja ensinar. Para a doce poeta e educadora, ensinar é "acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética afetuosa e participante."
E aí está em que se baseia a educação: afeto e solidariedade. E compreensão. Até para o erro. Edgar Morin costuma dizer que todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. Para ele, "o maior erro seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão."
Em meu livro Educação: a solução está no afeto, falo das três habilidades que acredito que precisam ser desenvolvidas no aprendiz: cognitiva, emocional e social. Quando um aluno erra, o professor preparado corrige, mas não censura, disciplina, mas não ridiculariza, repara, mas não condena. O educador não pode mais assumir o papel de detentor absoluto do conhecimento, embora deva se manter em contínua capacitação. Deve ser mais do que apenas o facilitador da busca do conhecimento pelo aprendiz. Deve ser um instigador. O professor que faz jus ao título de educador estimula a cooperação, porque a palavra que sintetiza o conceito da educação contemporânea é a reciprocidade. Estimula a vivência, a comparação, a análise crítica, o intercâmbio de idéias e de experiências. Tem ou desenvolve habilidade para fazer com que os talentos sejam exteriorizados. E desse modo descobre capacidades e orienta realizações.
Triste é o educador que já não acredita mais na capacidade de aprendizado, que não se debruça para examinar melhor a peculiaridade de cada aprendiz. Este não ensina nem aprende. Porque a educação não é pesar, é prazer.
Em resumo: trabalhar em equipe, resolver problemas, saber ensinar e aprender a ser solidário. Eis o que é ensinar! O mundo da competitividade é o mundo da heterogeneidade. Comparar pessoas diferentes - e não há pessoas iguais - é desestimular a criatividade e a autonomia.
"A melhor aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando de seu próprio desenvolvimento em atividades que sejam significativas e lhe despertem o prazer". A frase é do sul-africano Seymour Papert, matemático, professor do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e pai da Inteligência artificial, um dos maiores visionários do uso da tecnologia na educação. Em 1960 já dizia que toda criança deveria ter um computador em sala de aula. Mas a tecnologia sozinha não representa evolução na forma de educar. O computador é ferramenta, é apoio, é máquina, e máquina alguma substitui o professor - este sim, a alma da educação. O professor não pode ser como um disco de memória de computador, apenas um depósito de informação.
Há muitas formas de desenvolver conhecimento, mas o ato de educar só se dá com afeto, só se completa com amor. E a educação se realiza porque, junto com o amor, surge compromisso, respeito, a necessidade de continuar a estudar sempre, de preparar aulas mais participativas.
A educação é, em todas as suas dimensões, um grande desafio. Um desafio que depende em sua maior parte do professor, a quem venho reverenciar nesta data comemorativa. É o professor que fará, com dignidade e respeito - que são, afinal, formas de amor - com que a educação se transforme em puro prazer de viver.
Jornal O Estado de Minas, 09 de outubro de 2006
O tempo é como o rio que, inexoravelmente, ruma ao mar.
E o rio, às vezes, frequenta cenários deslumbrantes e não pode parar, nem assim, para contemplá-los melhor.
Outras vezes, penetra em paragens desconcertantes, incomodativas, e tem de percorrê-las sem o tempo da pressa.
É o curso. É o tempo. Preciso e feliz. Desconhecido.
Espada
Não sou atento
as coisas do mundo
nem ao meu contentamento de viver:
as coisas são grandes
demais para ser vistas
pelos meus olhos invisíveis
e o meu contentamento
é por coisas tão sofríveis
que me sinto um contente
descontente.
A maior riqueza do homem não está no prazer, no dinheiro, nem muito menos na luxuria, a maior riqueza do homem se encontra num lugar, onde, nem mesmo ele sabe onde encontrar.
Esta riqueza foi guardada como um patrimônio incompravél, inquebrável e insubstituível para que o mundo não o venha corromper.
A sua riqueza é a perseverança de que bons momentos irão chegar, que um dia as lutas vão se acabar, e que um dia Deus irá nos chamar para estar ao seu lado por toda eternidade.
REGREDIU
Onze da noite, tudo escuro.
Pensamentos fluem com constância.
Consigo inalar o ar mais puro
Me vejo pensando na infância.
Não fui egoísta
Pensei no geral
Sobre como era vista
E seu declínio [a]normal.
Observando com calma
Vem muita coisa na mente
Lembro-me das brincadeiras
E do jeito puro, inocente.
Em tempos remotos
Vivíamos um sub-mundo
Tanto que nem existem fotos
Está tudo na cabeça, bem lá no fundo.
Não havia apego ao material
Nada de computador ou celular.
Brincávamos, quase sempre no meu quintal,
Que era arejado e ampliava o magnífico luar.
O cenário era uma pequena vila
"Vila Sol Nascente"
Onde a vida era tranquila
E só morava boa gente.
Fora da minha casa
Tínhamos um quartel general
Cheio de frutas e animais,
Era o misterioso Horto Florestal.
Meu canto era aquele ali
Naquele mato escuro
Onde, de verdade, vivi
Subindo em árvores e caindo de maduro.
Era o lugar pra onde fugia
Onde tirava manga, laranja, mamão.
Corria do vigia.
Brincava de polícia e ladrão.
E isso é só uma parte
De uma época fenomenal.
Em que podíamos estar em Marte
E, em um piscar de olhos, ir ao Nepal.
Era perfeito!
Mas, chegou uma tal de evolução
A quem dou o nome de retrocesso.
E tudo aquilo que era feito a mão
Passou a ser, por uma máquina, impresso.
Inocência virou maldade
O claro virou obscuro.
O horto, uma raridade,
Foi cercado por um grande muro.
O rio, de tão poluído, secou.
Perdeu toda sua essência, sua beleza.
O verde acabou.
Uma enorme agressão à bela natureza!
Foi uma enorme destruição,
Aquilo que o próprio homem fez.
Hoje, esbanjando diversão,
Somente duas crianças, talvez três.
As ruas, já asfaltadas,
Foram tomadas pela violência
E por pessoas, coitadas,
Sem um pingo de inteligência.
Era perfeito!
Hoje, não é mais.
E assim, desse jeito,
Todos buscam por paz.
Eu, mero pensador,
Continuo escrevendo
Falando dessa minha dor.
Desse retrocesso que eu estou vendo.
Peço que tudo volte a ser como era
Que acabe toda essa tristeza
Peço que a maldita fera.
Volte a ser princesa.
Lamento pelas novas crianças
Que se divertem com moderação.
mas, ainda guardo esperanças.
De que elas saiam dessa ilusão.
Chamada, erroneamente, de evolução.
MERA OBSERVAÇÃO
Era noite de sexta feira.
Uma noite bem fria, por sinal.
Falei com todos, puxei uma cadeira.
Me acomodei e comecei a conversar, nada anormal.
Comigo, os velhos companheiros de prosa
Um pouco de assunto e o som vindo da rua.
Ao centro uma mesa com uma flor, uma rosa.
Alguma bebida e um prato de carne meio crua.
Estávamos todos no interior d'um bar.
O típico boteco que de tudo tinha.
Da cachaça mais inusitada
Ao famoso frango à passarinha
Na vitrola, um bolero conhecido.
Ao lado, uma linda dama de perfume.
Na sinuca, um malandro bem sabido
E o papo fluía como de costume
Mas, tinha algo diferente
Algo estranho acontecia,
Era comigo.
E, meio que de repente,
Perplexo, eu me via.
com tudo eu estava entretido
Passei a enxergar tudo.
Enxergar não, ver.
Ver aquilo que estava no meu mundo.
Aquilo que eu insistia em esquecer.
Vi o grilo, que zoava no teto
Já me tachando de louco
Pois, dar importância a um inseto
pra loucura, faltava pouco.
O giro das hélices do ventilador,
que esfriava ainda mais o lugar
Era monótono e assustador
Tal como um velho que, solitário, estava por lá.
Um casal de gulosos
que sempre pediam o mesmo
Um prato cheio ovos
E uma porção de torresmo.
Do outro lado da rua
Residia Um mendigo
Vivia no mundo da lua
Abandonado, doente, encardido.
Me irritei com a porta do banheiro
Que fazia um som insuportável
Até que um garoto, um tanto ligeiro
Entrou lá e o resto é improvável.
Pensei na minha família
Que, feliz, me aguardava no lar
E quando, no bar, entraram mãe e filha
Queria, pro meu aconchego, voltar.
Até que, de supetão, tudo sumiu.
Abri meus olhos e me surpreendi.
A porta do quarto, autônoma, se abriu
E num piscar de olhos, uma tragédia percebi.
Fiquei mal, desolado
o rosto estava bem tristonho.
Tudo aquilo que havia presenciado.
Fazia parte de um sonho
Um sonho engraçado
De mera observação
Só que estava recheado, coitado,
De uma ingrata ILUSÃO.
Ele, Ela e o Cartão
Numa manhã de quinta feira Ele Recebe uma ligação de uma Cidade distante Convocando-o para um trabalho que ele sempre quis. Todo motivado Ele vai contar pra Ela a noticia que acabara de receber, no entanto, Ela não gosta nem um pouco da ideia e pede que ela não vá, pois não está com bons pressentimentos, porem Ele não a atende e diz que é preciso ir. – EU VOU, MAS LOGO VOLTO PRA TE BUSCAR MEU AMOR!
Não satisfazendo a sua vontade de que Ele ficasse Ela teve uma Ideia. Imaginando que Ele Usaria o Cartão para pagar a passagem ou sagar o dinheiro para pagar a passagem, Ela resolveu bloquear o seu cartão.
No dia da Viagem Ela Foi Fazer Compras Com o cartão do seu namorado, então digitou a senha errada por três Vezes Bloqueou o cartão e Comprou a dinheiro o que tinha que comprar. A noite chega consequentemente a hora da viagem, ele vai com sua bagagem no carro da Namorada, chegando na rodoviária ao comprar a passagem perceber que o Cartão está bloqueado. – amor o cartão está bloqueado e eu não tenho dinheiro pra pagar a passagem já que está tudo no banco, pelo jeito não era pra eu ter ido, (risos) realmente era pra eu ter dado ouvidos a você desde o inicio.
Ela sorriu quando conseguiu o que almejava na volta pra casa Algo acontece inesperadamente, justamente no semáforo verde a sua frente, na sua lateral vinha um caminhoneiro que tinha acabado de beber, não respeitando o sinal Vermelho acertou o Carro onde o casal de namorado estava. Ela Acorda num lugar onde todos usavam Branco percebe que é o Hospital, com ela está tudo Bem apenas ferimento leve. – Onde está Ele, Onde está Ele? Ela perguntava pro seu acompanhante. E foi levada ao leito onde ele estava, visto que estava em como induzido ela chorou amargamente. Ele deu Sinal dois dias depois, , quando ela chegou com dificuldade ele começou a falar.
- que saudade que estava de você meu amor, meu bem olha como estou, não se sinta culpada por isso, só porque você estava dirigindo o carro lembro-me que o sinal estava verde você estava Certa. Talvez se eu tivesse conseguido ir isso não teria acontecido né amor?
Ao terminar com dificuldade de dizer essas coisas o aparelho acionou um Apito continuo. - Ele Morreu
Moral da Historia: Nunca impeça ninguém de Prosseguir, Evoluir por mais importante que essa pessoa possa ser pra você.
O Destino da Felicidade
Todos nós temos um destino, e se o destino da felicidade for so no fim? a tristeza vir primeiro? Não podemos alterar o nosso destino, mas podemos alterar a ordem que acontece no destino. Seja feliz primeiro e viva a vida intensamente! Como se tudo acabaria agora, viva o presente, viva a felicidade!
Queria ter algo pra fazer
Alguém pra abraçar
Um sentimento forte
Que pra Sempre eu possa lembrar
Um gesto sem palavras
Uma Ação sem planejar
Um pensamento escondido
Uma forma especial para amar
Um simples momento que possa eternizar
Quase sem força
Mais com a esperança de um dia encontrar
Apenas vou esperar.
Quando me sento na frente do pra escrever não consigo pensar em outra coisa que não seja o amor, é perturbador, percebemos que nossa vida não é exatamente da forma que desejamos e esses pensamentos ruins parecem sair da minha mente e se projetam ao meu redor, como se fosse uma cerca, mais sem porteiras.
Esta na hora de tentar atravessar esses obstáculos, mesmo que essa cerca seja de arame farpado, nada na vida é fácil, mas eu não irei deixar NADA me abar, NUNCA vou deixar de lutar pela minha felicidade, e eu sei, que a estrada é longa, mas no fim tudo vai fazer sentido.
Carta de ilusão.
Lembra do nosso primeiro beijo? Aquele momento em que marcou as nossas vidas, aquele beijo suave, que mexia com a química e com o meu intelecto, aquele beijo, aquele momento único.
Hoje eu venho aqui te dizer, por meio desta carta, sobre o quão você é especial para mim, nem especial é, você é a única pessoa da minha vida, ou seja você é minha prioridade, porém não sei se devo mais te chamar de minha né, acho que só há lembranças em meu pensamento, no seu já são lembranças obsoletas.
Pois bem, vou direto ao assunto. Como eu te disse, você é a única pessoa de prioridade em minha vida, e eu te perdi, e sei que foi para sempre, e se eu não te tenho, ninguém mais precisa de mim né? Eu vou dar um fim em tudo, cansei de suas mentiras, cansei de seu cinísmo, tanta hipocrisia e ainda consegue me fazer acreditar né?
Fazem alguns meses que tento ter coragem de te mandar esta carta, fazem alguns anos que tento te dizer a verdade, sim eu te amo, sim eu preciso de você e que só você conseguirá me fazer feliz, e eu sei que não tenho mais chances de te ter novamente, foi só o primeiro beijo que marcou toda esta ilusão, esta medíocre ilusão, e eu quero te dizer através desta carta, que eu não preciso de você ao meu lado, mas preciso de você para viver, viver de maneira intensa, não só ter o coração batendo por bater, quero que ele bata por alguém, e este alguém eu queria que fosse ti
Estou agora na beira do mar,
Aonde ninguém pode me encontrar,
Escrevo isso pra você,
Porque em ti não paro de pensar.
Queria tanto que você estivesse aqui,
Para eu poder ti abraçar,
Ti dar todo meu carinho,
E seus lindos lábios beijar.
Aqui, esta nascendo um sentimento,
Que eu não consigo explicar,
Eu gosto muito de você,
E jamais vou te magoar;
Um dia eu vou conseguir,
Tudo que sinto demonstrar,
Quero você sempre comigo,
Para que o meu coração volte a amar.
Sinceramente, acho que você é a pessoa certa pra mim,
Suas bochechas fofas quero beijar,
Você é linda e sincera,
Isso já basta para eu sonhar.
Fico sentado olhando o oceano,
Solitário no mar, só penso em ti encontrar,
Observo a lua refletida nas águas,
E imagino você aqui, juntos a namorar.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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