Textos de Rita Lee
Protagonistas desta Jornada
A vida tem ensinado que viver requer muita astúcia e sabedoria. Os dias sempre serão conforme o determinarmos. Somos sabedores de que o “nada” sempre será o “tudo” e o “tudo” nosso alimento espiritual. Somos os protagonistas dessa jornada, portanto podemos reescrever os capítulos do nosso livro todos os dias. Nada e ninguém poderá deter o que já está predestinado, mas podemos mudar o rumo da nossa história se assim o acharmos necessário.
NEM SEMPRE
Nem sempre a vida traz o que almejamos. Muitas vezes vem sem um acontecimento, sem um planejamento e sem uma autorização. Vem como um vendaval e leva tudo como se nada daquilo importasse. Apenas adentra sem pedir licença, se aloja e fica. Vamos percebendo então, que tudo o que planejamos ficou a uma distância muito longa. São as nossa vontades misturadas com a intensão de ter algo além da vontade do Ser maior. Porém, a vontade dele é outra. Somos uma mistura de várias formas, intensões e quereres e estas misturas acabam se confundindo com a verdade.
Ermo
Chega a ser dor
esse amor;
latejando as horas vagas.
Compondo o tantos dos dias,
por acúmulo da saudade,
intransponível...
sem abrigo,
sem morada.
Queria ...
tão somente a despedida,
em teu sentir
deixar gravado
O tanto de mim,
que permanece
nesta paz, tão almejada.
Vou seguindo por caminhos imprecisos,
sem destino,
diluindo as minhas mágoas.
Te buscando nos recantos esquecidos,
um alívio para alma.
Rita Eduardo
Alternâncias
Hoje o dia se fez manhã para trilhar os caminhos costumeiros.
Tangendo o coração, trazendo a tona as lembranças represadas.
Alardeando a vontade de regresso, onde a alegria habitava.
Repudiando a razão, despindo o tino.
Hoje o dia se fez tarde para deixar as amarras soltas.
Vasculhando os porões, desabrigando os espaços reprimidos.
Desmascarando a face, distorcendo o semblante.
Invadindo os sentidos.
Impondo a tua presença.
Sem licença...
Hoje o dia se fez noite.
Rita Eduardo
Acrisalar
As asas se desfazem
neste ciclo que se fecha.
Meu jardim foram quimeras.
Fez-se o tempo de acrisalar
os anseios vãos.
E no silêncio do casulo
acolher a solidão.
Esquecer as desditas
Encontrar a paz perdida
Refazer a poesia
Desabrigar o coração.
Hoje vou rescindir
De asas novas me vestir
Em outros sonhos vou pousar
Quando a minha primavera
retornar...
Rita Eduardo
La follia del vento
Una volta chiesi al vento:
- Perche soffi così forte? Sembra che vuoi devastare il mondo. Ci sono i giorni nei quali la tua brezza è così leggera che sembri scoraggiato.
E il vento rispose:
-Così come nella tua vita, anch'io ho i miei giorni di insensatezza e follia.
CHORAMOS POR TI MARIANA
A cidade que virou lama chorou
Lágrimas escorreram da cor da terra
E pelo leito afora tudo devastou
Pelas mãos do homem e pela ganância
Cidades foram devastadas, casas soterradas,
Vidas desencontradas e futuro apagado.
Outra barragem se romperá e varrerá cidades e lugarejos
Serão apagados do mapa. A situação é caótica
O tsunami lamacento encobrirá parte do planeta
Vidas não serão poupadas e moradias serão devastadas
Um deserto se apodera de toda a situação
E nada restará para lembrar.
E o medo de enfrentar uma nova avalanche de lama
Voltou a fazer soar o alerta em povoados de Mariana.
Sonhos foram arrancados e o pavor assolou
Nos olhos apenas lembranças de uma cidade que já fora ideal
Hoje só a cor da dor e de um tempo que passou e nada restará.
CICLOS
Não é nada fácil, todos os meses, sangrar por dias seguidos, sentido as dores de um parto e não parir ninguém.
Porque em um trabalho de parto, a recompensa da dor é um filho em nossos braços, o que faz tudo valer a pena.
Não é nada fácil, acordar com vontade de chorar sem saber porque, ler uma mensagem besta no watts e ficar o dia inteiro grilada, achando que era um "recado" quando na verdade era somente uma brincadeira, que aliás foi você quem começou.
Não é nada fácil se olhar no espelho e se deparar com uma retenção de líquidos que te faz sentir a mulher mais pesada do mundo, mais feia e mais chata, e ter de fato uma razão que justifique tanto choro.
Não é nada fácil não poder dormir de bruços porque os seios doem tanto que parece que foram arrancados no cru.
Não é nada fácil ouvir alguns nos chamarem de "fresca", ouvir que TPM É "PANTINHO" e que ninguém tem obrigação de aguentar.
Não é nada fácil....
Começar um texto e não saber terminar, porque a vontade que estou é de chorar!!!!
COISAS DA VIDA
Uma velha escada de ferro.
Prédios caindo aos pedaços, abrigam pessoas abandonadas ao próprio destino.
Em meio a este caos urbano,
com seu azul imponente, o mar, ao longe, testemunha a desordem e as contradições daquele lugar.
O ar fresco e agradável de uma tarde no fim do outono,
a paz e a discrição tão cúmplice de quem busca a solidão,
torna o ambiente propício para momentos de confissões sofridas, entregas inesperadas e lágrimas que aliviam a alma.
Duas pessoas praticamente desconhecidas, compartilham uma cumplicidade, vinda não se sabe de onde.
Há um entendimento entre as retinas que dispensa explicações.
Os olhos buscam-se a todo instante, ao mesmo tempo que repelem-se, tentando não sucumbir ao desejo de um contato físico acolhedor.
A relação entre eles, é de quem busca um refúgio emocional, um lugar para se esconder da rotina diária que consome tempo e saúde.
Buscam entre sí um pouso, querem descansar a cabeça da ciranda da vida, que por vezes tira todas coisas do eixo, com o único objetivo de colocar tudo no seu devido lugar.
A SERTANEJA
A mulher sentada no chão de terra batida, tem em seus braços magros uma pequena criança inerte.
Ao seu lado, apertando um dos seios murchos e ressecados de sua mãe, um menino espera por um leite que não virá.
O sol escaldante turva a visão e confunde o raciocínio.
A sertaneja observa o horizonte desolada, não sabe o que fazer, e ainda que soubesse, não teria forças para executar.
As moscas rondam insistentes, e na porta da casa de taipa, urubus espreitam um possível jantar.
A morte ronda silenciosa.
O olhar da mãe volta-se para o pequeno ser em seus braços.
ESTÁ MORTO!
Não suportou a dureza da seca, mais um que a fome levou.
DESCREVER-ME
Às vezes gostaria de me descrever, falar um pouco sobre o que está dentro de mim. Falar das minhas vontades, das minhas loucuras, das minhas satisfações, das minhas decisões. Falar até das minhas indecisões, insatisfações, inseguranças e das minhas angústias.
Como me descrever se até a mim eu me surpreendo? Não me reconheço às vezes. A cada dia uma nova mulher renasce, novas mudanças acontecem, novos planejamentos, novas descobertas.
A cada dia descubro que cresci um pouco mais. Descubro que não quero nada que seja pela metade, descubro que quero o inteiro, o livre, o sensato. Descubro que a liberdade pousou dentro de mim e quer voar junto com minha alma que transmuta em ascensão.
Descubro que meias palavras serão em vão, que a paz chegou sem avisar e ficou morando comigo. São tantas descobertas que chego a pensar que eu não moro mais dentro de mim.
Que aquela mulher com inseguranças e medos foi embora deixando apenas a mulher que sabe o quer, a mulher decidida a enfrentar o mundo.
Invasão
É só dar vasão ao pensamento
que o meu disfarce se revela
Onde o "está tudo bem",
que ensaiei tantas vezes
me sorri de lado
Admitindo que voce ainda mora aqui dentro.
Em quase tudo que faço.
Nas palavras que compõe os versos
Nas canções que embriagam o pranto.
Nas visões de tantos sonhos.
É só cair a noite que a saudade incita.
Dando margem a vontade explícita
de te buscar em qualquer presença
e me faça sentir viva.
Resquício
O que restou foi a visão sombria
que se desfez no horizonte
feito nuvem fria.
O que restou foi o riso pálido
do palhaço solitário
quando fecha a cortina do espetáculo .
O que restou foi o caule nú
da flor despetalada
segredando sua dor ao vento.
O que restou foi o pranto seco
Assoreando o leito.
O que restou foi uma saudade
alardeada
solidão inacabada
dentro de mim...
Permissão
Deixe-me trazer-te nas visões sublimadas do meu dia
e inspirar por ti as levezas desta vida.
Deixe-me abraçar-te neste encontro
e saber que sigo te amando
tua alegria é a certeza da minha.
Deixe-me querer-te assim distante
sem de ti perder-me um só instante
trazendo-te em meu coração errante
um sopro de vida pulsante.
Deixe-me perder-me neste sonho
navegar nas rimas dos versos que componho
ancorar a paz que em mim disponho
afogar-me neste mar tristonho
...é tudo que te proponho.
Rita Eduardo
Presente(mente)
Ainda assim me possuis
Não vês?
Na claridade que acende o dia
Minha luz te guia.
Na torpidez do pensamento
Quase anestesia.
A música que toca
Embala a alma
E valso nas memórias
Encharcadas
Tocando meu céu
E te trago pleno...
Não vês
O quanto és meu?
Rita Eduardo
"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és... e só preciso de um minuto da tua atenção.
Espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.
Espero que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é por mal... é por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.
Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.
Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono do amanhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar na hora.
Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não vai se esforçar para decorar os nomes de todos os teus amigos de primeira... Porque ela... ela é que sabe de si.
Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.
Ela sabe cozinhar, e vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se não estiver bom ela vai rir do fracasso, em vez de chorar.
E quando ela ri... quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas por cada gargalhada como uma nota musical que toca ao coração e me faz querer dançar.
Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive.
Aprende que a ritmia que sentes com ela é normal!
E que a falta dela é um vazio igual à morte.
Espero que sejas tudo aquilo que eu nunca fui.
Espero que a trates bem.
Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.
Pudesse eu ter lido o futuro..."
- Rita Leston -
COM CERTEZA
Se for para invadir meu mundo que seja para valer, que seja sem muitos rodeios. Adentre com convicção, com certeza, não acorde minha felicidade, não desperte a saudade, nem cultive expectativas se não for para ficar.
Deixe as delicadezas de lado, o romantismo adormecido, as gentilezas fora do contexto, afinal de contas você está só de passagem e esta sua vinda foi só um acaso.
Nada foi programado. O destino apenas quis provar que tudo ficou a uma distância adormecida, nada será sólido se não for unido com convicção.
Analise a situação. Cada dia, cada mês, cada ano, tudo foi evoluindo sem que tivéssemos planejado, fugiu do nosso propósito, ficou longe do nosso entendimento.
Mesmo assim foi bom o reencontro do passado com o presente. Movimentou as águas serenas, demoliu os muros que dividia as certezas das incertezas, despertou o rubro e forte sangue das veias que permaneceram estáveis a um longo período.
Pare de verbalizar, ninguém mais aguenta esse tipo de coisa. Vejamos: nada mais importa, a não ser os que nos deixe com a certeza de que tudo vale a pena.
Arriscar o que? Nada. Nada tem para arriscar, a não ser uma certeza dentro da outra. Ninguém mais quer incertezas, inseguranças, dissabores; o que importa hoje em dia é a certeza do que vamos sentir.
Portanto, se for para ter certeza, com certeza.
DESAPEGO
O que temos a perder? Nada. Nunca perdemos nada quando não esperamos nada de ninguém, quando a nossa capacidade de desapegar for maior que nossa fraqueza. Quando abrimos um leque de oportunidades e nos deparamos com a mudança que tanto almejamos.
Percebemos então que vencemos aquela batalha que estava travada há muito tempo.
Que nos arredores deste mundo egocêntrico vive a sabedoria. Ela espera que nos coloquemos à disposição para crescermos juntos.
Viver requer força e coragem. Viver é um desafio. Viver é uma luta constante. Viver é desafiar a vida todos os dias.
COMO ENTENDER
Como entender o mundo se estou há tanto tempo longe dele? Como entender se nossa relação ficou um pouco a mercê das mudanças repentinas?
Estou tentando me moldar de alguma forma. Tentando segurar sem que as mudanças interfiram no meu entender e os valores atemporais oscilem desestruturando toda uma contextura resistente. Há um desentendimento entre o mundo e eu.
Talvez eu não queira essa mudança. Talvez o mundo e eu estejamos querendo que tudo seja moldado para um único e absoluto caminho de certezas concretas.
Talvez nada seja do jeito que espero. Talvez esta insegurança seja apenas uma linha imaginária. É tudo tão vago que não sei por onde começar a desenlear todo esse novelo de incertezas.
Preciso de tempo. Tempo para me reestruturar e analisar toda essa mudança que não consegui alcançar.
O mundo mudou muito rápido que se eu tentar seguir seu ritmo sem um planejamento ou uma parada, há uma grande chance de eu não vencer esta jornada.
Mesmo quando tudo ao meu redor pede calma, o mundo não para. Ele gira sem parar, sua velocidade interfere involuntariamente no meu interno e eu preciso acompanhá-lo.
Estou tentando me ajustar e sobreviver a este novo e desconhecido mundo cheio de mistérios.
SINTO SAUDADE
Sinto saudades do que fui outrora,
Rapariga alegre, feliz e descuidada
De alma sã, crente e acostumada,
Aos pobres socorrer, aos tristes consolar,
Verdadeira antítese do que sou agora.
Nem quero crer, sequer, que possa ser
Aquela desumana e fria criatura
Irónica, descrente e imperturbável
Com o sofrimento alheio.
Pois sou EU! Meu outro EU!
Aquela que o Destino adverso em mim criou
Aquela que o Desprezo tem alimentado,
Aquela, que o meu verdadeiro EU matou!
P'ra que hei-de Eu ser Humana, e dar meu coração?!
Se em troca só encontro
Cinismo... Ingratidão!...
Porque hei-de Eu chorar a Dor que não é minha?!
Se a minha propria Dor, lhes é indiferente!...
P'ra que hei-de Eu confortar os estranhos prontamente
Se as minhas tristezas as conforto Eu, sozinha?!
Não! Eu quero ser quem sou agora...
E se algum dia, no decorrer da Vida
Meu Eu, voltar, dir-lhe-ei ainda dessa vez,
Que me deixe... Que se vá embora!
_ Mas quanto mais o tempo vai passando
Mais a saudade do que fui, me invade!
A mascara cai, da minha falsidade...
E ao recordar quem fui... MEUS DEUS! Fico chorando.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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