Textos de poema
OLHO-TE: (soneto)
Olho-te - o espanto de meus olhos salta
- Da tua boca o beijo num delicado cheiro
De tuas mãos aquele cuidado prazenteiro
Tudo de tua poesia sinto uma grande falta
Toda a nossa estória: - aqui nesta pauta
Do meu primeiro: - olá, o nosso primeiro
Encontro; - me completando por inteiro
Tudo neste poema é som de doce flauta
Sinto o palpitar no peito não mais calado
Quanto mais escrevo, mais de te anseio
Mas olho-te, em ti o meu destino amado
Ouço nas lembranças cada tal passeio
Cada sorriso, sempre aqui ao meu lado
Incitando comigo cada desejo que freio
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2019
cerrado goiano, 05'20"
Olavobilaquiando
Exilado
A lua me exilou na noite solitária
Me jogando em um isolamento
Onde a alma se sente precária
No ter e não ter o sentimento
O que alegra, fascina, motiva
Que traz sentido e movimento
Sem que se tenha expectativa
Pois o amor não é sofrimento
Nem exílio, é afeto, iniciativa
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Quando te delegam poder, você usa ele para florescer relações inspiradoras ou vira escravo do próprio ego?
A empatia humana que existem em nós vai muito alem do ser profissional. Muitos "criadores de realidades" deixam de lado a razão e a ética e se deixam mover por pequenas vaidades.
A forma como você toca o mundo é um eco da sua alma, ela fala apenas sobre você. Faça parte de uma nova era, ame novos ciclos, seja liderança e lembrança inspiradora.
Esperança
Hoje eu queria aquela nossa conversa, aqueles papos que só tinha contigo. Afastar-se, pra mim foi chocante, talvez desnecessário, fiquei sem entender os motivos, mas será que nisso houve o seu medo? E porque comigo? Eu só queria a sua companhia, todos os dias, pelo menos pra falar do meu dia ou desabafar sobre tudo que passo. Será errado?
Você não me perdeu, apenas se afastou e deixou lembranças, onde juntos tivemos boas conversas, risadas, enfim, papos excelentes e que tão cedo não esquecerei, era tão natural, porém em instantes tudo acabou... O adeus do seu sorriso foi o que mais doeu, o seu olhar, aquelas longas conversas, aquelas noites em claro sem perceber o tempo passar, isso jamais esquecerei, estará guardado em minha memória, mas dói muito ver tudo se indo, desabando com uma palavra que desconheço, o começo do fim
*Apenas Viva!*
Aproveite enquanto é tempo
Aprenda a andar de bicicleta
Seja por um dia um poeta.
Fique careca!
Mergulhe no Rio São Francisco
Escale uma montanha
Faça o que vier na cabeça
Não existe receita para ser feliz.
Aproveite cada sorriso,
cada minuto, cada instante,
cada momento.
Como eu havia dito antes:
Viver intensamente
é o que vai te fazer feliz!
mingau
e por falar em milho
rala-se no ralo grosso
panela e açúcar no fundilho
cravo e canela um colosso
pra gosto e temperar
e não ficar ensosso...
meche, meche sem parar
no fogo, um alvoroço
olha o leite pra engrossar
quero ver se alguém resiste
este doce paladar
de igual não existe
da roça pra qualquer lugar
mingau de milho verde, hummm!
os beiços a lambuzar
de um sabor incomum
pode acreditar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27/09/2019, sexta feira
Araguari, Triângulo Mineiro
SONETO ALEGRE
Permita-me um momento de ilusão
Onde alegre, na alegria possa crer
E cá no soneto felicidade então ter
Sem sofrê, alegrando a imaginação
Só alegre não basta a alegria querer
Tem que haver um além da emoção
Olhos lacrimejados duma satisfação
Da alegria em tal melodia à florescer
Então, alegremente cá nesta canção
Cantar as alegrias e, louvar o prazer
Ressonando alacridades no coração
E neste horizonte de alegria no ser
Deixar a sofrência só como bordão
Onde na alegria, alegre és o viver!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
flerte
olhava o céu
nuvem inerte
alvas como papel
cá do cerrado
calado, meu coração
dispensava qualquer termo
numa espera sem ação
um olhar perdido, ermo
pensando só em você
e neste glacê de emoção
o meu sentimento voa
até ti, buscando razão
desta distância atoa
que ao amor maltrata
é dor chata, que dá solidão
aquelas que não cabem
no peito, de tanta aflição
e só os que sentem sabem
como é contramão sentir...
então, venha logo! Não fique por vir!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 14 de outubro
Cerrado goiano
Poço poético
No pocinho da inspiração
Ali se pesca e fisga poesia
As traz pro perau do coração
As põe nas águas da ortografia
Cada fisgo da rima, um tesouro
Puxado das profundezas à revelia
Onde vem compor o poema calouro
Para querer ser ao autor estrela guia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2016, 4'34" - Cerrado goiano
Amanhece o cerrado goiano
Ah! Aurora no cerrado em sonata
Põe-se a sonorizar o amanhecer
Em doce tilintar em ouro e prata
Num delíquio de ventura e prazer
Bendito és este despertar de cores
Vai-se os devaneios nesta explosão
Mil "bravos “ressoam nos arredores
Em trínula volata pela pasma visão
Amanhece o cerrado goiano. Esplêndida canção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2016, 05'42" - Cerrado goiano
Minha vida
O breve é quem dita a minha vida
A vida da minha vida tem vida peculiar
Elege chegada, permanência e partida
Pulsa na minha vida sem se importar
Vive a sorte, independente, sua linha
Sem que eu quisesse ou não quisesse, vive
A minha vida, sem vida, eu não teria vida minha
Não teria arte, dor, suspiros, cor, amor inclusive
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril de 2016 – Cerrado goiano
A morte é uma viagem
Saudades eternas sentimos
de todos os nossos entes queridos
que partiram antes de nós,
mas o que é a morte,
senão uma viagem...
Nesta viagem talvez tenha volta,
talvez a reencarnação exista mesmo;
talvez sejamos unicamente espíritos
e este invólucro de alma
precise de outro corpo...
e de outro...
quantas vezes for necessário...
para que mesmo?
Ah...para aprender a viver,
ser unicamente bom.
Ser perfeito;
Ser sábio;
Ser virtuoso...
Saber respeitar uns aos outros;
Saber amar todas as coisas;
Saber ser feliz;
Saber sorrir;
Saber compreender
e talvez ainda falte mais virtudes...
Bem ... então vida de morte necessária,
porque cada um de nós
temos muito que aprender!
Outono no cerrado
Cerrado. Ao horizonte escancarado. Escancaro o olhar
Sob o céu acinzentado, admirado chão de cascalho calçado
O vento rodopiando, a poeira empoeirando a anuviar
O minguado frio sequioso outono dos planos do cerrado
As folhas bailam, rodam, caiem em seu leito ressequido
A chuva se esconde, onde o céu não pode chegar
Os sulcados arranham e ondulam o ar emurchecido
Do desconforto calado entre os cipós e galhos a uivar
Olho o céu purpúreo desenhar o frio chegando ao porto
Os arbustos rodeados de cascalhos num único flanco
Rangendo o outono no amarelado e árido cerrado torto
Num verdadeiro espetáculo de pluralidade saltimbanco
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/04/2016, 14'25" – cerrado goiano
Hoje é o dia mais importante de sua vida
Hoje é o dia mais importante da sua vida
porque talvez não exista o amanhã.
Então viva hoje, ame..insista!
Insista ser feliz hoje.
Garanta o seu momento todo agora
porque o amanhã...
pode não vir a ser outrora.
Contemple o hoje como se fosse o último,
amanhã talvez não exista oportunidade,
nem haja tempo para fazer nada mais.
Hoje é o dia de se viver contente!
Hoje é o dia de sorrir!
Hoje é o dia de abraçar quem você ama!
Hoje é o dia de dizer: - Eu te amo!
porque amanhã pode não existir.
Amanhã pode ser tarde demais para recomeçar,
recomece hoje!
Hoje é o dia mais importante...
Hoje é o agora, neste momento, neste instante,
é a sua vida como um presente!
Viva hoje!
Agradeça hoje!
Abrace hoje!
Ame hoje!
Diga eu te amo hoje!
Perdoe hoje.
Reconcilie - te contigo hoje.
Reconcilie- te com todos hoje.
Reconcilie- te com tudo hoje!
Hoje é o dia mais importante de sua vida!
De uma gargalhada gostosa,
se divirta fazendo o que gosta:
- Vá passear;
- Vá ao cinema;
- Vá à um bom restaurante;
- Vá ao shopping;
- Vá à praia;
- Vá correr pelos campos...
- Vá fazer o que quiser, conquanto que viva!
Aproveite no máximo o seu dia,
porque o amanhã, pode não existir.
Então é hora de dormir hoje
e se por sorte amanhã você acordar...
já é o hoje, então aproveitem o hoje,
porque o amanhã pode não existir!
CERRADO (soneto 2)
O cerrado é como um soneto
arbustivo, tortuoso, melódico
chora a sua aridez, é talódico
diversos como verso irrequieto
Fala do diferente, do exótico
contrastante e muito concreto
vai além de apenas indiscreto
exuberante e também retórico
É prosa narrada é céu sem teto
o cerrado é um insano imódico
e a sua melancolia vira adjeto
É tão sequioso no teu periódico
ádvenas flores, frutos, de ti objeto
d'amor que te quero, és rapsódico
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de julho, 2016 – Cerrado goiano
Era você que rondava em meus sonhos,
tentando capturar um coração vazio
e ali ficar ouvindo seu ritmo descompassado
na melodia do viver por viver?
Era você, qual sombra silenciosa,
que seguia meus passos solitários nas veredas,
onde desviando de buracos mantive o rumo?
Era você a inspiração que surgia de repente,
levando-me a canção de todo dia,
onde além da existência, timbrei a alma,
fazendo acordes e coros inimagináveis?
Era você, sem dúvida, que com palavras doces,
sussurrava aos meus ouvidos com o vento,
trazendo mensagens sutis a desvendar
Você que do nada apareceu,
tornou - se cada vez mais presente,
cativando e se fazendo amar,
nesse tempo espaço,
onde um coração, o meu,
já se tornara peregrino
num deserto de si mesmo,
consolado, sem nada pedir
Mas, se sempre foi você,
um sonho perdido entre sombras,
revelando-se aos poucos
e apenas isso eu sei,
é por você que agora,
todos os dias renasço !
Neusa Marilda Mucci
Outono de um tempo qualquer
O velho preconceito
Chega deste preconceito,
já se arrastou demais no tempo.
Tá parecendo secular...
velho demais para se falar!
A história conta tudo do que foi,
que trataram ser humano que nem boi!
Essa coisa já passou...
já chega deste preconceito,
todo mundo tem direitos iguais!
Aliás, a bomba foi em Hiroshima
que devastou também a Nagasaki
e a guerra foi bem pior...
talvez não há bandeira levantada,
japonês fica em silêncio, sem dizer nada,
porque tem outro jeito de pensar.
O carinho é importante, o respeito é relevante,
mas, a ferida tem que estar sarada,
pra não sentir nada...
porque quer a guerra...
quem tem a bandeira levantada!
Já chega deste preconceito,
já se arrastou demais no tempo.
Tá parecendo secular...
velho demais para se falar!
Vá a luta sem se machucar,
sem pedir piedade pra ninguém...
afinal todo direito todo mundo têm,
mas igualdade é utopia
e ser vítima do passado não faz bem!
Chega deste preconceito,
já se arrastou demais no tempo.
Tá parecendo secular...
velho demais para se falar!
Olho, pele, cabelo... tudo é relativo,
e pra quem é ativo
usa o preconceito reativo:
- Aquele que não pede
e nem deve nada pra ninguém!
Guarda o sorriso do teu rosto,
esconda qualquer desgosto
e siga em frente sem parar,
não de ouvidos aos ecos tolos
são sons de bobos à falar.
Chega deste preconceito,
já se arrastou demais no tempo.
Tá parecendo secular...
velho demais para se falar!
Silencie o teu verbo,
o passado não tem culpa
da preguiça de ninguém,
se você quer ser alguém
todo mundo quer também,
portanto...
não adianta querer ajuda de ninguém!
Vá á luta com inteligência,
é isso que cala a boca da ignorância!
A vaidade é complicada:
- Tem a branca desbotada;
- Tem a negra debochada;
- A parda descarada;
- A japonesa sem dizer nada;
- A loira burra de morrer...
e se for pra crê tudo é preconceito,
mas se falar em direito cadê a cota pra mim?
Quantos por cento de raça
tem que aparecer numa novela,
eu não queria dizer dela...
Mas, tô dizendo por pirraça
porque não é justo e é sem razão,
querer separar as raças desta Nação!
Até parece que o índio não é gente,
porque são tratados de um jeito diferente...
Por que não tem índio na minha escola?
Por que não tem índio jogando bola,
se eram eles os donos da terra,
que o branco tomou por invasão?
Já estou cansada (o) deste preconceito
e se for ver direito todo mundo têm,
então cadê a minha cota pro ENEM?
Porque até isso tem também!
Chega deste preconceito,
já se arrastou demais no tempo.
Tá parecendo secular...
velho demais para se falar!
Maria Lu T S Nishimura
Vácuo
No vácuo, na falta de som
De luz, de poesia,
No caos da antimatéria
No infinito querer, jaz a ilusão:
Um pensamento morto
Uma discussão, a retórica
A dialética socrático-aristotélica
A coisa em si Kantesca (Kant)
Metafísica antipoética de Pessoa
A natureza viva de Cabral de Melo
O discurso sistemático cartesiano
O enfado amoroso kierkegaardiano
A impossibilidade da “república”
A ineficácia da “política”
O fracasso didático de Foucault
O erro freudiano, o sonho de Jung
O desejo superado de Lacan.
No vácuo, onde outrora estava o saber
Nada habita, sumiu a consciência
Só a falta de ar como indulgência
O temor de perceber que tudo,
Tudo é vácuo, percepção niilista
Representação, angústia Sartreana
Depressão, abismo, Schopenhauer.
O anarquismo, desgoverno, Proudhon
Sem coerção mental, pensamento avulso.
Foge-me a organização de Marx
“As massas” não se unem
Não há revolução… Nem salvação.
Morte à metafísica, lógica sem ação.
Enquanto a politica nos mata
Enquanto pessoas lutam
Enquanto negros morrem
Enquanto pessoas sofrem
Enquanto a ditadura ressurgir?
Mais pessoas irão morrer
Menos pessoas irão viver
E mais gente irá sofrer
Com a perca de amigos que lutaram
Que se esforçaram e pecaram
Se apaixonando por quem não podia
Pois Deus não queria
Enquanto pessoas perdem suas casa
Enquanto pensamos em mais um poema
Enquanto criticamos um ao outro
Enquanto nos matamos por dentro
Palavras & Letras (2009)
Após o repetido encarar do branco das folhas se mostrar contumaz, confesso:
São dolorosas as letras, principalmente quando se juntam, em cambulhada, à soberba das palavras.
E pior ainda se chegam ao papel, seja na exposta frente ou no escondido verso.
Submerjo, naufrago... afogo em pensamentos dispersos...
Existirá mundo sem letras - consoantes, vogais,
Com ou sem aspas ou pontos, infames sinais,
Personagens discretos de palavras patéticas em frases conexas,
Fortuitas, complexas, infindas?
Disfarço, empalideço...
São medonhos os medos que ocorrem em assuntos transversos...
Em vão, tento crer só na existência dos dias em mundos letrados,
De grafadas palavras, garfadas por
Pensamentos famintos de uma mente inquieta,
Regados em instinto animal que vegeta
Embutido em nosso ego ancestral...
Revolvo pergaminhos sangrados,
Recolhidos de despojos em batalhas intermináveis,
Arrestados de indesejadas corjas de ideias alienadas,
Por vezes ensandecidas...
Malogradas, incompletas e
Ludibriadamente expostas,
As Letras nas Palavras remanescem !
E nas horas últimas, são
Expulsas pelo fórceps da vã impaciência...
Nelas, me agarro, sôfrego...desesperado..
Ai de mim !!!
Sinto a gosma da imperfeição minar e fluir...
Esvaio-me.
Suo bicas, me rendo. Delas é (chegada) a vez.
...e é nelas, e com elas que minha mente tenta por si, refazer-se...
Ressurge, convoca, agrega, aloca o que resta em mim...
Inclemente, um pensamento as recolhe, e traz de volta...
...voltando ao início do fim...
