Texto Pontos Autor Luis Fernando Verissimo

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QUANDO EU MORRER...

Você pode até chorar, mas não vá se lamentar, não vá agir como se a vida também tivesse acabado para você. Na verdade, você é a minha continuação, desde que sejam mantidos acesos os meus ideais, desde que mantenham-se vivos os meus bons costumes, os meus bons exemplos...

Conte histórias sobre mim e de como eu queria mudar o mundo, mas seja também o protagonista da sua própria história, piloto da sua própria moto sobre a belíssima estrada da vida e de vez em quando lembre-se de olhar pelo retrovisor, para ver o quanto tem avançado, mas lembre-se de seguir em frente, pois você ainda pode ir mais longe.

⁠Curando sentimentos...
Iniciamos o processo de cura em nossas vidas ao liberar ressentimentos através do perdão, tanto para os outros quanto para nós mesmos. E ao nutrirmos nossos corações com gentileza e amor, proporcionamos a nós mesmos o cuidado que merecemos. É importante lembrar que, ao trilharmos esse caminho, experimentamos um crescimento significativo como seres humanos em nossa jornada evolutiva.

Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui, continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. (...)
Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.

Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu: O essencial da década de 1980

Nota: Trechos do conto "Dama da Noite" de Caio Fernando Abreu

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Terça-Feira Gorda

De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. Usava uma tanga vermelha e branca, Xangô, pensei, Iansã com purpurina na cara, Oxaguiã segurando a espada no braço levantado, Ogum Beira-Mar sambando bonito e bandido. Um movimento que descia feito onda dos quadris pelas coxas, até os pés, ondulado, então olhava para baixo e o movimento subia outra vez, onda ao contrário, voltando pela cintura até os ombros. Era então que sacudia a cabeça olhando para mim, cada vez mais perto.

Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que não havia palavras. havia o movimento, a dança, o suor, os corpos meu e dele se aproximando mornos, sem querer mais nada além daquele chegar cada vez mais perto.

Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, pés, onda que desce, olhar para baixo, voltando pela cintura até os ombros, onda que sobe, então sacudir os cabelos molhados, levantar a cabeça e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tínhamos pêlos, os dois. Os pêlos molhados se misturavam. Ele estendeu a mão aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O quê, perguntei. Você é gostoso, ele disse. E não parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem também. Eu estendi a mão aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O quê, perguntou. Você é gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.

Eu queria aquele corpo de homem sambando suado bonito ali na minha frente. Quero você, ele disse. Eu disse quero você também. Mas quero agora já neste instante imediato, ele disse e eu repeti quase ao mesmo tempo também, também eu quero. Sorriu mais largo, uns dentes claros. Passou a mão pela minha barriga. Passei a mão pela barriga dele. Apertou, apertamos. As nossas carnes duras tinham pêlos na superfície e músculos sob as peles morenas de sol. Ai-ai, alguém falou em falsete, olha as loucas, e foi embora. Em volta, olhavam.

Entreaberta, a boca dele veio se aproximando da minha. Parecia um figo maduro quando a gente faz com a ponta da faca uma cruz na extremidade mais redonda e rasga devagar a polpa, revelando o interior rosado cheio de grãos. Você sabia, eu falei, que o figo não é uma fruta mas uma flor que abre pra dentro. O quê, ele gritou. O figo, repeti, o figo é uma flor. Mas não tinha importância. Ele enfiou a mão dentro da sunga, tirou duas bolinhas num envelope metálico. Tomou uma e me estendeu a outra. Não, eu disse, eu quero minha lucidez de qualquer jeito. Mas estava completamente louco. E queria, como queria aquela bolinha química quente vinda direto do meio dos pentelhos dele. Estendi a língua, engoli. Nos empurravam em volta, tentei protegê-lo com meu corpo, mas ai-ai repetiam empurrando, olha as loucas, vamos embora daqui, ele disse. E fomos saindo colados pelo meio do salão, a purpurina da cara dele cintilando no meio dos gritos.

Veados, a gente ainda ouviu, recebendo na cara o vento frio do mar. A música era só um tumtumtum de pés e tambores batendo. Eu olhei para cima e mostrei olha lá as Plêiades, só o que eu sabia ver, que nem raquete de tênis suspensa no céu. Você vai pegar um resfriado, ele falou com a mão no meu ombro. Foi então que percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara, ainda mais no Carnaval.

A mão dele apertou meu ombro. Minha mão apertou a cintura dele. sentado na areia, ele tirou da sunga mágica um pequeno envelope, um espelho redondo, uma gilette. Bateu quatro carreiras, cheirou duas, me estendeu a nota enroladinha de cem. Cheirei fundo, uma em cada narina. Lambeu o vidro, molhei as gengivas. Joga o espelho no mar pra Iemanjá, me disse. O espelho brilhou rodando no ar, e enquanto acompanhava o vôo fiquei com medo de olhar outra vez para ele. Porque se você pisca, quando torna a abrir os olhos o lindo pode ficar feio. Ou vice-versa. Olha pra mim, ele pediu. E eu olhei.

Brilhávamos, os dois, nos olhando sobre a areia. Te conheço de algum lugar, cara, ele disse, mas acho que é da minha cabeça mesmo. Não tem importância, eu falei. Ele falou não fale, depois me abraçou forte. Bem de perto, olhei a cara dele, que olhada assim não era bonita nem feia: de poros e pêlos, uma cara de verdade olhando bem de perto a cara de verdade que era a minha. A língua dele lambeu meu pescoço, minha língua entrou na orelha dele, depois se misturaram molhadas. Feito dois figos maduros apertados um contra o outro, as sementes vermelhas chocando-se com um ruído de dente contra dente.

Tiramos as roupas um do outro, depois rolamos na areia. Não vou perguntar teu nome, nem tua idade, teu telefone, teu signo ou endereço, ele disse. O mamilo duro dele na minha boca, a cabeça dura do meu pau dentro da mão dele. O que você mentir eu acredito, eu disse, que nem na marcha antiga de Carnaval. A gente foi rolando até onde as ondas quebravam para que a água lavasse e levasse o suor e a areia e a purpurina dos nossos corpos. A gente se apertou um conta o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico. A gente se afastou um pouco, só para ver melhor como eram bonitos nossos corpos nus de homens estendidos um ao lado do outro, iluminados pela fosforescência das ondas do mar. Plâncton, ele disse, é um bicho que brilha quando faz amor.

E brilhamos.

Mas vieram vindo, então, e eram muitos. Foge, gritei, estendendo o braço. Minha mão agarrou um espaço vazio. O pontapé nas costas fez com que me levantasse. Ele ficou no chão. Estavam todos em volta. Ai-ai, gritavam, olha as loucas. Olhando para baixo, vi os olhos dele muito abertos e sem nenhuma culpa entre as outras caras dos homens. A boca molhada afundando no meio duma massa escura, o brilho de um dente caído na areia. Quis tomá-lo pela mão, protegê-lo com meu corpo, mas sem querer estava sozinho e nu correndo pela areia molhada, os outros todos em volta, muito próximos.

Fechando os olhos então, como um filme contra as pálpebras, eu conseguia ver três imagens se sobrepondo. Primeiro o corpo suado dele, sambando, vindo em minha direção. Depois as Plêiades, feito uma raquete de tênis suspensa no céu lá em cima. E finalmente a queda lenta de um figo muito maduro, até esborrachar-se contra o chão em mil pedaços sangrentos.

Caio Fernando Abreu
Morangos Mofados

Tem muita gente contaminada pela mais grave manifestação do vírus - a aids psicológica... Do corpo, você sabe, tomamos certos cuidados, o vírus pode ser mantido a distância. E da mente? Porque uma vez instalado lá, o htlv-3 não vai acabar com as suas defesas imunológicas, mas com suas emoções, seu gosto de viver, seu sorriso, sua capacidade de encantar-se. Sem isso, não tem graça viver, concorda?
Você gostaria de viver num mundo de zumbis? Eu, decididamente não. Então pela nossa sobrevivência afetiva - com carinho, com cuidado, com sentimento de dignidade - ó gente, vamos continuar namorando. Era tão bom, não era?

A gente podia ter podido tudo. Podia ter feito surtir efeito. Já é abril. E você ainda nem percebeu que perdeu. Todos ganham presentes, mas nem todos abrem o pacote. Algumas pessoas ainda, guardam o sorvete pra mais tarde. Eu gostaria imensamente de entender, mas a minha compreensão enfraquecida não consegue suportar certas verdades, nem ver mais aberta as feridas, minha compreensão quer descansar.

Loucura! Não tente entender. Passei muitas vezes por cima do meu orgulho por te amar. Por uma razão muito simples: é amor. E esse amor é maior que qualquer medo, orgulho ou receio que eu possa sentir. É amor! E não se explica ou entende. É a água mais limpa que Deus fez em mim, minha capacidade de amar. Amar alguém que não merece o meu amor, e mesmo assim eu amo, com tudo de mim. É o que eu tenho de mais puro. Mas é paixão, e pra essas coisas de paixão não tem explicação, parei de entender e procurar motivos. Não me importa parecer idiota ou ridícula, sabe? Ou loucura, ou o nome que quiserem. O amor me enriquece, porque cada vez que eu amo eu fico grande, eu fico maior a cada vez que amo. Um covarde é incapaz de demostrar amor. Isso é privilégio dos fortes! E eu que sempre acreditei na sua força. E que sempre soube que vencer significa não ter medo de perder. Um tempo atrás eu pensei que seria diferente. Hoje eu tenho medo das palavras e de atitudes falsas. É que eu acredito muito na força das palavras e pra mim uma promessa feita é uma dívida não paga. Prometemos conforme as esperanças e agimos conforme os medos. Entendo. Pois cuide dos seus medos! E depois do erro corra atrás de refazer o seu acerto. Viver das expectativas dos outros é suicídio, meu bem!

Eu tô chorando, me perguntando porque a vida tem que ser assim. Porque tudo é tão difícil. Porque os que mais amamos, são os que mais nos magoam. Porque.. Porque.. Porque.. Por que, as vezes, não dá vontade mais nem de viver? Dizem, por aí, que Deus dá a cada um apenas o que ele pode suportar, mas será que sou tão forte assim e não enxergo ou Deus está enganado a meu respeito? Dizem que Ele nunca erra, mas eu não me vejo como Ele vê. Como Ele pode achar que suporto tudo que acontece de ruim e seguir em frente numa boa depois, se Ele bem sabe que meu coração não é de pedra? Como Ele pode achar que tenho sabedoria suficiente pra resolver todos meus problemas, se minha primeira e única reação é sempre chorar por não saber o que fazer? Eu choro porque eu sou fraca. Eu penso besteiras porque sou fraca. E se não faço nenhuma besteira, não é porque fui forte e resisti é porque sou tão fraca que nem na hora da dor sou capaz de agir. Deus que me perdoe, se eu estiver pecando pensando assim, mas a minha fé está nEle e não em mim. Eu acredito em um Deus que faz o impossível, mas não acredito em nada sobre mim. Eu acredito em um Deus que move céus e Terra por quem ama, mas não acredito que eu mesma seria capaz de fazer alguma coisa nem por mim. Então não é que eu duvide de Deus, é de mim que eu duvido. É em mim que eu não acredito.

Tem horas que você me deixa feliz e triste ao mesmo tempo, e eu nunca quis estar perto de alguém assim como sinto essa vontade louca de estar perto de você. Você me fez pensar de um jeito diferente em relação a essa distância. Eu gostaria de poder ficar do seu lado, aquela coisa bem clichê de que “Eu te amo meu amor”, correr até seus braços e acariciar seu rosto. Queria sentir seu beijo, queria ter o direito de tocar os lábios. Queria te abraçar, ser o seu mundo, queria ver um filme com você, queria sua voz no meu ouvido dizendo que me ama, Queria te ver, te sentir, te fazer sorrir e queria poder dormir em seus braços. Eu consigo imaginar perfeitamente nosso futuro juntos, dá até pra imaginar como vai ser nossa vida toda juntos, nossos dias, nossa casa, nosso quarto, nossos filhos, nosso cachorro, nossas viagens, nossos planos e sonhos virando verdade, nossas brincadeiras bobas, nossos medos e certezas, nosso simples, nossas tardes vendo o por do sol, nossas madrugas juntos, nossos netos correndo pela casa, nossas alegrias, felicidades, nossa festa de 60 anos de casados, nosso amor crescendo e se tornando cada vez mais incondicional um pelo outro. Eu vivo imaginando tudo isso para nós dois. Me ajuda a vencer essa distância que tira seus lábios dos meus...

Ela parece frágil, indefesa e chora com grande facilidade, pois não tem medo de esconder seus sentimentos. Porém, muitas vezes, o que parece não é a realidade. Ela é a garota mais forte e corajosa que conheço... e olha que eu conheço muitas! Ela não tem medo de enfrentar o que vier pela frente para defender o que acredita, seus sonhos e as pessoas que ama. Guerreira, idealista, destemida, justa são qualidades que ela possuí e que só quem a conhece de fato entende muito bem o que eu estou falando.

O tempo se passou.. Estranho né, olhar pra aquela alguem que ja significou o mundo pra você e não sentir mais nada. Estranho olhar pra aquele sorriso que era o motivo que te fazia levantar pela manhã todos os dias, e não ter vontade de sorrir tambem. Estranho não pensar mais em você, não ficar te querendo o tempo inteiro. Estranho não ficar abrindo todas as tuas páginas sociais e procurar saber sobre cada detalhe da tua vida, se você dormiu, se comeu, se chorou ou se sorriu. Estranho escutar aquela música e não lembrar mais de você, a música que eu dizia ser a nossa música. Estranho como as coisas mudaram, como eu mudei e principalmente como você mudou. Estranho como muitas pessoas já passaram na minha vida depois de ti. Costumava dizer que era eterno, que o amor que eu sentia por ti nunca acabaria. Veja bem meu amor, eu ainda te amo, ainda te desejo um bem enorme, no fundo do meu coração eu quero que você seja infinitamente feliz, um amor como o que eu senti não acaba assim de uma hora pra outra. Acho que eu so me conformei que nunca daria certo, não foi fácil, aceitar que nunca poderia te ter foi extremamente dificil. Mas eu não tive outra saída, tive que desistir. E desistir de você foi a coisa mais dificil que já fiz na minha vida, machucou, doeu, ate hoje ainda doi, mas ninguem precisa saber não é mesmo?

Há uma bela canção que é mais suave que a queda de pétalas de rosas sopradas a relva ou o orvalho em águas calmas de granito sombreado ao reflexo do sol; música que traz doces sonhos dos céus tranquilos; há uma doce música que aqui paira, meu coração trêmulo diante dela palpita, e ouço suas batidas aumentarem gradativamente; como algo que dói, mas, é suportável; pela primeira vez sinto agrado na dor, fico surpreso; o vento me traz pétalas de rosas a grama, um bom sinal do orvalho sobre águas brandas descendo sobre minha parede de mármore numa passagem brilhante, vejo as nuvens se moverem nos céus jubilosos e elevo meus olhos para o socorro que seus braços trazem; simplicidade extravagante! Sorrateiro demasiadamente escandalizador! Encantador!

Oi, tudo bem? Espero que sim. Lembra de mim? Você costumava me chamar de amor, vida, minha.. Mas creio que já esqueceu não é? Esqueceu de tudo o que a gente passou, de tudo o que a gente viveu. Mas eu nunca me esqueci. Sabe porque? Porque você era exatamente tudo pra mim, uma coisa fora da realidade. Você me fez criar uma ilusão tão grande, me fez criar expectativas impossíveis que só existia na minha mente. É difícil você ter que esquecer algo que não queira, mas que é necessário para seguir em frente. Quem diria que um dia e teria que esquecer os melhores momentos da minha vida? Acho que não era bem assim.. Você me fez mal, muito mal. Mas obrigada pelas dores, pelas lágrimas, por tudo! Foi isso que me manteve forte e me deu forças pra seguir em frente. Seja feliz.

Eu estava agora olhando pela janela, tentava antecipar sua chegada, fiz isso muitas vezes quando eu era criança, outro dia fingi que dormia e esperei você vir me cobrir, mas percebi que isso não era mais possível, eu estava aqui nesse quarto sozinha, lamentava os dias que fui chata com você, e das inúmeras vezes em que precisou de mim e eu não estava lá, lembrei-me então dos tempos de criança e adolescência, e quando apesar de todos os seus problemas e cansaços, você sempre arrumava tempo para ir até a minha cama, simplesmente para ver se eu estava bem, colocava as mãos sobre minha testa para ver se eu estava com febre, ajeitava o cobertor, as vezes também deixava algumas moedas em baixo do meu travesseiro, eram poucas naquela época, e com certeza sem muito valor, mas hoje as desejo como se fossem ouro, porque esses simples gestos, não saem da minha cabeça, achava q eu era forte, mas tudo isso me enfraquece, quando você saía para trabalhar, ou viajar, eu ficava apreensivo, nunca lhe contei, mas meu coração doía de saudades, pedia a Deus que ele lhe protegesse, e lhe trouxesse de volta, você sempre voltava, sofrido, abatido, sujo, mas voltava. Hoje fico pensando, será que meus filhos sentem a minha falta, como eu sentia a sua?? Será que sou importante para eles como você foi e ainda é para mim?? Será que consigo transmitir a eles os mesmos valores que aprendi com você?? Também me pergunto: Se você é tão importante para mim, porque as vezes eu esqueço?? Porque não tenho tempo para lhe dar um simples alô?? Porque as vezes não consigo retribuir o seu carinho?? O engraçado, é que hoje eu tenho tudo o que você nunca pôde ter, casas, apartamentos, carros, dinheiro, porque nada disso é seu?? Se você merecia tanto!! Você me carregou no colo muitas vezes, pegou filas e filas para um atendimento médico, pediu dinheiro emprestado para me alimentar, até vendeu sua casa quando tudo estava difícil, porque?? Hoje lhe vejo frágil, com a coluna desgastada pelo tempo, a pele queimada pelo sol, seus setenta e tantos anos, lhe deixaram indefeso, apesar de tudo isso, quando me recebe em sua casa, está sempre alegre e desposto, seja para ir até a padaria para comprar aquele pãozinho que eu gostava tanto, ou para fazer outros agrados, apesar de toda a sua receptividade, as vezes ainda sou chata, reclamo da vida, os negócios feitos ou desfeitos, e mesmo assim, você tem toda a paciência comigo, então pai, se ainda der tempo, eu queria dizer que também sou um pai, e que tento ser você todos os dias, tento ser para meus filhos, o que você sempre foi para mim, já não importa mais a idade, hoje mesmo com os meu quarenta e poucos anos, quero que me segure no colo novamente como segura os seus netos, pois quando lhe vejo, sinto que ainda sou criança, e você continua sempre sendo o ‘’meu herói’’.

Entre tantos nãos, entre tantas portas fechadas, entre tantos choros… eu pensei que com você seria diferente. Porque você trouxe luz aos meus dias cinzas, deu cor a minha vida. Me fez acreditar novamente no amor, me fez pensar que eu ainda poderia ser amada pelo que sou. Porque com você eu tive os melhores dias da minha vida, me senti completa, viva- há tempos não me sentia assim. Só que mais uma vez estava enganada, mais uma vez me deixei levar. Me entreguei sem medo, confiei e quebrei a cara. Mais uma vez estou sozinha, e não sei se vou aguentar. Outro não, outra porta fechada, mais uma vez lágrimas.

Tenha cuidado com seus pensamentos, pois seus pensamentos se tornam suas palavras. Tenha cuidado com suas palavras, pois suas palavras se tornam suas acções. Tenha cuidado com suas acções, para que suas acções se tornem seus hábitos. Tenha cuidado com seus hábitos, pois seus hábitos se tornam seu carcáter. Tenha cuidado com o seu carácter, pois seu personagem se torna seu destino.

“Você me tira uma noite de sono, mas não tira os meus sonhos. Você tira a minha a sanidade, mas não me tira a meta. Você me tira o que há de mais bonito, mas não me tira os olhos. Você me tira a realidade, mas não me tira a consciência. Você tira os meus dias, mas não tira minha vida. Você tira um dia para me encher o saco, mas não tira um dia longe de mim. Você tira um sarro das minhas manias, mas não sobrevive sem elas. Você tira minha paciência, mas não tira a minha educação. Por obséquio, se retire. Você tira a minha mesmice, mas não tira a minha alegria. Você tira as minhas palavras, mas até hoje, a maioria das textos são para você. Você me tira a existência, mas não me tira a vida. Você me tira a alegria, mas não tira a mania que eu tenho de me alegrar. Você me tira a saudade, e sempre recompõe-a mais um pouco. Você me tira o chão, mas não me tira as asas. Você me tira a vontade, mas não me tira a esperança. Você tira o sofá da parede, a estante e a televisão da outra, mas não me tira a casa. Você me tira a felicidade, mas não me tira o dom de recompô-la assim que você sai. Você me tira o perdão, mas não me tira a gratidão. Você me tira as lembranças boas e só deixa as ruins, mas não me tira a raiva. Você me tira uma música boa, mas não me tira para dançar. Você me tira desse lugar, mas me leva em um pior ainda. Você me tira o silêncio, mas não tira os pensamentos. Você me tira da sua vida, mas esquece de me tirar da memória. Você me tira da sua casa, mas me mantem no porta-retrato. Você me tira do plano de fundo do seu celular, mas não exclui as mensagens que mandei. Você me tira o brilho, mas não tira a foto salva de nós dois. Você me tira para qualquer coisa, mas não me tira para o seu tudo. Você me tira o perfume, mas não me tira as flores. Você me tira a direção, mas não me tira as estrelas. Você me tira o calor, mas não me tira o sol. Você me tira o frio, mas não me tira o cobertor. Você me tira a tolerância, mas não me dia o “contar até 10”. Você em tira o rumo, mas eu sei que é para frente. Você me tira os pés, mas não me tira as mãos. Você me tira o dinheiro, mas não me tira a inteligência. Você me tira dos seus contatos, mas não me tira do facebook. Você me tira de perto de você, mas não me tira dos seus versinhos. Você me tira dos seus assuntos, mas não me tira dos seus sonhos. Você me tira a vida, mas não tira a mania de ressuscitar. Você me tira as cores, mas não me tira as tintas. Você me tira a sombra, mas não me tira a água fresca. Você me tira da sua música preferida, mas não me tira da que você gostava antes de ontem, você não me tira. Você não me tira para ser, estar e dançar. Você me tira de mim, mas não me tira por inteiro. Você me tira da foto que você mais gosta, mas não exclui a original. Você me tira dos seus dias, mas não acrescenta ninguém melhor que eu. Você me tira da cabeça, mas não me tira do coração.”

Ter disciplina é conseguir obedecer a si mesmo, controlar seus impulsos, superar a preguiça e entender verdadeiramente a importância do que você deve fazer. É, mesmo com tantas opções mais legais do que se fazer, executar aquilo que precisa ser executado e ignorar todo o resto. É saber respeitar o seu próprio crescimento, seu propósito, e agir alinhado com seus objetivos, deixando de lado tudo que é secundário e menos relevante. É executar as tarefas que você se propôs a executar sem se utilizar de desculpas, mesmo que elas sejam verdadeiras.

“Estou cheirando você até a alma. - disse Nando após sua primeira noite com Anita. Existe coisa mais intensa do que cheirar a pessoa até a alma? Sentir cada pedaço do seu mais profundo ser impregnado com o cheiro da pessoa? Saber que não foi apenas seu corpo que foi tocado, possuído, tomado por aquela pessoa. Mas sua alma também. Logo aquela parte mais profunda que você tenta proteger de qualquer dor, qualquer experiência, qualquer contato mais íntimo. Cheirar a pessoa até a alma é, pra mim, um sentimento de submissão total. É se sentir preenchido da pessoa. Necessitado. É não querer mais saber de outro cheiro, se não o dele. É esquecer do seu próprio cheiro e da sua própria essência pra seguir e se possuir do cheiro do outro. É loucura. É assustador. Mas assim acontece.Talvez, mas um talvez de quase certeza, cheirar a pessoa até a alma seja ainda mais profundo, arrebatador e enlouquecedor do que a mais profunda, arrebatadora e enlouquecedora paixão. E como se livrar do cheiro dessa pessoa? Talvez, assim como Anita e Nando, só a morte apague isso. Ou nem ela.”

"Eu sei que tudo entre a gente não passou de um engano, um disfarce mal preenchido, uma nova identidade. Não era pra ser e não foi, simplesmente durou o necessário. Aprendi com os erros e com os acertos também! Fala de coisas que eu fiz, bem, pelo menos eu fiz. Um dia eu vou rodar o mundo e parar do outro lado do campo, onde eu passarei para o time que está ganhando. Não será por muito tempo prometo, mas quando eu for, vai desejar eu nunca ter ido, pois sairei pisando em todos aqueles que acharam que exerciam ordens sobre mim. Irônico não? Um dia você é a presa, no outro, a predadora. Traída pelos mais presentes, socorrida pelos mais corajosos. Sou fogo, sou chama, aquela que arde quando quer e destrói quando pode. Afinal, sofrer é a melhor vingança que se pode ter."