Texto para um Amor te Esquecer
É fato que já é noite
e que a madrugada se arrasta
para dentro de mim.
Eu fico girando o mundo
que levo nas costas
vagando minha memória
à procura de sono.
Antes de adormecer
eu fico repetindo
os fatos do dia
O vento atravessando
meu tênis rasgado.
O rancor exibindo
sua cara lavada no noticiário.
A 'vodka' voltou para minha mão.
É fato que os malditos fatos
afetaram o meu afeto.
Roney Rodrigues em "Os fatos te afetam?"
Me leva na sua bolsa,
perto do teu kit de maquiagem,
perto das chaves do teu coração.
Me guarda no calor no teu colo,
enriquece minha presença
com memórias suas.
Me leva pra onde você for.
É só você chamar
que eu vou tropeçando.
Faz mais frio aqui nessa mesa
do que no bolso daquele teu
jeans preto rasgado.
Me alegra ser um chaveiro,
pois de vez em quando,
eu fico grudado em você.
Roney Rodrigues em "Chaveiro"
Eu queria ser viajante do tempo,
embarcar nos trilhos da memória.
Queria me encontrar
aos quarenta e cinco anos.
Queria encostar a minha
mão do passado
no meu rosto do futuro,
olhar no fundo dos olhos marcados,
mostrar fotografias empoeiradas,
me abraçar por horas e dizer
que compreendo as cicatrizes.
Eu diria agora e sempre,
eu ainda sou 1% do que posso ser.
Carne e osso é pouco pra mim,
eu quero ser verso e poema,
quero ficar gravado na pele dos muros,
quero ser escrito nas placas de trânsito,
quero ser pichado na mármore dos corações
de cada cidadão dessa nação.
Roney Rodrigues em "Mochileiro do Tempo"
Ora não seja tão rude assim.
Enquanto o mundo gira,
você fica aí estacionando
suas mágoas no aperto
desse apartamento.
Vem aqui fora ver as estrelas,
vem aqui fora me abraçar.
Ainda faz um tempo bom
para sonhar com melhoras.
Ainda faz um tempo bom
para se perdoar sem demora.
Roney Rodrigues em "Quase Inverno"
Se tu soubesse como dói
ser desajustado e confuso
talvez não me olharia
como olha para
o palhaço do circo.
Talvez enxergaria
algum sentido
nas minhas palavras disléxicas.
“Abundância de sentimentos foi o que me acabou.”
Essa rotina de beber
para esquecer lesões internas
matou Van Gogh aos 37 anos.
Outra vítima do desajuste,
o mesmo desajuste que
me persegue todo dia
quando saio do serviço.
Roney Rodrigues em "Absinto"
Finalmente você chegou,
achei que não viria,
achei que nunca te conheceria.
Rastejei por anos
como quem vive
no limo de um poço,
no fundo de um porão.
O amor veio como
tempestade sem trovão.
O grande estrondo veio
do ranger de um coração
enferrujado.
Esperei mil anos
nessa minha aflição.
Seu olhar claro,
seu abraço comprido,
é o lar mais aconchegante
em que já estive.
Logo eu que não tinha nada,
agora tenho um reino,
um império só meu,
um peito quente
para repousar o fardo
de não ser poeta,
o peso de não saber rimar.
Roney Rodrigues em "Bruma"
Eu fico triste
por essa geração.
As crianças não jogam
mais taco na rua.
Não tem mais
time da rua de cima
contra time da rua de baixo.
As calçadas
não tem mais marcas de giz.
Ninguém toca mais
campainha pra sair correndo.
Mas ainda brincam
de polícia e ladrão
aqui no quarteirão,
só que ao invés
de cano 'pvc' nas mãos,
a criançada sai armada
de fuzil e “três oitão”.
Roney Rodrigues em "Triste Geração"
Garoto pobre da zona sul,
de roupa e alma rasgada
tecia seu verso, incerto
em seu velho caderno azul.
O telhado tinha uma goteira,
o madeirite tinha uma fresta,
Pela fresta assistia o universo,
A lua, as estrelas, que linda festa.
O dinheiro que o pai trazia,
dava pro pão, mas faltava pra vida.
A mãe dizia menino larga esse caderno
que isso não dá futuro, só ferida.
O garoto da favela nunca esqueceu a viela,
o povo, a dor, a sirene e o caderno.
Foi pro mundo muito cedo,
comprou um livro, vestiu um terno.
Nunca contestou as palavras
afiadas de sua querida mãe.
Desobedeceu ela até o fim da vida.
Em seu jazigo um poema:
Morreu o poeta da viela,
Venha estrela e venha lua,
espiar por entre a fresta.
Venham cear nessa rua,
Chorar a morte, fazer uma festa.
Cantar seus versos, contar seu amor
Fazer com que saibam que poetas
também nascem do calor da favela.
Roney Rodrigues em "Poeta da Viela"
Uma energia me suga
ao fundo do teu olhar.
O brilho vermelho
disfarça as cinzas, os restos.
Planetas e estrelas engolidos,
amores extintos e poeira cósmica.
Uma arma tão simples,
uma gravidade tão grande.
Concluo que é impossível
frear meu corpo ou
escapar do teu olhar radioativo.
Roney Rodrigues em "Quasar"
e que sei la ao seu lado sinto meu coraçao viajar, sabe aquele sentimento bom aquilo de estar apaixonado, aquilo de te ver de manha i dizer que amo por um segundo por um minuto, por uma hora, um ano, ou para vida inteira
pareçe loucura, mas ja virei noites pensando em voce ja acordei com sua imagem na minha cabeça.............
aiai esse meu amor e inexplicável e que na realidade amor de verdade nao se explica so se sente
#sta
Mães não tem obrigação de falar nada. Descobri hoje pensando nas coisas difíceis que a vida traz. Pensando o quão cruel é pedir para ouvir a voz sábia de uma mãe e mais cruel ainda não poder ouvir. Se você soubesse como é cruel não poder ouvi-la. Só que há outra parte sobre a vida e sobre ser mãe, ou ser filho, não sei, que ninguém contou. Sobre: Que elas podem silenciar, quando elas estão emocionadas ao falar dos seus filhos, as palavras lhe somem, elas tem um dicionário com mais vocábulos do que a enciclopédia de dicionários que o mundo possa ter para falar, mas elas não o podem fazer. E este silêncio é amor, em forma de lágrimas. Elas nos amam mais que a elas mesmas, e esse é o maior de todos os adjetivos. E não cruel comentar isso, gramaticamente falando, já que o amor é um substantivo concreto ou abstrato, no silêncio de uma mãe ele é o mais poderoso adjetivo flexionado a quem quer que seja, num grau absoluto sintético ou analítico. Amor e ponto final.
Douglas Melo
Lembro-me de quando a vida
me acertou a primeira rasteira,
a morte de alguém importante.
Que coisa mais irritante,
andar de bar em bar
tentando encontrar
um pouco de quem partiu
em goles lentos e objetivos.
Que coisa mais incoerente,
tentar sanar um enorme buraco,
abrindo outro maior ainda.
É aí que as coisas costumam
sair do controle e a correnteza
começa a te empurrar
contra as rochas, te seduzir ao fundo
com promessas de lindas donzelas
que provavelmente nunca existiram.
Roney Rodrigues em "O laço da confusão"
Por tanto tempo
eu olhei suas fotografias.
Acariciei a pele do papel,
colei sua foto no meu travesseiro
na esperança inserir você em meus sonhos.
A eternidade que passei aqui
fez meus olhos arderem
e desregulou meu coração.
Segurei suas fotos junto ao meu peito
como uma criança faminta
segura um prato de refeição,
como um astronauta aposentado
admirando de longe a lua
que um dia lhe pertenceu.
Roney Rodrigues em "Câmara escura"
A rosa já murcha
perdeu sua voz de clarim.
Pétalas derramadas,
vestida de espinhos,
caiu bem longe do jardim.
O aroma se foi,
a tormenta alcançou a mente.
Ela implorou por carinho,
mendigou pra muita gente.
A sujeira grudou na roupa,
na mente e no coração.
A rosa descobriu aos poucos:
a beleza é nada
além de aflição.
Roney Rodrigues em "Alameda das Rosas"
Lembrei do seu abraço apertado,
falhei ao te manter longe
dos cacos da minha memória.
Hesitei ao apagar
os teus registros de mim.
Não quis jogar
fora teus livros.
Aquele poema de Drummond
que você narrou pra mim
ricocheteia no
fundo da mente e vem
atormentar
meu gole de cachaça,
meu último gosto de amor,
o começo
da minha loucura semanal.
Roney Rodrigues em "Brain Damage"
Faltou algo no meu céu,
o brilho de estrelas mortas
levando anos luz para me acertar.
Eu fico vagando por aí,
sendo golpeado por meteoritos,
cometas e
olhares apaixonantes.
Em uma noite de céu turvo,
olhei no fundo da sua galáxia,
na profundeza que é você,
eu soube nesse instante:
Seu abraço seria meu:
Seu corpo, minha morada;
Seu carinho, a chave dessa jaula.
Eu vou chegar perto da sua pele,
vou me encostar, vou me perder.
você sempre soube,
estive doente aguardando
a cura cair do céu.
Me tornei dependente desde que
me mudei para o seu sorriso.
Em dor eu sempre ofereço:
Meu corpo ao seu lazer;
Minha poesia à sua memória.
Roney Rodrigues em "Lágrima Láctea"
Eu dirigia na estrada da vida.
Lembro que a tempestade rugia lá fora.
O pavor era vibrante, o medo era palpável.
Eu guiava com cautela e temor
sempre a vigiar o retrovisor,
Lia com atenção as placas.
Ao entrar na curva do teu corpo,
eu virei o volante, o corpo não respondeu.
Os pneus não tiveram aderência, eu capotei.
Os estilhaços, o horror,
a dor de saber tarde demais
que o melhor a fazer era ter esperado
o mau tempo passar.
Roney Rodrigues em "Aquaplanagem"
Tão...
Hoje estou tão você!
Não sei o que é ser, senão estar.
Depositei o que sentia no meu querer.
De tanta escuridão um dia serei luz.
Sei que a vida é implacável, fugaz e ligeira.
Sem meias-verdades, sem esconder claridade.
Às vezes a porta do tempo é opaca,
mas a humanidade segue inteira...
desatando os embaraços.
São desvios nessa lúdica viagem.
Entre a cabeça e o coração
entender por melhor, é fincar os pés no chão.
Hoje estou tão você!
Não sei o que é ser, senão estar.
Mais uma dose!
Se o ser humano lubrificasse suas dobradiças viver seria maleável.
Praticar boas ações seria corriqueiro e não algo inusitado.
Pena que a vida não é assim:
As pancadas surdas da vida sugere o hematoma da melancolia.
Um corpo gelado um choro resfriado.
Uma ardência extrema na raiva que não fala.
Glicose descontrolada, a solidão corrói.
Num corpo saturado a ausência aperta.
A mente deprime as duvidas se avolumam.
O coração fatigado enfarta quando sente a ingratidão.
Nessa escravidão o peito aperta a pressão aumenta
e o medo encarcera nas garras que se quebram sem defesas.
É uma temperatura altíssima quando não se tem mais imunidade.
Pena que a vida é assim...
Mais uma dose!
Vejo o ponteiro do relógio percorrer o seu trajeto riscando o calendário aos dias que vão se passando...
Penso na melhor maneira de atrair a sua atenção, sem revelar os meus intentos...
Julgo a minha fraqueza diante de ti resumida em tímidos olhares...
Ao fracasso de não assumir o desejo de meu coração, eu condeno a minha consciência...
Confesso que de forma estranha chamo a sua atenção para ver o seu sorriso ☺ e me apaixonar em segredo...
