Texto em versos

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MEDO DE ABELHA


Tenho medo de abelha,
é um segredo de orelha.
Não, só por conta da dolorosa ferroada,
mas, pelo tamanho que fico diante da danada.


O inseto, que naquele instante é maior do que eu;
Tentando fugir, me escondo dentro de mim, no grande breu.
Fico apavorado e saio correndo,
quando vejo o que aqui está vivendo...


Parece coisa de criança,
aflita sem segurança.
Mas, é sério mesmo seu doutor,
nem fantasma me dá tanto temor.


Prefiro enfrentar um leão,
que já saio na mão.
A maldita me joga na sarjeta.
É a filha mesmo do capeta.


Um demônio disfarçado
Perseguindo-me amedrontando
Remoendo minha alma
No inferno não tem calma


O zumbindo, em meu ouvido, diz:
_Não fuja do que é, pois eu lhe fiz;
Venenosa amarela.
Revela-me que sou ela.


É conhecendo-se que vai se encontrar.
Futucando nos medos que carregar.
Saber se é um homem que tem medo de abelha,
ou se é abelha que tem medo de cochichar, na própria orelha.

Inserida por MAGODIONES

RAINHA DO MAR


A vida, o mar.
Que acaba o castelo de areia.
Que puxa a gente pra dentro,
e empurra, de novo para fora.
Que levanta bem alto,
para ter queda maior.

O barco quebrado.
Faço mais forte.
E um dia vir a quebrar de novo.

O tempo ensina aos pescadores,
o tempo do mar
Que tem seu tempo para
deixar de ter tempo.
Ai, é só mar, só mar mesmo,
sem tempo nenhum,
e com todo tempo sobrando.

Assim, a rainha do mar,
nos ensina ficar peixe.

Inserida por MAGODIONES

PORQUÊ LER POESIA?


Poesia só serve pra isso:
Tirar a gente
da gente e jogar
no mundo.

Depois…

Tirar a gente do mundo,
e guarda a gente
bem mais

F
U
N
D
O

na gente de novo.

Assim, os olhos dos
poetas são distantes
de tanto ir pro mundo e descer
mais profundo…

Que um dia de tanto




D
E
S
C
E
R
rasgará a alma
para fazer
poesia com
Deus.

Inserida por MAGODIONES

O VENTO DE EROS


Toda calçada tem meu desejo
Impregnado no vestido florido
Bailando com o vento presepeiro
Dissimulado num olhar sorrateiro
Que desnuda à donzela, eternamente ligeiro
Colorindo-a de vergonha postiça: vermelho
No brilho do olhar malicia e sorriso inteiro
O vento sessa
A saia para
Balança
E a vida perde todo seu encanto

Inserida por MAGODIONES

CAMA MACIA


Cama macia para sono pesado
Por um instante tornou-se retardo
Descansando, acordar para quê?
_Se nesse sonho lucido tudo vê

O frio da noite, o breu do dia
Estancada de joelhos em fé pia
Lágrimas banhavam a fria cova
A mãe rezava segurando a rosa

Carnaval apoteótico de vermes com fome
Cavucando carne gelada, a forma se some
Sem pressa, agonia vagarosa a alma consome

Uma chorrava em prantos, enquanto outra ria
A última trouxe a morte; Daquela, a sua luz sumia
Sonhando acordado em cama macia

Inserida por MAGODIONES

SALVE, DEDÉ SEIXAS


Conheci um atlante andando no chão
Vi com meu olhos, iludidos pelo ancião
Com meia idade, tinha saber de um milhão


Falou de uma universidade, por ele cursada com fervor
Daquelas que a vida, te coloca como aluno e professor
É um ser que se inventou, como homem, sábio e doutor


Maluco beleza, que veio aprender o que tinha pra ensinar
Não cresceu, pra esconder seu tamanho, e humildade mostrar
Aos olhos dos que carregam o mundo, nas costas a lhes esmagar


Os pensamentos e as palavras em medidas bem pitada
Encheu livros, cabeças, poemas e conversa animada
Percorreu o mundo, voltando pra amada


Em sua fome desenfreada, um tal de Nietzche devorou
Vomitou outro Seixas, aquele do rock and roll
Filosofraseando o mundo encantou




O Dom Quixote da Suíça Pernambucana
Desbravando o frio daqui, dentro do sertão em chama
Enfeitou-se de glória, sem espaço pra fama


Na simplicidade ocultou, os poemas da vida espalhada
Editores não enxergaram as obras, pelo leitor aclamada
Do poeta de fogo, que tira poesia, entre a cruz e a espada


Vou falar só uma vez, pra quem lê e quem não leu
Que mistério nele transcendeu, nas frases que escreveu
O pequeno se fez grande, e como sol a iluminar se deu

Inserida por MAGODIONES

POESIA DO EXÍLIO

W.W. MATTA E SILVA
_O ESCRITOR ESPIRITUALISTA _
GARANHUENSE,
TORNOU-SE PÁGINA VIRADA?

O berço deixado, caiu na estrada
No Rio de Janeiro fez casa, tenda.
Na caridade desmanchando contenda
Sabedoria, tirou: porque a vida é jangada


E sem rumo não chega, quem se deixa levar
A rota da fé, só o íntimo é timão
Não vive na paz, quem não tem coração.
Foi na caridade que serviu a ajudar.


Escritor de diversas obras religiosas
De cunho afro-brasileiras e míticas
É estudado em suas obras volumosas.
Dos acadêmicos, recebeu positivas criticas


Tornou-se por mérito referencia
No fundamento esotérico umbandista
Com preparo argumentou com ciência
Abrindo caminho para linha doutrinista


Sua inteligência, abaixo da humildade
Na aflição e na doença o povo atendia
Guindo como podia: os pequenos da sociedade
Atraindo também, os cultos da época que vivia


A fama que trouxe consigo, não o tirou
O sacerdote da fé; do prumo da razão
A disciplina, estudo e caridade o guiou
Simplicidade, amor e trabalho sua missão.


Assim, foi chamando pelo saber profundo
Que sem todos, não somos nenhum
Semeando na prática como de um
se faz quatro, correr o mundo.

Inserida por MAGODIONES

CHICO XAVIER

Em tenra idade com outros aprender a ter
Eles lhe ensinavam o que iriá vir
Diante de olhos torcidos ao que ai ser
Caminho único nesta vida: servir


Sua mão tracejava mensagens do Lado
Aos lamentados, filhos apartados do coração
Em memórias revividas, hoje é encontrado
Paziguando a tristeza e a dor da multidão


Lágrimas colhidas, no balde da vida
Aos que fadados perderam para morte
Amados levados pelo destino que finda
Esperança encontrada em Xavier nova sorte


Caridade e instrução chamavam todos da Luz
Ajudando povo doente de profunda saudade
Exemplo vívido, sempre SERVINDO o guia da cruz
Amor enjaulado, SER de humilde verdade


Sina traçada, abraçava os de cá
Aonde há dor arrancava esperança
Vida marcada, ensinava os de lá
Que era no outro a grande bonança


O que fez é celebrado, com admiração
Os livros escritos, a palavra semeada
Aos pobres: o ombro, aos ricos: compaixão
O santo da gente, fez sua própria jornada


Um mandamento somente cumpriu
Amou-os como a si mesmo:_ vivia
E feito o trabalho da terra partiu
Em dia de festa, de muita alegria

Inserida por MAGODIONES

ESTAÇÃO BRÁS


Corpos em pilhas de homem
Como molhos de coentro
Respirando à agonia do outro
Marés de gente numa brecha que os consomem


Assim o rebanho corria sem tempo a perder
Deixando a vida passar dentro de lata apertada
E por vinte centavos, a ganância fugiu apressada
Na sombra do gigante acordado: POVO NO PODER


As promessas voltaram em canto bonito
O gigante coitado, de sono caiu
O mundo na lata, à barriga consentiu
Passando_ a força sua _as sanguessugas de granito


E no sonho, ele se viu acordado
Sem parasitas dos lados
Mostrando que não é nada coitado
Se seus olhos, nossos e vossos abrir, estão acabados.

Inserida por MAGODIONES

HINO DO CAOS


No redemoinho das águas
No meio do furacão
No fundo do abismo
No giro da galáxia
No buraco de minhoca
No sonho esquisito
No dente arrancado, felicidade-louca-macabra...
No caminho das aves
No fim da vida
No canto da morte
No sono profundo


Na luz da estrela
Na sociedade alternativa
Na liberdade total
Na permissão: foi tomada


O amor se fez lei
Pela espada do forte
E o olho do rei

Inserida por MAGODIONES

Profissão poeta



Pensei em viver de poesia
mas nunca ouvi falar que ser poeta era profissão
e nem que escrever versos pudesse ser ofício de alguém.

E se ser poeta e escrever versos compusessem uma profissão
- a de ser poeta - quanto ganhariam?
Qual seria sua remuneração?
Ele teria os mesmos direitos trabalhistas que os outros trabalhadores?

Teriam direito a fundo de garantia por tempo de serviço,
vale transporte com seis por cento de desconto em folha,
vale refeição e alimentação,
plano de saúde e dentário,
participação nos lucros da empresa e festa para funcionários no natal?

A ele pra que serviriam esses benefícios?
E se tivesse direitos exclusivos devido ao estresse do exercício de seu ofício
quais seriam?
Subsídio lápis, subsídio papel com linhas e margens, auxílio borracha?

Já imagino até a cena:

O poeta na linha de produção de poesias
os milhares de versos se entrelaçando na esteira e ele pensativo,
tentando dar conta de todo aquele volume de ideias encaixotadas
seguindo em sua direção, uma a uma incessantemente.

Todas aquelas palavras desconexas, se acumulando no chão ao caírem da esteira
formando à revelia de sua vontade poesias sem sentido
em poemas disformes, sem métrica, sem rima.
Mas pra quê rima, métrica, forma, título...se a poesia pode ser livre?
Se você pode ser livre também!
Livre dos rótulos, das formas conformadas e das fôrmas sociais.

Arrumei um emprego informal!
Agora sou poeta, mas não em tempo integral, só quando quero.
É verdade que não tenho carteira assinada, nem INSS
mas ando feliz a beça com esse meu novo ofício.

Inserida por JotaW

Olhando pra você
Eu posso perceber
Que nada acabou
Nesses olhos castanhos
Ainda existe amor

Nada é por acaso
Se não eu não estaria aqui
E você não estaria ouvindo essa canção

Canção na qual
Eu fiz para você
Pensando em tudo aquilo
Que eu queria te dizer

Frases e canções
Palavras e versos
Você se encaixa
No meu universo
Frases e canções
Palavras e versos
Você se encaixa
No meu universo

Você é a canção
Que eu quero ouvir outra vez
É o sonho esperado toda a noite
Noite na qual é vazia sem você
Sem você

Frases e canções
Palavras e versos
Você se encaixa
No meu universo
Frases e canções
Palavras e versos
Você se encaixa
No meu universo

Inserida por bandancoficial

O REFLEXO DA ESTAÇÃO

Enquanto cai a chuva de outono lá fora eu ouço, e seu som traz musicas repetitivas e lembro-me de cada momento poético que me inspirou na vida.
Então eu olho na janela do meu quarto e lá está o meu reflexo.
Como sempre em todos aqueles momento de outrora,
tanto o quanto agora...caindo e escorrendo sobre a vidraça.
Então eu me pergunto; "Seria de fato, todos os meus melhores momentos terem sido assim? ... desde a infância, até agora?"
Então eu abandono o interior do meu quarto e deixo que as lagrimas caiam sorridentes la fora.
Na esperança de que as lagrimas do céu tomem o seu lugar e tragam por fim uma outra poesia para o meu coração, agora.
No reflexo da estação. :'(

Inserida por ValeriaRibella

Ela é daquele tipo de mulher que tenta se camuflar nas coisas
Passar desapercebida
Mas sua singularidade é tanta
Que é impossível que não se destaque
Tem gosto excêntrico,
É desajeitada para algumas coisas,
Adora gente que rema contra a maré,
Que tem caráter.
Ela é simples de coração,
Porque sabe que simplicidade é sinônimo de sofisticação.
Ela não abre mão de ouvir Zeca Baleiro e Chico Buarque antes de dormir,
De sonhar com seu lugarzinho no mundo,
De fazer a diferença e cantar sua infinitude.
Ela é, por dentro e por fora, uma extensão da liberdade.

Inserida por jessilenemota

Você é tão diferente dessa gente que conheci e sempre me deixou pra lá, flores não bastam, suspiros não são suficientes, mas quando digo que meu amor por ti é verdade, é bonito, é a verdade mais cristalina que eu conheço.
Um milagre está chegando, menina, e eu acredito nisso, você ficará e tudo ficará bem.
Meus versos são ligeiros, para correrem para teu jardim com intensa emergência.
Me dê uma passagem e uma casinha na beira das tuas estradas, quero morar em ti. Morar no teu âmago sagrado, mas também profano. Morar no teu jeito instigante, no teu gosto de malícia, no teu amor latente.
Me dê sua pele, cola em mim, deixa-me ser a constelação do céu da tua boca, dê-me tua poesia que eu farei de nós reticências, deixe-me ficar em tua vida, em teu mundo. Espera nós de nós que eu te salvo, sempre...

Inserida por RazelD

Saudade é meu pavor sempre que meus olhos ficam mareados ao lembrar de teu nome. Tens noção de que dor seja essa?
É como se explodisse dentro de mim, tudo o que eu sou e eu me dilacero e logo estou esmiuçado, em pó. Um peso na garganta me sufoca o choro e sinto uma dor no peito. E eu te escrevo mesmo sabendo que meus versos são de lama.
Só você desmancha meu sorriso tênue e pinta nos meus lábios um sorriso avermelhado.
Teu nome hoje me feriu, cada fonema dele roeu meus ossos frios, mas ainda assim, teu nome é a canção que eu ouço em mil tons e não me canso jamais, tu és minha música preferida, a sinfonia mais perfeita.
Queria eu poder esbravejar aos quatro ventos, aos meus demônios, à toda essa galáxia, o que meus olhos, minhas sombras, minhas palavras dizem, mas assim saíria de mim tempestades e raios.
Eu vejo em você, meus sonhos. Vejo um amor tão puro quanto o céu, o amor nunca é exagerado e amar nunca é demais. Não sei nada sobre o amor, mas o meu amor, ah, meu amor é teu agora, para sempre e mais um dia.
Hoje eu acordei chamando teu nome, procurando teu colo, teu abrigo, teus seios. Não vou te abandonar jamais.
E caso você não tenha entendido os mistérios semeado embaixo dessas palavras, vou te explicar com grito silêncioso:
EU AMO VOCÊ!

Inserida por RazelD

Título: Palavras escritas

Um menino queria fazer trajetória,
Queria poder exprimir sua história.

Uma menina queria fazer glória,
Queria poder ortografar com uma dedicatória.

Um homem queria fazer poesias,
Queria poder redigir suas nostalgias.

Uma mulher queria fazer poemas,
Queria poder grafar seus problemas.

Um idoso queria fazer biografias,
Queria poder treinar sua caligrafia.

Uma idosa queria fazer cartas,
Queria poder comunicar algumas erratas.

Assim anda o universo,
Para o mundo se transcrever em versos.


Autor: Nélio Joaquim

Inserida por NelioJoaquim

É sempre inverno para a criança iraquiana

Mesmo quando o vento do deserto abrasa a terra
o frio do coração grita alto do outro lado do portão.
O céu está carregado, bombardeiros ou nuvens?
No telhado de uma escola um morteiro aguarda calado,
enquanto a professora tenta ensinar sem ser interrompida por explosões.
Comida quente, dignidade e uma bandeira branca é o que almeja essa geração.

Torpedo no celular?
Essas crianças nunca ouviram falar,
mas quase todas elas sabem
o que fazer quando o torpedo despenca do céu.

Todas tem medo de demônios,
demônios humanos vestidos de preto
que aparecem na madrugada
para ceifar cada vestígio de felicidade.
O Eufrates é mais sangue que rio,
é mais morte que vida.

A maior arma da briga por terra ainda é o terror.
Eu clamo em voz alta:
Qual terror é maior do que mutilar crianças indefesas?
Qual terror é maior que jogar gasolina no direito à vida
e acender a chama da violência?

De bomba em bomba a humanidade regride ao pó.
Do outro lado do mundo, a justiça cega adormece
em leito quente e acompanha tudo pelo noticiário local.

RODRIGUES, Roney

Inserida por RoneyRodrigues

em meus passos surdos
invado uma sala lotada
em meus fones uma utopia
em meu peito uma poça
essa umidade acumulada
se agrava quando o inverno vem

uma poesia escrita
com tanto desdém
no verso
de uma nota fiscal,
um rascunho de mim
exposto no aperto
de um bloco de notas

uma mancha de café
difama o branco
da minha gravata
uma ansiedade escarlate
mancha a neve
do meu sorriso.

Roney Rodrigues em "Ansiedade Escarlate"

Inserida por RoneyRodrigues

Oh mãe,
eu já sei escrever.
Acumulei tristezas mãe,
tenho pauta pra sofrer.
A vida aqui não é fácil,
como você disse que seria.
Eu devia ter ouvido mãe,
eu podia ter mergulhado
no seu abraço.
Podia ter chorado
no teu colo quente,
não nesse piso gelado.

Roney Rodrigues em "Ladrilho"

Inserida por RoneyRodrigues