Texto de Solidão

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Ausência

Hoje eu permitirei que a saudade morra em mim
Os teus olhos, agridoce, me engulam de solidão
Porque nada te poderei dar, senão, está dor sem fim
Exausto me vejo na janela, e o quarto na escuridão
Ao fundo, uma melodia ao som de bandolim
Assim, me sinto na tua lembrança e tu na minha emoção
Não te quero ter por apenas te ter, quero ir além
Porém, cada gesto, palavras, suspiros, a alma em convulsão
Então, não diz nada porque o teu silêncio me convém
Os teus abraços em outros braços enlaçaram
Sinto que estas distante e sem uma tal essência
Eu deixarei... tu irás, e as madrugadas companhias serão
E assim, eu serei e você será... ausência!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DE VOLTA

Aqui vai o meu olhar de volta, pro vazio
pois pra mim o céu aquietou, emudeceu
depois que o seu silêncio me escreveu
a distância e, a poesia ficou com fastio

Se tudo tem seu tempo, em mim doeu
ao deixar o seu gosto sem o seu feitio
ao sentir que já me esqueceu, arrepio
e que no seu amor, não tem mais o meu

Olha pra mim, só restou a minha metade
dum coração solitário, onde, eu sou réu
e neste cancioneiro, está triste fatuidade

Se ainda ouve de mim uma canção, eu
ouço o seu suspirar na minha saudade...
Que grita, uiva, na poesia deste plebeu.

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO MALFERIDO

Foste a quimera maior da minha vida
ou talvez a irreal... Evidente e ausente
contigo o amor foi no ter vorazmente
contigo, também, a alma foi repartida

Partiste, e a trova não mais te ouvida:
arde-me a inspiração, lota o presente
no cerrado agoniado fica o sol poete
num amargor da memória malferida

Amor extremo, minha perda e ganho
penitência e regozijo, dor sussurrante
um anacoreta de sentimento estranho

Sinto-me vazio, e na noite te escuto
delirante anseio, sentir sem tamanho
na vastidão do suspiro de um minuto...

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 08 de dezembro, 2019

Inserida por LucianoSpagnol

ARIDEZ NO CERRARDO

A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...

Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...

Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...

Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...

O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo

Escassez, de você no cerrado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

ALMA DESERTA (soneto)

A minha alma está deserta
Oca de silêncio, de barulho
Deserta de presença, oferta
O sonho tornou um engulho

Desabou em andarilha, referta
Esquecida em um embrulho
Num deserto e ali descoberta
O teu mapa virou um entulho

Minha alma tornou-se deserta
Lembranças vazias, um arrulho
Sem sombra e sem um alerta

Minh'alma está um pedregulho
De mim mesmo está deserta
Eu sem ela, estou um bagulho

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
01 de maio, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)

Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário

Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário

São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer

E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ir-se

Escandalizo a tal sorte
Afetação cruel e triste
Espera, alma e morte
Do gabo nada existe

Mesmice reescrevo
E o passo aí, passa
Na saudade relevo
Nos olhos fumaça

Nasci pra renascer
Das cinzas ressurgir
Morro e tento viver
Afeito. Outro partir!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO INDOMÁVEL

Ó pranto! À dor, quando, entranho
Fico sem rumo certo pelo cerrado
O anoitecer, quando, chega calado
Tudo é solidão, e em nada é ganho

Tristura, fria, que pesa no passado
O vento é poeira de ardor estranho
E a hora lenta e tão sem tamanho
Que o olhar vazio, alheia, fissurado

No meu alvo silêncio, rude insônia
Clamo por todo o arrimo, em vão
Nada escuta, indigente cerimonia

Invento um verso, tento, e tento
E rasgo-o, continuas sem demão
Tudo é indomável no sentimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mal secreto (soneto)

Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

(2020, 01 de agosto)

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CARREAR

O silêncio, origem de um final
Conhece o caminho do suposto
Lágrimas correndo com tal gosto
Em uma sensação de dor visceral

Que lacera a alma tão brutal
Na fúria de qualquer desgosto
Como sombras dum sol posto
E uma avalanche descomunal

Do desejo, ali sentidos e cego
E nesta escuridão submerso
A emoção é arrancada do ego

Que maltrata, e deixa disperso
Na ilusão, e então as carrego
No olhar, no peito e no verso!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 10’33” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUE SAUDADE...

Que saudade nesta sensação, agora
A chuva range rumorosa na vidraça
O soar do relógio, de hora em hora
A badalar. No ir o tempo não passa

Solidão. Não durmo. Como demora
Essa angustia que na ideia é pirraça
Traça que corrói, e na alma aflora
Fazendo na emoção triste negaça

Eu sei que o pensamento velando
É furioso, e de quando em quando
Vem fluídico e ao cabecear enlaça

Oh falto! E o instante percorrendo
Suspirando, gemendo e, chovendo
Lá fora. E a saudade que não passa! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/02/2021, 03’05” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

IN SOLITUDINE ...

Quando o cerrado se ensombra, desce
a noite, numa silenciosa negra vastidão
sinto que o atroz tormento reaparece
em uma sensação de aperto no coração

Vejo o teu penoso volto, em pura ilusão
estou assim, queixa posta, numa prece
e o pensamento desprezado na solidão
tento esquecer o que não se esquece

Passaste pelo meu sentido sem o ver
Se o teve, agora não mais, hoje findo
contentar-me?... se triste é o meu ser

E, por te desejar vivamente, no gueto
o sentir, seco, ermo. Vou prosseguindo
“in solitudine”, com arrimo do soneto...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/02/2021, 18’18” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VERSO ...

Instante vazio. Um silêncio carrancudo
E a inquietação ativada no sentimento
Tudo é parado, nem mesmo o vento
Cochicha na mansidão, está tão mudo

Eu fico a versar, em um rogo agudo
Vejo, solitário, o vão do pensamento
Que em tal momento é tão sedento
Tão inútil e, que no engano me rudo

Ó divindade desta razão tão bonita
Que dá relevo ao agrado e, acredita
Na consolação das solidões tortas

Cede-me a poética e distinta calma
Para que, no soneto traga pra alma
Fôlego, e não quietas horas mortas...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06/03/2021, 10’10” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

CHORAR BAIXINHO...

Morreu. Vestiu-se de negro o sentimento
entre as lembranças as muitas, as penosas
dando um aperto do que foi um dia alento
hoje só tristuras nas recordações dolorosas

Má sorte! Como dói o afeto que foi ao vento
ao relento, o olhar afligi agonias silenciosas
ó ilusão, então, me tira deste tal sofrimento
balsama minh’alma com perfumes de rosas

Aliviando, assim, essa fúnebre infelicidade
pense na sensação de ferir-se com espinho
desolado pelos pensamentos de saudade...

Se este amor está morto, sem um carinho
um abraço, o laço, e não mais restou nada
então, deixe meu coração chorar baixinho! ...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/03/2021, 14’07” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DO SILÊNCIO

Ah soneto! Porque do silêncio és um desvario
distendendo as noites cá pros lados do cerrado
dando ao poema o poder dum suspiro sombrio
quieto, maniatado, num ostracismo perturbado

Se a ausência e inação me provocam arrepio
o vento um chiado frio, impassível e agitado
se nada do que inspiro a efeito vale, é vazio
então, que eu não fale, sinta, e fique calado!

E, assim, nestes meus sentimentos impuros
sem perfeição, e no coração tão inseguros
tal uma prece, que oferece, pra atingir-te-á

Faço súplica, compadecido de fé e de fervor
ó solidão, vai-te, assim, de partida com a dor
e a paz voltará e sobre mim de novo descerá... (o amor!)

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de setembro, 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A MINHA DOR

O que é isto que rasga meu soneto em sofrência
E de onde está poética que sussurra em alta voz
Versos frios, que tortura, dum amor na ausência
Que me devora por inteiro, num sentimento atroz

Triste sensação, desilusão em riste, rima triste
Há um tormento no peito que sufoca e agiganta
Tudo tão cinza, e uma prosa penosa que insiste
Numa dolorosa poesia que resiste e desencanta

Aonde estão as trovas tão cantadas com alegria
Aquela doce poesia, não o silêncio que me resta
A solidão, pensamento amargo e a paixão vazia

Cadê os versos, aqueles com ventura ao dispor
Com estória e histórias não essas que molesta
Pois cá neste versar penalizado só a minha dor...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 setembro, 2021, 14’25” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NA MADRUGADA

um aperto no peito árido e ramoso
sussurrando a saudade num rigor
suspirando a dor cheia de amargor
um silêncio nu, descalço e moroso

uma encenação do sono malicioso
um pactuar medroso com o temor
um desanimo calado em dó menor
um maldoso sentir vazio assustoso

a soltar dos olhos lágrimas sofridas
partidas, uma sensação desfolhada
como se estivesse esfolando vidas

assim, adentra cada minuto do nada
numa ausência e sofrências nutridas
no compulsar solitário da madrugada

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’08”, 17/10/2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EXÍLIO

Cobriu-me de tristura o ocaso pardo
Um aperto n’alma fino e sem trelas
A saudade com sensações donzelas
E o silêncio que pesava como fardo
E, cá neste soneto um penar guardo
A tatear as imaginações tão singelas
Arrancando emoções sem ser belas
Pra ferir a poética com duro dardo

E, vai, assim, em um versejar forte
Rogando em vão a esmola da sorte
Tragando a ilusão das covas rasas
Bardo triste afetivo em tuas prosas
Sou choro, sou riso, sou mais rosas
Amargo trovador com exiladas asas...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 dezembro, 2021, 05’40” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO INDIGENTE

Na entranha dos poemas tenebrosos
O silêncio parece ter palpitante vida
E a solidão, sobre a poética refletida
Traz ocos e sentimentos impetuosos
Pela sofrência, em salmos lamuriosos
Sussurra a prosa em uma rima sentida
E a versificação senti tão enternecida
Os cânticos rumorejantes e vultuosos

Em odes sombrias, a privação, o pesar
Ah! soneto indigente, deixai-me livrar
Da situação importuna que tempestua
Priva-me do verso esfolado, crucificado
A aflição, as matinadas, de um passado
Que suspiram na poesia sibilante e nua!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio, 16/2022, 18’16” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM SILÊNCIO

Este é o azarado malfeito no amor
Que os sonhos afoga na garganta
E, solitariamente, vive no dissabor
Aos olhares outros nunca encanta

Deixado, no escuro e sem assessor
Vaga. E, ao cabo de solidão tanta
No desejo pouco coexistiu amador
E com o tempo o vazio só agiganta

Coração deserto, lágrimas e pranto
O silêncio no peito é um pesar tonto
E aos lábios frios a carência acaricia

Num beijo sem calor e sem manto
Onde está sensação é sem pesponto
E a emoção sem apaixonada poesia

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 06’45” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol